28 junho, 2019

# André Gama # Drama

Resenha :: Você Tem a Vida Inteira


Você Tem a Vida Inteira foi muito bem recebido pelos booktubers, principalmente por Vitor Martins, autor dos excelentes Quinze Dias e Um Milhão de Finais Felizes.

O livro segue a vida de Ian, Victor e Henrique. Ian Gonçalves faz um teste rápido de HIV e descobre que está infectado. Ele não sabe quem pode tê-lo infectado. Está em dúvida entre dois rapazes com quem não tem mais contato. Apesar de saber que o tratamento de HIV evoluiu muito ao longo dos anos, não é fácil receber a notícia.

A gente nunca acha que vai dar tudo errado até que tudo dá errado, não é? 

Victor Mendonça também está no centro de testagem esperando o resultado. Ele está preocupado porque somente ficou sabendo que Henrique é portador do vírus depois deles terem feito amor. Apesar de terem usado camisinha, Victor está com medo de ter sido infectado. A resposta foi negativa, mas Victor está muito decepcionado com seu companheiro. Acredita que Henrique tinha que ter contado sobre ser soro positivo antes.

Os dois se conhecem no ponto de ônibus e Victor percebe o quanto Ian precisa conversar com alguém. Ele passa o contato de Henrique, achando que seu parceiro pode ajudar Ian a sobreviver ao tratamento.

Você sabe que não é uma sentença de morte, não? Pesquisei um pouco antes de ir fazer o teste, e vi relatos de um monte de gente que vive com o HIV e tem uma vida normal. Vai ficar tudo bem.


Os jovens gays do final dos anos 80 cresceram com medo de uma nova doença que afetava a imunidade dos homossexuais, por isso ficou conhecida como “câncer gay” durante um tempo. Nos anos seguintes, a doença também atingiu homens heterossexuais e mulheres que haviam passado por cirurgias e por transfusões de sangue. Foi quando a doença ganhou o nome de AIDS (sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).

A falta de informação fez com que o preconceito contra os homossexuais aumentasse ainda mais. Eles eram vistos como sujos, promíscuos e pecadores. Se já era difícil sair do armário antes, a AIDS foi como um cadeado na porta desse armário.

O tratamento contra o vírus HIV evoluiu muito durante esses anos, mas o medo e o preconceito contra essas três letras continuam existindo. Por isso um livro como este é tão importante.


O autor Lucas Rocha retrata de forma delicada o abalo de descobrir ser portador do vírus HIV e de como é viver com ele. Viver com HIV é viver com medo. Medo do que os amigos e familiares vão pensar. Medo do preconceito. Medo da política mudar e os remédios pararem de ser distribuídos. Medo de como será o resto de sua vida. Será que o vírus é um impedimento para o amor?

A edição da Galera Record tem páginas amarelas, orelhas, uma ótima diagramação e uma capa bem colorida que achei linda. O livro é menor do que o padrão. Tem 20,8 x 13,4 cm de tamanho, mas não atrapalha em nada a leitura.

Acompanhar a jornada de Ian, Victor e Henrique foi muito instrutivo e emocionante. Me apaixonei pelos personagens, principalmente pelo Eric, amigo de Henrique que divide o apartamento com ele. Ninguém é mocinho ou bandido, eles apenas querem viver como se tivessem a vida inteira pela frente.

Com amor, André


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Você Tem a Vida Inteira
Ano: 2018
Páginas: 288
Editora: Galera Record
Sinopse:
Um livro sensível sobre o amor após um diagnostico de HIV. O livro de estreia de Lucas Rocha é sensível e honesto sobre um assunto que ainda é um grande tabu 

As vidas de Ian, Victor e Henrique são entrecortadas pelo diagnóstico do HIV. Victor fica inseguro ao descobrir que Henrique, com quem está começando uma relação, é soropositivo e resolve fazer um teste, mesmo que os dois só tenham transado com camisinha. Logo depois de um resultado negativo, ele conhece Ian, um universitário como ele que acabou de receber uma notícia que pode mudar sua vida. No impulso de ajudar o garoto, Henrique entrelaça os destinos dos três.
Lucas Rocha narra, a partir das três perspectivas, os medos, as esperanças e o preconceito sofrido por quem vive com HIV, mas, principalmente, conta uma história que não é sobre culpa ou sobre estar doente, e sim sobre como podemos formar nossas próprias famílias e sobre nunca esquecer que ainda temos a vida inteira. 

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