16 novembro, 2017

# @efinco # Editora Cândida

Resenha :: O Som das Estrelas Caídas


O Som das estrelas caídas é um livro de poesias. Então antes de dizer, porque já pensou, que não lê poesias, leia essa resenha.

Após esse livro comecei a me indagar se poesias não seriam uma antologia de sentimentos ou talvez de breves contos. Aqui o personagem principal num momento é o leitor e algumas vezes são as próprias emoções, as poesias, as narrativas dos sentimentos, enfim... O abstrato das sensações. Que ao serem lidas deixam de ser de quem escreveu e passam a ser meus enquanto leitora.

"Escrevo porque sou poeta e um dia a mais que escrevo cria um dia a mais para mim quando deixo ir através do lápis o que não pertence à minha unidade"(Fala a poeta apaixonada à vela que se desfaz)

Logo de cara em Fênix Contida, me vi refletindo sobre milhares de escolhas que fazemos todos os dias e quantas delas são erradas. Que por comodidade ou conformismo saem baratas pelo preço cobrado e depois só resta o voltar com as próprias forças para um recomeço, para as tentativas de escolhas melhores. E os poemas foram gerando em mim perguntas, respostas, estranhezas e inquietações tal qual esperamos encontrar em um livro de poesias.

"Assim sendo, vamos todos vivendo, vamos todos aos poucos morrendo.Tudo ao mesmo tempo e agora" (Felicidade Relativa)

Poesia é a arte de dizer muito em poucas palavras e essa arte é desde as histórias mitológicas; cultuada como talento e atribuindo a ela a poesia como uma arte divina, sagrada. E é dessa fonte mitológica que a autora Idayana bebe para escrever as palavras que darão O som as estrelas que caídas. Amei o poema que dá nome a obra a resposta para essa afirmação, não a afirmação não é uma pergunta, mas gera a dúvida em quem a lê enquanto afirma. E no meu humilde modo de entender, cada estrela é um sentimento, uma palavra, uma rima ou um verso desse livro e do coração da autora e durante a leitura também meus. Mas para você descobrir o som vai ter que assim como eu ler, porque com certeza cada som será único.

Além da referência ao mitológico, temos também, ao Ballet, ao latim e me arrisco a dizer a magia Wicca. Espero que você também se encontre nas páginas, poesias e palavras.

"Deixando um pouco de mim E tomando um pouco de si,Tocando-te como gostaria que me tocasse..." (Toca-me)

Assim como contos, poesias são histórias que eu gosto de ler com calma, escrever pequenas anotações, (não me odeie!), e muitas vezes deixar quieto até me sentir inquieta para voltar a ler ou até mesmo reler, para ver se olho duas vezes para o texto com os mesmos olhos. Como foi o caso em Delicada inquietação, me peguei rindo com as nuanças delicadas do poema que fala do flerte, daquele momento que precede o beijo, a paixão, mesmo na segunda vez em que li.

"Eu quero alguém que traga amanhãs, promessas e agoras" (Quero um amor que me traga flores)

Ainda mais que em qualquer outro livro de história linear na poesia cada poema toca de uma maneira diferente, várias vezes, o leitor durante a leitura e nesse contexto acho que mais que qualquer outro gênero literário é uma leitura única. Que pode ser lida de uma vez, várias vezes e por muitas vezes revisitada.

Agora antes da nota preciso explicar porque ela é injusta e justa ao mesmo tempo. A nota 4 é pela diagramação do livro e não pelas poesias que merecem um 5. 

“ao confrontar o espelho e não conciliar-se com o que se vê Faltasse-nos certeza e afogando-nos em dúvidas, seguimos ásperos já não aspiramos as flores, por temer as abelhas”(Não sabemos por quê)

A capa é incrível e uma das mais belas capas de poesia a qual já vi, não encontrei nenhum erro ortográfico. Porém, na hora da diagramação o editor falhou e aí mora o problema: as páginas do livro são brancas; uma folha por poesia foi uma sacada incrível, mas o texto poderia aproveitar mais o espaço para pontuar o texto e ajudar o leitor não acostumado a ler poesia entender as ênfase e marcações.

Para mim faltou as notas de rodapé pra expressões não nacionais; contar que o leitor entenda as referências sem esses apontamentos faz com que a poesia sofra com a perda do entendimento. E por fim eu senti falta de uma organização mais linear dos temas das poesias; me senti indo e voltando algumas vezes e isso dificultou um pouco a leitura. 

Nesse exato momento; eu gostaria de outra publicação, com a mesma capa, porém com os poemas separados por temas e ganhando entre um tema e outro algumas gravuras talvez, notas lindas de rodapé ou ainda no final do livro um glossário de referência. Enfim uma nova publicação que valorize mais o conteúdo maravilhoso desse livro.

"E, no fim do paraíso verbal,No parágrafo ainda finalizado em reticências,Resta uma dúvida, dando voltas e voltas" (Tarde sem graça)

Nota :: 

Informações Técnicas do Livro

O som das estrelas caídas
Idayana Borchardt 
Ano: 2017
Páginas: 112
Editora: Cândida
Sinopse (Skoob):
O Som das Estrelas Caídas” é o primeiro livro de Idayana Borchadt, e traz uma compilação de 88 textos da autora, entre poemas e prosa poética. A obra, publicada em 2017, é fruto do trabalho desenvolvido desde 2015 pela escritora em seu blog pessoal, onde retrata sensações, fragmentos de devaneios e sentimentos. 
É um livro de poesias escapistas, para quem quer deixar o cotidiano um pouco mais fantástico. É uma viagem idílica entre amores, sensações, mundos e situações. A paixão da autora por mitologia transparece em uma série de poemas, bem como o fascínio por criaturas fantásticas, como a fênix.

Sobre a autora:

Idayana Borchardt

Aquariana, escritora e musicista . A autora mantém o blog O som das estrelas caídas e em seu primeiro livro, apresenta recortes e poemas que anteriormente já foram postados no blog. Fragmentos de devaneios, viagens encantadas e sentimentos transcritos em palavras.
Natural de Vitória - ES é graduada em pedagogia e aluna de licenciatura em música.

PS.: Recebi esse livro em parceria com a autora, mas garanto minha honestidade para com a resenha e respeito para com a obra.

2 comentários:

  1. Os versos da escritora Idayana são profundos. Admiro muito a sua coragem.
    Clube, parabéns pela resenha 👏👏👏

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  2. Elisabete, publicar uma resenha de um livro de poesias é uma tarefa extremamente árdua, porque os versos do autor tem que ressoar em sua mente, creio que você tenha captado com maestria a obra da Idayana.
    E o carinho para com a obra está em cada linha escrita nesta resenha.
    Minha admiração por você cresce a cada dia mais, obrigada pela sua amizade!

    Beijos

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