30 julho, 2024

# @Milly # Editora Trama

Resenha :: O Último Sorriso na Cidade Partida (Os arquivos de Fetch Phillips #1)



Não imaginei que por o nome do livro ser O Último Sorriso na Cidade Partida, teríamos uma cidade partida e um último sorriso, perdão por não pensar no óbvio, às vezes. RÁ! Brincadeiras melancólicas à parte, vou falar um pouco dessa história.


Fetch Phillips: estraga-prazeres profissional. Se tem alguma coisa que ele não pode estragar… amigão, a gente ainda não descobriu.


Nosso protagonista Fetch Phillips é um humano sem magia em uma terra em que sua raça tem que conviver com outros milhares de seres mágicos, ou pelo menos assim era. A história se passa seis anos após o fim da magia, raças que a possuíam foram morrendo, algumas se deformando, seres imortais se tornaram mortais com séculos de vida cobrando seu preço, esse é o mundo atual em que tem que se reaprender a viver depois de uma grande tragédia, onde quase tudo foi perdido, até mesmo o que você foi um dia.


— Então, o senhor é um faz-tudo?

— Exatamente.

— Por que não diz logo que é um detetive particular?

— Tenho medo de que isso me faça parecer inteligente.


Nos é contado a história de Fetch, atual “faz-tudo” como se chama, mas especificamente como um detetive particular, nessa história ele está tentando resolver o mistério de um professor ex-vampiro desaparecido, o que se torna um problema em um mundo sem mágica e cheio de amargura e ódio entre espécies, principalmente contra a humana. Entre intervalos da sua atual investigação, também acompanhamos as lembranças de Fetch, de como o mundo chegou no que está hoje, e a culpa humana e, principalmente, sua nessa tragédia.


Estava tão concentrado em odiar a mim mesmo que achei que todo mundo me odiava também. Mas estava errado. Todo mundo odiava todo mundo.


Fetch Phillips não é um protagonista inocente, não é uma pessoa ruim também, ele carrega a culpa do que deve, e ele realmente deve muito, mas acompanhar a visão dele da história, em que ele realmente não tenta se inocentar, dá para compreender as atitudes que levaram onde o levou e compreender o ódio que sente de si e que os outros sentem dele. É uma leitura de um ponto de vista totalmente amargurado sobre a vida, e quando se tem esperança as coisas podem piorar.


O que nos mata é a esperança. Dê a um bom homem algo para proteger e você vai transformá-lo em um assassino.


Não tinha como eu não sentir pena do personagem, ele pode carregar todo o peso de suas ações e das ações de sua raça, mas existe um contexto bem maior que isso, que ele mesmo não usa para se eximir da culpa, mas é apresentado para que se compreenda.


Você se agarra à culpa como se fosse um salva-vidas. Com tanta raiva de si mesmo e do seu pessoal que não consegue sentir o cheiro de sangue nas mãos de todos nós.


Apesar da vibe bastante amargurada, o livro nos prende do início ao fim, me deixou ansiosa para enxergar uma luz no fim do túnel, assim como descobrir os mistérios por trás de desaparecimentos e mortes que Fetch acaba descobrindo em meio a sua investigação.


Se você pegasse minha vida e comparasse com a do resto do mundo, veria que ela não era muito boa. Mas nunca tinha sido. Isso, de certa forma, me fazia sortudo. Eu nunca tive nada a perder.


É bem diferente das minhas últimas leituras, a gente acaba acompanhando a história de um mundo que não foi salvo, não existiu uma jornada de herói que no último segundo dá certo, já acabou, não deu certo, e mesmo se existir alguma coisa futura que faça voltar um pouco a magia do que era antes, não irá ser a mesma coisa, muito já se perdeu.


Não tente ser um salvador, porque o velho mundo não pode ser salvo. Não tente ser um herói da história, pois a história está morta. Todos os caminhos já percorridos foram apagados, e não há mapa, nem mensagem, nem evangelho, nem deus. Só há você, sozinho na escuridão, decidindo como dar seu primeiro passo.


Apesar das amarguradas páginas (risos), eu amei muito essa história, não sei o que pode se salvar e se tem o que se salvar, talvez a continuação me dê as respostas, mas o livro em si é bem fechadinho, acredito que o próximo livro seja um novo mistério. Quero acompanhar mais de Fetch, talvez um dia encontrando um final não tão esperançoso, mas com mais paz no coração, enquanto isso resolvendo mais mistérios. Indico muito a leitura, valeu a pena.




Informações Técnicas do livro

O Último Sorriso na Cidade Partida

Os arquivos de Fetch Phillips #1

Luke Arnold

Título Original: The Last Smile in Sunder City

Tradução: Giu Alonso

Ano: 2021

Páginas: 304

Editora: Trama

Sinopse:

Fetch Phillips carrega nas costas uma imensa culpa, maior do que muita gente pode acreditar. Estando no fundo do poço, como último recurso ele aceita investigar o desaparecimento de um professor vampiro em uma escola das redondezas. É isso ou a morte. A tentação de se atirar pela janela de seu escritório está ficando cada vez mais difícil de resistir.

Enquanto isso, Sunder City está devastada. Nesta cidade distópica, enfrentando a aridez do pós-guerra e a falta de magia, as criaturas imortais vão desaparecendo e dando lugar a grotescas formas inacabadas, retorcidas: a sociedade, a indústria, a política e a cultura se corrompem, as raças mágicas caem… e os humanos têm uma nítida ascensão. O que fazer para que a magia volte?

As esquinas sombrias de Sunder escondem todo tipo de segredos, e Fetch, um sujeito inescrupuloso, irônico e nada confiável, está prestes a encontrar um problema que talvez seja grande demais.


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