26 julho, 2025

# @efinco # Clássico

Resenha :: Casa Velha

Oi pessoas, não sei vocês mas tenho alguns fracos literários e livros de capa rosa e escritos por Machado estão entre eles. Essa leitura, começa explicando que foi publicado entre 1885 e 1886 na revista A Estação, somente em 1943 a obra seria publicada como livro. E pode causar um pouco de estranheza para os que apenas leram suas obras mais famosas, porque esse está em um ponto fora da curva. Porém, eu após a leitura acho que Casa Velha é uma excelente porta de entrada para quem quer ler Machado de Assis.

“—Não desejo ao meu maior inimigo o que me aconteceu no mês de abril de 1839.”

Para comprar:  Livro Físico Editora E-book Amazon  

Outra coisa é que temos a narrativa é em primeira pessoa, contada pelo cônego (Sacerdote que pertence a um colegiado de uma igreja, trabalha com serviços administrativos, auxiliando também na administração da diocese. - viram que algumas idas ao dicionário podem ser necessárias, mas só vai ajudar na melhoria do vocabulário e agregar conhecimento) que vai à Casa Velha pesquisar documentos históricos. Ele é um narrador intrometido, já que não apenas observa, mas interfere ativamente nos acontecimentos, tornando-se quase um personagem-chave para o final da história. Afinal ele tem suas vezes a se meter a Santo Antônio, ou mesmo a ser um contador de histórias da vida alheia (vulgo fofoqueiro). O cônego é um personagem fascinante, pois, mesmo sendo padre, carrega ironias e contradições que o tornam mais humano. 

"Se ele e Lalau foram felizes, não sei; mas foram honestos, e basta."

Sobre os personagens, temos Felix e Lalau que são bem delineados, assim como D. Antônia, que carrega o peso da tradição. Cada personagem é distinto, com motivações próprias, o que torna a história mais rica. A linguagem é elegante, mas acessível, sem excesso de erudição. Os diálogos são verossímeis e adequados ao contexto do século XIX, sem se tornarem cansativos ou artificiais. Eu achei bastante familiar ao que ouvimos nas cidades do interior hoje, não digo questão de sotaque mas de "rumo" de conversa.
"E nada está perdido enquanto o coração espera alguma coisa."
A trama da história é simples, mas brilhante no jeito machadiano: um padre que vai pesquisar acaba se envolvendo nos dramas de uma família e tentando unir dois jovens apaixonados. É uma trama enxuta, sem grandes reviravoltas mirabolantes - mas ainda sim esteja preprada(o) pra boas surpresas durante a leitura, repleta de crítica social, ironia e observação psicológica. Apesar de parecer "simples", traz uma nova luz sobre temas clássicos – como amor proibido, tradição e classe social – com a genialidade característica de Machado. Não exige conhecimento prévio para ser compreendida é uma história única, mas leitores familiarizados com o contexto histórico podem aproveitar ainda mais as nuances e claro referências da época (nada que uma boa busca no Google não resolva).

"Tudo pode ser política, minha senhora; uma anedota, um dito, qualquer cousa de nada, pode valer muito"
O texto flui muito bem, é leve, rápido e sem excesso de descrições, o que surpreende para quem acha Machado difícil. É uma narrativa bem amarrada, com começo, meio e fim claros, e que, mesmo sem um final que agrade a todo mundo (é o máximo que vou dizer), entrega reflexão e crítica social. No fim, foi surpreendente por ser diferente dos outros livros dele que li, interessante pelo mesmo motivo, rápido por ter poucas páginas e rico pelo pano de fundo que carrega e também por motrar muito do que viria a ser marcante na escrita de Machado nos seus livros mais conhecidos. É curto, instigante, combina romantismo e realismo, e oferece uma crítica social fina que segue atual. Boa leitura, e divirta-se!


Informações Técnicas do livro


Casa Velha

Machado de Assis

Ano: 2021

Páginas: 71

Editora: Hope

Sinopse:

As reviravoltas morais, éticas, religiosas e culturais que Casa velha apresentam em cada capítulo são as sínteses de um romance que, embora curto e pequeno, é grandioso na arte de instigar os leitores e proporcionar uma aventura para o Brasil Colonial e o cotidiano de uma sociedade que, em sua raiz, apresentava conflitos e contradições à luz de costumes ditados pela burguesia. Toda a confusão de Félix, Lalau e D. Antônia é banhada com um brined anticlímax que o leitor encontrará ao final do romance e, como o próprio célebre Machado de Assis assinala, “Assim vai a vida humana: um nada basta para complicar tudo”.






Conheça mais sobre a Editora Hope
em seu site e redes sociais:

Site │ Instagram │ Facebook │ YouTube Whatsapp

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário!! Bem-vindo(a) ao Clube do Farol!