18 setembro, 2022

# @efinco # Aventura

Resenha :: A Cidade das Feras (As Aventuras da Águia e do Jaguar #1)



Olá, pessoas. Se existe um nome na literatura que sempre tive uma curiosidade quase reverente em ler é Isabel Allende, e confesso que essa oportunidade me pareceu ser única, então, vamos a ela.



Esse é um romance para jovens leitores, mas também recomendo para leitores de outras faixas etárias, porque a escrita brilhante de Allende não vai te decepcionar, mesmo que não curta tanto a história por ser o desenvolvimento de um garoto de 15 anos, que vai nos contar sua história. Ok, não era bem o que esperava, mas com a promessa de aventuras e uma ida à Floresta Amazônica, a leitura começou me deixando meio confusa e ansiosa pelo que viria. 

  

Vamos começar conhecendo a família de Alexander Cold, que no momento está definhando conforme a doença de sua mãe piora. Literalmente o pai fica por cuidar da esposa e envia os filhos para morarem com seus avós e Alex vai ficar com a avó paterna, enquanto suas irmãs com os maternos. E, assim, vamos descobrindo mais sobre a avó Kate Cold. 

  

— Com a idade se adquire uma certa humildade, Alexander — respondeu ela com secura. — Quanto mais velha fico, mais ignorante me sinto. Só jovens têm explicação para tudo. Na sua idade podemos ser arrogantes e não importa muito se parecemos ridículos.



Não dá para ter tido mais antipatia por uma personagem do que senti por ela nos primeiros capítulos, mas tudo tem um porém, não é mesmo? E adorei a autora não ter demorado a mostrar que mesmo pessoas menos propensas a demonstrar afeto, tem sua própria maneira de os demonstrar e sentir. E o gelo que senti, em um primeiro momento, começou a se transformar em curiosidade e um voto de confiança. 

  

A história vai acontecer na região amazônica entre a Venezuela e o Brasil, muito legal para lembrar que, mesmo estando grande parte no Brasil, a floresta se estende por toda região norte da América do Sul. À medida que eles viajam para lá, vamos lendo informações e desinformações sobre a região, preconceitos, ensinamentos desatualizados e muitas lendas e mitos não apenas sobre os habitantes, mas também sobre a própria região florestal. 

  

Personagens como Lebanc são o suprassumo do que existe de mais tóxico no homem, a grandeza da Allende se mostra em um capítulo despretensioso e que lindamente exemplifica conceitos que só agora a sociedade parece começar a perceber que acontecem em uma frequência assustadora. O mansplaining, quando um homem explica coisas que ele considera óbvias à mulher, muitas vezes com um tom paternalista, como se ela não fosse intelectualmente capaz de entender algo. E o “manterrupting”, quando homens interrompem falas de mulheres. Mas deixando a troca de olhares entre Kate e a Dra. Torres, com aquela sensação gostosa de sororidade.



À medida que se embreavam na floresta, seguindo o curso do Rio Negro, a vegetação se tornava mais voluptuosa, o ar mais espesso e odorífero, o tempo mais lento e as distâncias mais incalculáveis. Avançavam, como se sonhassem, por um território fantástico. 

  

Alex é o típico garoto de apartamento, que ao se ver jogado em meio à selva, hora parece agir como criança, mas na maior parte do tempo é só um adolescente que está chateado demais, porque o mundo não o serve como o príncipe que ele imagina ser. Portanto, no começo existem cenas que tanto enternecem quanto irritam da parte dele, mas sem dúvida o crescimento dele durante o livro é uma das melhores partes de se acompanhar. 

  

Nádia traz o equilíbrio do nativo que não tenta ser o que não é e aproveita o máximo tudo que pode ser. Afinal, ela não tenta ser canadense por ser filha de uma, ou brasileira por ser filha de seu pai, ou indígena por viver na floresta, ela é Nádia, o que lhe basta enquanto pessoa. Se veste e se enfeita conforme a adolescente que é. E, sinceramente, a maturidade dela transpira perto de Alex, o que só me deixou ainda mais apegada a Nádia por seu amor e respeito pelo seu mundo.



A floresta é muito descrita, imagino que para dar uma experiência para quem nunca esteve ou estará lá e também para deixar de longe a maioria do que é descrito dela ou simplesmente não é verdade ou já deixou de ser a alguns séculos. Alex ajuda muito com sua visão errônea e cercada de avisos inúteis ou conselhos úteis. 

  

A escrita é muito fluida e envolvente, mesmo em uma parte que você considera descritiva (porque já conhece tudo que está sendo descrito, então não tem deslumbramento) é muito tranquilo e vai super bem. Ela não demora muito a rever o que está por trás daquela expedição e da fera que aterroriza as pessoas, nem mesmo tem muita sutileza para explicar porque homens como Lebanc são realmente escolhidos para estarem a frente de projetos, uma pausa para dizer que adorei! 

  

A sensação de que eram seguidos havia se apoderado de todos. Sem que o confessassem — pois aquilo que não se menciona é como se não existisse — vigiavam a natureza.



Existe muita ação e constantemente coisas estão acontecendo, não ao ponto de cansar, mas na medida para manter a atenção e a tensão na história. A parte de fantasia é bem misturada com a verdade ao ponto de o limiar da ficção ficar confuso a ponto da possibilidade. Me remeteu, talvez entregando a idade, ao "Mundo Perdido". Gostei muito de a autora mostrar que vários melindres e manias são decorrentes do excesso de opção. Que a privação ensina mais que muitas aulas e que a fome faz o faminto se alimentar do que pode e não do quer e, em um determinado momento, Alex deixa de ser o único narrador da história, passando também a termos brevemente a visão de Nádia. 

  

Perto do fim temos as reviravoltas acontecendo, algumas completamente surpreendentes, pois achei serem de assuntos resolvidos, mas o plot twist principal me deixou muito triste. Porém, não retirou de todo o brilho da história criada e já estou animada para a continuação. Uma das partes mais emocionantes, para mim, foi ter reconhecido e entendido Nádia, antes que a autora a revelasse e, claro, a cena entre mãe e filho. Vou guardar essas lembranças para sempre, com a aventura vivida nesse primeiro livro da trilogia.



Sobre a edição, a capa é lindíssima, a parte interna colorida deixou o conjunto ainda mais elegante, ela tem aquele toque soft e o título em dourado ficou muito lindo. A fonte, diagramação e papel colaboram para o conforto da leitura, a revisão e tradução são excelentes. Boa leitura e até a próxima!




Informações Técnicas do livro

A Cidade das Feras 

As Aventuras da Águia e do Jaguar #1 

Isabel Allende 

Tradução: Mario Pontes 

Ano: 2022 

Páginas: 308 

Editora: Bertrand Brasil 

Sinopse:

Em A cidade das feras, a autora best-seller do New York Times Isabel Allende explora a Floresta Amazônica em uma aventura envolvente e emocionante, educando e alertando sobre os perigos que ameaçam a floresta. 

  

Alexander Cold é um garoto de 15 anos que leva uma vida tranquila com a família, na Califórnia, até o dia em que é surpreendido pela notícia de que, por causa da grave enfermidade da mãe, terá de ir morar com a avó paterna em Nova York. 

Como se não bastasse, ele terá de viajar com ela numa expedição à Floresta Amazônica, à procura de uma criatura misteriosa, conhecida como a Fera. Alex e Kate Cold se embrenharão por matas perigosas acompanhados por uma equipe de pesquisadores, um guia brasileiro e sua filha adolescente, Nádia. 

Conhecedora da língua dos indígenas e dos caminhos da floresta, a jovem Nádia logo se tornará grande amiga de Alex. Os dois serão obrigados a conviver com o perigo a todo instante, mas, em contrapartida, conhecerão um mundo surpreendente, repleto de sabedoria milenar, deuses, animais supostamente extintos e espíritos que andam de mãos dadas com os vivos. 

Alex e Nádia ainda não sabem que os inimigos estão mais perto do que imaginam e que eles querem transformar a floresta num negócio altamente rentável, explorando seu solo à procura de diamantes, traficando armas e drogas pelos rios e dizimando seus nativos com doenças mortais. 

Em A cidade das feras, início da trilogia As aventuras da águia e do jaguar, Alex e Nádia percorrerão mundos onde o limite entre sonho e realidade torna-se imperceptível, e dessa aventura nascerá uma verdadeira e duradoura amizade. 

Isabel Allende, best-seller do New York Times e uma das escritoras mais admiradas em todo o mundo, escreveu A cidade das feras em 2002. Em edição com capa nova, este primeiro infantojuvenil da autora alerta para o perigo que nossa floresta e nossos animais estão correndo.



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