24 dezembro, 2018

# @Danii # Edição do autor

Resenha :: De Repente Esclerosei


Antes de falar sobre o livro, preciso escrever uma carta (é rapidinho, seja paciente! ):

Querido Papai Noel,

Sei que já estamos quase no Natal, mas preciso te pedir um presente. Eu quero um Dimitri da vida real, igualzinho ao do livro De Repente Esclerosei
Eu sei que é um pedido inusitado e que deve ser difícil dar uma pessoa de presente para alguém, principalmente tão em cima da hora, mas você é o Papai Noel! Faça sua magia! Estou sendo uma pessoa boa esse ano (mesmo esse ano não sendo bom para mim). 
Eu sei que não li todos os livros que comprei desde janeiro, e que tentei explodir a cabeça de algumas pessoas com a força da minha mente, mas eu não me droguei, não roubei, não matei, não me prostitui, não coloquei fogo em uma agência dos Correios... E até emprestei um livro! E o senhor sabe que isso é algo muito difícil de acontecer....
Eu até tentei fazer mil tsurus para conseguir esse “presente”, mas você sabe que não passei do primeiro, já que não tenho talento e paciência para essas coisas.
Então, como mísero pedido de uma garota apaixonada por alguém que não existe na realidade, quero apenas um Dimi só para mim. Custa nada me fazer feliz, custa? Cadê o seu coração cheio de bondade e amor? Não despedace meu coração destruindo minhas esperanças. Por favoooooooor, por favorzinho! Me dê um Dimi de presente! 

Obrigada, Papai Noel, você é o cara!

P. S. Caso seja difícil de conseguir, você pode entregar em janeiro, eu não me importo de esperar, já esperei 23 anos, posso esperar mais alguns dias.


Pronto, me perdoe por te fazer esperar, mas era importante . Enfim, hoje cá estou para falar de um livro que me surpreendeu muito e está entre os melhores livros que li em 2018, o livro da Marina Mafra (do blog Resenhando por Marina ), De Repente Esclerosei.

Só que essa não é uma história de superação. Como se supera algo crônico e degenerativo? É a história de como, de repente, eu esclerosei.


Ele é narrado em primeira pessoa pela protagonista Mitali Montez, que durante o decorrer da história descobre que tem Esclerose Múltipla (que não é a mesma esclerose que a Stephen Hawking tinha, a dele era Esclerose Lateral Amiotrófica — ELA — que não é a mesma coisa), que pela definição mais básica e resumida possível “é uma doença neurológica, crônica e autoimune – ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares” (fonte), obviamente engloba sintomas e características próprias, mas não vou me aventurar a falar disso porque não sou médica e nem tenho esclerose, mas agora que estamos mais situados, vamos em frente.

Como viver sem saber quando será a última vez que fecharemos os nossos olhos?

A Mit tem uma vida bem normal, é jovem, tem sua independência, trabalha na cafeteria de uma livraria (algo que gosta), tem e protege a sua amiga melhor amiga, Aurora, e apesar de algumas mágoas antigas, tudo está aparentemente bem com ela, até os primeiros sintomas de alguma doença aparecerem. Mas como uma humana como nós, que sempre achamos que sempre podemos empurrar as coisas com a barriga e temos certo receio de procurar ajuda médica, após os sintomas “sumirem”, ela acha que não é nada e segue a vida.

O tempo passa depressa quando tememos o futuro e nos guia diretamente para o alvo dos nossos pesadelos.

Tempos depois, ainda com a mesma vida de antes, na linda livraria do fofo do Sr. Braga, onde trabalha na cafeteria, ela conhece o novo gerente, o Dimitri (amor meu ) Mifti, e, em termos do Hotel Transilvânia, rola o tchan, praticamente um amor a primeira vista (super entendo a paixão “te vi e já te quis” da Mit), coisa que acontece com almas gêmeas. E esse romance traz a maior parte das cenas amorzinhos e fofas do livro.


Mas nem tudo na vida são flores, nela tem os espinhos, folhas secas e as ervas daninhas também. Os sintomas antigos voltam, ainda piores, e já não dá mais para fugir. E não apenas os sintomas dão as caras, mas o pai da Mit, com quem ela não tem uma relação muito invejável, aparece também, de forma meio misteriosa, trazendo o passado dela junto, e cabe a ela decidir como lidar com ele e com tudo o que acontece em sua vida, inclusive com a descoberta do motivo de seus sintomas, a Esclerose Múltipla.

Somos resistentes à dor, mas precisamos admitir que a danada ensina como ninguém.

Qual vai ser a reação da Mit em relação a presença do pai? Como ela lidará com os sintomas, o tratamento e tudo o que envolve a EM? O seu romance com o Dimi vai sobreviver apesar de tudo? Ou ele vai descobrir que o amor da vida dele se chama Daniela (sonho )? Só lendo para você descobrir.

— Todos temos uma história triste pra contar, Mit. (...) Cada um tem a sua porção de lutas, só que isso não define quem somos. Há uma vida além dos problemas e ela depende de você para acontecer.

Preciso dizer que De Repente Esclerosei foi uma grata surpresa, eu vi sobre o lançamento dele no instagram do blog literário da Marina, @resenhandopormarina, e fiquei bem curiosa depois de ler a sinopse e ver a capa (linda) do livro e resolvi o ler quando a autora fez uma leitura conjunta dele, mas o que era para ser lido aos poucos, foi lido em algumas horas, porque quando a leitura flui devia ser considerado um crime dar uma pausa. E, sério, serzinho, pense em um livro que flui! E quando você percebe já está nos últimos capítulos.

A Marina, apesar de ser uma autora de primeira viagem, te prende e te faz mergulhar na história, é quase como uma areia movediça, mas que em vez de quase te matar, te inspira a viver a cada capítulo.


O livro nos envolve, nos fazendo rir, chorar e aprender sem ter exageros (sem milhares de dramas que, em vez de nos emocionar, nos irritam), nos fisga pela história, pela narração, pelos personagens, pelos diálogos, pelo que ensina... Nos conquista com as referências, tanto as sutis quanto as não tão sutis assim.  E nos conecta com a protagonista. Queremos ser amigos dela. Queremos fazer tsurus. Queremos tomar cappuccino. Queremos ganhar um dálmata (mas isso eu sempre quis mesmo). Queremos roubar/sequestrar o namorado dela. E no final queremos abraçar os personagens e a autora.

O quanto de vergonha alguém pode passar e ainda continuar vivendo?

E em se tratando de personagens, é quase impossível não querer entrar no livro e sair abraçando eles.

A Mit é tão gente como a gente, ela tem medos, dúvidas, defeitos, mágoas... mas aprende, perdoa, luta, cai e levanta, segue em frente, vive! É uma personagem real, não utópica. A gente sente que poderia encontrar uma Mit em algum lugar perto da nossa casa, sabe?

E o que dizer do Dimi? Serzinho mais apaixonante, amorzinho, companheiro, amável, adorável, sequestrável... Dá vontade de entrar no livro para roubar ele, amarrar e nunca mais soltar. Pena que ele não se pode encontrar perto de casa, ele é muito bom para ser de verdade. É muito amor para poucos potinhos.

Havia algo a mais nele. Como a lembrança de um sonho, que eu esqueci e recordei no instante em que o vi. Como um presente que recebi após desejar por muito tempo. Se me perguntassem como seria um homem perfeito, eu o descreveria.

Sobre os outros personagens vou deixar para você tirar as suas próprias conclusões, mas posso dizer que eles também são bem humanos, erram, precisam de perdão, evoluem, ensinam...

Deveríamos viver todos os dias como únicos, sem preguiça para não gerar arrependimentos.

Uma das coisas que mais gostei em DRE foi como a autora conseguiu nos passar as sensações, reações, medos, receios, emoções e sentimentos que ter EM pode causar, até porque a Marina tem Esclerose Múltipla, então com as experiências dela, que ela passou para o livro, toda a questão da doença ficou bem abordada e crível, sem fazer tudo isso parecer um relatório médico, pois ela trouxe a parte humana que lida com a doença e conseguiu escrever um livro não apenas sobre alguém com esclerose, mas sobre a vida. É uma visão de alguém que vive na realidade e não só na teoria.

Dizer que eu te amo poderia ofender o meu sentimento, já que parece tão pouco para a dimensão do que sinto.

E algo meio inacreditável para mim, é que nesse livro eu gostei do amor à primeira vista, o que é raro, porque normalmente fico meio com um pé atrás com aqueles amores que parecem leite em pó e miojo, instantâneos, sabe? Mas até eu me apaixonei à primeira “leitura” pelo Dimi, então ponto para a Marina.

— Então, para o meu próprio bem, aprendi a me desligar do que me faz mal.
— Parece um pouco de egoísmo?
— Não permitir que as pessoas nos machuquem? (...)
— Tem mais a ver com amor próprio, Mit.

Sobre a edição, preciso dizer que amei mais que coxinha a capa desse livro de tão linda que é; a diagramação do e-book está perfeita, e não lembro de ver nem um erro de português. E sobre a edição física, ela é a coisa mais linda! Em capa dura, com fitinha e tudo, com fonte ótima para quem for meio ceguinha como eu ler e páginas amareladas. E nem preciso falar da diagramação da versão física também, né? Perfeita! Os tsurus, a aquarela... Tudo tão, mas tão lindo. Com certeza um dos livros mais lindos da minha estante. E eu já falei que ele é em capa dura? 

— Nunca parou para pensar no quanto possa existir além do que vemos ao olhar para o céu?

O que mais dizer sobre De Repente Esclerosei? Difícil resumir tudo em uma resenha (e olha que eu já escrevi muito ). Ele me fez emocionou e me conquistou na medida certa. Tem doença? Sim. Tem drama? Sim. Chorei lendo ele? Sim. Mas eu terminei ele sorrindo e grata por ter o lido.

Ele passa bem e lindamente a mensagem de que a sua vida continua mesmo se você descobrir que tem uma doença. Que a doença não é você, é só algo que faz parte do seu crescimento. Que você é mais que um diagnóstico. Que temos que viver cada dia como se fosse único. E isso não vale apenas para quem tem esclerose, mas para todo e qualquer ser humano ou extraterrestre.


Para simplificar, se eu fosse resumir o que senti lendo o livro em uma palavra, ela seria "gratidão" (Obrigada, Marina! ).

Algumas pessoas têm o dom de tornar o mundo melhor, não por conseguir mudar o que está ruim, mas apenas por existirem.

E você, serzinho, quer saber mais sobre Esclerose Múltipla de um jeito “leve”? Leia DRE. Já sabe o que é EM? Leia DRE também. Quer um livro que te ensine lições que você levará para a vida inteira? Leia DRE. Quer ler um livro que envolva família, amigos, perdão, recomeço, aprendizado e tudo mais? Leia DRE. Está em dúvida sobre qual vai ser a sua próxima leitura? Não tem mais dúvida nenhuma, leia DRE. Na verdade, o que você está fazendo aqui ainda? Faça um favor a si mesmo e vá comprar o e-book ou o livro físico, leia DRE, e se torne um esclerosado você também .

Hoje eu consigo entender que não existe situação que não possa ser contornada quando temos o presente de viver. Viva, se não por você, por quem não possa mais escolher.



Nota :: 


Informações Técnicas do livro

De Repente Esclerosei
Um faz de conta de verdade
Ano: 2018
Páginas: 269
Editora: Independente
Mitali Montez possui um arquivo pessoal de mágoas. Protege e ama incondicionalmente Aurora, sua melhor amiga e única família. É surpreendida pelo destino ao conhecer Dimitri Mifti, um moço com habilidades para derreter o seu coração gelado. O retorno misterioso do pai muda a perspectiva do seu passado, mas é através da adaptação com o diagnóstico de Esclerose Múltipla que ela percebe a necessidade do perdão para encontrar a paz que não sabia que precisava.

Adquira o e-book de De Repente Esclerosei na Amazon, clicando aqui!

5 comentários:

  1. Minha nossa Danii, Amanda ama fazer esses tsurus. Mas compartilho seu sofrimento.. não faço nem barco de papel. Enfim quero te parabenizar pela linda cartinha e por sua resenha apaixonante, amei. Já baixei o livro pra ler. Obrigada por essa dica incrível. Beijos ~ Elis

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    1. Amanda humilhando a gente fazendo tsusus 😂. Barco de papel eu fazia, não sei se consigo ainda, mas eles sempre afundavam, kkkk. E muito obrigada ♡. Espero que goste do livro.
      Bjo

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  2. Mas gente, que resenha é essa?Haha tô apaixonada por cada palavras. Sinto que você entrou na alma da história, Danii! Nunca desejei tanto ter algo na vida pra poder doar, como desejo um Dimi pra você agora!Haha Obrigada por ter lido, se esclerosado comigo, por todo carinho com a história e por essa resenha que vou guardar no coração pra sempre. Ri demais da sua carta no começo!Hahah Sensacional! Suas percepções me fizeram notar que o livro se tornou algo além do que eu esperava. Eu só queria conscientizar sobre a EM, mas acabei ganhando a sua amizade pra vida! Obrigada sem tamanho! Se tornou especial demais pra mim. Muitos beijos 💓

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    1. Eu entrei na alma do livro, ele entrou na minha, estamos quase quites, kkkk.
      E se Deus quiser (e o Papai Noel colaborar kk), algum dia eu encontro um Dimi para mim ♡.
      Eu que vou guardar DRE no meu coração, ele já até tem um quartinho lá dentro.
      E eu que agradeço por tudo.
      Obrigada!
      Bjo

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  3. Apaixonada pelas novas fotos! *-*

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