Olá, faroleiros, este livro é algo totalmente fora da minha zona de conforto na leitura. Não sou muito fã de ler histórias baseadas em fatos reais ou, como no livro, muito próximo da realidade. Para completar a leitura fora da minha caixinha, essa história se passa no período próximo ao fim da segunda guerra mundial, ou seja, o drama é certo. Como a própria sinopse disse:
Como uma prosa concisa e hipnótica e um ritmo cinematográfico, Emmanuelle Pirotte nos oferece uma história de amizade e coragem que reflete perfeitamente os anos de guerra, os quais trouxeram à tona o pior - e também o melhor - de cada ser humano.
Concordo plenamente e por isso citei. Comecei a leitura e me vi presa nas páginas do livro, querendo entender as mentes dos personagens e, principalmente, como iria terminar essa história para estes protagonistas tão improváveis. Este livro foi escrito a partir de um roteiro cinematográfico e é notável como realmente conseguimos visualizar as cenas na nossa mente, como se estivéssemos vendo ao invés de lendo.
Renée é uma criança judia que hoje com sete anos, depois de viver em vários lugares, foi entregue pelo padre da Vila onde estava a dois soldados americanos para que eles a protegessem. Porém, na realidade, eram dois soldados alemães disfarçados que resolvem matá-la, mas na hora da execução, ocorre uma ligação entre um dos soldados, o Mathias, que ao invés de atirar nela, acaba por atirar no parceiro. Eu me senti extremamente apegada a garotinha e a sua incrível resiliência, mediante a tudo vivido em tão terna idade.
Mas era melhor desconfiar e observar. Renée ligara novamente seu pequeno detector. Ele trabalhou menos durante o tempo que passara com o alemão. Sentira-se em segurança. Como nunca. Na realidade, estava exausta de ficar o tempo todo atenta, com os nervos à flor da pele, o cérebro alerta. Experimentava essa sensação de cansaço sem ter plena consciência dele.
Podemos perceber mesmo em uma ficção como a mente humana é algo realmente inacreditável. Também fiquei torcendo pelo Mathias, pois vejo que na guerra, como a própria autora expõem, em ambos os lados, é difícil dizer quem realmente é bom ou mau. E fiquei tentando entender sua mente, assim como o próprio. O que o levou a viver tudo que viveu, bem como a fazer tudo que fez?
O povo Judeu podia de certo ter sido agraciado com todos os defeitos possíveis e inimagináveis, mas tinha uma superioridade incontestável sobre a raça germânica, independentemente do que pensasse o Führer. No âmago da tormenta que os engolia, nas situações mais infernais, os judeus continuavam a praticar seu humor ácido.
São personagens dignos de análise e dá para ter com certeza muita conversa em torno deste livro. É uma leitura bem viva e complexa. Uma história arrebatadora.
O que não gostei na edição do livro, e que pode prejudicar um pouco a leitura a depender do leitor, foi que por se tratar do período de guerra e se passar na Europa há muitas expressões da época que não tem tradução para o português, então senti muita falta de um glossário com o significado dessas palavras e também mais notas de rodapé com tradução de músicas e frases que ficaram no idioma original. Neste quesito ler no kindle foi bastante útil, mas deveria ter tido isso no livro. Um exemplo de livro que tem isso e eu amei foi A Pintora de Henna (resenha aqui).
Acredito que a autora conseguiu expressar no livro tudo aquilo que não foi possível transmitir no filme, os pensamentos e lembranças, e eles são com certeza um ponto chave dessa história, pois é neles que muitas partes do livro são contadas. A leitura deste livro é quase uma terapia e recomendo já que o final foi bastante satisfatório para mim. Meu coração romântico ficou querendo um epílogo mais fofo. Por isso uma alerta, este livro é um romance, porém não é romântico, então não se engane. Eu creio que ele cumpriu o propósito com qual foi escrito, já que me envolveu até o fim, assim ele foi nota 5/5 para mim.
Boa leitura,
Carolina Finco
Informações Técnicas do livro
Emmanuelle Pirotte
Tradução: André Telles
Ano: 2022
Páginas: 210
Editora: Verus Editora
Sinopse:
Com uma prosa concisa e hipnótica e um ritmo cinematográfico, Ainda estamos vivos é uma história de amizade e coragem que reflete perfeitamente os anos de guerra, os quais trouxeram à tona o pior – e também o melhor – de cada ser humano.
Uma menina judia e um soldado alemão. Uma amizade improvável, mais forte que o ódio.
Bélgica, dezembro de 1944. Os alemães lançaram uma ofensiva nas Ardenas. Renée, uma menina judia de sete anos, acolhida em uma fazenda enquanto fugia da perseguição nazista, é confiada por um padre a dois soldados americanos – na verdade, oficiais alemães infiltrados nas forças aliadas. Eles não parecem ter dúvidas: devem atirar na garotinha sem misericórdia.
Quando chega o momento da terrível execução, um dos homens, comovido pelo olhar de Renée, muda de ideia e mata o parceiro. A partir desse momento, o destino da menina judia e o de Mathias, o soldado nazista, estão interligados, tornando-se um escudo protetor contra um mundo em guerra, duro e caótico. Os dois caminharão juntos rumo a uma salvação que parece cada dia mais ilusória. E, acima de tudo, vão descobrir que o vínculo entre eles é a única coisa que pode lhes dar a esperança de permanecer vivos…
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