Livros infantis nunca são só para um único público, os temas escondidos nas histórias são compreendidos de forma diferente para quem tem a vida em percurso e o outro no início dela, cada um tendo sua própria interpretação. E é por isso que lemos histórias para os pequenos, as explicações sobre a vida é feita de maneira tão simples que até os adultos se surpreendem, mas e se o tema não for sobre a vida e sim a morte? Um assunto, que é pouco falado entre os adultos, é contado de forma simples para as crianças em Uma Visita Inesperada.
A Dona Morte vem para todos, essa é uma lei universal.
Em meio às ilustrações de Luiz Henrique e a escrita de Samuel Medina, a bruxa Mafalda é apresentada como uma das mais velhas do mundo mágico e, mesmo com poções e feitiços, ninguém entende como ela continuava tão jovem. A morte batia na casa de todos os bruxos, um a um se juntava para a passagem, e Mafalda continuava em sua casa, cantando, cozinhando, limpando, esperando pelo próximo dia e agradecendo pelo anterior, sempre feliz até que a famosa batida em sua porta surge... Mas não do jeito que imaginou.
A morte é colocada como uma senhora de vestido verde, brilhante, e isso logo surpreende Mafalda, que esperava algo totalmente diferente. A Dona Morte percebe e explica não só a bruxa, mas ao leitor, que a morte é como um espelho, se você a vê como algo bom ou ruim, irá depender apenas de você.
Eu sou como um espelho, Mafalda. Se você não viu foice ou caveira escondida com capuz, é porque essa imagem não tem espaço no seu coração.
Mafalda logo se prepara para ir embora desse mundo quando a Dona Morte avisa que veio apenas para conversar, ainda não era o momento de ir junto com ela. A bruxa com aparência de jovem tem uma reação um tanto quanto inesperada ao ficar triste por não ter chegado a hora, mas ao longo da leitura o leitor começa a entender o que aconteceu para a Morte não querer levar Mafalda.
A história conta como devemos olhar para a morte, a acostumar com sua presença e não ignorar como normalmente é feito. A Mafalda precisa enfrentar a morte diariamente como uma amiga do lado e não uma inimiga, não importando a idade, ela irá chegar de surpresa. Falar dela abertamente, refletir, agradecer todos os dias pelo o que teve de bom, são abordados de forma doce pelo escritor. O público alvo percebe a alegria da personagem em estar viva, e ri pelo fato de que ela já quer ir embora, mas ainda não chegou a hora, afinal, não é ela quem decide e assim só resta esperar enquanto toma café com a Dona Morte.
O rosto da Malfada deixava escapar uma pergunta, que a menininha respondeu apenas com um silencioso sim, enquanto estendia sua pequena mão. Com uma expressão que passava entre o alívio e a expectativa, Mafalda começou a cantar uma canção de despedida.
Informações Técnicas do livro
Samuel Medina
Ilustração: Luiz Henrique Evaristo
Ano: 2021
Páginas: 30
Editora: A Mascote
Sinopse:
Mafalda é uma bruxa que gosta de cantar. E canta tão bem, que recebe uma visita que passa dias ouvindo sua música. Uma visita que, mesmo inesperada, vem para todos nós...
Que linda resenha! Amei ter lido e fiquei honrado com a leitura e interpretação. Muito obrigado!
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