01 fevereiro, 2022

# @Milly # Arthur Malvavisco

Resenha :: Príncipe Partido (Senhores de Sombra e Prata #2)



Não lembro quais eram minhas expectativas ao iniciar essa duologia, mas se elas eram altas, nem de perto estava me preparando para o quão incrível seria essa leitura. Senhores de Sombra e Prata é uma obra prima da literatura fantástica nacional que me encantou logo de cara em seu primeiro livro Lebre da Madrugada (resenha aqui) e não deixou a desejar aqui em Príncipe Partido.

 

... esse livro é sobre como dois homens – dois ideais diametralmente opostos de masculinidade – colidem e completamente viram de cabeça para baixo a vida um do outro. Em vez de se destruir, salvam um ao outro, e descobrem que, num mundo dedicado a destruí-los, só é possível sobreviver juntos.

 

Começarei dizendo que comecei a marcar esse segundo livro nas notas do autor, antes mesmo de começar a história eu já tinha pontos favoritos da escrita. Arthur Malvavisco falando sobre seu livro e personagens é um poeta, nem tenho palavras como estou encantada pela escrita desse homem, então não poderia deixar de deixar aqui todos os elogios possíveis.

 

... esse livro também não é sobre um ideal romântico: os relacionamentos da trama são afetados, às vezes negativamente, pelo mundo cruel. Mas ainda é um romance. Amor floresce mesmo na escuridão, e às vezes lançará raízes mais profundas que as manchas da guerra.



Falando da história em si, nesta continuação encontramos mais o ponto de vista de Aeselir Hrád e ainda a divisão de tempo entre o presente e o seu passado, diferentemente do primeiro livro que conta o passado de Andras. Obviamente, por conta disso, acaba que Príncipe Partido é bem mais sombrio e angustiante por conta da personalidade mais obscura de Aeselir. E sinceramente usei muito pano para o iluriano aqui, o pouco que foi mostrado do passado mau de Lyr, no livro anterior, nem se compara com as verdadeiras coisas que acabamos descobrindo que acabou fazendo, além dele também ser a personificação daquele ditado “de boas intenções o inferno está cheio", pois até quando o homem tenta acertar ele erra feio (risos). 

 

... a gentileza do rapaz ainda confundia o iluriano. Algo cravava as garras em seu peito quando Andras agia daquela forma, e Aeselir Hrád esperava que fosse raiva, mas percebia que não era. 

 

Oposto totalmente do feiticeiro Lyr temos seu Andarilho Andras, apesar de alguns erros humanos, ele é a personificação do quão bom alguém pode ser, geralmente personagens muito bonzinhos me irritam, mas, diferentemente de outros, Andras tem a dose certa, provando que dá para escrever uma pessoa boa sem tornar ela uma abestalhada (risos). 

 

Aeselir um dia quis conquistar um mundo inteiro. Parte dele ainda queria, mas naquela caverna desejava só ficar perto de Andras. 

 

Eu sempre fui a pessoa que buscava migalhas de romance em livros de fantasia e ficção científica, enquanto fujo quase sempre de livros de romance (HÁ), aqui tive muito mais que migalhas, mas em uma dose que não passou por cima do universo construído, o deixando incoerente. Para ser sincera poucos livros conseguiram manter tudo em medida certa no que ele se propõe a apresentar, tivemos o desenvolvimento da relação de Lyr e Andras, ao mesmo tempo que eles eram caçados pela Virgília, os dois trabalhavam melhor sua conexão e Andras aprendia mais sobre o Umbral, os dois cresciam em sua relação, principalmente por serem de duas raças diferentes e dois homens.

 

Andras se considerava fraco, mas Aeselir via orgulho nele: gracioso como o das garças selvagens que não precisam lutar para ser livres. Depois de tudo o que fiz, ferir esse orgulho é um novo tipo de crime hediondo.

 

Príncipe Partido trabalha mais ainda os secundários do que no primeiro livro, trazendo pontos de vistas e histórias de fundo que se conectavam muito bem com a principal. Calista, Loreta e Maelan são interessantes por si só, e tiveram seus momentos de destaque sem ofuscar os principais e nem serem ofuscados ao ponto de serem irrelevantes para a construção da história.

 

Alguns sufixos de nomes ilurianos eram neutros, dados por pais que imaginavam que seus filhos poderiam ter alguma revelação interior. Maelan, aparentemente, já havia tido sua revelação. Aquele nome era definitivamente masculino.

 

Obviamente está na cara que é um livro com representatividade LGBTQIA+, mas nem de longe o casal principal é a única representação, boa parte dos personagens se encaixam dentro da sigla, além do mundo iluriano ter uma cultura bem mais livre em relação a sexualidade do que Solaria, por exemplo. No geral gosto mundo da forma que o autor trabalha a representatividade de forma natural, que não se sobressai e nem é ofuscada pelo universo.  

 

— Porque eu o amo. O facínora e genocida.

 

Enfim me repetirei e me repetirei para falar o quão boa é essa duologia, e o quanto quero acompanhar mais trabalhos do autor. Além de tudo, como já havia dito do livro anterior, apesar de só se encontrar em formato e-book, a beleza da edição faz que a gente anseie por esses livros em físico, cada ilustração presente no início de cada capítulo me fez parar para apreciar por alguns segundos antes de continuar lendo. Espero que essa história tenha muito, mas muito mais reconhecimento. Leiam!



Informações Técnicas do livro

Príncipe Partido 

Senhores de Sombra e Prata #2 

Arthur Malvavisco 

Ano: 2021 

Páginas: 470 

Editora: Independente 

Sinopse:

Após escapar por pouco à Vigília, Andras e Aeselir estão feridos e isolados às vésperas de um desastre mágico. Estariam também desarmados, não fosse por um detalhe: com o Umbral que corre nas veias de Andras após seu Despertar, eles se tornaram Andarilho e Feiticeiro, capazes de moldar o poder das sombras a seu favor. 

Isso, porém, não torna a vida mais fácil. Sentimentos complicados afloram entre eles: desejo e vergonha, amor e culpa por crimes cometidos na década passada. Ainda caçados pela Vigília e ameaçados pelo Eclipse, médico solariano e guerreiro iluriano precisarão forjar alianças para sobreviver. Assombrados por inimigos antigos, terão de enfrentar também os esquemas de um nobre iluriano peçonhento e reatar laços com familiares perdidos há muito tempo. 

Com a aproximação do Eclipse e sob ameaça de guerra, segredos sobre uma doença que acometeu seus dois mundos serão revelados com o auxílio de uma menina-águia, e Andarilho solariano e o Príncipe-Feiticeiro terão de lutar por amor, para restaurar coisas quebradas e para descobrir seu lugar num mundo que os odeia. 


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