05 agosto, 2022

# @efinco # Clássico

Resenha :: O Livro de Job



Olá, pessoas. Venho falar do terceiro livro que completa as primeiras 03 edições que compõe a Coleção Rubáiyát. E sim, este é o livro de “Jó”. Numa tradução feita por Lúcio Cardoso de acordo com o texto em Francês de Samuel Kahen, por sua vez traduzida diretamente do hebraico. E vale ressaltar que se trata de uma tradução livre. O que me deixou muito curiosa e até ansiosa pela leitura dessa edição.



Preciso dizer também que conheço o texto na Bíblia, por isso a curiosidade se traduziu em uma encantadora surpresa, que venho compartilhar e, claro, falar um pouco também da história de Job. Diferente do texto na configuração bíblica, este não é dividida em versículos e tanto a tradução quanto a diagramação conferem ao texto o tom poético que também é atribuído ao texto sagrado. A narrativa fica mais fluida e um tanto quanto música, tornando a leitura ainda mais prazerosa. Vale ressaltar que a sinopse é histórica e teologicamente perfeita. O texto tem, sim, por autoria anônima, mesmo alguns estudiosos atribuindo possivelmente a Moisés, este sendo o primeiro texto bíblico. 

 

Job se levantou, rasgou o seu manto, arrancou os cabelos, lançou-se por terra e prosternando-se, disse: "nu saí do seio de minha mãe e nu voltarei. Jeová deu, Jeová tirou; que o nome de Jeová seja louvado!



Vou manter o nome do personagem aqui com o Job. A próxima informação é necessária para se entender o contexto em que se passa a história, daquele que é conhecido por paciente. Ele, não tendo feito nada que pudesse ser imputado como pecado, foi perseguido por Lúcifer, o anjo maldito, que comparece diante de Deus e coloca a fé de Job a prova. Então é preciso saber que a paciência se deveu não apenas em se negar a fazer como sua mulher o aconselhou, “Blasfema a Deus e morre!”, mas em suportar ser julgado e condenado pela sociedade da época, que acreditava que adversidades eram frutos de pecados e punição por erros contra Deus. E a tudo isso Job suportou aguardando em Deus o fim de sua tribulação. 

  

Não existem comprovações se Job foi um personagem que realmente existiu ou se trata-se de um texto que serve de alegoria para contrariar a crença de que problemas e adversidades não aconteciam a pessoas boas e honestas. E, claro, que sendo paciente e entendendo que para tudo existe um propósito, é possível enfrentar as maiores crises. Existe também um ponto que me chama muito a atenção neste texto e acredito ser pouco explorado, a amizade.



“Três Amigos de Job, tendo sabido todo mal que acabava de descer sobre ele, partiram cada um de seu país, Elifaz de Temã, Bildá de Suás e Sofar de Naamá, e eles concordaram juntos em Vir lamentá-lo e consolá-lo.”

 

Os amigos também pensavam como a sociedade da qual faziam parte, no entanto, saíram de seus lares, de seus países e foram ter com o amigo e não apenas foram, como também sentiram dor e empatia pelo estado em que o encontraram, e se juntaram a ele em sua agonia. O primeiro momento em que ficaram em silêncio, para mim, fala muito sobre ser amigo e não um fofoqueiro privilegiado. Eles respeitaram o tempo de Job. Aguardaram que ele quebrasse o silêncio, e após isso, mesmo tentando entender o que havia de fato acontecido e o achando igualmente culpado e merecedor, não o abandonaram. Ok, talvez eu pense que podem ter aumentado um pouco o sofrimento com as recriminações, mas me pergunto se a solidão não teria sido ainda pior.


(...) Assentaram-se perto dele por terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe disse uma só palavra, porque viram como era grande a sua dor.

 

A narrativa, após Job entrar em seu período de sofrimento, se alterna entre eles e seus amigos. Eu realmente amei ler com essa diagramação e tradução que exalta o texto que é poético e mantém a integridade do texto que está presente nas escrituras cristãs. Foi realmente um presente que recomendo a leitura, especialmente nos dias que estamos vivendo e com todos os males que vieram sobre todos, “bons e maus”, em tempos de pandemias e epidemias.



Creio já ter declarado minha admiração pela edição, mas vale ainda dizer que papel, fonte, ilustrações, tradução e revisão tornam essa uma verdadeira joia literária, e que creio que deva estar em todas as estantes que presam o conjunto de edição e texto. Boa leitura!




Informações Técnicas do livro

O Livro de Job 

Coleção Rubáiyát 

Anônimo 

Tradução: Lúcio Cardoso 

Ano: 2022 

Páginas: 180 

Editora: José Olympio 

Sinopse:

Com ilustrações e diagramação similares à primeira edição de 1944, A ronda das estações faz parte da reedição da Coleção Rubáiyát e conta com tradução de Lúcio Cardoso, um dos maiores romancistas do século XX. 

 

O livro de Job é considerado por muitos teólogos o primeiro escrito bíblico. O poema narra o episódio em que Jeová, após ser desafiado por Satã sobre a fidelidade de seu maior devoto, permite que o anjo maldito fustigue Job. Mesmo experimentando os piores e mais intensos sofrimentos, Job persevera e é incapaz de maldizer Deus, sendo recompensado por isso. 

A tradução é de Lúcio Cardoso, um dos mais importantes escritores e poetas brasileiros. Nascido em Curvelo (MG) em 1912, é autor do prestigiado romance Crônica da casa assassinada. Traduziu diversas obras para a Editora José Olympio, incluindo Ana Karenina, de Leon Tolstói, e Orgulho e preconceito, de Jane Austen. Em 1966, recebeu o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Faleceu em 1968, no Rio de Janeiro (RJ). 

O livro de Job faz parte da reedição de títulos da Coleção Rubáiyát em comemoração pelo ano do 90° aniversário da José Olympio, uma das editoras pioneiras e mais inovadoras do país. Essa publicação devolve aos leitores e leitoras de hoje a oportunidade de conhecer a histórica coleção – composta de grandes clássicos orientais e ocidentais.



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