10 dezembro, 2016

# @Milly # Andrew Smith

Resenha :: Selva de Gafanhotos (Grasshopper Jungle)




“A palavra merda, como a expressão tudo bem, pode significar várias coisas. Na verdade, na história que registrei em meu livro sobre aquela sexta-feira em Ealing, Iowa, acredito que usei a palavra merda em todos os contextos possíveis.”

Esse livro é muito esquisito. Realmente eu poderia terminar a resenha aqui, porque dificilmente vou saber fazer uma boa resenha desse livro, o motivo? Ele é esquisito. Confesso que gostei do livro, mas sinceramente entendo perfeitamente quem não gostou, sério, ele é muito estranho. (para não usar a palavra esquisto de novo)

Pontos estranhos no livro: a narrativa, os personagens, a história (estranhos, mas não necessariamente todos negativos)
A narrativa em primeira pessoa é feita pelo protagonista Austin Szerba, um garoto de 16 anos descendente de polonês e que tem bastante tesão, isso mesmo que você leu, ele sente tesão por quase tudo  ele se considera um historiador que vai contando a história do fim do mundo, como tudo começa, fala dos outros personagens e vai falando também a história dos seus antepassados, repetidas vezes na verdade. 

A narrativa é bastante repetitiva no decorrer do livro, foi o que mais estranhei em relação a ela no começo, mas depois me acostumei não a achei cansativa, mas me enrolava com alguns nomes, achei muito legal o estilo historiador dele de escrever. E foi um livro sem muito daquele “pudor” literário, algumas das palavras que mais foram usadas são: tesão, cagar, esperma (entre outras do gênero).... Além de Austin e Robby serem uma chaminé de tanto cigarros.
“Eu me perguntei se um dia eu deixaria de sentir tesão, ou ficar confuso sobre meu tesão, ou confuso sobre por que eu sentia tesão por coisas que não deveriam me dar tesão.”
Austin Szerba é meio engraçado em sua narrativa, na verdade, ele é bem estranho no geral, outro ponto é que ele é bastante confuso quanto sua sexualidade, ele é completamente apaixonado pela sua namorada Shann Collins, e também é completamente apaixonado pelo seu melhor amigo gay Robby Brees, então durante todo o livro sua mente vai meio que fantasiando com os dois, sobre o que ele é ou se “encaixa” ao mesmo tempo em que se sente culpado, não querendo machucar nem um nem outro, pois os dois também são completamente apaixonados por ele.
— Você acha que sou gay, Rob? — perguntei.— Não me importo se você for gay — disse Robby. — Gay é só uma palavra. Como laranja. Eu sei quem você é. Não há um rótulo para isso. Eu acreditei nele. Eu sei que não sou laranja — falei. 
Gostei desses três personagens principais, pois eles eram acima de tudo, melhores amigos, principalmente Austin e Robby, os dois entendiam um ao outro e sempre estavam juntos, até para fazer suas merdas na verdade. (Apesar de Shann ser super legal, eu acabava torcendo por eles dois). Essa relação foi uma das melhores partes do livro, amo os dois, e valeria ler o livro apenas por eles.
"O fim do mundo já tinha começado havia quase uma semana e só três pessoas em Ealing sabiam sobre ele: eu, Robby Brees e Shann Colins.”
Acho que só por isso o livro é bem estranho, mas mistura tudo isso com insetos gigantes (louva-a-deus), um cientista louco e um esconderijo subterrâneo construído para a humanidade se reproduzir se os insetos gigantes tarados dominarem o mundo. Esse é Selva de Gafanhotos, depois que Austin e Robby sem querer “ajudam” a libertar um fungo, criado anos atrás - com objetivo inicial de criar milhos irrefreáveis - (sim, milho) que faz eclodir nas pessoas infectadas louva-a-deus gigantes que só pensam em se alimentar e transar, a cidade aos poucos vai se transformando em um caos, mesmo os acontecimentos que estão fora inicialmente da visão de Austin são narrados, e conseguimos ver uma imagem mais ampla do que ta acontecendo.
“É assim que o fim do mundo parece: Ele parece uma criança que sai correndo para atravessar a rua, com os olhos focados apenas em um destino à frente: o futuro, que está do outro lado. A criança não percebe o caminhão que se aproxima em alta velocidade na mesma rua, no presente. É com isso que o fim do mundo parece.Todas as estradas se cruzam aqui. ”
O que eu não gostei foi a demora para os acontecimentos, se eu não gostasse da relação Austin/Robby/Shann eu ficaria mais frustrada por certas coisas ficarem muito em segundo plano, mas deu para entender que o foco aqui era mais os relacionamentos entre os personagens do que os louva-a-deus gigantes assassinos e tarados, foi uma forma estranha de escrever sobre isso? Com toda certeza, mas considerei Selva de Gafanhotos uma leitura interessante, diferente e dificilmente clichê, acho que quem quiser se arriscar com esse livro, sugiro a mente bem aberta, pois liberdade poética aqui que não falta. Já devo ter falado que é um livro estranho e esquisito, mas gostei .
“Comecei a pensar na possibilidade de a história na verdade ser a grande destruidora do livre-arbítrio. Afinal de contas, se o que nós acreditamos cegamente sobre a história for verdade — aquele velho clichê que nos ensina a não repetir várias vezes a mesma merda —, então por que as mesmas merdas sempre continuam a acontecer? ” 
Para finalizar não poderia deixar de falar da edição perfeita! Que capa maravilhosa, e o amarelo pelas laterais é uma das coisas mais lindas, mais um livro da minha lista “comprei pela capa”, apaixonada por ela.
"A história mostra que, enquanto houver seres humanos neste planeta, quando você coloca dois deles juntos, antes que você perceba, eles começam a criar regras."
Todas as estradas se cruzam aqui

Ficha Técnica do Livro
 Nota: 
intrínseca 

Selva de Gafanhotos
Andrew Smith
Ano: 2015
Páginas: 352
Editora: Intrínseca

Sinopse (Skoob)
Na pequena cidade de Ealing, Iowa, Austin e seu melhor amigo, Robby, libertam acidentalmente um exército incontrolável. São louva-a-deus de um metro e oitenta de altura, completamente tarados e famintos. Essa é a verdade. Essa é a história. É o fim do mundo e ninguém sabe o que fazer.
Com todos os elementos obrigatórios de um romance apocalíptico, Selva de gafanhotos mistura insetos gigantes, um cientista louco, um fabuloso bunker subterrâneo, um mal resolvido triângulo amoroso-sexual e muita confusão, e está longe de tratar apenas do fim do mundo.
Engraçado, intenso e complexo, o livro fala de um jeito inovador de adolescência, relacionamentos, amizade e, claro, de temas um tanto mais inusitados, como testículos dissolvidos e milho modificado geneticamente. Um romance surpreendente sobre a odisseia hormonal, amorosa e intelectual que é essa fase da vida.

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