06 julho, 2019

Resenha :: O Futuro Que Nos Roubaram

julho 06, 2019 1 Comentários

Como começar, a falar de uma história que começou a ser contada e que conta com o DNA da autora, trazendo nesse conto a mais quebrada de suas personagens, que não traz nenhuma cicatriz que possa ser vista, mas sua alma tem todas as cicatrizes que uma mulher pode trazer?


Que desde o começo sabemos que tem a maior das dores de uma mãe que é enterrar o próprio filho, que tem segredos dos mais dolorosos em seu coração e que vê no melhor amigo do filho, tudo que o filho teve roubado e ainda mais daquilo que ela mesmo perdeu.

… lembro-me que o Andrew esteve o tempo inteiro de pé ao lado do caixão. No final, ficamos nós dois olhando para a terra que cobria o meu filho para a eternidade. Dias depois todos comentavam que ele tinha partido sem se despedir dos pais.


E ainda sim ser uma história sobre redenção, recomeço, esperança e. principalmente, sobre o efeito curativo do amor sobre nossas dores, nossas perdas, nossos medos e, principalmente, sobre nossos traumas mais profundos. Que com a sensibilidade de tocar a alma de quem lê, Sofia traz uma personagem com toda a sabedoria do tempo, também com seus aprendizados e que, trilhando seus últimos anos, se permite aquilo que seria impensável para muitas pessoas, que é viver plenamente e de todas as formas, se importando, amando e cuidado do que lhe é precioso.

Pela primeira vez eu percebi o quão jovem você é. E como, mesmo com tudo que viveu, eu olho para você e me faz bem. Me traz paz. Não é só a sua forma calma e meiga de ser, mas a sua aparência que reflete isso tudo.

Diz-se que quando o capítulo deixa algo por contar, deixa um gancho, nesse caso, esse “gancho” daria para pescar uma baleia, porque a sensação de urgência do que existe após o fim, é tão grande, tão urgente que faz o coração ficar ansiando tanto quanto a curiosidade por tudo que ainda pode ser contado, que precisa ser contato, que não pode simplesmente terminar ali.


Parto, quando só quero ficar. Deixo-a, quando só quero dizer que a amo.

E sobretudo, que todas as emoções pelas quais passamos, precisam de mais para finalmente ficarem em nosso coração, com mais uma história contada de amigos queridos, que conhecemos ao longo dessas páginas. Amigos esses que nos fizeram chorar, sorrir, suspirar e acreditar que o amor, todas as formas de amor, vale muito mais que o peso em ouro, que a opção de não amar e não se permitir seR amado. Que enquanto houver vida, o legado de quem amamos será honrado e mantido e que existira a chance de um começo, que vem com tudo de antes, porém melhor, pois traz a certeza de ser ainda melhor, porque tem o sabor de segunda chance.

Fico aqui na torcida, para que esse conto ganhe uma história completa e permita ao leitor saber o que acontece depois, e de preferência com o final digno de todas as histórias da Sofia Silva.


Esse conto está disponível em livro físico, numa coletânea com outros contos, publicado numa lindíssima edição em capa dura. E também em e-book pela Amazon, para leitura inclusive pelo Kindle Unlimited. Posso garantir que será uma leitura incrível seja como escolher, eu escolhi ambos e posso afirmar isso. Foi meu primeiro livro dessa editora e me surpreendi de maneira mega positiva, e já me animei para outros livros em um futuro próximo.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

O Futuro Que Nos Roubaram
Para Você
Ano: 2019
Páginas: 233
Sinopse:
Uma promessa
Dois segredos
Três vidas devastadas

"Dois anos após a morte do seu filho, Mia Andersen refugiou-se ainda mais do mundo que sempre a tratou mal, até ao dia em que recebe uma visita inesperada.
Andrew Cooper correu para longe após a morte do seu melhor amigo, levando consigo um segredo devastador, contudo precisou voltar.
Uma promessa precisa ser cumprida.
Entre segredos dolorosos, mal entendidos devastadores e uma trágica morte, Mia e Andrew vão compreender que às vezes não conhecemos quem mais amamos.
O FUTURO QUE NOS ROUBARAM é um romance dramático sobre a cura de duas almas."


 _____Sobre a Autora_____

Sofia Silva


Sofia Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal. É licenciada em Ensino Básico (1º Ciclo) pela Universidade de Aveiro.
Amante da literatura, em especial da poesia e, nela, de Pablo Neruda. Sempre gostou dos sentimentos contidos nas palavras e do poder que exercem sobre os leitores. Ávida devoradora de romances, com predileção pelos dramáticos de final feliz, desde jovem participa ativamente do meio literário.
Em dezembro de 2014, iniciou-se na ficção através da plataforma online Wattpad com a Série Quebrados, cujo foco são histórias sobre violência doméstica, deficiência física e abuso sexual.
Com mais de 1 milhão de leituras e o apoio fervoroso das leitoras brasileiras, publicou, dois anos depois, o seu primeiro livro na Amazon, Sorrisos Quebrados, atingindo o top 10 de vendas em ebook no Brasil.
Para o futuro, deseja continuar a dar voz aos problemas da sociedade através de personagens que ultrapassam inúmeros obstáculos e merecem ser felizes.

04 julho, 2019

TAG :: TAG dos 50%

julho 04, 2019 0 Comentários

Oi, amigos, metade do ano já se foi e chegou a hora da gente fazer aquele levantamento dos livros lidos até o momento. Foram 32 livros, totalizando 10.376 páginas. Uma média de 57 páginas por dia.

TAG dos 50% é composta por 15 perguntas sobre os destaques positivos e negativos dos livros lidos durante esse primeiro semestre de 2019. Então, vamos começar logo com isso!


 01. O melhor livro que você leu até agora, em 2019.
Um Milhão de Finais Felizes | Vitor Martins | Globo Alt

O segundo livro do Vitor Martins consegue ser ainda melhor do que Quinze Dias. A expectativa era grande e o livro não ficou a desejar em nenhum momento. Com personagens apaixonantes e uma narrativa envolvente, Vitor fala sobre amor, família e aceitação.


 2. A melhor continuação que você leu até agora, em 2019.
Kostas (Os Karamanlis #2) | J. Marquesi | Independente

Escolhi o segundo livro da série Os Karamanlis porque, além de ser melhor do que o primeiro, que já é muito bom, a autora consegue revisitar alguns momentos de Theo sob outro ponto de vista, fechando alguns pontos que ficaram soltos propositadamente no primeiro livro.


 3. Algum lançamento do primeiro semestre que você ainda não leu, mas quer muito.
Vergonha | Brittainy C. Cherry | Record

Sempre tive vontade de ler os livros da Brittainy C. Cherry desde Sr. Daniels. Dizem que Vergonha é muito bom!


 4. O livro mais aguardado do segundo semestre.
Red, White & Royal Blue | Casey McQuiston | Seguinte

Adorei a premissa dessa comédia romântica LGBTQI entre o Primeiro Filho americano e o Príncipe de Gales. Li uma amostra da edição americana e esse livro promete.


 5. O livro que mais te decepcionou esse ano.
Nós: O Felizes para Sempre de Ryan e James | Elle Kennedy e Sarina Bowen | Paralela

Eu amei Ele: Quando Ryan Conheceu James e a expectativa pela continuação era enorme, mas Nós não acrescenta muita coisa para esses dois personagens apaixonantes. Não é um livro ruim, apenas não correspondeu as minhas expectativas.


 6. O livro que mais te surpreendeu esse ano.
O Marido do Meu Irmão 1 | Gengoroh Tagame | Planet Mangá

Esse mangá foi uma grande surpresa pelos momentos singelos e emocionantes. Há quadrinhos sem nenhum diálogo que são capazes de emocionar e de dar aquele nó na garganta. Lindo!


 7. Novo autor favorito (que lançou seu primeiro livro nesse semestre, ou que você conheceu recentemente).
Lucas Rocha | Você Tem a Vida Inteira | Galera Record

Lucas Rocha conseguiu a façanha de publicar seu primeiro romance em uma grande casa editorial, como a Record. O autor deve ter feito uma grande pesquisa sobre o HIV para contar a jornada de três personagens que têm uma vida inteira pela frente.


 8. A sua quedinha por personagem fictício mais recente.
Kostas | J. Marquesi | Independente

O segundo filho de Nikkós Karamanlis é um homem duro e frio. Mas tudo isso é uma forma que ele encontrou para enterrar o seu passado. Adoro personagens quebrados e a autora J. Marquesi consegue escrever histórias apaixonantes e envolventes sem pesar muito no drama. Kostas é apaixonante! #vemmalvadão


 9. Seu personagem favorito mais recente.
Nós: O Felizes para Sempre de Ryan e James | Elle Kennedy e Sarina Bowen | Paralela

Já falei que me decepcionei com Nós, mas o livro tem suas qualidades. Uma dessas qualidades é Blake, companheiro de Wes no time de hóquei. Ele parece ser aquele tipo de pessoa sem limites que não para de falar, mas que demonstra com o tempo ser um verdadeiro amigo.


 10. Um livro que te fez chorar nesse primeiro semestre.
Dois Corações (Série Recomeço #2) | J. Marquesi | Independente

Tem uma coisa que acontece durante um dos últimos shows de Cadu que conseguiu arrancar algumas lágrimas... rsrs. Não posso falar muito porque seria um spoiler, mas foi emocionante.


 11. Um livro que te deixou feliz nesse primeiro semestre.
Cavaleiros do Zodiaco: Saint Seiya – Volume 1 | Masami Kurumade | JBC

Eu adoro o anime clássico de Cavaleiros do Zodíaco, mas nunca tive a oportunidade de ler os mangás de Masami Kurumade. Entre as diversas edições, comprei os dois primeiros volumes da editora JBC e foi como voltar no tempo. Felicidade pura!


 12. Melhor adaptação cinematográfica de um livro que você assistiu até agora, em 2019.

Vi poucas adaptações no cinema nesse semestre e vou ficar com Turma da Mônica: Laços. Que assisti semana passada.


 13. Sua resenha favorita desse primeiro semestre (escrita ou em vídeo).
Você Tem a Vida Inteira | Lucas Rocha | Galera Record

Pude falar um pouco sobre a história do HIV e como a AIDS afetou as pessoas que cresceram nessa época sombria sem informação (resenha aqui).


 14. O livro mais bonito que você comprou ou ganhou esse ano.
Príncipe Drácula: Rastro de Sangue | Kerri Maniscalco | Darkside

Os livros da Darkside ficam lindos na estante.


 15. Quais livros você precisa ou quer muito ler até o final do ano?

OMG! Tem tanta coisa que preciso ou quero ler até o final do ano que não sei nem por onde começar... Vou apontar os livros da J. Marquesi, que é autora parceira do blog Garotos Perdidos, e os livros do Harlan Coben por causa do Projeto Harlan Coben do blog e dos relançamentos que a Arqueiro está fazendo para comemorar os 10 anos do autor na editora.


Essas foram as minhas respostas para a TAG dos 50%, quais serão as suas? Sinta-se marcado para responder a TAG também!

Com amor, André

02 julho, 2019

Resenha :: Compaixão

julho 02, 2019 7 Comentários

Olá, leitor e leitora do Clube. Hoje venho falar de um livro que nos remete a uma frase muito usada no meio literário; que é a leitura que nos faz “sair da zona de conforto” dos livros que habitualmente lemos, porém asseguro que esse convite se faz ainda maior nessa obra.


Compaixão, apesar do que alguns podem erroneamente pensar, não é um livro de autoajuda, e sim um texto que nos faz pensar, refletir e literalmente “sair da zona de conforto”, tanto literária, quando de nossa rotina de vida, tanto emocional quanto diária. Um texto instigante e, de certa forma, duro para com nossos paradigmas, e que de forma hábil me levou a repensar, perguntar, criticar até que novos conceitos fossem formados, e um novo modo de ver e viver em sociedade enquanto indivíduo ou integrante de um grupo fosse criado, substituindo o anterior.

Vamos nos acostumando aos clichês da ilusão do mundo perfeito, e nos tornando prisioneiros da imperfeição, aprisionados pela falsa sensação da zona de conforto.


Eu fiquei impressionada com a fluidez do texto, que fez com que eu me sentisse em um auditório intimista, durante uma palestra interativa e, mesmo com a seriedade dos temas propostos e abordados, leve e divertida. Ora, quem nunca se viu em uma situação como a do autor, ao ser visto dirigindo um carro velho, não tem como não deixar de sorrir diante o absurdo dela.

Só um coração livre é capaz de sentir alegria e deflagrar um processo natural de coisas boas, daquelas que silenciam a alma e fazem da consciência um deleite existencial.


De forma simples, conceitos antropológicos são levantados a partir do ponto de partida da compaixão, com ilustrações de vivências que mostram de maneira clara e pedagógica os conceitos anteriormente colocados pelo autor. Outra coisa que muito me impressionou, e de forma positiva devo salientar, foi o fato de que questões como atitudes que em um primeiro momento são “cheias de compaixão” e, quando colocadas à luz da realidade, se mostram tão “fakes” quanto as correntes que circulam em aplicativos de conversas. E outras tão simples, como servir, são na realidade o cerne da compaixão.

“Servir é a compaixão em ato, em plena ação. É o que nos dá a sensação de plenitude humana.” “E Servir não tem status, cargo, poder ou qualquer outra condição de mérito”.

Alguns pontos me tocaram de maneira profunda, como o fato da compaixão não carecer de uma situação de vulnerabilidade para que a mesma seja praticada. Apesar de que eu penso que, mesmo não estando vulnerável socialmente, o conceito colocado possa ser aplicado quando a falta da compaixão acarreta a falta de empatia e doenças sociais, como preconceito para com o diferente, a minoria, “o outro”. De que, a compaixão enquanto assistencialismo não basta, mesmo sendo necessária. Que o principal é “não dar apenas o peixe, e sim ensinar a pescar”.


E sobre esse prisma, somos convidados a observar o tempo presente enquanto esse está acontecendo e se tornando passado, e moldando o que virá ser nosso futuro. Porém esse exercício mostra com uma clareza dura o que é o tempo das redes sociais, das conversas cada vez mais via tecnologia e o afastamento das pessoas na vida real. Que para mim, nesse ponto temos o maior incômodo desse exercício. Que nos obriga a olhar mais de perto o que tendemos a não nos dar conta, ou “esquecemos” enquanto sociedade, porque simplesmente não queremos ver. Por serem visões distintas quanto ao tempo e ao social.

Compadecer-se não significa ser piedoso, mas reconhecer que o ajudado é alguém que merece justiça. (...) acabamos tratando os de fora com certa invisibilidade, até para atenuar o nosso despreparo em aceitar o que nos é diferente.

A abordagem do discurso vazio de verdade, onde a retórica não condiz com as atitudes, e até total falta delas, é direto e cercado de fatos que sustentam a abordagem de forma precisa e concisa. Que mostra que ao fazermos escolhas, além de uma renúncia, gera no ato uma responsabilidade. E com isso um convite desafiador a tornar a compaixão um ato de cidadania, de respeito à existência do outro enquanto pessoa dotada de direitos e deveres iguais ao do que pratica a compaixão, assim nos levando a outros conceitos que devemos não somente entender, mas colocar em prática no nosso modo de agir e viver. E assim, somos levados de volta ao primeiro capítulo, onde somos confrontados com o fato de que a morte é que coloca a vida em perspectiva, a inevitabilidade do fim que refresca nossa memória para ausência da imortalidade. Seja essa morte física ou social enquanto moral e costumes.


Esse livro não é em momento nenhum um "guia em alguns passos" para ser alguém que viva a compaixão em plenitude. Mas sim, um convite aberto a olhar, indagar e sim discordar da abordagem do autor de como o conceito está distorcido e a vivência fora do contexto. Um desconforto altamente recomendável a todos que sabem que "pensar é existir". E que viver é mais que existir, é agir!

Fica a super dica, inclusive como presente para o dia dos pais. Uma edição impecável,  uma capa lindíssima, diagramação fantástica em papel pólen, um texto maravilhoso e sem erros de digitação ou ortografia. 


Nota ::  4,5


Informações Técnicas do livro

Compaixão
Fernando Moraes
Ano: 2019
Páginas: 120
Editora: Novo Conceito
Sinopse:
Nesta obra, Fernando Moraes nos faz pensar a compaixão dentro de um conceito totalizante, que navega pelo nosso cotidiano e não somente dentro dos contextos que a exigem. Com uma abordagem simples dentro de uma perspectiva social, ele trata com cuidado a compaixão, transitando pela cidadania, pela convivência social e pela vivência das pessoas, e, fundamentalmente, mostrando como ela nos absorve, sem muitas vezes termos consciência disso. Muito se fala nas rodas das ciências humanas sobre resiliência, alteridade, empatia, altruísmo, sentimento de compaixão, pertença, solidariedade e tantos outros conceitos, e em como buscamos reconhecer o outro, aquele diferente de nós, aquele que muitas vezes é o nosso inferno, mas que também nos faz inferno de alguém.
Para Fernando Moraes a compaixão é a consciência permanente de que existe o outro. E solidariedade é o efeito natural de identificar o outro por essa consciência e dar vida a essa relação. Sendo assim, uma não existe sem a outra. Entretanto, mesmo tendo essa condição indissociável, costumeiramente tentamos estabelecer interlúdios.
Segundo o autor, quando adotamos a compaixão como exercício cotidiano, estamos na verdade dizendo aos outros: “Eu vejo vocês”.
Compaixão como convite à existência é o grande desafio aqui proposto.


O Grupo Editorial Novo Conceito oferece sempre os best-sellers mais aguardados e comentados do meio literário. Em anos de sucesso editorial, foram vários os autores e títulos reconhecidos na principais listas do PublishNews e Veja. O selo Novo Conceito foi desenvolvido para reunir essas grandes publicações, além das novidades e lançamentos internacionais que ainda virão.

28 junho, 2019

Resenha :: Você Tem a Vida Inteira

junho 28, 2019 0 Comentários

Você Tem a Vida Inteira foi muito bem recebido pelos booktubers, principalmente por Vitor Martins, autor dos excelentes Quinze Dias e Um Milhão de Finais Felizes.

O livro segue a vida de Ian, Victor e Henrique. Ian Gonçalves faz um teste rápido de HIV e descobre que está infectado. Ele não sabe quem pode tê-lo infectado. Está em dúvida entre dois rapazes com quem não tem mais contato. Apesar de saber que o tratamento de HIV evoluiu muito ao longo dos anos, não é fácil receber a notícia.

A gente nunca acha que vai dar tudo errado até que tudo dá errado, não é? 

Victor Mendonça também está no centro de testagem esperando o resultado. Ele está preocupado porque somente ficou sabendo que Henrique é portador do vírus depois deles terem feito amor. Apesar de terem usado camisinha, Victor está com medo de ter sido infectado. A resposta foi negativa, mas Victor está muito decepcionado com seu companheiro. Acredita que Henrique tinha que ter contado sobre ser soro positivo antes.

Os dois se conhecem no ponto de ônibus e Victor percebe o quanto Ian precisa conversar com alguém. Ele passa o contato de Henrique, achando que seu parceiro pode ajudar Ian a sobreviver ao tratamento.

Você sabe que não é uma sentença de morte, não? Pesquisei um pouco antes de ir fazer o teste, e vi relatos de um monte de gente que vive com o HIV e tem uma vida normal. Vai ficar tudo bem.


Os jovens gays do final dos anos 80 cresceram com medo de uma nova doença que afetava a imunidade dos homossexuais, por isso ficou conhecida como “câncer gay” durante um tempo. Nos anos seguintes, a doença também atingiu homens heterossexuais e mulheres que haviam passado por cirurgias e por transfusões de sangue. Foi quando a doença ganhou o nome de AIDS (sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).

A falta de informação fez com que o preconceito contra os homossexuais aumentasse ainda mais. Eles eram vistos como sujos, promíscuos e pecadores. Se já era difícil sair do armário antes, a AIDS foi como um cadeado na porta desse armário.

O tratamento contra o vírus HIV evoluiu muito durante esses anos, mas o medo e o preconceito contra essas três letras continuam existindo. Por isso um livro como este é tão importante.


O autor Lucas Rocha retrata de forma delicada o abalo de descobrir ser portador do vírus HIV e de como é viver com ele. Viver com HIV é viver com medo. Medo do que os amigos e familiares vão pensar. Medo do preconceito. Medo da política mudar e os remédios pararem de ser distribuídos. Medo de como será o resto de sua vida. Será que o vírus é um impedimento para o amor?

A edição da Galera Record tem páginas amarelas, orelhas, uma ótima diagramação e uma capa bem colorida que achei linda. O livro é menor do que o padrão. Tem 20,8 x 13,4 cm de tamanho, mas não atrapalha em nada a leitura.

Acompanhar a jornada de Ian, Victor e Henrique foi muito instrutivo e emocionante. Me apaixonei pelos personagens, principalmente pelo Eric, amigo de Henrique que divide o apartamento com ele. Ninguém é mocinho ou bandido, eles apenas querem viver como se tivessem a vida inteira pela frente.

Com amor, André


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Você Tem a Vida Inteira
Ano: 2018
Páginas: 288
Editora: Galera Record
Sinopse:
Um livro sensível sobre o amor após um diagnostico de HIV. O livro de estreia de Lucas Rocha é sensível e honesto sobre um assunto que ainda é um grande tabu 

As vidas de Ian, Victor e Henrique são entrecortadas pelo diagnóstico do HIV. Victor fica inseguro ao descobrir que Henrique, com quem está começando uma relação, é soropositivo e resolve fazer um teste, mesmo que os dois só tenham transado com camisinha. Logo depois de um resultado negativo, ele conhece Ian, um universitário como ele que acabou de receber uma notícia que pode mudar sua vida. No impulso de ajudar o garoto, Henrique entrelaça os destinos dos três.
Lucas Rocha narra, a partir das três perspectivas, os medos, as esperanças e o preconceito sofrido por quem vive com HIV, mas, principalmente, conta uma história que não é sobre culpa ou sobre estar doente, e sim sobre como podemos formar nossas próprias famílias e sobre nunca esquecer que ainda temos a vida inteira.