“E dentro dos caixões, os mortos nunca dormem.”
Eu estava com um certo receio de ler Escola
dos Mortos, porque por mais que todas as opiniões que li sobre ele
serem positivas, ainda tinha um cara quase sem roupa na capa e eu evito livros
com capas assim por inúmeros motivos, que só fazem sentido para mim, então nem
vou tentar explicar (a capa atual está
melhor). Mas eu resolvi arriscar e li. E acabei descobrindo que Escola
dos Mortos é igual coxinha: impossível não amar e quando acaba você se
arrepende de ter terminado rápido e já quer comer, ou melhor ler de novo
.

“Nós somos mais que carne, mais que corpo. Somos almas, e almas não se separam.”
Escola
dos Mortos é um livro nacional da autora Karine Vidal, que é narrado em
primeira pessoa pela jovem de dezoito anos Lara Valente, que mora com a mãe
Helena e irmã mais nova Ana no Rio de Janeiro, sem muito luxo. Ela foi
abandonada pelo pai ainda bem nova (ele
sumiu do mapa) e não teve contato com mais ninguém da família paterna. Até
que certo dia ela descobre que o avô paterno morreu e, como o pai está em só-Deus-sabe-onde, então ela e a irmã
são herdeiras de uma fortuna. Mas para poder usufruir desse dinheiro todo há
uma condição: a Lara tem que estudar no internato Sotrom, que fica nos
arredores de Londres, por, no mínimo, um ano. E fazer o que, né? Ela vai
.

“O problema de reprimir feridas, é que, quando o efeito anestésico da névoa passa, a dor chega dez vezes mais potente.”
Mas o internato Sotrom não é nada do que ela
podia esperar. Esse internato tem todo um aspecto sombrio, com misteriosas
mortes de alunos, regras que parecem ser exageradas... E fora isso todos os
alunos são sem graça, enfadonhos, sem cor, sem brilho, sem graça... Resumindo,
os alunos de Sotrom são como chuchus humanos
. Porque se destacar nesse
internato, diferente do que acontece em escolas normais, não é uma coisa "boa", ninguém quer chamar
atenção para si mesmo, seja por sua beleza, inteligência, ou qualquer outra
qualidade que o diferencie de um chuchu, pois quando alguém se destaca, essa
pessoa, meio que, bom, bate as botas, vai
para o beleléu, vai para a cidade dos pés juntos, abotoa o paletó, vira
personagem de Game of Thrones, vai para sete palmos debaixo da terra, fecha os
olhos pela última vez, vai comer capim pela raiz, dá o último suspiro, vai para
a luz, dá adeus ao mundo... Caso você não tenha entendido ainda, vou ser
mais direta: a pessoa morre (nessas horas
eu fico feliz por não ter nada de interessante em mim
).


E a nossa querida Lara, toda cheia de
personalidade, uma pimenta no meio de tantos chuchus, chama a atenção, tadinha
.
Então, você pode imaginar o que acontece, né? O coração da nossa protagonista
dá a última batida e ela morre. Maaaaaas ela não vai para o além. Na verdade,
ela vai parar na Escola dos Mortos, onde todos os alunos são estilosos,
inteligentes, lindos, pedaços de mau caminho, ricos e, principalmente,
mortos... E todos eles vão passar a eternidade em uma escola! Iuuuupiiiiiii!

“Eu continuaria estudando mesmo depois de morrer? (...) Santo Deus – será que eu estava indo para o inferno? (...) – Mas eu estou morta – não era possível! Matemática eterna? Cadê o bom e velho fogo?”
A Escola dos Mortos (onde as aulas são à noite) é totalmente diferente de Sotrom. Nela
não tem nada de apático e sem graça. Os alunos são incentivados a se divertir e
a curtir a vida (ou a morte; nesse caso
),
porque todos já estão mortos mesmo, né? Podem se divertir como se não houvesse
amanhã, ou podem tentar aprender de tudo, porque eles têm a eternidade toda
para isso.

Nessa escola todos tem algo que chama a atenção,
mas ninguém atrai tanta atenção como os irmãos Ivanovick (Alicia, Nikolai e Luka), que não interagem com ninguém, além deles
mesmos, que não estão nem aí para os outros, principalmente o Luka, que por
onde passa arranca suspiros e olhares. Até a Lara começa a ter um certo
interesse por esse ser causador de suspiros. E depois da chegada dela à Escola
dos Mortos muitas coisas que nunca aconteceram vão acontecer, e com o passar do
tempo a nossa protagonista vai desvendar mistérios que vão abalar a sua vida, a
sua morte e (por que não?) o seu
coração.
“A vida é falha. Ela é uma grande ferida aberta, incessantemente ardendo. Não dá para passar por ela ilesa. O amor é o único alívio em meio ao fardo de dor que todo ser humano carrega.”
Eu realmente gostei dessa obra da Karine Vidal. Esse
livro parece ser dois livros em um de tanta coisa que acontece e tem de tudo um
pouco: romance, suspense, fantasia, humor... E além disso, Escola dos Mortos
consegue ser previsível e surpreendente ao mesmo tempo, e por um lado acaba
lembrando muito certas duas sagas famosinhas (não vou dizer quais são
), tanto pelos livros quanto pelos filmes,
mas sem tornar isso algo ruim, porque esse livro também tem algo só dele, que
consegue tornar uma mistura que tinha tudo para dar errado em algo que dá super
certo.

“Amor que move, que paralisa, que te faz sair do chão – ao mesmo tempo que lhe dá vontade de criar raízes.”
O enredo é bom; a história é envolvente; a
maneira que a autora conduz a trama é ótima de um jeito que é bem difícil
conseguir parar de ler, com reviravoltas acontecendo toda hora; os diálogos e
os personagens não são forçados e não decepcionam... Enfim, Escola
dos Mortos é um livro maravilhoso. Porém não dei nota máxima para ele
por algo que me incomodou um pouco. E não, não foi por eu conseguir prever
algumas coisas ou o livro ter algo clichê ou até por lembrar duas certas sagas
famosinhas. Não foi por nada disso. O que me incomodou (e fez meu TOC quase ter um curto) foi a certa mistura de tempos
verbais na narração. Deixa eu explicar. Quando os autores narram um livro, seja
em primeira, segunda ou terceira pessoa eles sempre narram no passado ou
presente (talvez narrem no futuro também,
mas não lembro agora de já ter lido um assim
), narrando algo que aconteceu
ou o que acontece. Quando já aconteceu, obviamente é no passado e seria algo
como: Eu ESTAVA lendo um livro.
Quando acontece, obviamente é presente e ficaria algo do tipo: Eu ESTOU lendo um livro. Sacou a
diferença? Pois então, a narração em Escola do Mortos tem uma mistura de
passado e presente, e não só porque alguém está tendo uma lembrança ou algo
assim, é na narração normal mesmo. Tem parágrafos que começam no presente e
terminam no passado, como acontece nesse trecho:

"Eu sorrio, ligando a televisão. Era sábado e alienar meu cérebro era a única coisa que me restava a fazer."
"SORRIO" está
no presente e "ERA" e "RESTAVA" está no passado.
Conseguiu me entender? Meu TOC deu as caras por isso. Quando se usa dois tempos
verbais na narração sem nenhum motivo para isso, ela acaba ficando um pouco
confusa, prejudicando, em parte, a percepção do que a autora tenta transmitir
para o leitor. Eu misturo tempos verbais em resenha, não vou mentir, mas é meio
intencional
. Então... Dá para ler e entender o livro mesmo assim? Sim. Ficaria
melhor com um tempo verbal só? Provavelmente. Mas eu li a versão que a autora
disponibilizou gratuitamente no Instagram
(li faz um bom tempo já, mas enrolo
horrores para resenhar qualquer livro), então talvez o livro ainda não
tivesse passado por correção ortográfica nessa versão. Não sei como vai estar o
livro físico e nem como está a versão que a autora está vendendo na Amazon.

“São estranhas e curiosamente mais dolorosas essas saudades que a gente sente do que nunca nos pertenceu. Esses vácuos de memórias que nunca existiram de fato, mas de tanto serem imaginadas na solidão de nossas camas, parecem verdadeiras.”
Mesmo com os detalhes que me incomodaram, eu indico
Escola
dos Mortos. Às vezes, não é muito fácil achar no Brasil um livro de
fantasia (com romance) que seja
realmente bom. Alguns têm uma ideia inicial ótima, mas a execução nem tanto,
outros têm uma narração maravilhosa, mas diálogos ruins... Escola dos Mortos tem
tudo para atrair o leitor e ser um bom livro, o que ele realmente é
. Então,
caro ser, dê uma chance para a Karine Vidal. Te garanto que você vai se
surpreender (positivamente). Mas tenha cuidado quando ler, porque a morte pode
estar de olho em você. Até! 


“Acreditem, a vida não é feita de milhares de corações batendo. A vida é mais do que isso. A vida é o imaterial, é criar laços. Se há ligações de amor genuínas aqui, entre nós, então estamos vivos.”
Nota :: 







Informações Técnicas do livro
Escola
dos Mortos
Karine Vidal
Ano:
2017
Páginas:
749
Editora:
Independente
Sinopse (Skoob):
Lara
Valente irá morrer. Mas sua história não termina por aqui. Pelo contrário: é aí
que ela começa.
A jovem
carioca será enviada para um misterioso internato na Inglaterra. Mas o lugar
esconde um segredo. Lara se deparará com vozes de gente morta gravadas,
assassinatos misteriosos no colégio, meninas mortas que ainda moram nos
quartos, e um despertar assustador num caixão.
Tudo
isso vai leva-la a descobrir que, por trás da fachada da Escola dos Sotrom,
existe uma Escola muito mais perigosa, cheia de segredos, pactos e mortes.
Nessa
Escola repleta de ocultismo, Lara será assassinada. Mas sua história não
terminou. Ela acordará em mundo paralelo, em universo glamouroso onde vive a
nata dos melhores, escolhidos à dedo pela Morte.
A
Escola dos Mortos abriga os que foram assassinados e enviados para lá. Uma
sociedade escondida em que existem apenas os melhores, coexistindo em segredo
com a escola dos vivos.
Adolescentes
mimadas, carros luxuosos, segredos escandalosos, campeonatos, corridas e
caçadas.
Lara
irá se apaixonar por um homem perigoso. Luka Ivanovick, com seus olhos negros,
hostis e arrogantes - repletos de ocultismo e falta de respostas. Através dele,
Lara descobrirá a cruel história por trás de sua morte.
Paixão,
mistério e um jogo de sedução escuro e apimentado irão acontecer entre o mundo
real e o misterioso mundo noturno da Escola - até Lara descobrir que, dentro
dos caixões, os mortos daquele lugar nunca dormem.
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