Olá, pessoas. Eu estou passando para falar de um livro que me encantou muito na leitura que fiz de amostra, e ao final dele o gosto de ter feito uma excelente leitura. Então, vamos a história.
A história começa no verão de 1912, narrado em terceira pessoa por um narrador onisciente, então vamos saber coisas que a protagonista, Francie, nunca soube e até mesmo que se passaram antes dela nascer. Outra coisa que ficou bacana foi o fato desse narrador terminar pequenas histórias que, mesmo não tão relevantes, são importantes quando finalizadas.
Ah, o romance. Eu fui rabiscando quando tinha tempo. Não é demorado escrever coisas de que não se sabe nada. Quando se escreve sobre coisas reais, leva mais tempo, porque é preciso vive-las primeiro.
Esse é um clássico sobre o amadurecimento ou como romance de formação. Que vem a ser acompanhar a vida de Francie enquanto ela cresce, nas favelas de Williamsburg (Brooklyn). Apesar de ser uma criança, vamos ver uma visão distanciada da cruel realidade em que vive, as crianças sabem muito, mas nem sempre entendem tudo. Algumas coisas, porém, se infiltram em sua consciência sem que ela se dê conta de como exatamente isso aconteceu.
Com a história dividida em 5 partes, vamos acompanhando momentos da vida, como seus primeiros anos, mas nem sempre de forma linear. Porém, tudo na história fica amarradinho, sem nenhuma ponta solta ou sem uma explicação do porquê está na história, o que deixa a leitura com aquela sensação prazerosa. Algo que achei interessante é o fato de que não consegui achar a Francie como única personagem principal, porque ela é uma das mulheres de sua família, sua mãe, tias e avó formam uma unidade tão forte que, para mim, ficou impossível desassocia-las.
Talvez, pensou Francie, ela não me ame tanto quanto ama o Neeley. Mas ela precisa mais de mim do que dele, e acho que ser necessária é quase tão bom quanto ser amada. Talvez seja até melhor.
À medida que fui lendo, fui tendo a sensação de que algumas partes tinham uma narrativa quase biográfica com um toque poético, porém depois que Francie se torna “mocinha”, vamos vendo uma narrativa mais contemporânea, conforme as coisas vão acontecendo. Então da metade para o final temos uma mudança na fluidez do texto e também, de certo modo, de escrita. Preciso dizer que, muitas vezes, lembrei do personagem Julios de Todo mundo odeia o Cris, porque para explicar como eram os preços e o nível de pobreza da família, toda mercadoria, ganho ou produto tinha seu preço mencionado. Confesso, foi estranho.
A inteligência emocional se sobrepõe a falta de conhecimento escolar, porém as mulheres da família têm uma profunda leitura da alma humana, mostrando que a sabedoria advém também da vivência, não apenas que temos, mas que são passadas entre as pessoas da família. A verdade dos laços que unem as mulheres desde sempre, como as dores do parto, e que muitas são as algozes de seu gênero chegando ao nível da crueldade. Que o marco de cada etapa de crescimento não é o tamanho da roupa ou da idade, mas das coisas que perdemos, como o contentamento infantil, o acreditar que faz a inocência ser doce e a crueldade da vida não entrar em primeiro plano.
Os personagens, mesmo os secundários, deixam uma impressão muito forte durante a leitura, é impossível não os ver como absurdamente humanos. E talvez aí resida o grande desconforto com a crueza do texto e a grande genialidade da autora. Ela mostra a vida como ela era, sem pesar a mão em grandes acontecimentos, porque na época não eram realmente falados ou mostrados como eles eram de fato. Outra marca muito forte é que existe sim a crítica de como as coisas eram terríveis e que persistem até hoje, como os ciclos de violência onde quem foi abusado repete o comportamento em que foi submetido, a questão do bullying como forma de embrutecer a pessoa para vida, ou até que, mesmo na extrema pobreza, é possível ser solidário.
O que a vovó Mary Rommely dizia mesmo? “Sempre olhar para tudo como se fosse a primeira ou a última vez: é assim que o seu tempo nesse mundo se enche de glória”.
Gostei muito dos diálogos, porque eles são muito bem escritos e dão aquela impressão de que aconteceram daquela maneira e, como outras semelhanças com a realidade, aproximam quem lê da história de uma maneira ou de outra. Foi uma verdadeira experiência ler esse livro e, de certo modo, me preparou para outros desse gênero literário que pretendo ler no futuro. Espero que você, assim como eu, leia um pouquinho e depois não queira mais parar de ler. Desculpe se falei pouco da história, mas de certa maneira tiraria o brilho dos personagens se você não os conhecesse sem uma apresentação prévia.
Curti muito o trabalho gráfico, folha amarela, a fonte poderia ser um pouco mais ou ter mais espaçamento, porém acredito que a quantidade de páginas dificulte isso. Gostei muito da tradução, encontrei erros pontuais de digitação, não de ortografia.
Informações Técnicas do livro
Betty Smith
Tradução: Cecilia Camargo Bartalotti
Ano: 2021
Páginas: 532
Editora: Verus
Sinopse:
Uma árvore cresce no Brooklyn é o adorado clássico sobre o amadurecimento de uma jovem na passagem para o século XX.
A história da sensível e idealista Francie Nolan e seus agridoces anos de formação nas favelas de Williamsburg vem encantando e inspirando milhões de leitores há quase oitenta anos.
Desde o momento em que nasceu, Francie precisou ter fibra, pois sua vida muitas vezes difícil exigia resistência, precocidade e força de espírito. Desprezada pelos vizinhos por conta do comportamento instável e excêntrico de sua família – como o alcoolismo do pai, Johnny, e o hábito da tia Sissy de se casar várias vezes sem se preocupar em se divorciar do marido anterior -, ninguém poderia dizer que faltava drama à vida dos Nolan.
Ao mesmo tempo opressoras, sublimes, comoventes e edificantes, as experiências de vida dos Nolan são cheias de honestidade crua e ternamente entrelaçadas com união familiar. Uma obra de arte literária que capta brilhantemente um tempo e um lugar únicos, bem como momentos incrivelmente ricos de experiência universal.
Publicado originalmente em 1943, Uma árvore cresce no Brooklyn é um clássico romance de formação, uma narrativa comovente, plena de compaixão e crueldade, humor e tristeza, que vai além da ficção e encontra representantes em todos os cantos do mundo.
“Um romance emocionante, honesto e verdadeiro, que vai direto ao âmago da vida… Deixar de ler Uma árvore cresce no Brooklyn vai lhe negar uma rica experiência… É uma história comovente que o fará compreender de forma profunda a infância e as relações familiares.” – The New York Times
“Um dos livros mais amados e um dos melhores dos nossos tempos.” – Orville Prescott
“Um dos livros do século XX.” – New York Public Library
“Este clássico pungente e tocante da literatura americana está repleto de compaixão e crueldade, risos e dores de cabeça, vida e incidentes.” – The New Yorker
“Vigoroso – às vezes engraçado – e muito comovente, este é um livro para um público exigente e não muito sensível.” – Kirkus Reviews
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