Mostrando postagens com marcador DarkSide Books. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador DarkSide Books. Mostrar todas as postagens

04 abril, 2017

Resenha :: Os Pássaros (The Birds)

abril 04, 2017 23 Comentários

ATENÇÃO: Este livro não foi a inspiração para o filme de mesmo nome produzido por Alfred Hitchcock. Segundo o cineasta, sua inspiração para o filme veio de um conto de mesmo nome escrito por Daphne Du Maurier, embora existam semelhanças com o livro de Baker.

Publicado originalmente em 1936, teve uma tiragem pequena (cerca de 300 exemplares que são raros hoje em dia). Em 1964, aproveitando o sucesso do filme de mesmo nome de Alfred Hitchcock, o livro foi republicado pela editora Panther. Nesta nova edição, o texto foi revisado pelo autor que fez exclusões, correções e inserções no texto em seu livro original, entretanto, a Panther incorporou uma pequena porcentagem destas melhorias feitas por Baker. A edição da Valancourt Books foi a utilizada pela editora DarkSide Books para esta publicação, uma vez que esta contou com as melhorias feitas pelo autor (essas revisões não se referem a história do livro, mas sim à gramática, algumas passagens foram encurtadas e outras removidas de forma a tornar a leitura mais prazerosa).

No prefácio do livro temos Anna, a filha do protagonista, que conta como seu pai repetia por diversas vezes a frase “Antes da chegada dos pássaros” ela teve sua curiosidade incendiada para descobrir esse mundo em que ele viveu e ela não, e o pede por diversas vezes para que a conte a história, mas ele sempre se nega. Anos depois, Anna o pede para contar a história dos pássaros, e ele finalmente concorda desde que ela anote tudo o que ele tem a dizer.

Através da descrição detalhista de Baker conseguimos ter um retrato de Londres nos anos 30, com seus dias nublados, a correria de uma cidade grande, a certa facilidade em que as pessoas lidavam com a época pré-guerra, os preconceitos da sociedade, as angústias dos jovens, entre outros detalhes. A narrativa do livro é feita com as lembranças do personagem, a forma que a abordagem foi feita é interessante e o texto é rico, mas pela falta de acontecimentos em determinados pontos, o livro pode se tornar cansativo para alguns leitores.

Uma das coisas que me chamou a atenção foi o relacionamento do narrador, que nada mais é do que o alter ego do próprio autor, com sua mãe. Vemos o carinho, a delicadeza, a amizade, o amor e o afeto em todas as passagens referentes à mãe do personagem, como ela é luz na vida dele, mas que, por muitas vezes, todo esse afeto e admiração não eram ditos, como consta no trecho destacado abaixo. Essas passagens do livro me fizeram refletir diversas vezes, e me lembrar de dizer ás pessoas que as amo e me importo com elas, e demonstrar com mais frequência.

“Não acredito que houve uma única coisa que fiz, uma única emoção que senti, que ela não tenha sentido profundamente. E eu retribuí, muitas vezes, com aquele tratamento casual que os filhos são capazes de dar às suas mães, aceitando-a como parte de minha vida, mas raramente declarando minha gratidão com os lábios” (p.58)

Os pássaros são alegorias que aparecem durante o livro, a descrição feita pelo autor é detalhista e maravilhosa, foi realmente de tirar o fôlego, tive a curiosidade de pesquisar algumas espécies de aves citadas para ajudar na hora de criar uma imagem mental (um ponto positivo a meu ver, adoro livros que me fazem querer ir além do texto). Os pássaros são uma incógnita do início ao fim, assim como seu aparecimento, seu comportamento e suas mudanças ao longo das páginas. O clima de tensão paira sobre a cidade, tornando os personagens paranoicos e beirando a loucura em determinados momentos, tornando nestes pontos a leitura bem instigante.

Baker traz uma série de conflitos existenciais ao longo do livro, como por exemplo, o trabalho enfadonho, a solidão, a melancolia, o amor, a relação com sua mãe, a questão da sexualidade (tratada como um tabu até hoje), entre outros. Os pássaros nada mais são do que uma metáfora, sobre nossos conflitos internos, nossos medos, inseguranças. Cabe aqui uma reflexão: Será que sua vinda representaria um novo começo? 

“E, por um instante, eu não sabia se desejava viver; pensei que ser esmagado até a morte pudesse ter sido melhor para mim do que me encontrar vivendo neste mundo agonizante.” (p.270)

A leitura deste romance apocalíptico pode ser lenta em alguns pontos, como citado anteriormente, mas sua sequência final é instigante ao ponto de você não querer largar o livro! É muito interessante ver também como era a Londres de meados de 1930 e comparar com o mundo atual, a sociedade, nossos conflitos, etc.

Esta edição da Darkside Books é uma obra de arte, não somente pelo design da capa e sua diagramação, mas também pelos detalhes internos nas páginas do livro, as laterais negras das páginas que dão um charme a mais, e também algumas ilustrações que aparecem ao longo do livro. Um ponto negativo, em minha opinião, são os capítulos longos.

Ouvi um barulho... Serão os pássaros em minha janela? 

Nota ::  

Informações Técnicas do livro

Os Pássaros
Frank Baker
Ano: 2016
Páginas: 304
Editora: DarkSide® Books
 
Sinopse (Skoob):
Você conhece o filme. É um dos maiores clássicos de Alfred Hitchcock, de 1963. Nos créditos, consta que a história é baseada no conto “Os Pássaros”, de Daphne du Marier, escritora que o mestre do suspense já havia adaptado antes. Quase trinta anos após seu lançamento, o romance de Frank Baker ganharia repercussão quando o autor ameaçou processar Hitchcock e Daphne Du Maurier. Para deixar essa estranha coincidência com ares de plano macabro: Daphne era prima do antigo editor de Frank Baker, o inglês Peter Davies, e chegou a trabalhar com o parente.
Pássaros. Milhares, talvez milhões, sobrevoam Londres, de forma aparentemente inexplicável e sem sentido, onde parecem observar os habitantes da capital, que os consideram divertidos, se tanto um pouco estranhos. Enquanto as pessoas ainda tentavam entender o que faziam ali, eles começam a atacar, ferindo e até mesmo matando com tremenda brutalidade e violência. Seriam eles uma força da natureza ou uma manifestação sobrenatural? Ninguém sabe. A única certeza é que o objetivo dos pássaros é a destruição da humanidade e ninguém tem ideia de como impedi-los...
No ano em que se celebra os 80 anos da primeira edição, a DarkSide® Books orgulhosamente apresenta o livro Os Pássaros para todos os leitores e cinéfilos brasileiros apaixonados por um bom susto, um retrato sombrio e acurado de uma Londres pré-Guerra, como se Baker conseguisse vislumbrar o futuro próximo de terror e feitos inomináveis apresentado pela Segunda Guerra Mundial.

11 março, 2017

Resenha :: Confissões do Crematório (Smoke Gets In Your Eyes)

março 11, 2017 3 Comentários


“Um livro para quem planeja morrer um dia.”

Caitlin Doughty conta alguns acontecimentos marcantes em sua vida e como desenvolveu seu fascínio pela morte. A autora teve seu primeiro contato com a morte na mais tenra idade, em uma experiência traumática em um shopping center no Havaí, desde então seu interesse começou. Ainda jovem, ela conseguiu um emprego em um crematório na Califórnia e aprendeu muito mais, do que jamais poderia imaginar, incinerando cadáveres, isso fez com que ela mudasse de uma maneira irreversível. Caitlin percebeu, portanto, a única certeza da vida: a morte.

A morte é capaz de gerar os mais controversos sentimentos nos seres humanos, sendo alguns deles: desejo, fascinação, pavor, horror, medo, repulsa. Caitlin nos conta de um jeito didático como a morte é celebrada ao redor do mundo, desde os primórdios até a atualidade, incluindo a peculiar tribo indígena Wari’ do Brasil. É muito interessante observar como a autora possui a mente aberta para os mais diversos rituais de passagem, de várias culturas e crenças, por mais que estes sejam considerados bizarros por muitos.

Caitlin também nos mostra que a morte é natural e inevitável, nos fazendo encarar nossa própria mortalidade de uma forma visceral. A autora levanta diversos questionamentos ao longo do livro, de uma forma leve e divertida, o que é incrivelmente envolvente, visto que estamos falando de um tema que é considerado por muitos um enorme tabu!

"Somos animais glorificados que comem, cagam e estão fadados a morrer. Não somos nada mais do que futuros cadáveres." 

Por fim, a edição impecável da DarkSide Books, com páginas amareladas, letra em tamanho confortável para a leitura e excelente diagramação, só tem a agregar a este livro.

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

     

Confissões do Crematório
Ano: 2016
Páginas: 260
 
Sinopse (Skoob):
Ainda jovem, Caitlin conseguiu emprego em um crematório na Califórnia e aprendeu muito mais do que imaginava barbeando cadáveres e preparando corpos para a incineração. A exposição constante à morte mudou completamente sua forma de encarar a vida e a levou a escrever um livro diferente de tudo o que você já leu sobre o assunto.
Confissões do Crematório reúne histórias reais do dia-a-dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos filosóficos, históricos e mitológicos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, ela desmistifica a morte para si e para seus leitores.
O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira inteligente, honesta e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma bênção, é apenas uma forma profunda de terror”.

23 fevereiro, 2016

Resenha :: O Protegido (The Warded Man)

fevereiro 23, 2016 1 Comentários


O universo de O protegido é bem interessante e cheio de detalhes, principalmente dos terraítas, o que achei muito bom. A relação dos humanos nesse mundo cheio de demônios, ou como aprendem a conviver com a morte que vem com a noite - quando a proteção falha, e, o que é mais legal é que os personagens trazem a ideia de que o medo às vezes acaba matando tanto quanto os demônios. O livro traz coisas muito interessantes também em relação a crença de que os demônios são  o que são como castigo por esquecerem os ensinamento da Era do Salvador (a magia existente). 

Depois que os demônios foram dizimados, com um mundo em paz, a Era da Ciência se iniciava e se esquecia da magia. Com a volta dos demônios e muito da magia já esquecida, tem-se a ideia de que a culpa é dos humanos que saíram do caminho do Salvador, o que nos faz refletir sobre a época que se passa a história. Confesso que fiquei bastante filosófica sobre essa parte, mas vou poupar vocês disso. Rsrs

Mas, infelizmente, nem tudo foi tão bom. Apesar de ter gostado dos personagens principais, principalmente Arlen, achei as coisas apressadas demais. Acompanhamos os três principais personagens desde a infância até a idade adulta, e, tirando alguns momentos poucos, vemos sobre a vida deles como aprendizes, apenas. Depois de enrolarem praticamente o livro todo, quando os personagens finalmente se encontram, o que eu achei que ocorreu de uma forma um pouco forçada, Arlen, meu personagem favorito de todo o livro, aparece de uma forma completamente diferente, quase irreconhecível e nem acompanhamos essa mudança toda. 

Mesmo com esses problemas, pretendo ler segundo livro, não querendo criar muitas expectativas, mas espero que seja melhor.

Ficha Técnica do Livro


O Protegido 
Ciclo das Trevas #01 
Autor: Peter V. Brett 
Ano: 2015
Páginas: 514
Tradutor: Petê Rissatti
Editora: DarkSide® Books


Sinopse (Skoob
Ao cair da noite, eles surgem por todos os lados, famintos por carne humana, demônios de areia, de vento e até de pedra, conhecidos como terraítas. Depois de séculos, a humanidade definhou e se tornou refém da escuridão. Arlen, Leesha e Rojer, jovens sobreviventes, atrevem-se a lutar e encarar as trevas. O jovem Arlen recebe os ensinamentos de um mensageiro e descobre que o medo, mais que os demônios, é o mal a ser combatido. Leesha tem a vida destruída por uma simples mentira e se torna ajudante de uma velha e misteriosa ervanária. E o destino de Rojer muda para sempre quando um menestrel chega à sua vila com uma rabeca. Juntos, eles podem oferecer ao mundo uma última, e fugaz, chance de sobrevivência.