*recebido em parceria com o Grupo Editorial Coerência |
Olá, pessoa! Minha resenha de hoje é sobre o livro
que já ganhou as Primeiras Impressões aqui no Clube (clique aqui para conferir). E estou certa que se você já leu, sabe que a
expectativa e ansiedade ficaram bem altas após a leitura dos capítulos
iniciais. Enfim, estou aqui para contar como foi a minha experiência de leitura
dessa obra, que, com certeza, é bem mais que apenas uma história de terror.
Preciso começar dizendo que a própria edição é
parte dessa experiência, a começar pela capa, folha de guarda, prefácios e
imagens que preparam quem irá ler, criando toda uma ambientação, expectativa,
tal qual assistir um filme em um cinema, onde cada coisa é pensada para criar o
todo. Assim, deixo logo no início meus mais sinceros elogios. Porque
funcionou!!!
O livro é a história de um ator que repetidamente interpreta um único personagem, em apenas um único momento da vida dele, a Via Crucis. Então o imagine assim como os atores que interpretaram o "Papai Noel" nos Natais, eles mantêm sua imagem pronta para ser próxima da imagem associada a seu papel. E, claro, a dúvida que permeia tanto o ator quanto o imaginário dos seus fãs é: Até que ponto o ator acredita em seu personagem e o quanto ele próprio vive no cotidiano o papel que interpreta?
Por mais que eu soubesse ser o único ali, parecia impossível afastar a presença incômoda daquele intruso imaginário.
A história é narrada pelo próprio Fausto, com uma
linguagem tanto do cotidiano, quanto erudita, a depender de quem está
dialogando com nosso personagem principal. O texto se constrói de uma maneira
muito fluida e de fácil entendimento. Alguns trechos ganham a narrativa em
terceira pessoa, criando um distanciamento da cena, como de quem olha de fora,
e traz uma visão que, além de melhorar o entendimento, dá a quem ler um
sentimento de profundidade, quase como se a história ficasse em 3D.
Claro que quanto maior seu conhecimento em relação
às referências existentes no texto, mais rica fica a história, mas ela própria te
explica as alusões e alegorias, o que deixa o texto de fácil entendimento.
Mas crescia em mim a sensação desconfortável da existência de um vulto entre as sombras, com olhos cobiçosos, que me espreitava sem que eu pudesse vê-lo ou ouvi-lo.
Os diálogos são, para mim, sensacionais e também o
ponto chave dessa escrita, porque, à medida que acontecem, mostram que a linha
entre o real e o abstrato é tênue. Esses mesmos diálogos são um convite ao
pensamento crítico, ao quanto o que acreditamos, de fato, é um credo assentado
à definição bíblica ou uma forma de costume cultural passado de pais para os
filhos, sem nenhuma base mais sólida, que apenas serve como muleta social aos
medos do desconhecido.
Em Laila temos a análise crítica, racional, lógica
e marcada pelos ponteiros do relógio. Nos diálogos do consultório vemos que,
mesmo em um ambiente que teoricamente seria estéril de fé, aquilo que somos
enquanto pessoa não se separa do todo em nome da ética profissional. E que a
pretensa verdade absoluta deixa de existir quando o medo das respostas é maior
do que a pergunta. Deixando durante a leitura a pergunta: Estaria Fausto louco ou apenas mais lúcido que a maioria?
O que beira o infinito para ti nada mais é que uma faísca na existência da criação – filosofou a Serpente. Não te assusta a revelação de que o fim está dito?
Tal qual os escritos sagrados, o diabo toma a forma
que lhe convém para causar o efeito a seu intento. E assim, como fez a Eva,
tenta nosso personagem com as promessas, seja de castigo ou poder, o que convém
a seu discurso. Me deixando com a certeza de que foi por dar ouvidos ao diabo
que Eva pecou. Seu agente, Elias, é a personificação do provérbio que diz que
aquele que serve a Deus por dinheiro, servirá ao diabo por um salário maior.
E assim os quatro principais montam o palco dos
caminhos que a humanidade trilha a cada dia, colocando o seu próprio “Eu” no altar e se esquecendo que, no
plano geral do universo e até mesmo do sistema solar, nada mais somos que um pequeno
planeta orbitando ao redor do sol.
A narrativa é pautada por capítulos e marcando parágrafos
como versículos, fazendo parte de uma diagramação perfeita para o convite a
emersão nessa história, que lida com nossos maiores “pecados” e “virtudes”,
em um convite sedutor a repensarmos nosso papel como humanidade. O terror, para
mim, não fica por conta da presença do mal encarnado, e sim das respostas às
perguntas que somos levados a nos fazer durante a leitura. Será que queremos saber as respostas?
Encerro minhas palavras sobre a história dizendo
que, sem ofender a nenhum credo, Fausto expõem as mazelas da humanidade diante
da finitude. O maior dos temores, que é a mortalidade, leva o fanatismo a
níveis inumanos, para garantir uma eternidade divina, que nega nossa existência.
A escrita do autor continua insinuosa em nossa
mente durante a leitura, levando do medo às teorias, perguntas um tanto quanto
filosóficas sobre algo tão abstrato quanto a fé. Sem negar a existência de
Cristo, o grito de que o fim está próximo e as escrituras se cumprem, dão o tom
de algo que, para mim, aterroriza mais os mortais do século 21 que o próprio
diabo. A morte.
Com imagens que marcam a imaginação, antes abstrata, em arte concreta em tons de preto e branco, papel e fontes perfeitos para uma leitura confortável, uma revisão textual excelente e uma encadernação de luxo com corte de borda em vermelho, capa dura e verniz dando uma sensação de alto relevo. Temos, sem dúvida, mais que um livro, um presente a qualquer estante.
Nota ::
Não é um livro ne, é uma obra de arte!
ResponderExcluirEsse lançamento deu o que falar e dá pra entender pq!
É uma obra pra marcar mesmo!
osenhordoslivrosblog.wordpress.com