25 julho, 2020

Resenha :: Lady Malícia (Damas de Aço #2)

julho 25, 2020 1 Comentários

Olá, quero falar da leitura de Lady Malícia, segundo livro da Trilogia Damas de Aço, que você já conferiu aqui no Clube a primeira história Lady Audácia (confira a resenha, clicando aqui). E, desde agora, digo: LEIA o quanto antes o primeiro livro e logo após esse, se você ama histórias bem escritas, excelentes romances, cenário maravilhoso e um pano de fundo com a nuance das melhores histórias.

Então, você já entendeu que o feito se repetiu, Karina Heid nos presenteia com mais uma história simplesmente fascinante e com o mesmo toque de maestria do anterior, porém totalmente novo e original, sendo absolutamente surpreendente.

Na história anterior, tudo que sabemos é que Charlotte simplesmente não pode estar com sua irmã no momento de seu primeiro parto. Tudo que sabíamos é que ela havia sido forçada a casar-se e partir. Porém, o mistério ficava ainda maior, porque, desde o começo do primeiro livro, o leitor sabia que Charlotte Thiessen mantém uma vida dupla: para a sociedade, ela é a herdeira de um império e para o submundo, é Lady Malícia, escritora de romances proibidos.

Contudo, a pergunta que ficou era clara. O que estava acontecendo e quando o Conde surgiu na vida de Charlotte? Os mistérios trazidos pela sinopse, mesmo sendo por si interessantíssimos, nem de longe nos preparam para a história incrível que a autora nos presenteia. Mais uma vez estamos em um cenário que a mim deixou ávida pelas diferenças culturais com a conhecida Inglaterra. Ah, como eu amo esse aprendizado enquanto me divirto durante a leitura. Cada detalhe — como a diferença no luto, nas distribuições dos títulos e na própria corte — me prendeu de forma ainda mais intensa à história.

Os romances estavam lá, mas os mocinhos não eram mais salvadores de donzelas em apuros: elas salvavam-se sozinhas.

Visto que Charlotte já nos prometia uma mocinha tão diferente de sua irmã Emma, a surpresa vem em especial no mocinho: Theodor, o Conde de Urach. Ele estabeleceu cedo na vida sua reputação. Distante, esnobe e arrogante, seu interesse pela mascarada é real, mas envolver-se com a jovem escritora de livros proibidos, não. Nem mesmo quando ela é chantageada por um empresário que afirma ter em seu poder provas de quem ela é. E assim acompanhamos e descobrimos como ela traçou seu futuro.

Ao se decidir conhecer um clube secreto para entender como funciona a sedução, encontra em um homem encantador a chance única de conhecer a arte do amor sem amarras. Enquanto descobre a verdade por trás das palavras que escreve, se vê chantageada por um empresário que afirma ter em seu poder provas de quem ela é, com a negativa de ajuda por parte de Theodor, se vê forçada a casar-se e partir.

Jamais esquecia uma ofensa ou uma injúria. Uma rejeição? Ela a embalava como um filho. Chocava como um ovo.

E aqui fica meu maior elogio a autora e a toda a história. Mesmo com esse revés em sua vida, a Charlotte manteve-se fiel tanto quanto possível a ela mesma. A quem ela era sem assim se perder e deixar de ser a personagem que já me cativou no livro anterior e que agora, à medida que essa história acontece, tornou-se uma amiga. Com suas lições, suas reflexões e, em especial, com sua visão de mundo tão pertinente a sua época e a minha.

Tudo que acontece, três anos depois, ela está de volta ao reino. Adorei o rumo que a história tomou de longe de ter sido um calvário, a permanência em Berlim a transformou em um fenômeno de vendas, graças ao seu genial — e falecido — marido. Agora viúva, seus desafios são outros: assentar-se em um castelo medieval, escrever sobre paixões e montar sua tão sonhada sociedade literária, além, é claro, de manter secreto o que precisa continuar secreto. E os tão amados personagens secundários seguirem conquistando um espaço mais do que especial na história e no coração de quem lê.

Como era traiçoeira a dor da culpa… Não avisava quando vinha, não mostrava quando partia.

Claro que nada é tão complicado, que não possa ficar ainda mais. Resistir a Theodor, no entanto, será um problema à parte. O Conde de Urach mudou e nem de longe parece ser o mesmo homem rude e distante que a dispensou. Para o coração remendado, ele representa perigo. E rumos que mantêm a leitura deliciosa do início ao fim. Que antes de terminar já deixa o gosto da saudade desses personagens e que encontra na surpresa ao fim do livro um alento mais do que bem-vindo a esse sentimento, de não querer que acabe.

Termino assim mais uma história encantada e inebriada pelo talento da autora de tocar o  meu coração de uma forma tão especial com essa história, com essa personagem que, para mim, se tornou querida. Espero que você aproveite para ler e também se encantar com mais essa história e, claro, aguardar comigo ansiosamente pela próxima.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Lady Malícia
Damas de Aço #2
Karina Heid
Ano: 2020
Páginas: 371
Editora: Independente
Sinopse:
Reino de Württemberg, 1868

Charlotte Thiessen mantém uma vida dupla: para a sociedade, ela é a herdeira de um império. Para o submundo, é Lady Malícia, escritora de romances proibidos. Quando decide conhecer um clube secreto para entender como funciona a sedução, encontra em um homem encantador a chance única de conhecer a arte do amor sem amarras.
Theodor, o conde de Urach, estabeleceu cedo na vida sua reputação. Distante, esnobe e arrogante, seu interesse pela mascarada é real, mas envolver-se com a jovem escritora de livros proibidos, não. Nem mesmo quando ela é chantageada por um empresário que afirma ter em seu poder provas de quem ela é.
Forçada a casar-se e partir, Charlotte jura nunca mais olhar para o conde outra vez.
Três anos depois, ela está de volta ao reino. Longe de ter sido um calvário, a permanência em Berlim a transformou em um fenômeno de vendas, graças ao seu genial - e falecido - marido. Agora, seus desafios são outros: assentar-se em um castelo medieval, escrever sobre paixões e montar sua tão sonhada sociedade literária - além, claro, de manter secreto o que precisa continuar secreto.
Resistir a Theodor, no entanto, é um problema à parte. O conde de Urach mudou, e nem de longe parece o mesmo homem rude e distante que a dispensou. Para o coração remendado, ele representa perigo. Especialmente por entender tão bem de castelos, paixões avassaladoras e segredos tão grandes quanto os dela...


Para comprar:

 E-book

23 julho, 2020

Tag Literária :: TAG dos 50%

julho 23, 2020 0 Comentários

Oi, Faroleiros. Chegou a hora da gente responder a TAG 50%. Conhece? São 15 perguntas que nos fazem analisar as leituras feitas no primeiro semestre de 2020. Então, vamos a elas! 

 1. O melhor livro que você leu até agora, em 2020.
Segredo Obscuro (Família Villazza #3), J. Marquesi, Independente. Confira a resenha, clicando aqui.

 2. A melhor continuação que você leu até agora, em 2020.
O Marido do Meu Irmão 2Gengoroh TagameEditora Panini (resenha aqui).

 3. Algum lançamento do primeiro semestre que você ainda não leu, mas quer muito.
RecursãoBlake CrouchEditora Intrínseca. Não sou muito ligado nessa questão de data de lançamento. Vários livros que pensei inicialmente para essa pergunta foram lançados em 2019. 

 4. O livro mais aguardado do segundo semestre.
O TimbreNeil ShustermanEditora Seguinte.
Amei O Ceifador, primeiro livro da trilogia.

 5. O livro que mais te decepcionou este ano.
EspecialRyan O’ConnellGalera Record.
Não é um livro ruim, mas a minha expectativa era alta e não gostei muito da forma como o autor tira sarro de si mesmo. 

 6. O livro que mais te surpreendeu esse ano.
Entre Deuses, Vários autores, Editora 3Dea.
É uma antologia de contos eróticos com Deuses Gregos vivendo entre nós. Confira a resenha, clicando aqui.


 7. Novo autor favorito (que lançou seu primeiro livro nesse semestre, ou que você conheceu recentemente).
Aretha V. Guedes, autora de Reich: Entre Vampiros e Deuses3Dea Editora.
Achei incrível como ela conseguiu conectar a mitologia dos vampiros com a dos deuses gregos. Quero ler mais livros dela. 

 8. A sua quedinha por personagem fictício mais recente.
Frank, de Legalmente Atraído (resenha aqui), escrito por J. Marquesi. Independente. 

 9. Seu personagem favorito mais recente.
Onda Azul (resenha aqui), além de trazer Bernardo Novak novamente, nos apresenta o pequeno Heitor. Não tem como não se apaixonar por Heitor, um garoto que tem Transtorno do Aspecto Autista e é apaixonado pelo mar, assim como o Bê. 

 10. Um livro que te fez chorar nesse primeiro semestre.
Nenhum livro me emocionou a ponto de me fazer chorar, mas Caminho Longo, do Vinicius FernandesEditora Pendragon, me deixou com a garganta apertada em vários momentos. Confira a resenha, clicando aqui.

 11. Um livro que te deixou feliz nesse primeiro semestre.
Esta e Todas as Vidas, da Anne MarckEditora Astral Cultural. É daqueles livros que aquece o coração e nos deixa feliz com o mundo.

 12. Melhor adaptação cinematográfica de um livro que você assistiu até agora, em 2020.
Jojo Robbit, dirigido por Taika Waititi, foi adaptado do livro O Céu que Nos Oprime, escrito pela autora Christini Leunens

 13. Sua resenha favorita desse primeiro semestre (escrita ou em vídeo).
Minha resenha favorita foi a de Onda Azul, da J. Marquesi, Independente. Confira a resenha, clicando aqui.

 14. O livro mais bonito que você comprou ou ganhou esse ano.
O Hobbit, de J.R.R. TolkienEditora Harper Collins

 15. Quais livros você precisa ou quer muito ler até o final do ano?
São tantos, Vamos lá! Teto para DoisOs Sete Maridos de Evelyn HugoNevernightVilão e A Nuvem

Sintam-se todos convidados para responder a TAG também. 

Com amor, André

21 julho, 2020

Primeiras Impressões :: Apocalipse Segundo Fausto

julho 21, 2020 0 Comentários

O Clube do Farol, como parceiro do Grupo Editorial Coerência, teve a honra de ser convidado a participar do seleto grupo de leitores que farão as primeiras impressões do livro Apocalipse Segundo Fausto, do autor Marcos DeBrito, em pré-venda no site da editora.

Recriar Fausto para os dias atuais faz com que a veia de terror desse livro venha com um ingrediente que dá todo um diferencial a trama. Coloca o mal a uma porta de distância de nossas casas e muito próximo de nossas vidas, fazendo assim com que o leitor viva a trama de forma intensa.

Além disso, o fato do autor escrever as cenas com maestria, como saídas de um filme, que se desenrola a cada página, torna tudo ainda mais vivo, quase tátil e sensorial. Já nesses primeiros capítulos é visível que a imersão será não apenas total como intensiva, devido aos toques de realidade e lugar comum em que ocorre a história.

O narrador, logo no início, é oculto e em terceira pessoa, a cada parte do livro vai contando as cenas que, em um primeiro momento, parecem ser independentes, mas que logo convergem para formarem o todo, de uma forma tão coesa que, quando me dei conta, já estava presa à história antes que eu registrasse o fato de uma forma consciente. Os diálogos, que a partir do momento em que ganham a narrativa em primeira pessoa na voz de Fausto, seguem uma diagramação diferenciada e com um significado marcante para a história. É importante dizer que a trama criada pelo DeBrito é original e única em seu todo, ainda sim despertando no leitor o desejo de conhecer a obra homônima a essa, ou de uma releitura.

A linguagem do livro deixou a narrativa fluida, assim como a trilha sonora de um filme te prepara para as cenas. Vale ressaltar que transita entre a forma mais cotidiana de falar, para uma linguagem com as palavras e referências mais próximas ao leitor dos livros de terror e sci-fi e converge para algo que só me ocorre como perfeito. Porque a facilidade para leitura, mesmo com um texto cheio de conteúdo, é incrível.

E para mim nos personagens fica o grande trunfo do livro. Mesmo sem ditar nomes, você reconhece os personagens secundários e vê nas falas de Fausto a pessoa simples do dia a dia, da própria convivência. Porém tudo te prepara para mais, para o que ainda virá e que, já no primeiro capítulo, fica claro que será, no mínimo, grandioso. Além de claro o nome do nosso “herói” (?) ser de duas referências literárias de grande peso na literatura e na própria história da sociedade.

Mesmo sabendo de sua ansiedade por saber um pouco mais da história (que nesse ponto pode ser tão grande quanto a minha), além do que foi mencionado aqui e na sinopse, preciso dizer que a diagramação interna do livro está primorosa e à altura da externa que, como já sabemos, é em capa dura, com fita de cetim e corte de páginas em vermelho. Dentro conta com ilustrações e imagens que dão vida e forma ao texto.

Estou ansiosa pelas próximas páginas e por ter minha edição física em mãos, dessa que promete ser uma das obras primorosas no conjunto do ano de 2020.

A todos nós, uma excelente leitura,
Elis.



Informações Técnicas do livro

Apocalipse Segundo Fausto
Ano: 2020
Páginas: 200
Editora: Coerência
Sinopse:
Com os indícios de que o fim do mundo está próximo, um ator reconhecido por interpretar Jesus é acusado de ser o Falso Profeta depois que pequenos chifres crescem em sua cabeça. A massa fervorosa, que anteriormente o venerava, começa a enxergá-lo como uma ameaça à sobrevivência e partem em busca de seu sacrifício para que sejam salvos das trombetas do apocalipse.


Para comprar:

 Livro Físico


Dinâmica, inovadora, eclética e arrojada, a Editora Coerência já chega ao mercado revelando seu diferencial: a divulgação dos autores nacionais, que têm tanta dificuldade em se fazerem notar.
Criada não apenas para viabilizar a publicação de autores (ainda) não renomados, a Coerência conta com toda uma equipe de revisores, diagramadores, ilustradores, capistas e assessores, que preparam a obra para que esta chegue com qualidade à casa de milhares de leitores em todo o Brasil.
Foi pensando em fazer com que sonhos tivessem vida que a editora-chefe, Lilian Vaccaro, formulou a Coerência, para que se tornasse não mais do mesmo, e sim um lugar onde o autor pode, acima de tudo, se realizar e ganhar experiência no mercado editorial.


Conheça mais sobre o Grupo Editorial Coerência
em seu site e redes sociais:
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20 julho, 2020

Vem por aí :: Apocalipse Segundo Fausto

julho 20, 2020 0 Comentários

Olá, faroleiro!! A Hype Comunicação Literária fez e compartilhou com o Clube uma entrevista com o autor Marcos DeBrito, sobre o seu mais novo livro, Apocalipse Segundo Fausto, e permitiu postarmos para você aqui no Clube do Farol em primeira mão! 


▪ Sobre o autor ▪

Natural de Florianópolis, Marcos DeBrito iniciou sua carreira cinematográfica depois de estudar Cinema na FAAP, em São Paulo. Após explorar diversas narrativas nas telas, ele ousou se aventurar no universo literário. Consolidado na literatura nacional, foi indicado ao Prêmio Jabuti de Literatura em 2013 com seu romance À Sombra da Lua. E agora, tem seu lançamento, Apocalipse Segundo Fausto, seu 10° livro, em pré-venda.

Também muito conhecido no mercado cinematográfico brasileiro, DeBrito, até o momento, já trabalhou em mais de 10 produções e participou de diversas premiações dentro e fora do Brasil, aliás ganhou 2 Kikitos no Festival de Gramado, em 2001 e 2007, e venceu a premiação MAC Horror Festival e FANTASPOA 2015 na categoria Melhor Filme com Condado Macabro, um filme de terror que dirigiu ao lado de André de Campos Mello.


▪ Entrevista ▪


Hype: Como surgiu a ideia de “Apocalipse Segundo Fausto”?

DeBrito: Surgiu em 2010, época que sons estranhos vinham do espaço, na qual muitos chamavam de “Trombetas do Apocalipse”. Curioso com a situação, pesquisei sobre o fenômeno e estudei alguns relatos na internet. Porém, a narrativa ganhou forças após uma aula com Leandro Karnal e o Luiz Felipe Pondé sobre o filme Anticristo do Lars Von Trier, onde tive contato com uma diferente teoria sobre o que seria o Anticristo.


Hype: Sobre o que é a história? 

DeBrito: “O livro fala um pouco da situação do país que vivemos hoje, quase uma distopia em que religião, política e opinião se tornaram uma coisa só.” O terror presente no enredo também debate o comportamento humano durante crises e o papel do universo nesses momentos.


Hype: Quem é Fausto?

DeBrito: Fausto é um ator muito aclamado por interpretar Jesus, vivendo momentos tensos após pequenos chifres crescerem em sua cabeça e ser taxado como Falso Profeta por àqueles que o veneravam.


Hype: Em que esse livro é diferente das suas publicações anteriores?

DeBrito: Diferente de tudo que já escrevi, essa é uma narrativa sensorial, mas com minha assinatura de estilo; algo que sempre desejei escrever. Semelhante a uma Bíblia, o livro tem capítulos escritos em versículos e apresenta passagens bíblicas reinterpretadas, e além disso, carrega quadros famosos e ilustrações nos traços de Gustave Doré — feitas por um teólogo. A proposta é levar uma experiência única aos leitores desde o primeiro contato com a história, inclusive ressalto que tudo tem um motivo para estar ali.


Hype: Para terminamos, Como foi a negociação para a publicação?

DeBrito: Por meio de uma negociação com a Faro Editorial, o Grupo Editorial Coerência assumiu a responsabilidade de lançamento e, no momento, se encontra em pré-venda.


Agora, fica a surpresa do Clube para você. Amanhã vamos publicar as primeiras impressões dessa história e você vai saber, sem spoiler, o que aguardar desse livro que promete ser O lançamento em 2020.


Para mais informações:

18 julho, 2020

Resenha :: Escola dos Mortos

julho 18, 2020 5 Comentários

E, dentro dos caixões, os mortos nunca dormem.

Eu estava com certo receio de ler Escola dos Mortos, porque por mais que a maioria das opiniões que li sobre ele serem positivas, depois de algumas leituras que me decepcionaram, fiquei com um pé atrás em ler fantasias (tanto nacionais quanto estrangeiras) que têm romance. Bom, eu sou chata (não nego), e algumas que li tinham uma ideia inicial ótima, porém a execução nem tanto, outras tinham “universos” incríveis, só que com personagens que eu queria matar... Mas eu resolvi arriscar e li. E acabei descobrindo que era eu que estava com dedo podre para escolher fantasia. E, principalmente, descobri que Escola dos Mortos é igual coxinha: impossível não amar e, quando acaba, você se arrepende de ter terminado rápido e já quer comer, ou melhor ler de novo.


Nós somos mais que carne, mais que corpo. Somos almas, e almas não se separam.

Escola dos Mortos é um livro nacional da autora Karine Vidal, publicado pela Editora Coerência, que é narrado em primeira pessoa pela jovem de dezoito anos Lara Valente, que mora com a mãe, Helena, e irmã mais nova, Ana, no Rio de Janeiro, sem muito luxo. Ela foi abandonada pelo pai ainda bem nova (ele sumiu do mapa) e não teve contato com mais ninguém da família paterna.

Até que, certo dia, ela descobre que o avô paterno morreu e, como o pai está em só-Deus-sabe-onde, então ela e a irmã são herdeiras de uma fortuna. Mas, para poder usufruir desse dinheiro todo, há uma condição: a Lara tem que estudar no internato Sotrom, que fica nos arredores de Londres, por, no mínimo, um ano. E fazer o que, né? Ela vai.

O problema de reprimir feridas era que, quando o efeito da névoa passava, a dor chegava dez vezes mais potente.


Mas o internato Sotrom não é nada do que ela podia esperar. Esse internato tem todo um aspecto sombrio, com misteriosas mortes de alunos, regras que parecem ser exageradas... E fora isso todos os alunos são sem graça, enfadonhos, sem cor, sem brilho, sem graça... Resumindo, os alunos de Sotrom são como chuchus humanos. Porque se destacar nesse internato, diferente do que acontece em escolas normais, não é uma coisa "boa", ninguém quer chamar atenção para si mesmo, seja por sua beleza, inteligência, ou qualquer outra qualidade que o diferencie de um chuchu, pois quando alguém se destaca, essa pessoa, meio que, bom, bate as botas, vai para o beleléu, vai para a cidade dos pés juntos, abotoa o paletó, vira personagem de Game of Thrones, vai para sete palmos debaixo da terra, fecha os olhos pela última vez, vai comer capim pela raiz, dá o último suspiro, vai para a luz, dá adeus ao mundo... Caso você não tenha entendido ainda, vou ser mais direta: a pessoa morre (nessas horas eu fico feliz por não ter nada de interessante em mim).

Eram estranhas — e curiosamente mais dolorosas — as saudades que eu sentia do que nunca me pertencera. Vácuos de memórias que nunca existiram de fato, mas que, de tanto serem imaginadas na solidão de nossas camas, pareciam verdadeiras.


E a nossa querida Lara, toda cheia de personalidade, uma pimenta no meio de tantos chuchus, chama a atenção, tadinha. Então, você pode imaginar o que acontece, né? O coração da nossa protagonista dá a última batida e ela morre. Maaaaaas ela não vai para o além. Na verdade, ela vai parar na Escola dos Mortos, onde todos os alunos são estilosos, inteligentes, lindos, pedaços de mau caminho, ricos e, principalmente, mortos... E todos eles vão passar a eternidade em uma escola! Iuuuupiiiiiii!

Eu continuaria estudando mesmo depois de morrer?!(...) Santo Deus, será que eu iria para o inferno, afinal?
— Mas eu estou morta.
Não era possível. Matemática eterna? Cadê o bom e velho fogo?

A Escola dos Mortos (onde as aulas são à noite) é totalmente diferente de Sotrom. Nela não tem nada de apático e sem graça. Os alunos são incentivados a se divertir e a curtir a vida (ou a morte; nesse caso), porque todos já estão mortos mesmo, né? Podem se divertir como se não houvesse amanhã, ou podem tentar aprender de tudo, porque eles têm a eternidade toda para isso.


Nessa escola todos tem algo que chama a atenção, mas ninguém atrai tanta atenção como os irmãos Ivanovick — Alicia, Nikolai e Luka —, que não interagem com ninguém, além deles mesmos, que não estão nem aí para os outros, principalmente o Luka, que por onde passa arranca suspiros e olhares. Até a Lara começa a ter um certo interesse por esse ser causador de suspiros. E depois da chegada dela à Escola dos Mortos muitas coisas, que nunca aconteceram, vão acontecer e, com o passar do tempo, a nossa protagonista vai desvendar mistérios que vão abalar a sua vida, a sua morte e (por que não?) o seu coração.

A vida é falha. É uma grande ferida aberta, incessantemente ardendo. Não dá para passar por ela ilesa. O amor é o único alívio em meio ao fardo de dor que todo ser humano carrega.


Eu realmente gostei dessa obra da Karine Vidal. Esse livro parece ser dois livros em um de tanta coisa que acontece e tem de tudo um pouco: romance, suspense, fantasia, humor... E, além disso, Escola dos Mortos consegue ser previsível e surpreendente ao mesmo tempo, e por um lado acaba lembrando muito certas duas sagas famosinhas (não vou dizer quais são), tanto pelos livros quanto pelos filmes, mas sem tornar isso algo ruim, porque esse livro também tem algo só dele, que consegue tornar uma mistura que tinha tudo para dar errado em algo que dá super certo.

Amor que move, que paralisa. Que te faz sair do chão ao mesmo tempo em que te dá vontade de criar raízes.

O enredo é muito bom; a história é envolvente; a maneira que a autora conduz a trama é ótima de um jeito que é bem difícil conseguir parar de ler (quem precisa dormir, não é mesmo?), com reviravoltas acontecendo toda hora; os diálogos e os personagens não são forçados e não decepcionam... Enfim, essa é uma das melhores fantasias que li recentemente.

E, antes que eu me esqueça, não posso deixar de falar sobre a edição maravilhosa da Coerência, a começar pela capa, que está incrível, com fonte confortável para leitura, folhas amarelas e diagramação impecável. Se essa edição fosse uma aluna da Sotrom, ela, com certeza, não seria um chuchu, até porque ela é linda de morrer (piada ruim, eu sei, mas pode fingir que sou engraçada, obrigada).


Escola dos Mortos tem tudo para atrair o leitor e ser um bom livro, o que ele realmente é. Então, caro ser, dê uma chance para a Karine Vidal. Garanto que você vai se surpreender (positivamente). Mas tenha cuidado quando ler, porque a morte pode estar de olho em você. Até!

Acreditem, a vida não é feita de milhares de corações batendo. A vida é mais do que isso. A vida é o imaterial, é criar laços. Se há ligações de amor genuínas aqui, entre nós, então estamos vivos.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Escola dos Mortos
Karine Vidal
Ano: 2020
Páginas: 484
Editora: Coerência
Sinopse:
Ao ser enviada a um misterioso internato na Inglaterra, Lara Valente é assassinada.
Mas sua história não termina; pelo contrário, é aí que ela realmente começa. Após a morte, a carioca passa a viver em uma escola para mortos que coexiste em segredo com o mundo dos vivos. Lá, estudam apenas os alunos mais interessantes, lindos e populares, escolhidos a dedo pela morte.
É nesse ambiente repleto de segredos escandalosos que Lara se apaixona por Luka, um homem perigoso, imerso em ocultismo. Em meio a mistérios e um jogo de sedução obscuro e apimentado, ela descobre que, dentro daqueles caixões, os mortos nunca dormem.


Para comprar:

 Livro Físico
 E-book


Dinâmica, inovadora, eclética e arrojada, a Editora Coerência já chega ao mercado revelando seu diferencial: a divulgação dos autores nacionais, que têm tanta dificuldade em se fazerem notar.
Criada não apenas para viabilizar a publicação de autores (ainda) não renomados, a Coerência conta com toda uma equipe de revisores, diagramadores, ilustradores, capistas e assessores, que preparam a obra para que esta chegue com qualidade à casa de milhares de leitores em todo o Brasil.
Foi pensando em fazer com que sonhos tivessem vida que a editora-chefe, Lilian Vaccaro, formulou a Coerência, para que se tornasse não mais do mesmo, e sim um lugar onde o autor pode, acima de tudo, se realizar e ganhar experiência no mercado editorial.


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