Resenha :: Eu chamo de amor

 

Muitos falam que nasceram no ano errado, que se dariam muito bem nos anos 60 ou 80 com o início das bandas de rock, porém caro leitor, pense bem, não diminuía o nosso tempo, o século vinte e um é quase um sinônimo para a palavra “liberdade” e consequentemente do Amor. A liberdade de amar após anos no controle, sem direitos, pode amedrontar quem está começando a conhecer esse sentimento, o medo de se machucar é quase maior que o desejo de apenas ser feliz com o outro e com si próprio, e assim, é necessário se perguntar, o que é amor para você?

Calma, não irei divagar sobre filosofia e modernidade líquida que estamos vivendo com tudo começando a terminando rápido, apenas quero lhe apresentar o livro que acalmou o meu coração com tantas incertezas em um sentimento tão bom por meio de coletânea de contos. “Eu chamo de amor”, foi feito por seis escritores nacionais, colocando suas experiências e criatividades, com dor e alegria nas histórias que em uma sentada você termina, são poucas páginas, capaz da reflexão de cada conto demorar mais para ser digeridas do que a leitura em si.

💙“Arritmia”

Fernanda de Castro Lima

Só os títulos de cada conto são estranhos tal qual o sentimento, o primeiro “Arritmia” tem aquele gostinho brasileiro em meio a universidade e a vida jovem adulta, com a visão de uma garota contando a história de uma amiga e sim, você fica um pouco sem entender porque a visão é de terceiros e não dos protagonistas, mas se eu disser o motivo será spoiler hahaha.

“Já está óbvio que não sou uma especialista em racionamentos abertos, mas, apesar do pouco conhecimento, entendo que esse tipo de namoro só dá certo se todas as partes envolvidas pensam da mesma forma, desejam da mesma forma e agem de acordo com o que pensam e desejam. ”

💙“La Zorra”

Fernanda Young

O segundo, La Zorra, é o conto mais curto do livro e acabou sendo meu favorito mesmo com poucas páginas para a autora escrever sobre. Em meio a uma história de amor próprio, a protagonista tem um final um quanto inusitado e isso me fez rir tanto, eu realmente não esperava por essa decisão! Desse vocês não terão nenhuma informação minha, queria ver a reação de cada um lendo o final, mas confiem em mim, é perfeito.

“Ficou abanando as mãos no ar, esperando o esmalte secar, e achou que podia escutar o chiado das unhas cortando o ar, que nem espada de samurai. ”

💙“Prisma”

Giulia Paim

O próximo conto, Prisma, me fez ir com pé atrás, por muito tempo evitei temas sobre a pandemia, foi uma época difícil para todos e assistir ou ler sobre sempre me deixava com um ar pesado e cansada, e no início, eu realmente senti esse sentimento, não porque a protagonista passava por dores, mas porque foram sentimentos que todos sentiram nesse período, voltando ao passado em que tudo era incerto. O conto é escrito em forma de diário para ajudar a personagem a passar pela solidão da quarentena, a solidão desse período é aos poucos combatida pelo amor da protagonista ao ver que há esperança de melhora.

  “Estou feia, mas olhando pelo lado bom, não tem ninguém para me ver assim."

💙 “Deve ser amor”

Laura Conrado

Em seguida temos o “Deve ser amor”, e posso estar exagerando, mas sabe aquele sentimento que fica as vezes sobre nunca encontrar o amor porque já passou da fase? Que a vida corrida e os problemas diários não dão espaço para encontrar uma pessoa legal com tanta gente chata por aí? É nesse caminho que o conto segue, com um toque brasileiro no meio.

“Compreendendo que posso dividir minhas angústias e meus medos com uma nova pessoa. Espero que todo o meu corpo sinta isso. ”

💙“Como Eduardo e Mônica”

Marina Carvalho

 E ah, finalmente cheguei no título que tanto chamou minha atenção no prefácio, aquela famosa música conhecida por todos “Eduardo e Mônica” foi escolhido como base do quinto conto. Em uma versão um pouco diferente da música, a escritora conta de forma divertida como os nomes mais famosos se apaixonaram em uma visão alternativa, já que todos sabem que Eduardo e Mônica não eram nada parecidos, ela era de leão e ele tinha dezesseis.

    “É nesse momento que paramos tudo, como se estivéssemos congelados, apenas nós dois, e nos olhamos profundamente. ”

💙“Sobre montanhas, aplicativos e o crush supremo”

Vinícius Grossos

O último conto é delicado e engraçado ao mesmo tempo, com temática de bullying e autoestima, o personagem marca um date e tudo que era para ser apenas uma ficada, virá algo a mais ao perceber que a pessoa era um conhecido de tempos atrás, na época da escola, a quem ele tratou mal.

    “ Às vezes, na vida, tudo o que você consegue ouvir são os sussurros tentadores de um conjunto de hormônios que são tudo, menos racionais. ”

Os contos têm uma escrita simples e leve tal qual o amor é, mesmo colocando temáticas pesada a história traz uma sensação que tudo vai ficar bem no final. E é tão bom quando lemos livros com gírias brasileiras, nomes que conhecemos no nosso dia a dia, em ambiente comum a nós, foi como me sentir em casa em “Eu chamo de amor”. Espero retornar mais vezes por meio dos autores que conheci.

Informações Técnicas do livro

Eu Chamo de Amor

Vários Autores

Ano: 2021

Páginas: 144

Editora: Melhoramentos

Sinopse: O que é amor pra você?

Relacionamentos de comédias românticas que sobrevivem a todos os contratempos? Ou pessoas que se conheceram ainda jovens e passam a vida inteira juntas?

Acha que é possível um amor acabar, ou acredita que só é amor se durar para sempre? É possível amar alguém com quem você nunca conversou? E amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Nesta antologia, Fernanda de Castro Lima, Fernanda Young, Giulia Paim, Laura Conrado, Marina Carvalho e Vinícius Grossos revelam o que eles chamam de amor e mostram que esse sentimento pode estar em todo lugar, até mesmo em um emprego chato ou no meio de um lockdown.

Prepare-se para se emocionar e, por que não, se apaixonar por histórias que mostram que o amor pode ser do jeito que você bem entender. Desde que você se abra para viver essa grande aventura.