Abro a primeira página do livro, com a intenção de apenas dar uma olhada. Quando me dou conta, estou na página 10. Página 17. Página 20. 37. Meu Deus, isso parece crack.
O que
fazer quando você já considera pacas um livro depois de ler apenas o primeiro
parágrafo? O que fazer quando você se depara com um dos livros mais
angustiantes que já leu na vida? (Ou talvez seja do ano, ando bem sensível
nos últimos meses). Um livro que te deixa com o coração tão apertado que
nem em seus pensamentos mais pessimistas achava que sequer era possível?
Sinceramente
estou me sentindo perdida, não sei como seguir a vida, não sei como suportar
todos os dias 9 de novembro, contando com hoje, depois de tudo que li. Meu
coração foi espremido como laranja,
ralado como coco, torrado como amendoim... Ficou mais apertado que roupa de
periguete. Desde já, estou pedindo desculpas por qualquer coisa que irei
escrever (se eu conseguir escrever algo que faça sentido, na verdade),
porque, sinceramente, no meu atual estado, eu não tenho estrutura emocional e
nem psicológica para lidar com “Novembro, 9” .
Os objetivos são alcançados com desconforto e trabalho árduo. Não são alcançados quando você se esconde em um lugar onde se sente à vontade e confortável.
“Novembro,
9” é um livro escrito pela autora, diva,
maravilhosa, esbanjadora de sofrimentos, Colleen
Hoover (CoHo para resumir), e foi recentemente lançado aqui em
nossas terrinhas pela Galera Record. Não é o primeiro livro dessa autora que
leio, acho que já li uns sete ou oito livros dela e, sinceramente, pensei que
depois deles eu estaria imune à angústia que os livros dessa mulher me causam,
mas, como sempre, eu estava errada, muito errada. E não, não é uma angústia
ruim, quero que saiba logo que esse é um livro maravilhoso (que até estou tentando
obrigar alguns seres conhecidos a lerem, para compartilhar o que é bom e
sofrido), na verdade, todos os livros da CoHo são maravilhosos, melhor
ainda, a autora é maravilhosa, até se ela escrevesse um livro dormindo, ele
seria maravilhoso . Enfim, babações de ovo a
parte, voltemos ao livro.
O livro
é narrado em primeira pessoa pelos dois protagonistas, Fallon e Ben.
Fallon
é uma personagem que tem cicatrizes, não apenas por fora, mas também por
dentro; que tem traumas que a deixam insegura. Ela era uma atriz em ascensão
até que um “acidente” mudou sua vida como ela era. Ela saiu dele machucada e
dois anos depois, aos dezoito anos, ainda carrega consigo marcas de um dia que
ela não esquece, o dia 9 de novembro, o dia que sua vida deixou de ser o que
era. Ela estava pronta para se mudar de Los Angeles para Nova York e tentar dar
um novo rumo na sua vida, mas no dia de sua viagem (dia 9) ela conheceu o
aspirante a escritor Ben, e sabe como é, rolou aquela tal química instantânea.
Uma das coisas que sempre tento lembrar a mim mesma é que todo mundo tem cicatrizes. Muita gente tem umas ainda piores do que as minhas. A única diferença é que as minhas são visíveis e a da maioria das pessoas, não.
Ben é
um jovem de também dezoito anos que é aspirante a escritor. Ele também tem suas
cicatrizes, mas elas não ficam na superfície, ficam junto com os segredos que
guarda bem no fundo de seu ser. Ele é gentil, fofo, engraçado, divertido,
apaixonante ... Acho que ele é tão
apaixonante que me apaixonei logo quando ele foi ao resgate da Fallon. Resgate
do que? Então, no dia que se conheceram a nossa protagonista estava tendo uma
discussão com o pai, e ouvindo tudo e não gostando nada de como a Fallon estava
sendo tratada, o nosso protagonista resolveu interferir e fingir ser namorado
da moça. Super normal fingir ser namorado de quem “não conhecemos”,
né?
Mas
enfim, depois desse ato heroico ou intrometido (o que preferir), o Ben e a
Fallon passam o dia juntos, e acabam tendo uma ligação tão linda e forte, que
esse dia podia ser um mês. Em um único dia, o Ben faz a Fallon olhar para suas
cicatrizes de um novo jeito, ele acha e prova o quão linda ela é para ele.
Cara, isso é lindo, tocante. Ler como ele tratava a mocinha, mostrando sua
beleza, não a deixando se sentir inferior e feia; e incentivando-a a seguir os
sonhos que nem ela mesma acreditava direito, é tão encantador e apaixonante que
nem sei como explicar (preciso de um Ben na minha vida ).
Ela não é o tipo de garota por quem você escolhe lutar. É do tipo de garota por quem você luta até a morte.
Mas
apesar dessa ligação, a Fallon tinha uma viagem a fazer, uma viagem que o Ben
incentiva. E aí o que acontece? Bom, a Fallon vai para NY e os dois fazem um
acordo de se encontrarem de novo no mesmo dia, hora e lugar que se conheceram.
Sim, depois de um ano no dia 9 de novembro. E isso todo ano até terem 23 anos.
Por que 23? Porque a mãe da Fallon ensinou a ela que uma garota não deveria se
apaixonar antes dos 23 anos, pois se ela se apaixonasse não conseguiria
conhecer a si mesma antes, pois estaria perdida em outra pessoa. (Está vendo
mundo? Não preciso de namorado! Estou me conhecendo! Me deixe! Não tenho 23
anos ainda! ).
Tendo
esse conselho em mente os dois protagonistas combinam de se encontrarem, como
já falei, apenas uma vez por ano, sem trocar telefones, e-mails, nem nada...
Até se bloqueiam no Facebook para não se stalkearem (diferente
do livro “Um dia”, caso você pense nele ). E como parte do acordo Ben
cria uma lista das coisas que Fallon deve fazer até o próximo 9 de novembro, e ela
cria o mesmo para ele, dizendo que ele deveria escrever um livro com a história
deles. E claro ele escreve, mas ela vai muito além do que a Fallon ou nós
mesmos podemos imaginar...
E, sim, você tem cicatrizes. Mas quem vê suas cicatrizes antes que de ver você, não a merece. Espero que você se lembre disso e acredite. Um corpo é simplesmente uma embalagem que guarda os verdadeiros dons que contém. E você é cheia de dons. Altruísmo, gentileza, compaixão. Todas as coisas que importam. A juventude e a beleza passam. A decência humana, não.
O livro
se passa em noves de novembros, mostrando como a Fallon e o Ben passam esse dia
a cada ano. E na boa, são dias bem intensos, dias que têm que valer por um ano
até se encontrarem novamente. São dias com drama, paixão, amor, tristeza,
angústia; são dias que passam uma carga emocional bem forte, te deixam com
suspiros e também te deixam com tanta raiva que você acaba querendo espancar
alguém, cortar cabeças... Você se irrita com certas decisões, se irrita com o
que descobre, se irrita porque não consegue ir dormir sem terminar o livro
antes (fui dormir seis da manhã depois de ler ele inteiro em algumas horas)...
Mas com sono ou não, você não consegue parar de ler mesmo sentindo uma agonia
dos infernos (desculpe a expressão ).
Sinceramente,
eu não conseguiria me encontrar com alguém, que poderia me apaixonar, só uma
vez por ano, sem mandar nenhuma mensagem para saber se ela está bem, logo
imaginaria ela morrendo de diversas maneiras: de bala perdida, de uma doença
incurável, atropelada, morrendo após tirarem seus órgãos para venderem no
mercado negro... Possibilidades infinitas . E só isso já seria bem
desesperador, mas a CoHo não faz apenas isso, ela te estraçalha, te derruba no
chão e dança Macarena em cima de você, te joga um bomba na cara e solta
um “O livro é meu, lide com isso se conseguir”... Essa mulher
devia ser presa por tortura emocional, ela acabou com meus nervos, acabou com
meu sono, mas acho que melhorou a minha vida.
Meus defeitos são o que me faz acordar de manhã e o que me deixa acordada toda noite.
Para
mim (se você não achar o mesmo, a vida é sua), “Novembro, 9” é
um livro sobre amor e perdão, sobre o peso do passado que carregamos conosco e
que algum dia teremos que enfrentar e nos livrar para podermos viver em paz,
sem fantasmas. É um livro sobre aceitar nossas cicatrizes, de não ter vergonha
delas, mas tê-las como algo que representa as lutas que tivemos e sobrevivemos
para poder mostra-las para o mundo. É um livro sobre espera, sobre aprendizado,
sobre superação, sobre não julgar antecipadamente. Então mesmo se você já saber
que vai querer arrancar os cabelos de angústia e agonia não deixe de ler essa
maravilha , eu li e sofri, mas o amei e
não me arrependo de deixar de dormir, espero que você também não.
Quando digo que você simplesmente sabe, é porque você vai saber. Não vai questionar. Não vai se perguntar se o que está sentindo é realmente amor, porque, quando for, você vai morrer de medo de sentir isso. E, quando acontecer, suas prioridades vão mudar. Você não vai pensar em si mesmo e na própria felicidade. Só vai pensar nessa pessoa, que você faria tudo para ver feliz. Mesmo que isto significasse se afastar dela e sacrificar a própria felicidade pela dela. (...) Isto é amor, Ben. Amor é sacrifício.
P. S. O
livro tem uma música própria, a música “November, 9” do Griffin Peterson e você
pode ouvi-la aqui e agora:
Informações Técnicas do livro
Novembro, 9
Ano: 2016
Páginas: 352
Editora: Galera Record
Sinopse:
Uma
história de amor inesquecível entre um aspirante a escritor e sua musa
improvável, da autora de Hopeless.
Fallon
conhece Ben, um aspirante a escritor, bem no dia da sua mudança de Los Angeles
para Nova York. A química instantânea entre os dois faz com que passem o dia
inteiro juntos – a vida atribulada de Fallon se torna uma grande inspiração
para o romance que Ben pretende escrever. A mudança de Fallon é inevitável, mas
eles prometem se encontrar todo ano, sempre no mesmo dia. Até que Fallon começa
a suspeitar que o conto de fadas do qual faz parte pode ser uma fabricação de
Ben em nome do enredo perfeito. Será que o relacionamento de Ben com Fallon, e
o livro que nasce dele, pode ser considerado uma história de amor mesmo se terminar
em corações partidos?
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