17 julho, 2022

# @Milly # Editora Intrínseca

Resenha :: O Silêncio da Cidade Branca



Aqui acaba a sua caça, aqui começa a minha.

 

Eu realmente não leio livros de suspense com muita frequência, então no final de cada leitura eu sempre fico com aquele pensamento: será que é uma obra prima do gênero ou algo apenas bom, que não sei diferenciar por não ser especialista? Mas vamos lá, caros leitores, eu não sou especialista nem nos gêneros que leio constantemente, sou apenas uma leitora que tem muito o que falar, ou escrever no caso. Mas chega de suspense (piadinha), vamos ao livro.

  

Quando quem sai matando em série é um baita de um gênio, só o que resta é rezar para que não sorteiem seu número na loteria da morte.

 

Como disse, não leio tanto suspense, não por não gostar, é por não aguentar a ansiedade de esperar um livro inteiro para saber quem é o grande assassino, mas sempre acaba me prendendo na leitura, e O Silêncio da Cidade Branca não foi diferente, fiquei em um estado caótico enquanto não o terminei. Então posso garantir que mesmo que não for seu tipo de livro, dificilmente você vai conseguir desgrudar aqui, isto porque, além das camadas da história que nos levam a eventos do passado e do futuro, se deve também a personagens muito intrigantes.

 

Estava fascinado com a estranha simetria dos acontecimentos. Vítimas pares, com idades terminando em zero ou cinco... Um assassino e um policial idênticos... Os crimes terminaram quando Tasio foi para a prisão e haviam recomeçado quando ele estava prestes a sair...



O livro tem por cenário a cidade de Vitoria, no País Basco, duas décadas depois que ocorreu crimes duplos, em que casais começaram a aparecer mortos em pontos históricos da cidade, todas as vítimas tendo idades múltiplas de cinco, sobrenomes compostos originais da região, e seus corpos expostos sem roupas nesses espaços, colocados em uma posição ritualística. Na época dos crimes, Tasio Ortiz de Zárate foi preso pelas mortes, e agora 20 anos depois, quando ele está prestes a sair da cadeia, os crimes recomeçam, cabendo ao especialista em perfis criminais Unai López de Ayala resolver esse mistério. Quem está por trás dessas novas mortes? 

  

Este sujeito é um superdotado social, um camaleão, alguém que sabe atrair as pessoas para o seu terreno sem provocar receio ou suspeita.

 

A estrutura do livro trabalha em grande parte as investigações de Unaí que se passam em 2016, mais alguns trechos de uma história de 1970 que, conforme o livro vai se desenvolvendo, você começa a entender como o passado e o futuro se conectam e como acaba sendo essencial para a resolução do caso. Eu gostei bastante dessa mistura de passado e presente, a autora conseguiu que as duas partes fossem interessantes sem que o ritmo da leitura se perdesse. 

  

Não era só o mimetismo social, havia algo muito patológico na sua transformação. Ele não tinha apenas se adaptado ao meio. Ele o havia imitado...

 

Em relação aos personagens individuais, Unai acaba sendo um protagonista interessante, com um passado ainda sendo superado, o que acaba fazendo com que ele fique obcecado no trabalho. Os gêmeos Ignácio e Tasio Ortiz de Zárate são duas figuras que não tem como eu descrever de outra forma que não excêntrica. A subdelegada Alba Díaz de Salvatierra é uma figura bem mais misteriosa no início, mas achei a relação dela com Unaí, apesar de não ser o grande foco, razoavelmente boa, para quem curte as migalhas de romance, mas não gosta exatamente que esse seja o principal ponto aqui, vai estar satisfeito (risos). Acho que tive sentimentos complexos apenas com a parceIra Estíbaliz Ruiz de Gauna, a parceira de trabalho de Unaí, não que ela não tenha bons momentos, mas ela era uma personagem muito precipitada e impulsiva em algumas vezes, um temperamento que podia atrapalhar a investigação, um jeito que não cabia com o cargo, era como se a autora a tivesse escrito para não ser tão inteligente quanto o protagonista. 

  

O enredo em si é muito bom, tem algumas referências a pontos históricos e artísticos da cidade, além de celebrações culturais e, apesar de isso ser usado pelo serial killer nos seus assassinatos, não vi como algo que precisava se atentar tanto. Teve conexões que deixou com certeza o livro mais emocionante, mas outras não achei tão factível as coincidências, claro que por ser um livro de ficção é livre para isso, mas gostaria de que me fizessem acreditar mais que seria possível.  

  

Foi aterrador ver um cara tão normal, tão afável, tão educado e boa gente apontar contra sua cabeça e disparar. A gente espera um homem sombrio, de traços terríveis e conduta ameaçadora.

 

Enfim, apesar de alguns pontos não tão positivos que citei, eu achei realmente uma leitura muito boa, foi uma história dentro de uma história que me deixava fascinada enquanto lia, aquela sensação de que por melhor que o personagem seja não dava para confiar em ninguém, toda vez que Unai revelava alguma coisa para outro tinha aflição que podia ser para o assassino (risos). Indico muito a leitura e, apesar do livro ser o volume 1 de uma trilogia (Cidade Branca), ele é bem fechado, acredito que todos podem ler individualmente. Não deixando de acrescentar que ele já foi adaptado para o áudio visual, e o filme está disponível na Netflix, então conheça essa história por qual meio tiver preferência (quem sabe nos dois). Boa Leitura.




Informações Técnicas do livro

O Silêncio da Cidade Branca 

Trilogia da Cidade Branca #1 

Eva García Sáenz de Urturi 

Tradução: Cristina Cavalcanti 

Ano: 2020 

Páginas: 416 

Editora: Intrínseca 

Sinopse:

Duas décadas após uma série de estranhos assassinatos assolar a cidade de Vitoria, no País Basco, os bizarros crimes voltam a acontecer justamente quando Tasio Ortiz de Zárate, antiga celebridade local e o homem preso pelas mortes, está prestes a sair da cadeia. Casais começam a aparecer mortos em locais históricos da cidade, e o especialista em perfis criminais Unai López de Ayala, que vinte anos antes era apenas um jovem obcecado pelos misteriosos homicídios, é chamado para ficar à frente do caso. 

Todas as vítimas têm idades múltiplas de cinco, sobrenomes compostos originais da região e seus corpos são expostos sem roupas nos espaços públicos. Embora tenha que lidar com uma tragédia pessoal enquanto lidera a investigação, Unai está determinado a impedir que novos assassinatos aconteçam, mas seus métodos pouco usuais vão desagradar tanto autoridades quanto seus superiores. 

Parte de uma trilogia com mais de 1 milhão de livros vendidos, O silêncio da cidade branca une mitologia, arqueologia, segredos de família e psicologia criminal em um thriller macabro e emocionante. 


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