01 janeiro, 2019

# @Jéssica Burgos # Editora Rocco

Resenha :: O Conto da Deusa


Olá, tudo bom?

Por gostar de assistir animes e ler mangás, acabei desenvolvendo uma certa curiosidade em relação ao Japão, tenho muita vontade de conhecer o país, principalmente ir ao “Hanami Festival” onde são apreciadas as flores de cerejeira, também conhecidas como Sakura. Você pode conhecer um pouquinho mais sobre esse Festival, clicando aqui.

Natsuo Kirino é uma autora japonesa de romances policiais, ela já ganhou diversos prêmios, resolvendo aventurar-se em outro gênero ela decide fazer uma releitura de um antigo conto da mitologia japonesa, o mito de Izanagi e Izanami.

Em O Conto da Deusa, somos transportados à ilha Umihebi onde vivem as irmãs Namina e Kamikuu, que tem uma relação bem próxima. Nesta ilha, a escassez de alimentos é grande e os costumes são muito rígidos, sendo que cada família tinha uma função específica na ilha. Quando Kamikuu atinge os seis anos de idade ela é escolhida para suceder o Oráculo da ilha, e, portanto parte para receber o seu treinamento com sua avó. Namina passa a ser considerada como “impura” e a partir desse momento, sem maiores explicações, passa a não poder ter nenhum tipo de contato com sua irmã, o que devastou seu coração.

Nesta história, conhecemos toda a trajetória de vida de Namina, como ela lidou com a rejeição, a perda, a dúvida e seus conflitos internos, também acompanhamos seu primeiro amor, suas transgressões e seus desejos.

Após alguns acontecimentos trágicos, Namina acaba indo parar no submundo e conhece a Deusa Izanami, a deusa do mundo dos mortos é implacável e guarda muito rancor do Deus Izanaki. Viajando entre o mundo dos vivos e dos mortos, Namina irá tentar desvendar os motivos de todo esse ódio e amargor, assim como saciar a curiosidade de seu coração.

Mas, uma vez que a fagulha da amargura é acessa, torna-se difícil extingui-la.

Natsuo Kirino recontou esse conto ancestral em uma linguagem fluida e leve, trazendo uma leitura com um ótimo ritmo e que nos instiga a cada página a querer saber mais e mais sobre os personagens, seu passado e suas motivações. Este foi meu primeiro contato com a escrita da autora e fui surpreendida positivamente, pretendo ler outros livros dela assim que tiver uma oportunidade.

Nós humanos não podemos escapar de nosso destino. Mas isso torna a vida algo ainda mais precioso.

Sobre a edição: livro em brochura, páginas amareladas, boa diagramação e fonte em tamanho confortável para leitura prolongada.

Até a próxima!


Nota ::  3,5 


Informações Técnicas do livro

O Conto da Deusa
Ano: 2014
Páginas: 288
Editora: Rocco
Sinopse:
Numa misteriosa e lendária ilha com o formato de uma lágrima, duas irmãs nascem no seio de uma família de oráculos. Kamiku é admirada por sua beleza incomum, e por isso Namina passa a viver sob a sombra da irmã. Em O conto da deusa, a aclamada escritora japonesa Natsuo Kirino, autora de romances policiais premiados como Do outro lado, reimagina a criação do Japão em uma trágica história de amor e vingança. 
Kamiku é escolhida para se tornar o próximo oráculo e servir o reino da luz, enquanto Namina é obrigada a servir o reino das sombras e guiar eternamente os espíritos ao mundo subterrâneo, onde encontra a deusa Izanami. Namina, cujo nome siginifica “mulher em meio às ondas”, viaja entre o mundo dos vivos e dos mortos, buscando vingança. No cerne desta sombria história, Kirino reinventa o antigo mito da criação de Izanami e Izanaki, personagens da mitologia japonesa.
Como a deusa, Namina é consumida pela raiva e, incapaz de esquecer sua antiga vida, quer entender por que foi banida do mundo dos vivos. O ódio amargurado dessas duas mulheres impregna a narrativa, numa estrutura que remete às obras mais recentes da romancista, onde a mulher é sempre alvo de traições. Namina age contrariamente ao que sua família e comunidade esperam dela. O seu próposito post mortem passa a ser a busca por justiça, não contra o assassino que lhe tirou a vida, mas contra o mundo que a subjugava.
A mitologia japonesa tem uma densidade que impressiona. Por séculos, a vida de muitos deuses e deusas fora intimamente ligada à vida do povo japonês, controlando cada fase de seu destino. Nessa crônica atemporal, as tensões e conflitos são construídos para evidenciar uma realidade em que o abismo entre o homem e a mulher é muito maior do que aquele que separa humanos e deuses.
Natsuo Kirino é mestre em criar um ambiente de mal-estar e desconfiança entre seus personagens. E aqui ela mostra como a mulher é vista como um ser desprezível, não só perante os deuses, mas também pelos homens, para quem a mulher existe apenas para reproduzir e morrer, depois de viver uma vida de servidão.


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