Essa resenha pode conter Spoiler do livro anterior, indico ler antes o relato do primeiro livro, Mistborn — O Império Final, feita por Milly, clicando aqui.
O Poço da Ascensão, segundo livro da série Mistborn — Nascidos da Bruma, será minha primeira resenha no Clube do Farol e não sei se estou animada por ter entrado no grupo de colunistas ou por contar a vocês da continuação de uma das séries de fantasias mais comentadas no mundo literário.
No segundo livro, a gente acompanha o que normalmente as outras histórias não contam, o que aconteceu após o bem vencer? O famoso “felizes para sempre”? Afinal, o bem venceu e salvou o povo das mãos opressivas do Senhor Soberano. Todo mundo deve estar feliz, casando e tendo vários filhos como uma novela da Globo. Sinceramente, eu espero que isso ocorra no final dessa série, porque é tanto sofrimento que torço por um final desses.
Sanderson foge do clichê por escrever o que muito autor de fantasia tem preguiça, a realidade, e isso o destacou no gênero de fantasia. Consequentemente pode desanimar muitos leitores no início se comparado com o primeiro livro e com a quantidade enorme de páginas. A ação é reduzida, a história é focada na política, mistério e no amadurecimento dos três protagonistas, Elend, Vin e Sazed.
A história central é quem vai ser o rei de Luthadel e, assim, do Império Final. A capital está cercada por tropas inimigas, cada líder pior que o outro e sem interesse de sentar e tentar um diálogo, foram anos de “paz” pelas mãos do Senhor Soberano, e ninguém quer abrir mão do grande império pela primeira vez, mesmo que isso leve a morte da população. E Elend, nosso garoto dos livros, vai entender aos poucos que filosofia só é bonita no papel, não é nada fácil dar autonomia a um povo que só conheceu opressão, muitas vezes preferindo perder a liberdade novamente para uma pessoa opressiva, por ser algo já familiarizado, ao invés de alguém que irá assegurar os seus direitos.
Você tem boas ideias, Elend Venture. Ideias régias. Contudo você não é rei. Um homem pode liderar apenas quando os outros o aceitam como líder, e terá quanta autoridade seus subordinados lhe derem. Todas as ideias brilhantes do mundo não poderão salvar seu reino se ninguém quiser ouvi-las.
O que é um tema interessante de se ler, o livro aborda muito como as pessoas se sentem perdidas sem uma figura de poder ou de religião em frente a uma guerra que bate na porta da população. E é aí que chega o legado do famoso Kelsier, O Sobrevivente de Hathsin, e como que a morte dele deu esperanças e ensinamentos aos Skaa, algo que Kell elaborou de forma genial antes de morrer, o que gerou a criação de uma igreja e seguidores de uma mitologia, que aos poucos vai ganhando poder sobre as pessoas.
É como se você, leitor, estivesse acompanhando o acontecimento de algo histórico que futuramente, nesse universo, será contado nos livros de histórias de tão realista.
Uma das lendas que será sempre falada pelo Império Final é Vin, A Herdeira do Sobrevivente. Após derrotar o Senhor Soberano de uma forma que até ela desconhece, as últimas palavras do tirano deixam uma pulga em sua orelha, Vin passa ao longo da história se questionando que, ao matar ele, talvez algo ruim possa ter acontecido, ela sente de uma forma inexplicável que tem alguma coisa de errado em seu mundo e assim fica o questionamento: ela é apenas mais uma Nascida das Brumas ou é aquela que irá salvar o mundo dos mistérios que assolam?
As chegadas de novos personagens poderiam ter sido melhor trabalhadas. O escritor não foi tão profundo nem tão raso, ficou no meio termo junto também com os personagens antigos. Ele preferiu, ao invés disso, focar na relação de Elend e Vin, para não ficar com ponta solta, deu para notar que ele não queria que fosse um romance sem explicação, o que foi bom, aos poucos eu me apeguei a eles, mesmo que tenha sido de uma forma mais sutil, sem muita melosidade.
Ela se entregou para ele, não apenas de corpo, nem apenas seu coração. Ela havia abandonado suas racionalizações, aberto mão das reservas, tudo por ele.
Minha série favorita? Ainda não sei dizer, provavelmente só quando ler o último livro, mas a forma lenta como tudo ocorre, sem soluções mágicas ou cartas na manga sem explicações, mesmo que para isso demore vários capítulos, foi o que me cativou, foi uma obra bem feita. Toda vez que parava de ler tinha preguiça de voltar, mas quando continuava brigava comigo mesma por ter enrolado, afinal estamos falando de Brandon Sanderson e ele sabe o que está fazendo.
Informações Técnicas do livro
O Poço da Ascensão
Mistborn: Nascidos da Bruma #2
Primeira Trilogia
Brandon Sanderson
Tradução: Petê Rissatti
Ano: 2015
Páginas: 720
Editora: LeYa
Sinopse:
Numa sucessão de golpes de sorte, Elend Venture subiu ao trono de Luthadel, a principal cidade do Império Final. Nos meses que seguiram a queda do Senhor Soberano e a dissolução de seu governo, o novo rei revolucionou as relações entre os skaa a classe social inferior e os nobres e atraiu a atenção dos diversos governantes das outras partes do grande império.
Dentro das muralhas de Luthadel, o perigo espreita de todos os lados. Assassinos de aluguel alomânticos ameaçam a vida do rei, a desconfiança generalizada faz a população temer pelos rumos da cidade e desejar o retorno do Senhor Soberano, e um inverno inclemente se aproxima. Elend, Vin e o bando de Kelsier tentam a todo o custo manter o controle, mas os piores inimigos ainda estão por vir.
Fora das muralhas, arma-se um cerco militar gigantesco. À frente dele, Straff Venture, o pai de Elend, um tirano cruel e desesperado pelo poder, busca invadir Luthadel. Mas ele não está sozinho.
Reviravoltas e surpresas marcam este segundo volume da trilogia Mistborn. O destino de todo o Império Final está envolto nas brumas, e apenas uma força sobrenatural será capaz de desvendar os mistérios que assolam seus habitantes.
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