Depois de muitos perrengues e
traumas na vida:
► Tem gente que acorda decidida
a fazer dieta;
► Tem gente que acorda decidida
a mudar de emprego;
► Tem gente que acorda decidida
a fugir da família;
► Tem gente que acorda decidida
a tirar férias;
► Tem gente que acorda decidida
a fazer terapia;
► Tem gente que acorda decidida
a esquecer o mundo lá fora e voltar a dormir (essa sou eu nas férias);
► E tem o Leonard Peacock, que
acorda decidido a se matar e, para aproveitar o embalo, a matar o carinha (seu ex-melhor amigo) que ama atazanar a
vida dele. E não, ele não decidiu isso do nada. Estamos falando de morte aqui e
isso é sério.
Você é diferente. E eu sou diferente também. Ser diferente é bom. Mas ser diferente é difícil. Acredite em mim, eu sei.
O livro é narrado de uma
maneira bem única pelo protagonista Leonard (é ele até que comenta as notas
de rodapé!), que é um garoto bem diferente, perturbado e depressivo que
sofre bullying e é ignorado por quase
todo mundo, inclusive pela tonta da própria mãe. E no seu aniversário de
dezoito anos, ele decide que esse será o último dia de sua vida e da vida do
cara que iniciou toda a “perturbação” da sua adolescência, seu ex-melhor amigo,
Asher Beal; e para concretizar isso ele pretende usar uma arma nazista P-38,
que pertencia ao seu avô.
Não deixar o mundo destruí-lo. Essa é uma batalha diária.
Mas antes de dar cabo a esse
plano ele precisa se encontrar com quatro pessoas, que marcaram sua vida de
algum modo positivo à sua maneira, para falar mais uma única vez com elas e dar
a cada uma um presente. O primeiro é Walt, seu amigo e vizinho mais velho com
quem assiste a filmes antigos, principalmente de Humphrey Bogart. Outro
presente vai para Baback, que toca violino lindamente e que Leonard ama
ouvir, mas eles não são exatamente amigos, um toca e outro escuta e para aí.
Também presenteia Lauren, uma garota cristã que ele gosta, mas não quer nada
com ele, só convertê-lo. E se encontra com alguém que ele admira muito, o Herr
Silverman, seu professor que está dando aulas sobre o Holocausto, mas que,
originalmente, é seu professor de alemão. Esse professor é um personagem
maravilhoso , e é o
único que faz algo que realmente ajuda o nosso protagonista.
Na maioria das vezes, a verdade não importa, e quando as pessoas fazem uma ideia terrível de você, é assim que você será visto, não importa o que faça.
Enquanto Leonard fala sobre
essas quatro pessoas, além de conhecermos elas, também nos deparamos com
detalhes da vida dele próprio, que tem alguns passatempos bem inusitados e
diferentes, mas que tem seu valor. E a cada capítulo vamos descobrindo os
porquês de ele ter chegado a essa decisão, e já adiantando, não é nenhum motivo
bobo e fútil, na verdade é o extremo oposto de bobo, é de apertar o coração e
de sentir nojo desse mundo.
Sua vida ficará muito melhor. Eu lhe prometo isso. Apenas aguente como puder e acredite no futuro. Confie em mim. Esta é apenas uma pequena parte de sua vida. Um piscar de olhos. (...) As pessoas deviam ser legais com você, Leonard. Você é um ser humano. Você deve esperar que as pessoas sejam legais.
Uma coisa que não gostei nesse
livro foi o final repentino, parece que autor estava escrevendo e pensou “Cansei,
já está bom assim, não precisa de mais nada”. Mas precisava sim! Eu
queria e quero mais do incompreendido Leonard. Qual foram as consequências da
decisão dele? A mãe dele sofreu um acidente? Quebrou o pescoço? Caiu um meteoro
no nosso planeta e ela morreu? Não sei!!! O autor não achou que merecêssemos
saber disso. Francamente, Senhor Quick! Você podia fazer melhor que isso!
Leonard Peacock é um personagem incrível que merecia um livro com um final bem
melhor que esse.
Mas antes da preguiça bater, o
autor Matthew Quick escreveu uma boa
obra. Ele mostra nesse livro que ignorar um problema não faz com que ele vá
embora, não faz com que ele deixe de existir, só o faz piorar. A mãe do Leonard
podia ter ajudado o filho (sim, a própria mãe não está nem aí), mas
preferiu ignorar o problema, fazendo o seu pobre filho pensar que a única
solução era a morte. Tenho nojo dessa mulher. Se coloque no lugar do Leonard,
se nem a sua mãe liga para você, se ela ignora quando você lhe conta o que
aconteceu, se nem ela se lembra do seu maldito aniversário de dezoito anos,
quem mais vai ligar? É deprimente. Pelo menos tem pessoas como o Herr Silverman
no mundo, ou nós já poderíamos fazer as malas e ir colonizar outro planeta.
Eu gostaria de acreditar que a felicidade na vida de pessoas propensas à tristeza pode ser pelo menos possível mais tarde.
O pobre Leonard é uma vítima de
um efeito dominó de maldade. Sabe quando dizem que cada ação tem uma reação e
essa reação gera outra ação e por aí vai? Então, é isso que acontece. Um ser
faz algo ruim com outro ser, e esse outro ser, por não receber ajuda, reage
fazendo algo ruim para alguém próximo. O Leonard é mais uma vítima de uma
sociedade que ignora os vários sinais de pessoas que clamam por ajuda. Não seja
uma dessas pessoas. Leia o livro e pense: “Até que ponto eu aguentaria
para manter uma amizade? Quais são os meus limites?” O Leonard teve os
limites dele, quais são os seus? Leia o livro e não ignore o Leonard Peacock
também.
Faça algo de que goste hoje. (...) Pare um estranho e peça a ele para lhe explicar em detalhes seus maiores medos, suas esperanças e aspirações secretas, e em seguida diga-lhe que você se importa. Porque ele é um ser humano. (...) Ponha o sono em dia. Ligue para um velho amigo que você não vê há anos. Arregace as pernas da calça e entre no mar. Assista a um filme estrangeiro. Alimente esquilos. Faça alguma coisa! Qualquer coisa! Porque você inicia uma revolução, uma decisão de cada vez, toda vez que respira.
Nota ::
Informações Técnicas do livro
Perdão, Leonard Peacock
Ano: 2013
Páginas: 224
Editora: Intrínseca
Sinopse:
Hoje
é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com
uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois
se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich.
Mas
antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de
sua vida: Walt, o vizinho, fumante inveterado e obcecado por filmes de Humphrey
Bogart; Baback, iraquiano que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do
violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor
de alemão que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto e que desempenha
um papel crucial na vida de Leonard quando o jovem se aproxima do seu ato
final.
Encontro
após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos
revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará
morto.
Oiie, Tudo bem?
ResponderExcluirEu gosto bastante de livros que tratam desse tema e essa obra está na minha lista tem um tempo. Uma das coisas que me chama atenção nela é justamente o fato de ter bons personagens e do Leonard não ser exatamente um vilão.
Quanto ao final, ficaria brava, mas acredito que terminaria por superar kkk
Beijos.
Blog: Fantástica Ficção
Puxa que temática Dani, eu concordo com vc, deveria ter mais!!
ResponderExcluirEu não leio muito livros assim, normalmente não mais que um ou dois por ano, são tensos e sempre ficam martelando na minha cabeça. Acho que isso acontece com quase todos afinal rsrs
osenhordoslivrosblog.wordpress.com
Eu fico pensando até quando as pessoas vão tratar o bullying como uma "brincadeira adolescente" ou algo normal que acontece nas escolas, eu sofria muito bullying quando era criança por ser: negra, pobre, ter cabelo crespo, minha mãe ser empregada domestica, entre outras coisas, isso deixa marcas muito doloridas na vida e algumas pessoas conseguem superar outras não.
ResponderExcluirCom certeza eu vou realizar a leitura dessa obra em breve, porque os temas abordados no livro chamam muito a minha atenção e quero te parabenizar pela resenha incrivelmente, inspiradora que você escreveu, da para perceber que a história mexeu um pouco com os seus sentimentos.
Beijos e Abraços Vivi
Resenhas da Viviane
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirJá havia visto o livro,mas nunca parado para ler do que se tratava e achei uma grata surpresa ler essa resenha. Amei os quotes ressaltados, a capa está com uma unicidade coerente pelo que vi,mas fiquei um pouquinho com pé atrás devido ao que você falou sobre o final acabar do nada e não dar explicações...sou muito curiosa para isso, scrr ! kkkk.
Oiee,
ResponderExcluirEsse é aquele tipo de livro que é um iceberg: você só vê o que vem a superfície e passa por ele achando que não tem nada demais, quando na verdade está submerso. Ele já está na minha lista, amei sua resenha, sua indignação com alguns dos personagens, é perceptível pela sua resenha que esse livro te tocou e tenho certeza que mudou sua forma de pensar e vê sua vida e daqueles ao seu redor, e se você já fazia isso, tenho certeza que agora fará com mais carinho. Parabéns pela resenha. <3
Olá!
ResponderExcluirPreciso urgente ler esse livro, pois participo ativamente do Setembro Amarelo, para a prevenção ao suicídio e valorização da vida. Trabalho em um vonsuconsul Dr psicologia e já testemunhei o que um apoio especializado pode fazer.
Confesso que gostei da ideia do final aberto, pois muitos adolescentes conseguem superar essa fase, mas muitos não. Assim,Leonard representa todos.
Bjs!
gatitaecia.blogspot.com.br