31 julho, 2021

# @Milly # Arthur Malvavisco

Resenha :: Lebre da Madrugada (Senhores de Sombra e Prata #1)



Hoje vou falar do melhor livro que li esse ano até agora, e para nossa sorte essa preciosidade pertence a nossa literatura fantástica nacional. Queridos leitores, eu estou completamente rendida pela escrita de Arthur Malvavisco e pelos personagens Andras e Aeselir. Faz tempo que um livro de fantasia não me arrebatava tanto e me fazia devorar sua leitura desde o prólogo.


— Você não fala sobre a canção da floresta! — cerceou ela, áspera — Para ninguém, entendeu? Nem para mim.

 

Neste mundo acontece eventualmente, a cada 10 anos aproximadamente, o Eclipse, um acontecimento difícil de explicar aqui, mas se tem uma magia de destruição muito forte nesses momentos. A história inicia-se narrando que, por conta de sinais da proximidade de um novo eclipse, algumas crianças de povoados são levadas pela Vigília — que é um tipo de organização religiosa — para Roselles por segurança, nosso protagonista Andras é uma delas. Em alguns capítulos dele ainda criança são narrados acontecimentos dessa caravana a caminho da cidade, intercalado por capítulos de Andras já adulto trabalhando como Curandeiro em Roselles. Apesar da ida e volta no tempo entre alguns capítulos, o autor trabalha muito bem a conexão do passado que explica o presente de forma que não fica cansativo, mesmo eu não tendo costume de gostar dessas divisões de tempo, eu consegui me atrair com esse modelo de escrita que foi trabalhada aqui.  

 

... para ele, como para grande parte da cidade, a medicina de Andras era tão mística quanto a teurgia sagrada da Vigília.

 

Existe um certo temor sobre o que é chamado de Umbral, principalmente por causa dos eclipses, e acredita-se que todos aqueles tocados pelo Umbral tem a sombra dentro de si. Essa é uma crença principalmente Solariana (local de nascença de Andras) por ser perpetuada pela Vigília, mas no livro temos dois mundos que ficam além do véu do Umbral, um lugar de onde veio nosso outro protagonista, Aeselir. O Iluriano é de uma raça parecida e ao mesmo tempo bem diferente de humanos, com características animais como o formato dos pés que estão mais próximos a ser como patas de lobo e com uma cultura de guerras. Aeselir atravessou o véu há mais de 10 anos para conquistar esse novo mundo, o passado de Lyr (como ele é inicialmente conhecido por Andras) continua envolto de mistérios nesse primeiro livro, mas nos são dadas pistas que ele fez coisas muito ruins.  

 

Um dia vou queimá-la, prometeu, vou fender a terra abaixo e chamar o fogo para lamber as ruínas. Quero ver os reinos que você protege em chamas, quero andar sobre as cinzas.



Preciso falar sobre a dinâmica de Andras e Lyr, que é uma das mais perfeitas que eu já li. Andras é um personagem mais “bom” e que tem um desejo grande de ajudar tudo e a todos, além de sempre estar estudando sua arte de curandeirismo, mesmo sendo julgado como se sua medicina fosse algo a se temer. Por conta de sua alma boa e sua curiosidade de estudar novas anatomias, ele acaba ajudando o iluriano que encontra muito ferido. Diferente de AndrasLyr não tem exatamente a bondade como principal característica no seu coração (risos). Cheia de desconfiança e atritos, a relação deles vai se construindo conforme o livro avança, e não tem como não se apaixonar pela química que esses dois tem.

 

— Está perdoado por essa gola de lobo — disse Andras — E por querer destruir um continente.

 

Os diálogos desse livro são os melhores que já li, é complemente alucinante como tudo é bem escrito, e com um toque de humor, em alguns momentos, que torna a leitura leve e divertida em muitos momentos, principalmente pela personalidade curiosa e tagarela de Andras, o que contrasta com a personalidade mais sombria e calada de Lyr. (risos) 

 

Ele parecia gostar de ouvir a própria voz. Aeselir se perguntou como reagiria se levasse um murro na cara antes de terminar uma sentença.

 

Com um desenvolvimento perfeito entre os personagens principais, esse primeiro livro da duologia nos prende do início ao fim. Mas tenho que comentar algo que vai além da história contada pelas letras. As ilustrações que iniciam cada capítulo do livro são de uma beleza que me deixou alucinada para ter uma edição física do livro, infelizmente por enquanto só temos o e-book disponível, mas isso não conseguiu tirar a beleza dele.  

 

Então é isso, leitores fãs de fantasia, indico muito e muito mesmo Lebre da Madrugada e depois ir correndo iniciar o segundo e último livro Príncipe Partido, que consegue ser tão bom quanto. Boa leitura. 

 

Destino era um privilégio de nobres e clérigos, aqueles que têm tantas possibilidades diante de si que podem se entregar ao caminho mais brilhante.



Informações Técnicas do livro

Lebre da Madrugada 

Senhores de Sombra e Prata #1 

Arthur Malvavisco 

Ano: 2020 

Páginas: 314 

Editora: Independente 

Sinopse: 

É o encerramento da década. Todos esperam um desastre: em Solária, as décadas normalmente terminam em um Eclipse, um terrível evento mágico que pode destruir cidades. Na fortaleza de Rosseles, onde uma grande muralha marca a fronteira entre reinos civilizados e os ermos selvagens, Andras tem preocupações mais imediatas: ele é um médico e cientista vivendo em uma cidade controlada pela Vigília, a mesma organização religiosa que o excomungou por exumar cadáveres para seus estudos. Como se não bastasse, ele ainda tem de guardar segredo sobre a canção da floresta, uma sinfonia que o chama para as sombras além das muralhas e ameaça roubar sua sanidade. Quando um cavaleiro ferido desaba à sua porta, Andras se vê na companhia de um homem estranho: Aeselir Hrád, um guerreiro de outro mundo, um fugitivo perigoso e de passado violento, mas que oferece ajuda ao médico no momento em que a Vigília ameaça sua vida. Feral e de temperamento explosivo, Aeselir parece fugir tanto de seus inimigos quanto de si mesmo. Juntos, eles terão de sobreviver em ermos devastados por guerras e acidentes mágicos. Terão de lutar para escapar aos seus inimigos, mas também para compreender as diferenças entre si, seus papéis nos planos da Vigília e nas vidas um do outro. 


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