Imaginem uma sociedade onde o aborto é proibido,
mas apenas até aos 13 anos, depois disso, dos 13 aos 17 anos, os pais podem
decidir se o filho deu certo, eles podem mandar os fragmentar, que além de se
livrar dos adolescentes indesejados tem como principal objetivo o transplante
de seus órgãos, o que segundo o Estado, não é matar, mas viver de forma
dividida, em outras pessoas, outra chance de uma vida melhor, essa é a “Lei da Vida”.
- Eu nunca seria grande coisa mesmo – continua Samson -, mas agora, falando estatisticamente, há uma chance maior que alguma parte minha alcance a grandeza em algum lugar do mundo. Eu prefiro ser parcialmente grande a ser completamente imprestável.
Um livro simples e completamente genial! Uma
distopia que faz você pensar em questões como o aborto, a doação de órgãos e a
adoção. Os três personagens principais são adolescentes com ordens para ser
fragmentados. Connor por ser um jovem problemático, Risa por ser uma
tutelada pelo Estado, uma órfã que não adquiriu potencial suficiente para se
manter inteira, e o mais interessante para mim, Lev, o mais novo, que
cresceu sabendo que aos 13 anos seria levado para o Campo de Colheita (onde acontece a fragmentação), ele é um
dízimo, um tributo, uma obrigação religiosa que os pais oferecem a Deus, ele
cresceu achando que tudo isso era uma honra, acredito que ele tem a melhor
evolução entre os personagens, comete bastante erros, mas é difícil
desconstruir uma vida inteira de lavagem cerebral.
Sobre a existência da alma, quer fragmentada ou nascitura, as pessoas podem debater por horas a fio, mas ninguém questiona se uma instituição de fragmentação possui alma.
Esse livro acaba nos chamando atenção, nos
cutucando para assuntos da atualidade, e não se trata só de mais uma distopia
em que o mundo que conhecemos acabou, por falta de algo, briga por recursos, se
trata de uma guerra que começou com ideias do que é certo ou errado, onde cada
um não aceitava a opinião do outro. A Lei
da vida só é criada para dar um fim a essa guerra civil que tinha de um
lado Pró-Vida (contra o aborto) e do outro é o Pró-Escolha
(a favor do aborto). Então esse “meio termo”, que é a fragmentação, é
aceito.
Houve dias sombrios que levaram à guerra. Tudo que achamos que define o certo e o errado estava sendo virado de cabeça para baixo. De um lado, as pessoas estavam assassinando médicos abortistas para proteger o direito à vida, enquanto do outro as pessoas estavam engravidando apenas para vender o tecido fetal. E todos estavam escolhendo seus líderes não pela capacidade de liderança, mas pela opinião que tinham sobre essa questão. A loucura era descomunal! Então o exército entrou em colapso, ambos os lados tomaram armas para a guerra e duas opiniões se tornaram dois exércitos determinados destruir um ao outro. E então veio a Lei da Vida.
A narrativa é muito boa, é em terceira pessoa e
acompanhamos os pontos de vistas desses três personagens. Gostei muito de alguns personagens
secundários, algumas coisas talvez tenham se passado rápido demais, mas o autor
consegue passar todos os detalhes dessa nova sociedade de uma forma
satisfatória. Se tem algo que não se entende no começo, ele é apresentado no
decorrer do livro a explicado sem deixar a narrativa cansativa.
Esse livro é o primeiro de uma série composta
por quatro livros, o final é bem amarrado, eu inicialmente não sabia que teria
uma continuação, mas fiquei feliz em saber!
Então é isso... Leiam!!!
(...) É claro que, se mais pessoas tivessem doado seus órgãos, a fragmentação nunca teria acontecido... mas as pessoas gostam de guarda o que é delas, mesmo depois de morrer. Não levou muito tempo para que a ética fosse esmagada pela ganância. A fragmentação tornou-se um grande negócio, e as pessoas deixaram que acontecesse.
Nota :: 








Bônus: Leia um
trecho em PDF
Informações Técnicas do livro
Fragmentados
Só porque a lei diz, não significa que é verdade
Só porque a lei diz, não significa que é verdade
Fragmentados #1
Ano:
2015
Páginas:
320
Editora:
Novo Conceito
Sinopse (Skoob):
Em uma
sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos
reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria.
Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma
alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se
conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto,
quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um
mundo ensandecido,18 anos parece muito, muito longe.
O
vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias
dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas
sobre o que realmente significa estar vivo.
- Não sei o que acontece com nossa consciência quando somos fragmentados. Nem sei quando é que começa a consciência. Mas de uma coisa eu sei. Nós temos direito à vida!
Oi, tudo bem ?
ResponderExcluirNão conhecia antes deste post e poder ler sobre seu ponto de vista só mostrou o quanto a história é forte.
Conheci esse livro por acaso tbm, e é muito bom como ele passa coisas importantes de forma simples, mas ao mesmo tempo não de forma pesada. Gostei bastante ❤
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