17 julho, 2021

# @Milly # Distopia

Resenha :: Além da Fronteira


 

Oficialmente, não temos sobrenomes. Os habitantes das luas, quero dizer. Não há motivos para isso por aqui.


Apesar de não me agradar por livros com pessoas na capa, acabou que esse mesmo fato me chamou atenção para esse dito livro enquanto estava passando pela milionésima vez pela página de e-book na Amazon a procura de livros de ficção científica. Devo confessar aqui que protagonistas masculinos são meu fraco, meu feminismo não se orgulha disso, espero ser perdoada por esse gosto peculiar. 

 

Além da Fronteira é uma distopia o que me pegou de cara por ser o tipo de livro que curto, mas fazia um tempo que não parava para ler. O que me instigou mais ainda a dar uma chance para essa nova série, apesar de ter várias outras atrasadas, é sua classificação como LGBTQIA+, que diga-se de passagem não é tão comum ainda em livros desse gênero, mas foi uma surpresa boa e surpreendente. Vou falar mais sobre isso, agora preciso apresentar a vocês o protagonista Bellamy e seu universo.



Além da Fronteira se passa em um universo com luas dominadas pelo planeta Júpiter, no quadro político desse sistema solar as quatro luas controladas por Júpiter são Europa, Calisto, Io e Guanímedes. As pessoas nascidas nessas luas vivem em um regime quase escravocrata, em que seus habitantes vivem em função de prover o que é necessário para Júpiter, cada Lua com alguns fornecimentos específicos. Basicamente, para entender melhor essa dinâmica, se parece muito com o conceito de Jogos Vorazes com seus distritos trabalhando em função da Capital, só que aqui em uma dimensão interestelar. 

 

Europa foi moldada para ser um centro agroexportador, e fornecemos toda a comida e água que a população de Júpiter pode comer e beber.

 

Nosso protagonista Bellamy (demorei um momento para me acostumar com o nome), vive na Lua de Europa, ele é o mais velho de quatro irmãos e responsável pela sobrevivência dessa sua família, desde que seu pai morreu e sua mãe fugiu quando tinha apenas 14 anos. Nesse mundo, desde que um regime ditatorial passou a governar Júpiter, todos os jovens de 18 à 23 anos são obrigados a participar da “Seleção”. Nesse dia, que acontece anualmente, eles são obrigados a se apresentar nos Altos Comandos para a amostra de DNA que decidirá seu destino. 

 

Se sua carga genética for boa o suficiente, pode ser encaminhado para servir em algum ponto de Júpiter. Se for apenas mais um lunar comum, acabará como um médico, professor, ou membro da Guarda Civil em sua Zona. E, se for azarado, pode se tornar um dos trabalhadores dos Setores de Produção.

 

Esse ano a seleção, ou a caça como é chamada pelos lunares, ganha um novo aspecto quando é decidido testar também as crianças. Bom, não vou entrar em detalhes do que essa situação desencadeia. Vou falar agora da minha opinião geral sobre esse universo caótico e seus personagens.

 

Eu aprendi a chorar em silêncio, com o tempo, para não atrapalhar meus irmãos enquanto eles lidavam com o próprio sofrimento.

 

Bellamy é um personagem de fácil apego, não é extremamente feito de ferro, apesar de ser uma pessoa muito forte, mostra-se muito sensível em vários pontos e em seus pensamentos. Como eu estava a par de um relacionamento gay, mas não sabia quem seria o par romântico principal de Bell, cada novo personagem masculino que aparecia eu criava uma expectativa um pouco vergonhosa, pois várias vezes não tinha nada a ver, a culpa não é só minha, obviamente, já que o autor jogou vários possíveis candidatos a Bell (risos).  

 

Embora um tanto desagradável por dentro, seu exterior era... atraente.

 

Os pontos fortes para mim foram a constituição de personalidade de Bell, apesar de achar em alguns momentos ele emocionado demais no quesito de confiar rapidamente, sim alguns personagens era justificável confiar, mas achei que se deu em um tempo rápido, faria mais sentido pelo que estava passando ser uma pessoa mais desconfiada com algumas pessoas, como Breande, por exemplo, talvez merecesse mais desenvolvimento para isso. Outro ponto forte foi o desenvolvimento dessa relação complexa com Alpheus, tanto ele como Bell foram os melhores desenvolvidos ao meu ver, de forma que até meus sentimentos em relação ao personagem de Alpheus também se tornaram complexos, me lembra um pouco de Maven de Rainha Vermelha (não completamente obviamente). 

 

Meu envolvimento com os Deighton podia acabar sendo o fim do sonho de liberdade de todos aqueles ao meu redor.

 

Acredito que Callum e os irmãos de Bell não foram tão desenvolvidos nesse livro, acabamos sabendo mais pelos sentimentos e pensamentos de Bell, o que não faz criar uma ligação ainda com o leitor. Digo “ainda” pois entendi no final o motivo, e o final deixou bem em aberto que agora muitos desses personagens “não tão desenvolvidos” aqui vão ter uma parcela de protagonismo.  

  

Minhas expectativas para o próximo livro são um destaque maior para esse universo complexo e ação. Boa parte do meio do livro focou bastante nas relações que Bell estava construindo, mas também achei bem necessário para que os acontecimentos do fim desse primeiro livro fossem justificáveis. 

 

E não dá para negar que esse livro é cheio de representatividade, principalmente LGBTQIA+. Além de protagonista gay, temos outros Bi, pessoas não binárias e trans, só espero que todos tenham um bom desenvolvimento futuro, por agora achei interessante a apresentação deles em uma conversa importante.  

  

Se Bell foi do inferno ao inferno apenas em um livro, imagino o que o aguarda nas continuações dessa série, estou muito empolgada e espero realmente que leiam, é sempre bom dar uma chance para trabalhos nacionais desse gênero, sempre tem uma surpresa boa como essa. Agora está na hora de eu me aventurar Além da Escuridão (livro 2), para trazer mais resenha dessa série para vocês. ♡

  

— Devem ser eliminados, em nome da paz.





Informações Técnicas do livro

Além Da Fronteira 

Além Da Fronteira #1 

Mark Miller 

Ano: 2020 

Páginas: 422 

Editora: Independente 

Sinopse: 

Para os fãs de Jogos Vorazes e de Sarah J. Maas.  

Poder é um jogo perigoso, e ele terá que jogá-lo. 

  

300 anos após a extinção da raça humana e da ascensão política, ideológica e social de Titã sobre a Via Láctea, Júpiter permanece como seu mais poderoso aliado, em um governo brutal e opressor, onde a resposta para a resistência é a morte. 

Nos satélites do Gigante Vermelho, a história não é diferente, e a população de Europa é miserável, torturada pela fome e pelas consequências de guerras passadas. 

Bellamy é um jovem caçador lunar que tenta sustentar os três irmãos mais novos após a trágica morte do pai e o abandono da mãe. No entanto, tudo pode piorar. 

Preenchido somente pelo ódio que semeia pelos jupterianos, o europeu logo se vê diante dos responsáveis pelos horrores que assombram seus pesadelos: os Deighton, ditadores de Júpiter. 

Sem a fronteira entre opressores e oprimidos, Bellamy terá que dar tudo de si para sobreviver em um jogo político de ações e reações, amor e medo, fúria e sangue. E isso inclui seu coração.


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