01 outubro, 2018

# @Mile Dantas # Drama

Resenha :: A Última Peça


"O destino quis que a gente se achasse,
na mesma estrofe e na mesma classe,
no mesmo verso e na mesma frase."
(Paulo Leminski)


Olá, faroleiros! Tudo bem com vocês? Estive afastada uns dias, mas já coloquei as coisas em ordem. Hoje trago uma resenha maravilhosa do livro A Última Peça, da Karina Heid. Adianto que foi aquele tipo de leitura que a gente devora em questão de horas. E eu amo esse tipo de livro.

Pedro é um rapaz que  teve problemas do passado e tenta seguir a vida. Recém-promovido a editor chefe numa editora em São Paulo, ele procura alguém para dividir um apartamento. O que o jovem não esperava era encontrar Bia, o seu amor do passado e centro do seu problema na época, sentada na recepção da empresa onde ele trabalha, prestes a fazer uma entrevista de emprego.

Olho para a porta. Isso não pode estar acontecendo. É injusto que esteja, é praticamente impossível. O meu caminho e o de Bia não deveriam mais se cruzar. O que nos separou foi forte o suficiente para ser definitivo, e definitivo, por definição significa para sempre.

Imagina a surpresa dele ao descobrir que o acidente que Bia sofrera na fatídica noite que separou o casal, a deixou desmemoriada. Ela não reconhece Pedro e não lembra de que ele passou em sua vida. Tudo o que Bia sabe foi contado por terceiros, então para ela Pedro é um vilão. Surge aí a oportunidade dele desfazer todo mal entendido. Para isso ele contrata Bia e, ainda vai dividir um apartamento com ela.

Existe um teste simples para saber se você é ou não um idiota: se você ficar feliz por ter feito uma idiotice, você é um idiota.

Será que Pedro vai resistir ao sentimento por Bia que ele tentou guardar por anos? E quando Bia reconhecer Pedro perdoará tudo que houve no final do relacionamento? E é nesse momento, pessoal, que você descobre que não conseguirá parar de ler A Última Peça, até saber o que vai acontecer com Pedro e Bia!

Tento me desconectar dele e me concentrar na arrumação do meu canto. A palavra é exatamente essa, desconectar. Desde que o conheci sinto essa atração em sua direção, quase uma urgência em orbitar ao seu redor. É exaustivo resistir.

A Karina construiu uma trama envolvente, onde a história passada de Pedro e Bia vai se mostrando ao longo das páginas. Ao mesmo tempo, acompanhamos seu reencontro, anos depois. O sentimento que Pedro nutre pela garota o faz tomar decisões que trazem a garota de volta a sua vida.

A narração é em primeira pessoa, nas vozes intercaladas de Pedro e Bia. Nos aproximamos do casal e nos afeiçoamos a eles ao ouvi-los contar, ao seu próprio modo, a história. Cada personagem tem um ponto de vista próprio, e contraditório, sobre o que aconteceu. Isso traz uma pitada de mistério e ficamos juntando o quebra-cabeça que é o passado dos dois.

Eu não devia ter pedido para minha mãe enviar os diários, eu devia ter estado ali na hora da chegada. O que foi que eu fiz? Paro na escadaria. E se Bia os leu e se lembrou de tudo?

Os personagens me ganharam desde as primeiras páginas. Pedro, chefe de editora, com uma história romântica trágica que envolveu até a polícia (vocês vão saber o porquê ao ler a história), e Bia, seu amor do passado, desmemoriada (sequela de um acidente), não se lembra quem foi Pedro, com o comportamento totalmente diferente e toda tatuada.

Não estou enganando-a, isso tudo é parte de um plano para fazê-la lembrar. Não é atração o que sinto, é carinho. A ereção? Pff, aquilo não foi nada, só um descuido.

Os capítulos iniciam com uma citação que tem tudo a ver com o que vamos ler. Então isso nos dá uma dica do que vai acontecer. São frases maravilhosas de escritores, músicos, poetas, entre outros. Curti muito essa sacada da Karina e enriqueceu mais a leitura!

A minha conexão com o livro foi instantânea. Não sei exatamente se foi no reencontro do casal (numa entrevista de emprego, onde Pedro é o entrevistador e Bia, desmemoriada, a candidata, hahaha) ou na situação seguinte (não vou ficar dando spoilers) que A Última Peça ganhou meu coração!

O que foi que você fez tão certo naquela noite, João? Pode ter sido o beijo? Pode. Pode ter sido o cheiro gostoso de menino bem cuidado? Pode também.

A Última Peça é uma história incrível e foi devorada por mim em dois dias! Eu lia páginas e mais páginas querendo saber se Bia iria reconhecer Pedro do seu passado e se ela se apaixonaria por ele novamente. Com um final surpreendente e revelador garanto que o leitor não ficará entediado com o livro. Leitura maravilhosa com certeza!

Não existe nem existirá na sua história momento tão aterrorizante quanto saltar no vazio da esperança de que algo etéreo como o amor vá te segurar.
O que acontecerá com você depois do pulo não está exatamente nas suas mãos. Ela está nas mãos das estrelas, do acaso, da inevitável sucessão de eventos desencadeados por um arbítrio não-tão-livre-assim.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

A Última Peça
Ano: 2017
Páginas: 217
Editora: Arte da Cura
Sinopse:
O que nos faz saltar sobre o desconhecido? Aceitar riscos e acreditar que podemos voar?
João Pedro e Bia conheceram-se aos catorze, namoraram sete anos e há outros sete tentam se esquecer. Ele ascendeu na carreira, mudou de nome e acredita ter deixado o passado para trás. Ela teve que aprender a viver sem memórias, inteiramente apagadas após uma tragédia. Por sorte, acaso ou destino, Pedro e Bia voltam a se encontrar. Mas como perdoar o que fizeram ao outro, se apenas um lembra dos fatos? Como lidar com sentimentos que surgem desgovernados, que nos fazem questionar o quanto de nossa essência vive a despeito da memória? 
A Última Peça é uma história sobre segundas chances e um universo que privilegia quem ama muito, e sempre. É sobre abraços que colocam a vida no lugar e devolvem a esperança em dias melhores. 
Quem pode afirmar que tragédias acontecem sem propósito e que por amor não ganhamos asas? 
Se a vida lhe desse uma segunda chance, você saltaria?


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 _____Sobre a Autora_____

Karina Heid



Karina Heid é escritora e psicóloga. Já trabalhou com marketing, foi professora de alemão e instrutora de lego. Em 2005 casou-se com um aventureiro de pés no chão e juntos decidiram expatriar. Enquanto moravam na Romênia escreveu A Jornada das Bruxas, seu primeiro romance, e em 2016 ganhou o prêmio literário Flic-ES pela obra A Última Peça. Para ela, escrever é fazer magia, é transformar palavras em universos. É em um desses universos que ela e sua família andam vivendo ultimamente.

5 comentários:

  1. Que liiiindo!!!!! Amei <3 compartilhando!!!!

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  2. Gente que história, parece bem fofa! Perfeita pra sair de uma ressaca, ou me enganei?? hahaha
    Eu amo romances com ou sem finais clichês, já quero conhecer esses dois!!

    osenhordoslivrosblog.wordpress.com

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  3. Oiie.
    Eu achei bem bonita a premissa do livro. Apesar de não ser uma história que eu procuraria por mim mesma, achei interessante a construção das personagens e o pano de fundo a história.
    Amei sua resenha.
    Beijos.

    Blog: Fantástica Ficção

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  4. Que fofura! Me lembrou aquele filme como se fosse a primeira vez..amo historias recheadaz de romance e recomeços. Tenho certeza que ficaria com um sorriso no rosto quando terminasse a leitura. Dica anotada com sucesso!beeijos

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  5. Oláá,

    Eu leio essas premissas e o começo da resenha e fico com tanta, mas TANTA, vontade de embarcar nessa viagem junto e conhecer a história do casal, mas fico com tanto medo de passar raiva por brigas bestas, kkkkk. Mas tomara que tenha dado tudo certo no final da história!

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