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*recebido em parceria com a Editora Valentina |
Olá, pessoa!! Hoje eu venho escrever sobre a leitura de um livro que fala sobre leitores. Creio que, como eu, todos que amamos ler temos essa curiosidade sobre outras pessoas lendo. Então, depois de me encantar com a sinopse, eu garanti meu exemplar e comecei a leitura.
Eu curto muito esse novo olhar sobre algo cotidiano, como mesmo um leitor vivendo uma rotina quase engessada de tão repetitiva de nossa vida cotidiana, porém alguém que lê sempre tem “meios de fuga” dessa rotina. Assim, vamos descobrindo que, como boa parte dos leitores, Juliette (uma francesa, como o nome entrega e com um nome incrivelmente literário) vive mais de uma vida e, em cada viagem de casa para o trabalho, ela cria várias histórias para cada passageiro que tem um livro nas mãos.
Ela observa todos com curiosidade e ternura, como
se as leituras e paixões alheias pudessem colorir sua vida tão monótona e
previsível. Todos têm suas particularidades, como a idosa que folheia um livro
italiano de culinária e sorri diante de algumas receitas ou a garota que lê
romances e sempre derrama minúsculas lágrimas quando chega à página 247. E
creio que esse seja o único defeito desse livro, não ter essa página. Mas ainda
assim posso me indagar sobre o que teria nela, caso houvesse uma página 247
nessa história (mas preciso dizer que gostei
muito da resposta que Julliete, encontrou).
— Para formar um mundo... tudo é necessário — diz, com placidez. — Até mesmo um mundo de livros.
A narrativa, assim como acontece com a vida da
personagem principal, ganha agilidade quando ela decide romper com a rotina e
usufruir o prazer de percorrer as ruas a pé, observando o formato das nuvens,
com o olhar em busca do novo. Afinal, as surpresas trazidas pela pequena Zaïde
só irão aumentar quando ela conhecer o pai da pequena, o iraniano Soliman, e
esse desvio mudará completamente a sua vida.
Aqui vamos sendo cativados ainda mais na leitura, porque os personagens são leitores que fazem com que nos reconheçamos também. Como aqueles que amam o cheiro de livro, não suportam que um livro seja usado como calço de mesa ou que dobrem a folha para marcar a página. Cada um do seu jeito e cada jeito tão igual e diferente de sentir o prazer de ler.
Com uma linguagem simples e direta, vamos
reconhecendo o mundo e o tempo atual que a história se passa, mas que, com as
referências e citações literárias, somos transportados para outros livros e
outras histórias, exatamente como uma boa história deve ser: nos fazendo viajar
e viver em outros lugares, outros tempos e ainda estar no tempo a que somos
contemporâneos...
Dezessete. Contou-os um a um. Segurou-os, sentindo o peso, folheando as páginas. Cheirou as dobras de papel, pescando aqui e acolá frases, parágrafos por vezes incompletos, palavras apetitosas como bombons ou cortantes como laminas.
Um questionamento muito forte que esse livro traz é
sobre o desapego. Você estaria disposto a dar seu livro para outra pessoa após
sua leitura? Gostei muito desse questionamento por me lembrar sobre projetos
como “Esqueça um Livro”, “Livres Livros” e alguns espaços para as
pessoas deixarem e pegarem livros em pontos públicos. Mas a maneira que o livro
aborta é ainda mais profunda, não é apenas deixar um livro para outra pessoa, é
deixar amor.
Os diálogos são uma delícia de ler, porque são perfeitos para vivenciarmos as conversas diferentes entre pessoas de idade e vidas diferentes. Confesso que a energia de Zaïde é típica de uma criança e as conversas de trabalho dão aquela vontade de conferir se já é hora do fim de expediente. O que garante que vamos vivendo os diálogos à medida que acontecem. E que, por ser um livro curtinho, o momento quase poderia ser rápido demais, mas ainda assim é perfeito. Ideal para quem quer sair de uma ressaca literária, porque te faz pensar justamente sobre os prazeres da leitura, de indicar um livro para alguém, daqueles momentos únicos quando a história te toca de uma maneira que é difícil colocar em palavras, da curiosidade sobre o que as outras pessoas estão lendo. E, principalmente, a capacidade das histórias de unir leitores, curar, com sua cota de momentos tristes, e de criar esperanças, sem definir se a vida imita a arte ou arte que imita a vida...
— Nada é encorajador na vida. Cabe a nós buscarmos encorajamentos onde os nossos olhos, ou o nosso entusiasmo, a nossa paixão, a nossa... ora, onde qualquer coisa seja capaz de descobrir esses encorajamentos.
Sobre a edição só tenho a elogiar o que é padrão Valentina de qualidade. Com uma
orelha que mantém a integridade da capa e que traz informações deliciosas sobre
o livro. Uma capa linda e condizente com a leitura. Papel com impressão e
diagramação que, além de tornar a leitura fácil e agradável, também mostram um
carinho e beleza para com o livro e seus futuros leitores. Falando sobre isso,
amei de todo coração o fato que todas as citações literárias de "A
Garota que Lê no Metrô" estão referidas no fim da obra. Assim,
como eu, você poderá aprofundar-se neste rico universo narrativo, lendo os
livros referenciados ou confirmando se acertou a referência daqueles que já
leu. Durante a leitura não observei nenhum erro de ortografia ou digitação. Boa
leitura.




Informações Técnicas do livro
A Garota que Lê no Metrô
Christine Féret-Fleury
Tradução:
Maria de Fátima Oliva Do Coutto
Ano:
2020
Páginas:
160
Editora: Valentina
Sinopse:
As viagens de
metrô para o trabalho, típicas da rotina, possibilitam que Juliette observe
sempre os mesmos passageiros e os livros que cada um lê. Todos têm suas
particularidades, como a idosa que folheia um livro italiano de culinária e
sorri diante de algumas receitas ou a garota que lê romances e sempre derrama
minúsculas lágrimas quando chega à página 247. "Por que a página
247?", pergunta-se Juliette. Ela observa todos com curiosidade e ternura,
como se as leituras e paixões alheias pudessem colorir sua vida tão monótona e
previsível.
Certo dia, a
jovem decide romper com a rotina e usufruir o prazer de percorrer as ruas a pé,
observando o formato das nuvens, com o olhar em busca do novo. E esse desvio
mudará completamente a sua vida, graças ao iraniano Soliman e sua pequenina
filha Zaïde.
Todas as citações literárias de A garota que lê no metrô são referidas no fim da obra. Assim, o leitor poderá aprofundar-se neste rico universo narrativo.
Olá Bete,
ResponderExcluirApesar de adorar acompanhar a experiência de outros leitores, acredito que esse livro não me chamaria muito a atenção sem uma boa resenha por trás. Adorei todo o sentimento que sentiu e transmitiu na resenha.
Beijo!
www.amorpelaspaginas.com
aiiii!!Eu quero MUITO ler este livro! Descobri ele ontem. Li os primeiros 2 capítulos disponíveis(gratuitos)e adorei!
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