Olá, faroleiros. Vim escrever
sobre um livro que já estava na minha lista de quero ler a algum tempo, e ganhou prioridade quando vi o novo
lançamento da autora. Quero escrever sobre Fale!, principalmente, porque
resenhar é uma maneira de eu absorver e me libertar do que o livro trouxe pra
mim.
Fale! é
narrado por Melinda, que vai nos contando um pouco sobre como é sua chegada ao
ensino médio, e porque tudo ainda é pior para ela do que para os outros alunos.
Melinda é alguém que não está conseguindo falar ou comunicar de qualquer forma
o que houve com ela, para que possamos entender o porquê dela ter perdido
os poucos amigos que tinha e acabar isolada e jogada para escanteio. Vítima
do já conhecido bullying escolar e
cada vez mais isolada da vida social da escola.
Mas sentimos que existe algo
errado, que algo não está certo e ela ganha nossa simpatia e uma vontade imensa
de entender o que está errado com ela, porque ela ligou para a polícia,
destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a
chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia. Aliado a
isso, o despreparo aliado a falta de motivação dos professores e profissionais
da escola, dão uma dimensão de que o problema se agrava ainda mais.
Lógica Kodak, aparência é tudo. Só nos comerciais de TV esse tipo de coisa funciona.
O fato de agora ninguém mais
quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra — insultos e deboches, sim — ou lhe dedicam alguns minutos de
atenção, com duvidosas exceções. Começamos a entender a dinâmica familiar que a
cerca e porque isso parece ajudar ao problema, mas do que ajuda-la a se
livrar dele, e à medida que vamos conhecendo a história não contada de Melinda,
mais queremos pode saber para ajuda-la. E dia a dia durante a história a vemos
murchando como uma planta sem água e emudece. Está tão só e tão fragilizada que
não tem mais forças para reagir.
É impressionante ver que,
muitas vezes, cometemos o mesmo erro. De como alguém mordido por uma cobra se
concentra tanto na mordida, que se esquece do veneno circulando pelo organismo,
enfraquecendo, adoecendo e matando a quem está tão atordoado com a mordida que
esqueceu o que ela causa, os danos que provoca. E assim, é impossível não
sentir o coração apertado com a dor de Melinda e parar de ler, tentar entender
como se isso fosse ajuda-la. Vê nas aulas de artes uma chance, um abrigo que
poderá ser a passagem pela qual era irá retomar a vida e enfrentar seus
demônios e responder, falar, gritar: o que, de fato, ocorreu naquela maldita
festa?
Quando as pessoas não se expressam, vão morrendo aos poucos. Você ficaria chocada se soubesse quantos adultos estão realmente mortos por dentro, vivendo sem ter ideia de quem são, só esperando um câncer, um infarto ou um caminhão surja e acabe com, eles .É a coisa mais triste que conheço.
Me lembrei do poder da palavra,
da confiança que só uma amizade é capaz de despertar em alguém, na nossa eterna
necessidade de segurança em várias áreas da nossa vida. E que descobrir que se
pode contar com alguém, pode ser libertador e, ao mesmo tempo, a centelha de
esperança que tudo vai dar certo, tudo vai ficar, de alguma maneira, melhor.
Afinal, alguém ouviu, escutou, prestou atenção e deu a devida importância às
palavras ditas, a verdade que elas contêm.
Fale! Falar pode ser o que vai
trazer justiça ou evitar que se repita, que o círculo vicioso da impunidade
continue. Que a vítima vai conseguir ouvir e entender sua própria história e
finalmente se dar conta de que não é culpa da VÍTIMA. Nada dá o direito de
outra pessoa fazer qualquer coisa contra a vontade de alguém. Que campanhas
como Não é Não, Depois do não é assédio são tão importantes, necessárias. A
mensagem impressa nas páginas de Fale! é realmente poderosa, do tipo
que é impossível ler e não ter algum tipo de emoção a respeito do texto. Eu
compreendo que algumas verdades são terríveis de serem lidas ou ditas em voz
alta.
Não foi culpa minha. Ele me machucou. Não foi culpa minha. E não vou deixar que isso me mate. Posso crescer.
Mas Fale!, a história de
Melinda, vem nos mostrar que o calar, silenciar é ainda mais devastador que
qualquer dor causada pela verdade, que sempre vai libertar e proteger. Então,
FALE! Grite, faça com que a sua voz seja ouvida por você e por quem vai te
ajudar. Porque você não está sozinha, não está sozinho e que, quando falar, vai
ver que eu tenho razão.
No Brasil, você pode contar com
o CVV — Centro de Valorização da Vida
—, para apoio emocional, ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br. Nessa central de telefone, você pode conversar com
um voluntário que vai te ouvir. A ligação pode ser feita de todo o
território nacional, 24 horas todos os dias, de forma gratuita.
E claro, pode vir para o Clube
ler com a gente, conversar no Whatsapp
e descobrir que tem uma turma maravilhosa nesse Clube, que lembra que viver
vale a pena, lutar para continuar é bem mais fácil quando estamos no meio de
outros leitores que sabem o poder da palavra escrita e falada.
Sobre a edição: é uma das
coisas que mais amo na editora Valentina, a capa, além de linda, é feita
para quem leu o livro. Chama a atenção de quem não leu? Sim! Mas ganha um
significado maior e ainda mais especial para quem leu a história. Tradução,
ortografia perfeitas, diagramação caprichada, e extras que tornam a leitura
ainda mais especial e ótima para alimentar debates sobre o livro.
Nota ::




Informações Técnicas do livro
Fale!
Ano: 2013
Páginas: 248
Sinopse:
“Fale
sobre você... Queremos saber o que tem a dizer.” Desde o primeiro momento,
quando começou a estudar no colégio Merryweather, Melinda sabia que isso não
passava de uma mentira deslavada, uma típica farsa encenada para os calouros.
Os poucos amigos que tinha, ela perdeu ou vai perder, acabou isolada e jogada
para escanteio. O que não é de admirar, afinal, a garota ligou para a polícia,
destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a
chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia. E agora
ninguém mais quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra (insultos e
deboches, sim) ou lhe dedicam alguns minutos de atenção, com duvidosas
exceções. Com o passar dos dias, Melinda vai murchando como uma planta sem água
e emudece. Está tão só e tão fragilizada que não tem mais forças para reagir.
Finalmente
encontra abrigo nas aulas de arte, e será por meio de seu projeto artístico que
tentará retomar a vida e enfrentar seus demônios: o que, de fato, ocorreu
naquela maldita festa?
Um
romance de estreia extraordinário; uma obra-prima vencedora (e finalista) de
inúmeros prêmios sobre uma jovem que opta por calar em vez de dizer a verdade.
Fale! encantou tanto leitores quanto educadores, alunos e professores. Um
romance transformador, corajoso, capaz de fazer refletir sobre temas
fundamentais – porém espinhosos como o bullying – do cotidiano dos
adolescentes.
Fale! recebeu o “Altamente Recomendável”
norte-americano para leitura escolar. Foi transformado em filme (O Silêncio de
Melinda) em 2004, com Kristen Stewart, da saga Crepúsculo, no papel da
protagonista.
Fale! é um livro impactante e corajoso, que
incentiva a reflexão e o debate. É para ser lido com o coração e,
principalmente, relido com a alma.
Para a Editora Valentina,
leitura é, acima de tudo, entretenimento.
Olho vivo e faro fino.
Esse é, na verdade, o lema de
todo grande editor. E a pinscher dessa editora encarna esse lema como ninguém.
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