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02 maio, 2017

Resenha :: A Bibliotecária de Auschwitz (La bibliotecaria de Auschwitz)

maio 02, 2017 24 Comentários

“Abrir um livro é como abrir uma janela à liberdade.”

O livro “A Bibliotecária de Auschwitz” é um romance baseado numa história real, e escrito por Antonio G. Iturbe. Adquiri este livro após ler apenas a sinopse dele, não li nenhuma resenha antes de adquiri-lo, e foi uma grata surpresa.

Edita Adlerova, ou simplesmente Dita, era uma adolescente comum que vivia com seus pais – Hans e Liesl - em tranqüilidade na cidade de Praga, até que durante a Segunda Guerra Mundial eles são expulsos de sua casa e são levados como prisioneiros ao campo familiar de Auschwitz-Birkenau pelo simples fato de serem judeus.

“Uns dias em Auschwitz transformam um novato em veterano. Também podem transformar um jovem num velho ou uma pessoa robusta num ser decrépito.”

O campo de Auschwitz era na verdade uma propaganda nazista para mostrar para a Cruz Vermelha que a fama dos campos de extermínio não era real. Alguns internos souberam tirar proveito disso e conseguiram que um dos blocos fosse transformado em um lugar só para as crianças, persuadiram os nazistas a aceitar a ideia alegando que os pais renderiam mais no trabalho porque não precisariam se preocupar com seus filhos durante o dia. Desta forma, Dita conhece Fred Hirsch que era o responsável pelo Bloco 31, que na verdade, era uma escola clandestina, e passa a ser bibliotecária.

É no mínimo inusitado pensar na existência de uma biblioteca num campo de concentração, mas através do mercado negro, os judeus obtiveram alguns livros que eram usados nas aulas, e também existiam os chamados “livros-vivos”, professores que sabiam uma história de cor e contavam as crianças.

“Não era uma biblioteca extensa. Na verdade, eram oito livros. Naquele lugar tão escuro em que a humanidade chegou a alcançar a própria sombra, a presença dos livros era um vestígio de tempos menos lúgubres, mais benignos, quando as palavras ressoavam mais do que as metralhadoras. Uma época extinta.”

Os alemães consideravam os livros uma grande ameaça, como já vimos relatos na história eram feitas fogueiras com livros que não eram de interesse do Terceiro Reich, uma forma de silenciar e censurar os intelectuais. Portanto, a missão de Dita não era apenas conservar e organizar os livros da pequena biblioteca, mas escondê-los dos olhos dos nazistas, uma vez que se os achassem, além de acabar com as atividades da escola, sua vida estaria em risco.

Durante a narrativa, conhecemos diversos personagens, entre eles a encantadora Margit, uma adolescente de 16 anos que é uma das melhores amigas de Dita, o perverso Doutor Mengele que como sabemos foi um cientista capaz de realizar experimentos abomináveis em seres humanos, o professor Morgenstern que era considerado um louco por muitos, dentre outros tantos.

Dita é uma garota cheia de vida, esperança, disposição e uma heroína-mirim, sua dedicação aos livros e a seu trabalho como bibliotecária era notável, e ela se espelhava no líder do Bloco 31, Fred Hirsch, que tentava trazer um pouco de normalidade a vida daquelas crianças de Auschwitz.

“Ela pensa por um momento em Hirsch com aquele eterno sorriso enigmático. De repente, percebe que o sorriso de Hirsch é uma vitória. Num lugar como Auschwitz, onde tudo é projetado para fazer chorar, o riso é um ato de rebeldia.”

Um livro escrito de uma maneira simples, mas que carrega uma história tocante, com diversos aprendizados, e altamente emocionante. Um livro que fala não somente sobre os horrores do Holocausto e da Guerra, mas também mostra o amor, a fé, a esperança, a bravura, a lealdade, o companheirismo, a amizade. Não só indico a leitura, como recomendo a todos, ainda mais por nos mostrar a importância dos livros em nossas vidas e como eles podem ser transformadores!

“Voltar a ter um livro nas mãos faz com que a vida comece a se encaixar, com que as peças de um quebra-cabeças que alguém desmanchou a chutes voltem, pouco a pouco, ao seu lugar.”

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

A Bibliotecária de Auschwitz
Um romance baseado numa história real
Antonio G. Iturbe
Ano: 2014
Páginas: 366
Editora: Agir
 
Sinopse (Skoob):
Muitas histórias do horror e sofrimento testemunhados dentro dos campos de concentração nazistas são contadas e recontadas, já estão gravadas e arquivadas. É difícil, nesses relatos, encontrar atos de esperança e força diante de todo o mal registrado durante o Holocausto. 'A Bibliotecária de Auschwitz' é um livro diferente. É uma história verdadeira e cheia de detalhes a respeito de um professor judeu, Fredy Hirsh, que criou uma escola secreta dentro do bloco 31, no campo de concentração de Auschwitz, dedicando-se a lecionar para cerca de 500 crianças. Criou também uma biblioteca de poucos volumes com a ajuda de Dita Dorachova, uma menina judia de 14 anos que se arriscava para manter viva a esperança trazida pelo conhecimento e escondia os livros embaixo do vestido. É um registro de uma época sofrida da História, mas que também mostra a coragem de pessoas que não se renderam ao terror e se mantiveram firmes usando os livros como 'arma'."