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16 setembro, 2019

Resenha :: Sobres Deuses e Seres Rastejantes — A Balada de Gundrum

setembro 16, 2019 0 Comentários
Às vezes, só o mal pode se opor a um mal ainda maior...

Olá, faroleiros! A resenha de hoje é de um livro de fantasia distópica muito interessante. Quem me conhece aqui sabe que esse é o meu segundo gênero preferido, depois do romance.


Em um mundo deixado à própria sorte, seres das mais variadas espécies vivem em suas vilas, com costumes e tradições próprias. Minotauros, homens-insetos, nekwanes, gigantes, elfos, orcs, leonídeos, e até humanos, entre outros tantos ocupam a vasta extensão de Aldaman. Todos foram abandonados pelos deuses, que após ver tanta ganância, luxúria e egoísmo dos povos resolveram larga-los à própria mercê.

Pelo menos era isso que acreditavam até fatos estranhos começarem a acontecer. Em uma vila de minotauros, o bruxo Gundrum, um ser diferente, sem pelos, de cor alaranjada e sem chifres, descobre que após a volta de um soldado da vigília, seu povo fora infestado por vermes e seus corpos possuídos. Sem entender o que de fato acontecia, ele juntamente com Morween, uma meio-orc e meio elfo, e Makk, seu javali de estimação, partem em busca de explicações.

Poderia ser uma ideia ruim, mas naquele momento não tínhamos nenhuma outra. Além disso, eu e Morween estávamos unidos pelo terror de que se abatera sobre o único lar que conhecíamos, mesmo que não fosse o melhor lugar do mundo.


Nessa peregrinação sinistra temos a oportunidade de conhecer a geografia de Aldaman, as vilas que também foram afetados pelos estranhos seres e compreender o que de fato assolou aquele mundo. Nosso protagonista tem a ajuda de outros seres que também partilham da mesma busca, a fim de destruir as forças que desejam dominar os povos.

Pensem pelo lado bom, pessoal. Se vencermos, haverá histórias em nossa homenagem. Se perdermos, também, mas elas serão bem mais tristes.

Nessa jornada eles se juntam a Tuhin, um idaji (um amaldiçoado que se transforma em hiena), Katta, a gigante, Hoak, o homem-inseto, Tombrood, a gosma amórfica, e Okimo, o gorila xamã. E esse grupo inesperado é a melhor chance do seu mundo. Bem, nem sempre as respostas são exatamente as que procuram e nem toda jornada é eficiente. Uma coisa é certa em toda essa teia de dúvidas e incertezas: o mal pode ser maior do que eles acreditam e ele pode habitar lugares inusitados. Nem todos são totalmente bons e alguns carregam desejos profundos que sequer imaginam. Gundrum será colocado à prova e tentado por demônios. No final, quando você só tem uma escolha e ela parece certa, o mal que pode proporcionar se torna um mero detalhe.

Os deuses que existiam seguiam regras, eram previsíveis. Vocês podiam operar nas entrelinhas dos contratos, mas e agora? O ser que rasteja e seus irmãos não hesitarão em eliminar vocês para evitar concorrência. Eles não compreendem qualquer conceito de moralidade, são só animais famintos, animais muito inteligentes e famintos.

Já deixo bem claro que não há romances aqui. Isso se trata de fantasia pura! A leitura dessa obra foi uma viagem em um mundo inusitado e cheio de personagens peculiares. A trama é muito bem elaborada e nós nos envolvemos nas descobertas do nosso protagonista. Confesso que no início da jornada, a gente fica um pouco confuso com tantos nomes estranhos de personagens e lugares, mas quando nos conectamos aos acontecimentos, e os mistérios começam a ser revelados; como quem é de fato o mal que quer dominar os povos, esse incômodo inicial dá lugar a uma curiosidade e empatia pela história e a solução do problema.


A única coisa que realmente me surpreendeu, sem dar spoiler é o destino de determinados personagens. No meu ponto de vista, Piaza Merighi sacrifica um de seus personagens mais cativantes na reta final. Isso me desapontou e deixou dúvidas no ar do porquê ele o fez.

No demais, podemos contar com uma ótima fantasia, um mundo distópico incrível e personagens fortes e bem estruturados. Super recomendo a leitura para quem curte o gênero e adora mergulhar em jornadas misteriosas!


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Sobres Deuses e Seres Rastejantes — A Balada de Gundrum
Piaza Merighi
Ano: 2019
Páginas: 288
Sinopse:
Aldaman é um continente que foi abandonado pelos deuses, uma terra selvagem deixada à própria sorte, onde humanos e raças bestiais convivem em desequilíbrio. Gundrum, um de seus habitantes, é um minotauro franzino e deformado que ocupa o posto de bruxo de sua aldeia, lidando com rituais e feitiços para proteger seu povo, mas sendo desprezado pela natureza maligna das forças que ele manipula. Quando um arauto de aberrações além da compreensão decide iniciar uma cruzada fanática por todo o continente, afetando a sua aldeia, Gundrum deve se unir a improváveis aliados e colocar seu conhecimento e sua força à prova para descobrir o que está por trás dos sinistros cultos propagados pelo estranho clérigo.


 _____Sobre o Autor_____

Piaza Merighi


Advogado, morador de Porciúncula, no interior do RJ (pode não parecer, mas apesar do nome é uma cidade real), nerd assumido, leitor inveterado e agora escritor. (Fonte)


*Exemplar cedido pelo autor

04 junho, 2018

Resenha :: Prodigy (Trilogia Legend #2)

junho 04, 2018 0 Comentários

  Pode conter spoiler do livro anterior.

Confira a resenha de Legend, clicando aqui.


Pensa em uma autora que não é de enrolar, obviamente estou falando de Marie Lu, escritora da Trilogia Legend. Eu já havia falado quando resenhei o primeiro livro, Legend, que ela ia ao ponto, bem objetiva, o que fez com que o leitor não tenha um grande momento de suspense, com a narrativa intercalada entre Day e June, muita coisas vão logo sendo reveladas antes de começarmos a ficar curiosos.

Ok, eu sei que comecei com certa negatividade a resenha desse livro, mas sinceramente, não foi completamente ruim, ela pode não ter me prendido com vários mistérios, grandes surpresas — até porque vamos combinar que este é uma distopia, não um suspense —, mas com toda certeza a movimentação que esse livro traz, deixa você ligado do início ao fim. Se eu achei o primeiro bom, mas mais uma introdução para que estava por vir do que não sei o que, Marie Lu mostrou para que essa trilogia veio em Prodigy.

Ele acha que estou hesitando porque não confio nos Patriotas, e que lá no fundo, continuo a ser June Iparis, a prodígio mais celebrada da República, e que ainda sou leal a esse país. Será que isso é verdade?

Aqui June decide confiar em Day, depois de descobrir toda a mentira da República. E com Day machucado e os dois se tornando os fugitivos mais procurados, eles vão atrás dos Patriotas em busca de ajuda, mas como nada nesse mundo vem de graça, em troca dessa ajuda eles são designados em um plano para matar o novo Primeiro Eleitor.

A história se desenvolve a partir de muitos conflitos de sentimentos entre Day e June, além dos conflitos políticos, principalmente sobre os Patriotas, que são muito maiores do que se pensa e com mais segredos que poderíamos imaginar quando lemos Legend, o que é muito bom. Prodigy mostra estados políticos diferentes entre alguns locais desse mundo, e sabe aquela história que a grama do vizinho é mais verde? É só aparência, seu vizinho aprendeu a camuflar melhor, não existe uma utopia fora da República e em lugar nenhum, talvez se trate apenas de escolher o ruim ao invés do péssimo.

Eles agem como se eu fosse uma espécie de arma indomada, o que, de certa maneira, é verdade. A ironia da história toda me dá vontade de rir. Day é um soldado da República a bordo do RS Dynasty, e eu sou a prisioneira mais valiosa da República. Trocamos de lugar.

No primeiro eu esperava mais destaques para os personagens secundários, o que acontece nesse livro. Tess cresceu como personagem e se tornou mais independente de Day, às vezes chata, mas nem todo momento errada em tudo.  Andem, o filho do Primeiro Eleitor que assume o lugar do pai quando ele morre, obviamente se tornou um personagem melhor desenvolvido e vai se tornar fundamental nesse livro.  

Day e June se "batem" muito mais neste livro, depois de todos os acontecimentos do primeiro livro, já dá para vocês imaginarem a panela de pressão que está a cabeça de cada um, principalmente a de Day, o que o faz ficar mais perdido no que sente e um pouco consumido pela raiva.

É isso, só queria dizer que indico bastante essa distopia, não achei que chegou ser a melhor que li na vida, encontrei sim alguns entraves que me impediram de amar ela loucamente, mas gostei bastante do estilo e escrita dela, pretendo ler mais livros de Marie Lu, espero que gostem. Então, Leiam!!!

Às vezes, quando Day fica tranquilo assim, eu me pergunto se ele está conseguindo manter a sanidade. Essa ideia me assusta. Não posso me dar ao luxo de perdê-lo.


 Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Prodigy 
Os Opostos Perto do Caos
Trilogia Legend #2 
Ano: 2013
Páginas: 304
Editora: Rocco
Sinopse (Skoob):
Considerada pelo público e pela crítica internacional uma das melhores sagas de distopia já publicadas, a trilogia Legend, da chinesa radicada nos EUA Marie Lu, conquistou leitores de diversas partes do mundo ao acompanhar o romance improvável entre dois jovens de origens distintas numa realidade opressora. Depois de descobrir, no primeiro livro da série, as medidas extremas que o governo da República é capaz de adotar para proteger alguns segredos, no segundo volume da saga, Prodigy, June e Day assumem a tarefa de assassinar o novo líder político da nação. Mas será que este é o melhor caminho de levar a cabo uma revolução e dar voz ao povo da República?

21 maio, 2018

Resenha :: Legend (Trilogia Legend #1)

maio 21, 2018 0 Comentários

Legend foi uma daquelas trilogias que enrolei bastante para ler, já tinha ouvido ótimas recomendações, mas como distopias ultimamente estão muito com receitas certas e poucas grandes mudanças, pensei que não estava perdendo muita coisa.

O que é contraditório é que só comecei a ler depois de ver uma resenha que comparava a trilogia com outra saga que eu gosto, “Os Sete Reinos”, apesar de essa segunda ser medieval e não distópica, e afinal são bastante diferentes, mas a relação dos personagens de “mundos” diferentes e a forma de narrativa dividida entre os dois principais, me lembrou um pouco sim e eu gostei principalmente por isso.

Digo a mim mesma: A lógica acima de tudo. A lógica sempre salva, quando nada mais salva.

Bom à história em si não vou mentir e dizer que foi surpreendente no quesito novidade. A República é um região totalmente totalitária e militarizada, e temos nossos dois protagonistas, June e Day.

“June” que é uma prodígio da República, aos 15 anos já é completamente adiantada na faculdade e se torna uma alto soldado depois do assassinato do irmão. “Day” vem de uma região pobre e é o criminoso mais procurado e famoso da República. Quando os caminhos deles se cruzam, as coisas em que acreditavam acabam sendo colocadas em xeque, e reviravoltas começam a aparecer.

Poucas pessoas matam pelas razões certas, June. A maioria faz isso pelas razões erradas. Só espero que você nunca se encontre em alguma dessas categorias.

O que mais eu gostei nesse primeiro livro foram os personagens, Day que é difícil não amar e June, que apesar da grande raiva que tive por suas decisões que vão marcar os dois durante toda a trilogia, ela tem uma força que não nos deixa a odiarmos eternamente, rs, e ela tem um crescimento como personagem muito rápido.

Palavras parecem se prender na minha língua e se recusam a sair.

Na verdade esse é  um livro bem curto, o que acaba fazendo que as coisas aconteçam de uma forma bem rápida. Achei a escrita da autora bem objetiva, não se tem muita enrolação, o que é bom por um lado, mas fez com que eu sentisse falta de algo, talvez um pouco mais de ênfase nos personagens secundários. Mas pelo desenvolvimento dos outros dois últimos livros senti que esse foi mais uma introdução para que nós possamos conhecer os personagens e o ambiente e eles se conhecerem.

Então leiam e continuem porque a história só melhora!!

Porque cada dia significa novas vinte e quatro horas. Cada dia quer dizer que tudo é possível de novo. Você pode aproveitar cada instante, pode morrer num instante, e tudo se resume a um dia após o outro. (...) E aí você tenta caminhar sob a luz.


Nota :: 

Informações Técnicas do livro

Legend
A verdade se tornará lenda
Trilogia Legend #1
Ano: 2014
Páginas: 256
Editora: Rocco
 
Sinopse (Skoob):
A série Legend é ambientada na República, instalada numa região outrora conhecida como costa oeste dos Estados Unidos, e conta a história de June, uma garota de 15 anos nascida numa família de elite e que possui impressionantes habilidades militares, e Day, um garoto pobre considerado o criminoso mais procurado do país. 
Quando o irmão de June é assassinado, os caminhos desses dois jovens de origens distantes se cruzam, dando início a uma trama de forte conteúdo político e repleta de ação, reviravoltas e romance. 

01 janeiro, 2018

Resenha :: Fragmentados (Unwind)

janeiro 01, 2018 2 Comentários

Imaginem uma sociedade onde o aborto é proibido, mas apenas até aos 13 anos, depois disso, dos 13 aos 17 anos, os pais podem decidir se o filho deu certo, eles podem mandar os fragmentar, que além de se livrar dos adolescentes indesejados tem como principal objetivo o transplante de seus órgãos, o que segundo o Estado, não é matar, mas viver de forma dividida, em outras pessoas, outra chance de uma vida melhor, essa é a “Lei da Vida”.

- Eu nunca seria grande coisa mesmo – continua Samson -, mas agora, falando estatisticamente, há uma chance maior que alguma parte minha alcance a grandeza em algum lugar do mundo. Eu prefiro ser parcialmente grande a ser completamente imprestável.

Um livro simples e completamente genial! Uma distopia que faz você pensar em questões como o aborto, a doação de órgãos e a adoção. Os três personagens principais são adolescentes com ordens para ser fragmentados. Connor por ser um jovem problemático, Risa  por ser uma tutelada pelo Estado, uma órfã que não adquiriu potencial suficiente para se manter inteira,  e o mais interessante para mim, Lev, o mais novo, que cresceu sabendo que aos 13 anos seria levado para o Campo de Colheita (onde acontece a fragmentação), ele é um dízimo, um tributo, uma obrigação religiosa que os pais oferecem a Deus, ele cresceu achando que tudo isso era uma honra, acredito que ele tem a melhor evolução entre os personagens, comete bastante erros, mas é difícil desconstruir uma vida inteira de lavagem cerebral.

Sobre a existência da alma, quer fragmentada ou nascitura, as pessoas podem debater por horas a fio, mas ninguém questiona se uma instituição de fragmentação possui alma.

Esse livro acaba nos chamando atenção, nos cutucando para assuntos da atualidade, e não se trata só de mais uma distopia em que o mundo que conhecemos acabou, por falta de algo, briga por recursos, se trata de uma guerra que começou com ideias do que é certo ou errado, onde cada um não aceitava a opinião do outro. A Lei da vida só é criada para dar um fim a essa guerra civil que tinha de um lado Pró-Vida (contra o aborto) e do outro é o Pró-Escolha (a favor do aborto). Então esse “meio termo”, que é a fragmentação, é aceito.

Houve dias sombrios que levaram à guerra. Tudo que achamos que define o certo e o errado estava sendo virado de cabeça para baixo. De um lado, as pessoas estavam assassinando médicos abortistas para proteger o direito à vida, enquanto do outro as pessoas estavam engravidando apenas para vender o tecido fetal. E todos estavam escolhendo seus líderes não pela capacidade de liderança, mas pela opinião que tinham sobre essa questão. A loucura era descomunal! Então o exército entrou em colapso, ambos os lados tomaram armas para a guerra e duas opiniões se tornaram dois exércitos determinados destruir um ao outro. E então veio a Lei da Vida.

A narrativa é muito boa, é em terceira pessoa e acompanhamos os pontos de vistas desses três personagens.  Gostei muito de alguns personagens secundários, algumas coisas talvez tenham se passado rápido demais, mas o autor consegue passar todos os detalhes dessa nova sociedade de uma forma satisfatória. Se tem algo que não se entende no começo, ele é apresentado no decorrer do livro a explicado sem deixar a narrativa cansativa.

Esse livro é o primeiro de uma série composta por quatro livros, o final é bem amarrado, eu inicialmente não sabia que teria uma continuação, mas fiquei feliz em saber!

Então é isso... Leiam!!!

(...) É claro que, se mais pessoas tivessem doado seus órgãos, a fragmentação nunca teria acontecido... mas as pessoas gostam de guarda o que é delas, mesmo depois de morrer. Não levou muito tempo para que a ética fosse esmagada pela ganância. A fragmentação tornou-se um grande negócio, e as pessoas deixaram que acontecesse.

Nota ::  


Informações Técnicas do livro

Fragmentados 
Só porque a lei diz, não significa que é verdade
Fragmentados #1
Ano: 2015
Páginas: 320
Editora: Novo Conceito
 
Sinopse (Skoob):
Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria. Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido,18 anos parece muito, muito longe. 
O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo. 

- Não sei o que acontece com nossa consciência quando somos fragmentados. Nem sei quando é que começa a consciência. Mas de uma coisa eu sei. Nós temos direito à vida!

08 agosto, 2017

Resenha :: O Ceifador (Scythe)

agosto 08, 2017 1 Comentários

“O Ceifador” foi um livro que me chamou a atenção pela sinopse desde quando o vi pela primeira vez, achei bem interessante a ideia e fiquei curiosa em ver como seria trabalhada, quando o Samuel propôs a leitura coletiva, me joguei hahaha.

A história do livro se passa em um mundo “utópico” onde não há velhice, corrupção, desemprego, fome, doenças e outras mazelas, e também não há a morte, na verdade esta existe mas não dá forma que conhecemos! A primeira pergunta que nos vem a cabeça ao ler isto é: “Mas se não há morte e a população cresce exponencialmente, como eles irão fazer para manter a qualidade de vida de todos com recursos escassos?”, e é por este motivo que existem os Ceifadores, eles funcionam como uma espécie de órgão regulador, recebem a quantidade de coletas que devem fazer e devem seguir alguns parâmetros para isso ou podem sofrer punições (as coletas são um eufemismo para matar, elas são a morte como conhecemos).

Os Ceifadores fazem parte da “Ceifa” que é comandada pelo Alto Punhal, o cargo mais alto entre eles. Como é de se esperar, onde não há a jurisdição da Nimbo-Cúmulo (Sim, a nuvem que temos hoje em nossos computadores evoluiu e regula a humanidade no futuro, pegaram a referência aqui?) teremos intrigas, corrupção, conspirações, jogos de poder e etc.

“Não há outro lugar para ir, os desastres nas colônias da Lua e de Marte são prova disso. Temos um mundo muito limitado e, embora a morte tenha sido derrotada tão completamente quanto a poliomielite, as pessoas ainda precisam morrer. Antes, o fim da vida humana ficava nas mãos da natureza. Mas nós a roubamos. Agora temos o monopólio da morte. Somos seu único fornecedor.” – Diário de coleta da Ceifadora Curie

Um dos ceifadores, o honorável Ceifador Faraday, em um determinado momento de sua vida decidiu ter dois aprendizes e, para tal cargo, escolheu os jovens Citra Terranova e Rowan Damisch. Entretanto, essa ação não passará despercebida pela Ceifa (o costume era de que cada Ceifador tivesse um aprendiz por vez) e terá algumas consequências...

O livro é narrado em terceira pessoa, mesclando capítulos com a visão de Rowan e Citra, aos poucos o vínculo entre os personagens vai sendo criado e é bem explorado, outros personagens são integrados a trama e isso aumenta sua densidade e complexidade, algo que me agradou (e muito). Ao final de cada capítulo há o trecho do diário de um dos Ceifadores, o que nos permite conhecer ainda mais os personagens, suas indagações, medos, reflexões e crenças.

“Longe de mim querer o retorno da criminalidade, mas me aborrece o fato de nós, Ceifadores, sermos os únicos provedores do medo. Seria bom ter concorrentes.” – Diário de coleta da Ceifadora Curie

“O Ceifador” não me cativou logo de cara, confesso que achei a primeira parte do livro um tanto chata, algumas pessoas compartilharam deste sentimento durante a leitura coletiva, mas seguimos em frente... E a partir da segunda parte, o ritmo do livro muda e a leitura se torna mais leve e fluida. Fiquei cativada pelos personagens, sobretudo Rowan e o Ceifador Faraday, gostei da forma que a história foi sendo conduzida ao longo do livro, suas reviravoltas, os questionamentos levantados e, claro, as críticas que o autor fez à sociedade atual. Como li o livro em e-Book, desta vez não terei como orientar em relação a diagramação, folha utilizada, tamanho de letra, entre outros aspectos.

Esta foi a primeira leitura coletiva que participei este ano, e gostei MUITO da experiência, quero deixar aqui meu agradecimento ao Samuel pelo convite e a Elisabete Finco pelo incentivo e apoio de sempre! ♥ 

E vocês, já participaram de alguma leitura coletiva? O que acharam? Contem um pouquinho das suas experiências!

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

O Ceifador
Scythe # 1
Ano: 2017
Páginas: 448
Editora: Seguinte
 
Sinopse (Skoob):
Primeiro mandamento: matarás.
A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria... Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a arte da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.

14 junho, 2017

Resenha :: A Rainha de Tearling (The Queen of Tearling)

junho 14, 2017 2 Comentários

“Oh, Tearling, oh, Tearling. Os anos que presenciaste. Tua paciência, tua tristeza. Clamando por uma rainha.”

Antes de tudo, tenho que dizer que esse livro me perseguiu até eu o ler. Sem brincadeira, acredite em mim. Vou explicar .

Certo dia estava eu gastando meu tempo diário no Skoob (entro todos os dias mesmo não tendo nada para fazer lá), quando vi a capa de A Rainha de Tearling, gostei dela, mas nem li a sinopse e saí. Pouco tempo mais tarde estava eu no Instagram olhando fotos alheias, quando vi novamente a capa de A Rainha de Tearling, fiquei tentada a saber mais sobre esse livro dessa vez, mas me controlei. Nesse mesmo dia, estava eu no Facebook fazendo Deus sabe o que, quando vi a capa de A Rainha de Tearling DE NOVO. Considerei isso um sinal. Voltei no Skoob, li a sinopse, gostei, e adicionei a lista de livros a serem lidos em um futuro remoto, por ser o primeiro livro de uma trilogia e ter sido lançado só esse ano e os outros só existindo lá fora e, bom, tento evitar sagas incompletas (ok, quase nunca consigo, mas o que vale é a intenção ), e eu estava bem com isso. Mas aí, lá estava eu procurando promoções de livros em lojas online (não que fosse comprar algum, mas gosto de me torturar), quando... Adivinhe o que vejo? Sim, A Rainha de Tearling! E isso se repetiu em duas lojas diferentes. Era perseguição! Então, como ser fraco que sou, resolvi lê-lo assim que pude (faz algumas semanas). E ele me surpreendeu. Positivamente. 

“Apenas fazemos o melhor que podemos quando o fato já está consumado.”

A Rainha de Tearling é o primeiro livro de uma trilogia distópica, mas que ainda assim tem ares de fantasia medieval, da autora Erika Johansen e foi publicado recentemente na nossa terrinha pela Suma de Letras (acho que essa é a primeira trilogia/saga que eu leio dessa editora, espero que ela não me torture muito demorando para lançar os próximos livros ).

Como é uma distopia, a história se passa no futuro, em um Novo Mundo, mas muitos conhecimentos sobre medicina, tecnologia... se perderam. Então tudo no Reino de Tearling começou praticamente do zero, fazendo essa distopia lembrar uma saga de fantasia medieval, com magia e tudo. É bem legal ler sobre um mundo onde não existe tecnologia e nem nada, mas que alguns poucos livros na nossa época, como os da J. K. Rowling, ainda existem (mesmo sendo raros). É como se fosse um mundo novo, mas que tem coisas que conhecemos. E como é um livro bem introdutório para esse mundo, é um pouco maçante em algumas partes, mas ao decorrer do livro, a história vai evoluindo e vai nos prendendo.

“Pessoas que cometem erros não costumam sobreviver a eles.”

O livro é narrado em terceira pessoa por diversos pontos de vista, um deles, principalmente, é o da nossa (maravilhosa) protagonista Kelsea, que é uma princesa que foi escondida de tudo e praticamente todos após a morte da mãe, a Rainha Elyssa, para a sua proteção até ela ter idade para governar o seu reino, o Reino de Tearling. Ela foi criada no meio do nada, longe da civilização, perto de florestas, tendo como companhia apenas os seus “pais adotivos” e os livros da biblioteca de sua cabana, sendo treinada para ser uma rainha, mas não no quesito etiqueta, como usar roupas bonitas, como ser bonita. Ela não foi criada para ser uma rainha fútil, mas para ser uma rainha guerreira e justa.

Após fazer dezenove anos, alguns membros da antiga Guarda da Rainha aparecem no seu esconderijo para enfim leva-la para assumir o seu trono de direito, mas até conseguir colocar a coroa na cabeça, ela passa por dificuldades, pessoas que não querem que ela ascenda ao trono (inclusive, o seu tio, o regente) fazem de tudo para ela não chegue ao seu destino, a fortaleza real. Perseguições, lutas e mortes acontecem. E enquanto ela luta para assumir seu trono e quando finalmente chega à fortaleza real, Kelsea vai descobrindo que ser rainha vai exigir ainda mais do que aprendeu em suas aulas, principalmente porque ninguém conta a ela o que aconteceu no passado, não contam como sua mãe era como rainha, como anda o reino... E a cada segredo que vai desvendando por conta própria, ela percebe que os sonhos que tinha de herdar um reino lindo e feliz, podem não passar de sonhos. O seu reino sofre e mesmo se sentindo insegura e despreparada, a nossa protagonista tem que aprender como funciona a sua corte, tomar decisões que podem levar ou não seu reino a guerra, ao mesmo tempo em que precisa conquistar o amor e respeito de seu reino e de seus guardas, mostrando que não é a princesinha mimada e pamonha que acham que ela é, mas uma rainha forte que ama o seu reino e que fará de tudo para defendê-lo.

“E se a verdade não for algo que você queira ouvir?”

A Kelsea é uma das melhores protagonistas femininas de distopias que já li. Ela é uma personagem forte, corajosa, que não deixa as inseguranças dela a intimidarem. Ela tem garra, é madura para a pouca idade que tem e foge dos padrões normalmente encontrados em livros de fantasia e distopias. Ela não tem um corpo escultural, nem uma beleza que faz os caras quebrarem o pescoço enquanto passa, não é magrela e nem nada disso. Ela pode ser igual a resenhista aqui, na verdade . Ela é morena, gordinha, não enxerga muito bem, gosta de ler e de comer... Ela é comum. E mesmo sendo comum, ela é maravilhosa, mostrando que o que importa é o interior (frase clichê, eu sei). E mesmo sendo criada longe de tudo, ela não fica choramingando, ela vai lá e aprende. E o engraçado é que como ela não teve muito contato com homens durante a vida, ela acha todos lindos, aí enquanto eu lia, eu não sabia se era só impressão dela, ou os caras são todos maravilhosos naquele reino e eu devia fazer uma mala e mudar para lá.

E fora a Kelsea, A Rainha de Tearling conta com muitos outros personagens muito bons e marcantes, como os membros da Guarda da Rainha e alguns outros. Mas o mais chocante em relação aos personagens é que pela primeira vez em livros de distopia ou fantasia medieval eu não me apaixonei perdidamente por um guri do livro. Sério, eu sempre me apaixono por algum e nesse livro isso não aconteceu. Claro, que admiro alguns personagens e que alguns me cativaram, mas nenhum despertou um amor grande e tal, até porque quase não existe romance nessa obra. O amor desse livro, não é sobre uma guria e um guri, um amor de "amantes", na verdade é sobre o amor de uma Rainha por seu reino e do amor do reino pela rainha. E eu amei isso . 

“O mundo é um lugar perigoso demais para dormir.”

A Erika Johansen criou um mundo que nos surpreende e nos conquista, um mundo mágico que promete muito para os próximos livros, com uma escrita que te prende muito depois que a leitura engata, nos presenteando com uma protagonista feminina admirável, que nos mostra que podemos ter fraquezas e mesmo assim sermos fortes, que podemos ser justos sem deixar de ter compaixão e amor. E sim, eu mais que indico esse livro. E agora o que me resta, é esperar pelos próximos livros com as expectativas lá nas alturas. 

“A marca do verdadeiro herói é que a mais heroica de suas proezas é feita em segredo. Nunca ficamos sabendo dela. Contudo, meus amigos, de algum modo sabemos.”


Nota ::  

Informações Técnicas do livro

A Rainha de Tearling
A Rainha de Tearling # 1
Ano: 2017
Páginas: 352
Editora: Suma de Letras
 
Sinopse (Skoob):
Quando a rainha Elyssa morre, a princesa Kelsea é levada para um esconderijo, onde é criada em uma cabana isolada, longe das confusões políticas e da história infeliz de Tearling, o reino que está destinada a governar. Dezenove anos depois, os membros remanescentes da Guarda da Rainha aparecem para levar a princesa de volta ao trono – mas o que Kelsea descobre ao chegar é que a fortaleza real está cercada de inimigos e nobres corruptos que adorariam vê-la morta. Mesmo sendo a rainha de direito e estando de posse da safira Tear – uma joia de imenso poder –, Kelsea nunca se sentiu mais insegura e despreparada para governar. Em seu desespero para conseguir justiça para um povo oprimido há décadas, ela desperta a fúria da Rainha Vermelha, uma poderosa feiticeira que comanda o reino vizinho, Mortmesne. Mas Kelsea é determinada e se torna cada dia mais experiente em navegar as políticas perigosas da corte. Sua jornada para salvar o reino e se tornar a rainha que deseja ser está apenas começando. Muitos mistérios, intrigas e batalhas virão antes que seu governo se torne uma lenda... ou uma tragédia.