“São os pequenos querubins que nos trazem paz de espírito e nos levam a encontrar um sentido no meio dessamerda devida.”
Sabe o lado bom de ler um livro de romance
LGBT (protagonizado por guris) mesmo
sendo uma guria hétero e completamente iludida? Você pode multiplicar o seu
amor platônico por dois! E essa é uma das razões por gostar tanto de romances
LGBT, além de eles serem, é claro, super fofos e darem um grito contra o
preconceito, já que toda forma de amor é sempre válida e tal (menos aquelas possessivas e violentas,
aquelas dão medo ).
Apesar disso, eu
nunca havia lido um livro assim nacional, só estrangeiros com uma pegada mais juvenil, principalmente (porque eu tenho uma mente de adolescente
mesmo já sendo uma velha de 21 anos e podendo beber legalmente nos Estados
Unidos e tudo ). Mas agora eu posso dizer que eu li, gostei e não me senti
no meio de uma novela mexicana (o que
aconteceu em alguns livros nacionais que li, alguns de nós, brasileiros, temos
uma tendência para dramatizar tudo, que é uma coisa, e sim, eu estou incluída
nisso ).
O livro em questão é Anjo Negro, do autor Lyan
K. Levian, publicado de forma independente, que eu nem sabia que existia até o
Gabriel (revisor do blog) me falar
dele (Obrigada, Gabriel! ). Quando eu
li a sinopse desse livro, eu pedi para o ler (talvez tenha implorado, mas vamos fingir que eu tenha algum orgulho,
ok?), poooooorém quando o Lyan nos falou mais sobre o livro eu fiquei com
um pouco de medo de ler, porque ele não é como os livros LGBT juvenis que eu
li, ele é indicado para serezinhos maiores de idade por ter palavrões, violência
e uma cena homoerótica.
Pelos palavrões e
pela violência eu nem ligaria, porque, bom, eu leio muitos livros assim, e até gosto de quando espancam alguém,
cortam a cabeça, esquartejam... dependendo do meu humor. Já a parte erótica é
quase sempre um problema em qualquer tipo de livro, porque eu devo ter uma alma
conservadora, chata e recatada, e quem me conhece sabe que se começar a falar
sobre isso na minha frente, eu vou ficar completamente sem jeito e tentar falar
sobre qualquer outra coisa, nem que seja sobre imposto de renda . Só não fico
vermelha, porque, como sou anêmica, não tenho sangue o suficiente para isso.
Mas, mesmo assim, eu li, porque, bom, eu sou curiosa, e essa é uma parte
incontrolável minha, bem incontrolável, na verdade. E, dessa vez, não me
arrependi (ainda bem) de me deixar
levar pela curiosidade. Agora, paremos de falar de mim (daqui a pouco vou parecer narcisista ), e vamos (finalmente) ao livro .
“Apesar de estranhar as próprias ideias às vezes, ele não era de rejeitar o que sentia. Se a coisa estava ali, aceitava e pronto.”
Imagem do autor |
Anjo Negro é
narrado em terceira pessoa e é protagonizado pelos personagens Kenan e Lucio.
Tudo começa quando Kenan Russel está no seu primeiro dia em um novo colégio, no
meio do ano letivo do 3º colegial, onde ele não conhece ninguém, já que se
mudou para a cidade recentemente. E como ele reprovou por muitas faltas em anos
anteriores, ele é três anos mais velho que todo mundo. Aí você pode pensar: “Ah! Pobrezinho, deve se sentir rejeitado,
fragilizado e tímido, sem nenhum amigo”, mas pensando isso você se engana,
completamente, porque o Kenan logo chama a atenção, com a sua aparência de bad
boy, cabelo negro longo, olhos azuis, roupas pretas, muitos colares, brincos...
Uma aparência que dá medo, mas que atrai ao mesmo tempo, causando suspiros em
um bando de gurias que bem que queriam que ele as jogasse na parede e as
chamasse de lagartixa . Porém, ele não está nem aí para elas, na verdade, ele
não está nem aí para muita coisa, só quer conseguir o diploma para deixar a mãe
feliz. Ele já passou e passa por muita coisa para se deixar ser atingido pela
opinião alheia. Na sala de aula ele acaba se sentando ao lado de um guri
completamente diferente dele, o Lucio Corrêa.
Imagem do autor |
O nosso querido Lucio, que lembra um
querubim, com sardas super fofas, vive se escondendo atrás dos cabelos ruivos,
tentando fazer de tudo para não ser notado, só tenta ser um bom aluno sem
chamar atenção. Ele sofre bullying todos os dias (principalmente de um certo carinha, o Victor, que ama todas as
oportunidades de humilhá-lo), e, muitas vezes, acaba parecendo que é
completamente passivo, que nunca tomaria nenhuma atitude, sofrendo calado tudo
que tem que enfrentar. Inicialmente eu queria dar uns tapas nele e sair
gritando “Acorda para a vida, meu filho!”,
porque antes de saber os motivos dele, essa apatia toda é meio estressante.
E não fui a única que achou isso, porque ao
perceber a falta de atitude de Lucio, o Kenan começa a provoca-lo também, para
tentar faze-lo ter alguma reação. E quando o Lucio explode e faz alguma, as
coisas começam a tomar uma direção inesperada pelos dois, pois ambos começam a
notar que os dois são muito mais do que as primeiras atitudes e as aparências
mostram, as primeiras impressões são apenas a ponta do iceberg, abaixo da
superfície é possível encontrar coisas obscuras, mas também apaixonantes .
“É como desejar conhecer o inferno, mas não gostar do calor do fogo.”
Anjo Negro me
surpreendeu bastante, porque vai além de ser um simples romance, é um livro que
é bem abrangente, desde romance com autodescobertas e aceitação, até gangues,
brigas, bullying, entre muitas outras questões. E uma das coisas que eu mais
gostei foram os personagens que fugiram dos estereótipos. Pare para pensar.
Normalmente, quando lemos sobre algum personagem mais bad boy, motoqueiro,
malandro, que faz parte de uma gangue, acabamos achando que ele é todo machão e
preconceituoso, certo? Mas estamos errados. Aparências não mostram o interior
de ninguém. E o fato de uma pessoa ser hetero ou homossexual não quer dizer que
ela é só isso. É apenas uma das características que faz a pessoa ser ela mesma,
não é uma característica para limita-la. Sua orientação sexual não precisa te
fazer ser como todos esperam que você seja. Você pode ser gay e bad boy, mas
também pode ser mais sensível, tímido... Você pode ser o que quiser, porque o
mundo vai muito além de estereótipos, vai muito além do que pensamos só quando
estamos dentro da caixa. E isso é uma das coisas que mais amei nesse livro,
porque o Lyan aborda isso de maneira natural e não forçada, com uma escrita
super fluída, que te faz ler o livro rapidinho, em menos de um dia.
“Quanto mais diferentes fossem, mais motivos para chacotas surgiriam.”
E tudo isso me faz pensar nesse livro como se
ele fosse chocolate (sou louca por
chocolate), porque eu gostei muito dele, mas nesse caso ele é chocolate ao
leite e não meio amargo (que é o meu
preferido), porque ele não é totalmente perfeito, mas poderia ser. E isso
nem é por causa das partes mais pervertidas (que prefiro nem comentar, além de que acho que nunca mais vou olhar
para vaselina da mesma maneira), mas pelo fato de que senti que certos
detalhes do livro podiam ser mais abordados, como mais sobre as famílias do
Kenan e do Lucio, uma abordagem mais detalhada das gangues, uma maior descrição
dos cenários ou até retratar a convivência dos protagonistas em período maior
de tempo, porque o livro inteiro se passa em cinco dias, e fico pensando em
como seria se ele se passasse, por exemplo, em cinco meses, porque acho que
assim se aprofundaria mais, ou posso estar totalmente errada e estar falando
abobrinha .
Anjo Negro é
um livro curto, mas que mesmo assim atinge pontos da nossa sociedade que muitas
pessoas ignoram, traz a tona muitas coisas que, muitas vezes, preferimos fechar
os olhos e fingir que não existem, mas existem e ignorar não resolve nada, só
acumula como uma bola de neve rolando ladeira abaixo. É um livro que te faz
sentir um redemoinho de sentimentos e sensações, você fica com raiva, mas
depois suspira com algo que acha fofo. Então se você quer ler um romance LGBT
nacional que te faz sentir e refletir suas próprias atitudes, esse livro é mais
do que indicado. Até!
“Ser rebelde sem que soubessem também tinha lá sua graça.”
Nota ::
Informações Técnicas do livro
Anjo Negro
Ano: 2017 (Versão atualizada)
Páginas: 132 (impresso) ou
122 (eBook)
Sinopse (Skoob):
Kenan
Russel é novato na escola em plena metade do 3º colegial - um verdadeiro saco,
na opinião dele. Mas sua personalidade desaforada e petulância fazem com que
não se sinta intimidado pelos olhares que recebe por causa de sua aparência.
Já
Lucio Corrêa, aluno daquela escola desde o primeiro colegial, é o extremo
oposto de Kenan: vive encolhido na esperança de que não o notem. O bullying que
sofre diariamente ensinou-o qual é seu lugar no mundo.
Kenan
vê aí uma boa oportunidade de passar o tempo: quanto mais Lucio se encolhe na
cadeira com suas provocações, mais quer incomodá-lo.
Porém,
uma pequena atitude de Lucio faz com que Kenan comece a olhá-lo de forma diferente...
Atenção: Livro recomendado para
maiores de 18 anos.
Sobre
o Autor Lyan K. Levian
Seguindo um indelével desejo pela igualdade,
Lyan veste seu manto para colocar em palavras tudo aquilo que acredita sobre o
amor e sobre a libido das pessoas.
“Somos todos anjos em corpos humanos, e
anjos não têm definição de gênero. Logo, não importa a quem se ame, desde que
seja verdadeiro.”
Estando no mundo da escrita há alguns anos,
mas somente iniciando publicações do tipo “boys love” em 2016, Lyan traz aos
que amam histórias entre garotos um novo frescor nos enredos, sempre misturando
romance com personagens problemáticos e lascivos.
Saiba mais sobre o
Livro e o Autor
Parabéns pela resenha incrível!!! E entendo perfeitamente essa dificuldade de realmente querer que o livro tenha mais páginas, mais histórias. É muito ruim ter que parar de ler quando a gente realmente precisa de um pouco mais. Mas melhor assim, que aqueles livros que a gente torce pra chegar no final logo. Eu realmente estou muito animada com a história da sua resenha. Então parabéns ao autor e ao clube!! ♥ Slainte!!
ResponderExcluirObrigada, Elis, você que é incrível ♥. E já que está animada, leia, leia, leia!
ExcluirOlá,
ResponderExcluirAmei sua resenha, você se expressa super bem.
Nunca li um romance LGBT e saber que não foca só no romance em si como também fala sobre bullying e outras coisas me deixou bastante curiosa para ler.
Deu pra notar a sua empolgação e o quanto você gostou e isso me deixa bem ansiosa.
Amei!
Beijos,
Ler Antes De Dormir
Obrigada, Narah :). Esse é um ótimo livro para começar a ler LGBT, é bem curtinho, então aproveite a sua ansiedade e o leia!
ExcluirNormalmente, nunca vi um livro com romance LGBT, então despertou minha curiosidade. Adoro livros que focam também no preconceito, bullying e assuntos sérios que sempre precisamos discutir. Adorei seu post!!
ResponderExcluirBeijos,
Yasmim.
blog: http://literarte.blog.br/
insta: http://instagram.com/blogliterarte
Romance LGBT está ganhando espaço aos poucos, mas tente ler Anjo Negro ou algum outro Yasmim, eles são muito bons :).
ExcluirE obrigada! ♥
Primeiro, parabéns pela resenha e pelo texto antes. ADOREI!! Você deixou a apresentação do livro leve e divertida de um jeito que desperta curiosidade. Muito bom mesmo. O unico romance LGBT que li até hoje foi Will & Will. Não posso dizer que adoreiiii, mas gostei o suficiente para terminar. Esse por outro lado me deixou muito curiosa. Obrigada pela dica de leitura. Bjs!!
ResponderExcluirAi que bom que gostou do texto antes, Gabi ♥. Eu piro um pouco em algumas resenhas e nem sempre sei se isso é bom ou ruim, rs.
ExcluirTambém já li Will & Will, acho que foi o primeiro livro LGBT que eu li também, mas existem melhores.
Anjo Negro é uma leitura LGBT nacional, se ler espero que goste.
E obrigada :).
Oii, adorei a resenha! Que resenha divertida, adorei a forma como você se expressou confesso que me diverti e me identifiquei muito com você
ResponderExcluirAdoro ler livros que abordam tabus impostos pela sociedade, que em mesmo com toda dificuldade o amor sempre vence.
Parece ser uma leitura fluída e divertida e que trás aquele acorda pra vida que realmente precisamos.
Beijos <3
Muito obrigada! ♥ Que bom que se identificou comigo :), me sinto menos estranha, rs.
ExcluirE já que adora livros assim, leia esse, é surpreendente.
Beijo
Olha assim , parece umas pessoas que eu conheço mas isso não convém 😂😂😉😉 adoreeeeeiiii quero ler *-*
ResponderExcluirObrigada, Bruna :). Leia sim! ♥
ExcluirOlá. Adorei a resenha. Também nunca li um livro LGBT, embora já tenha lido livros com persongens homossexuais nunca li um em que eles fosse prtagonistas. Temos muitos livros internacionais por ai, mas não é a mesma coisa. Infelizmente no Brasil as pessoas ainda são muito intolerantes, então acho que livros nacionais com essa temática são muito importantes por serem mais próximos da nossa realidade.
ResponderExcluirAbraço, Ráissa
http://umlivroeso.blogspot.com.br/
https://www.youtube.com/channel/UCqHjLsHMeYOeSAso9F1FUiQ
As pessoas são bem intolerantes no Brasil mesmo Ráissa :/. Torço para que isso mude, e livros como Anjo Negro só ajudam na luta contra a intolerância.
ExcluirObrigada!
Olá, ainda não li nenhum livro LGBT mas adorei a premissa, principalmente pelos personagens não serem sofridos sabe, o livro parece ser algo mais, com várias questões e temas importantes. Adorei sua resenha e me interessei pela leitura, o titulo e capa são demais também. Vou conferir bjs
ResponderExcluirObrigada, Paula! Confira sim! Espero que goste!
ExcluirBjs