Resenha :: Mascarado
Mile Dantas
julho 08, 2019
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Olá, faroleiros!
Para tudo que a resenha de hoje
é quentíssima! Ela te levará para visitar uma masmorra de verdade em um castelo
antigo. Se você espera encontrar aqui prisioneiros e torturas, está no lugar
certo. Mas não são exatamente prisioneiros tradicionais que verão, muito menos
os castigos são agonizantes e dolorosos.
Pelo menos, não no mau sentido.
— Dizem que ele usa uma máscara. — Ouço, imóvel, a menina continuar a conversar com sua mãe.
— Todos usam máscaras, minha querida.
— Não, mamãe. A dele é permanente.
— São apenas histórias — a mãe aquieta a jovem. — Andaluzia adora criar lendas.
— Como a do fantasma dos corredores vazios da Ópera? — a filha brinca.
— Sim, como essa.
Mascarado conta
a história do Conde de Orr, um cavalheiro mascarado envolto numa nuvem de
mistério. Os rumores circulam na cidade de que ele é um homem pervertido, com
gostos bastante depravados para a época, e que possui em seu castelo uma
masmorra para orgias sexuais. O Conde também é famoso por acolher moradores de Andaluzia
que foram condenados por crimes comuns como prostituição e pequenos furtos. As
prostitutas, se quiserem, podem se tornar participantes das masmorras e cidadãs
de Orr. Sua reputação não é boa, só que ele tem um título de nobreza, por isso
não pode ser condenado pelo seu estilo de vida.
Christine é mulher de Raul,
prefeito de Andaluzia, e não está nem aí para as fofocas sobre o Conde. Vivendo
penosamente um casamento sem amor, ela não se importa se o nobre é famigerado
ou não. A mulher já tem tarefa demais em ignorar o marido e fazer da sua vida
um inferno. Nunca lhe deu um filho, sendo diagnosticada como estéril, o que
frustrava os pais de Raul que adotaram Christina ainda criança e tinham muita afeição
por ela. Eles depositavam a esperança da continuidade da família em um
herdeiro, já que o prefeito era filho único.
Um baile em Andaluzia é
celebrado e tem como convidado o tal Conde. Todos queriam conhece-lo, menos
Christine que nem queria ir a esse baile. Ela vai obrigada para socializar com
a elite da sociedade, sendo esposa do prefeito. O problema é que ela não quer
socializar com ninguém. Christine carrega no peito a dor e a angústia de ter
perdido ainda jovem o seu único e verdadeiro amor, por isso preferia a
reclusão.
— Diga que precisa de mim, Erik.
— Eu preciso de você.
— Prometa que tudo que diz é verdade. — Você agarrou com força meus braços, mas já não conseguia me encarar.
— Seremos felizes, meu amor.
— Tudo o que quero é você. Diga que me ama, e eu te seguirei.
— Eu te amo, Christine. Eu te amarei para sempre.
O que a jovem não esperava era a
surpresa de encontrar nos profundos e marcantes olhos do Conde de Orr a mesma
fagulha de emoção que sentia quando encarava seu amado e falecido Erick. Mas
também não esperava que o Conde tramasse contra ela tornando sua vida uma
bagunça de sentimentos, descobertas e emoções que ela jamais saberia existir se
não tivesse conhecido aquele homem mascarado e misterioso.
Uma vingança arquitetada nos
mínimos detalhes. Christine sentirá na pela a humilhação e ficará confusa com
as atitudes do Conde. Será levada para Orr, recusada pelo marido e vendida como
uma das prostitutas.
Sua boca se abre no mais maldoso dos sorrisos. Não há mais orquestra, ou vozes. Não há como esconder o botão aberto da blusa e a cena, e sobre o que ela se tratava. Meu marido — o prefeito da cidade — me encara adiante, boquiaberto.
— Gostaria de dizer que sinto muito — o Conde diz, tirando uma rosa do bolso e a jogando aos meus pés. — Mas na verdade, não sinto nada.
No castelo ela verá com os
próprios olhos o que o homem marcado por cicatrizes por todo o corpo, escondido
sob uma máscara, e que mesmo assim mexe com sua sanidade, realmente faz nas
masmorras. Será tentada de todas as formas a ceder a um tipo de prazer que
jamais imaginou conhecer. Ao mesmo tempo em que tentará descobrir por que
deseja tanto que ele faça com ela todas as coisas que viu, mesmo considerando
ele um monstro por toda dor que lhe causou.
A roda gira outra vez até que ela esteja de cabeça para baixo. Suas pernas estão abertas e sua intimidade, exposta. O Conde dá um passo em sua direção e projeta o quadril para frente. Suas costas arqueiam, e ele olha para baixo. Eles se encaixam. A mulher. Ela está… Sim, ela está. A mulher engole tudo que ele oferece, e eu quase perco mais uma vez o equilíbrio.
Afinal de contas quem é o Conde
de Orr e o que ele quer com Cristine?
Ele levanta da cama. Espero que ria, me ignore ou me rejeite, mas ele não fala nada. Tampouco se move ou responde. A pergunta roubou seu chão.
— A masmorra é para…
— Eu sei para que ela serve. — Respiro fundo. — Deus, eu sei. O que estou fazendo incinera cada célula do meu corpo, e me queima como brasas de um fogão. Eu faço qualquer coisa para saber. Quero saber mais do que imagino querer.
Essa pergunta fica fácil de
desvendar logo no início de Mascarado. O que digo a vocês é que,
ainda nas primeiras páginas, entendemos o porquê da determinação do Conde em se
vingar de Christine. Sua vingança não se estende só a ela.
Advirto aos leitores também que
isso não dói menos porque sabemos o motivo de tanto rancor. Todas as
atrocidades que o Conde submete Christine são más e fruto de uma mágoa
carregada por anos no peito. Por mais que, inicialmente, tenhamos raiva da
protagonista pelas suas escolhas do passado, seus motivos pareceram assertivos
naquele momento. Ela não imaginou que as consequências seriam desastrosas para
todos e, de certa forma, pagou pelo seu erro em sofrimento em um casamento sem
amor.
Enfim, Mascarado nos conta a
história de como o amor supera os piores sentimentos. Se ele é verdadeiro tudo
pode. Em meio a todos os motivos para condenar, escolher perdoar pode ser
libertador.
Ele se inclina e beija meu pescoço. Fecho os olhos, perdida na sensação sublime de sentir seus lábios na minha pele.
— Faça comigo tudo que fez às outras — peço — Tudo. Comigo.
— É bastante coisa. — Ele encosta os lábios nos meus.
Karina Heid, como
sempre, nos trouxe uma história arrebatadora. Não me canso de afirmar que ela é
mestra em transformar nossos corações em uma montanha russa de emoções. Mascarado
não seria diferente, e é por isso que eu recomendo para todos os amantes de
romance hot que estão com seus testes cardíacos em dia.
Nota :: 










Informações Técnicas do livro
Mascarado
Karina
Heid
Ano: 2019
Páginas: 283
Editora: O Caminho Interior
Sinopse:
Havia
rumores sobre o lendário e sombrio conde que habitava as planícies de Orr.
Alguns diziam que ele era um homem selvagem, de gostos lascivos e conduta
imoral. Outros afirmavam ser ele um monstro sem face, impecavelmente vestido de
negro e envolto em uma aura de sensualidade.
Com
o baile anual se aproximando, a presença do misterioso nobre é confirmada. Para
Christine, prisioneira em um casamento forçado, sua vinda é um evento
superestimado, uma das muitas fofocas vulgares da cidade.
Não
lhe interessa saber quem é o conde, sua fama de perverso ou por que o
cavalheiro impecável cobre o rosto com uma máscara. A ela interessa descobrir
por que ele lembra tanto alguém do seu passado, e por que parece tão
determinado a atormentá-la.
Embora
aquele homem protagonize as histórias mais escandalosas do reino, em seus
braços ela desfalece sem forças, enfeitiçada por olhos azuis gelados que a
fazem voltar a ouvir o próprio coração. Aquele único encontro desencadeará uma
sequência de eventos que nem em seus piores pesadelos poderia antever. Tudo
porque não consegue resistir à semelhança do Conde com o rapaz que amou - e
perdeu - anos atrás...
_____Sobre a Autora_____
Karina Heid
Karina Heid é escritora e psicóloga. Já trabalhou com marketing, foi professora de alemão e instrutora de lego. Em 2005 casou-se com um aventureiro de pés no chão e juntos decidiram expatriar. Enquanto moravam na Romênia escreveu A Jornada das Bruxas, seu primeiro romance, e em 2016 ganhou o prêmio literário Flic-ES pela obra A Última Peça. Para ela, escrever é fazer magia, é transformar palavras em universos. É em um desses universos que ela e sua família andam vivendo ultimamente.