O Clube do Farol está prestes a abrir as portas da sua 79ª leitura, e o título escolhido não poderia ser mais marcante: O vermelho e o negro, de Stendhal. Um romance que atravessou quase dois séculos sem perder o fôlego — desses que grudam na cabeça, no coração e no debate.
A história se passa durante a Restauração Francesa, período de tensões sociais logo após a queda de Napoleão. O país tentava se “reorganizar”, mas a verdade é que vivia um caldeirão político: aristocratas tentando recuperar privilégios, burgueses emergentes disputando espaço e um jovem sonhador, Julien Sorel, tentando entender onde, afinal, ele cabia nisso tudo.
"Por que querem que eu tenha hoje a mesma opinião de três semanas atrás? Nesse caso, minha opinião seria meu tirano."
É nesse cenário — dividido entre cidades provincianas e salões parisienses — que acompanhamos a trajetória de Julien, um jovem pobre, brilhante e secretamente apaixonado pelo mito napoleônico. Seu desejo de ascender socialmente bate de frente com uma sociedade que insiste em lembrá-lo do lugar que ele deveria ocupar. Entre igrejas, casas elegantes e intrigas silenciosas, o autor constrói um panorama vivo da França pós-Imperial.
O autor, Stendhal (nome literário de Henri Beyle), nasceu em 1783 e viveu uma vida inquieta: soldado nas campanhas napoleônicas, crítico de arte, viajante incansável e observador feroz das contradições humanas.
Sua escrita clara, irônica e curiosa o transformou em um dos pioneiros do romance psicológico. Entre seus grandes feitos literários estão O vermelho e o negro e A cartuxa de Parma, obras que se tornaram alicerces do realismo francês.
Na leitura coletiva, tudo ganha outra dimensão.
"Que bobagem; cada um por si nesse deserto de egoísmo que chamam de vida."
A história vibra diferente quando é compartilhada: as discussões revelam camadas, leituras se cruzam, interpretações se iluminam. Nada melhor para um romance psicológico do que esse espaço de conversas que se estendem, se aprofundam e surpreendem.
E para quem quer escolher sua edição, seguem as opções integrais e reconhecidas pela qualidade das traduções:
• Companhia das Letras – Rosa Freire d’Aguiar - Fluida, precisa e muito bem contextualizada. Uma das traduções mais elogiadas hoje.
• Penguin-Companhia – Rosa Freire d’Aguiar - Mesma tradução, formato mais acessível
• Editora 34 – Sérgio Flaksman - Elegante, cuidada e fiel ao ritmo do texto francês. Excelente para leitores exigentes.
• Nova Fronteira – Carlos Drummond de Andrade (integral) - Tradução clássica, poética e ainda muito valorizada.
"Após ter lhe incutido o hábito de raciocinar corretamente e de não se contentar com palavras vãs, não teve o cuidado de lhe dizer que, em quem não é muito considerado, esse hábito é um crime; pois todo bom raciocínio ofende."
E você, com qual edição vai embarcar? A edição da TAG não entra na lista por ser exclusiva para assinantes e hoje só ser possível a compra de edições usadas.
Vamos encerrar o ano com esse livro, porque O vermelho e o negro tem tudo o que faz uma leitura coletiva valer a pena: emoção, crítica social, personagens complexos, dilemas morais, história pulsante e muita matéria-prima para conversas inesquecíveis.
Também porque fechar o ano com um clássico desses parece quase um ritual: olhar para trás com lucidez, encarar o presente com coragem e entrar em 2026 com a mente afiada e o coração cheio de histórias.
Obrigado por cada capítulo compartilhado ao longo do ano, por cada insight no grupo, por cada risada, descoberta e troca. Que esta leitura que vai encerrar nosso ciclo traga uma experiência incrível e que o próximo ano traga livros ainda mais instigantes para caminharmos lado a lado.
Nos vemos nas próximas páginas.





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