25 setembro, 2021

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Resenha :: Tess dos D'Urbervilles


Olá, venho compartilhar aqui minha leitura de Tess, do autor Thomas Hardy. Foi meu primeiro contato com alguma obra escrita por ele, mas já adianto que lerei outros livros em breve, porque foi uma experiência incrível. Como a sinopse é bem básica, vou contar um pouco da história, sem entrar em spoilers. Acredite em mim, a trama é tão intensa e cheia de reviravoltas, que os primeiros capítulos que vou comentar nem de longe irão estragar a experiência de leitura de ninguém.

 

A história começa contando sobre um camponês, John Durbeyfield, que, por mero acaso do destino, descobre que descende, possivelmente, de uma grande e aristocrata família, dada por extinta, os D’Urbervilles. O sr. Durbeyfield, embevecido por essa descoberta, começa a agir como imagina que alguém que descende de tão renomada família deveria. Porém, sua fala rude e com graves erros de pronúncia, denunciam a ausência do berço nobre e também de fortuna, sem nenhum senso de responsabilidade, que um homem que prefere beber a trabalhar ou se dedicar à família.



Assim, o autor nos apresenta a região rural onde os Durbeyfield moram, seus costumes e também a família da qual Tess faz parte, cujo pai correu para o “pub” para contar a novidade aos amigos e ali ouve dizer haver uma senhora d’Ubervilles muita rica, vivendo em uma mansão, não muito longe de Marlott, que é onde vive Tess e os seus. Com a falsa ilusão de que isso seria o suficiente para que a troca de gentilezas fosse algo correto entre "parentes", John e a esposa, Mrs. Joan Durbeyfield, enviam Teresa a essa senhora com a missão de pedir-lhe ajuda financeira. É aí que os verdadeiros problemas da jovem e inocente Tess começam e toda a tragédia que se abateria sobre ela. 

  

Alec d’Urberville, filho da velha senhora, o qual a família Durbeyfield supõe ser seu primo, na verdade, não o é, o pai de Alec juntou uma grande fortuna, mas faltava-lhe um nome nobre, ele pesquisou a história de algumas famílias e decidiu tomar este nome de “empréstimo” para dar uma “envernizada” no passado. E vivendo com essa família de “parentes”, Tess é assediada por Alec, até que ele consegue violenta-la e com isso ela perde o único valor que uma mulher tinha na época, a honra, fazendo com que ela vá até o fim pagando por um crime que não cometeu, muito ao contrário, foi vítima. A partir desse ponto é impossível abandonar a leitura, porque a necessidade de descobrir o que acontece a ela é mais forte que qualquer outra coisa. 

  

Afinal, visto o ocorrido, ela foge de volta à família, reassumindo seu lugar na casa e no ganho do sustento, tendo voltado ainda mais pobre do que foi, por ter perdido algo que não poderia reaver por valor algum. Tempos depois, em um instante Tess conhece Angel, o mocinho desse romance. E vai ser o personagem que vai trazer a discussão toda a hipocrisia da moral cristã, sendo ele um livre-pensador, um homem que abandona as certezas e o caminho traçado pelo pai, um clérigo radical, para seguir fiel a si mesmo, respeitando o seu próprio modo de ver o mundo.

  

Em seu reencontro com Angel, Tess, ciente de sua condição e do que já havia vivido até esse reencontro, decide se manter longe do romance e do casamento, aceitando sua penitência e mantendo-se discreta em sua conduta. E, mesmo assim, atrai aí Angel, que a tem por preferida em detrimento a todas as outras moças. E nem mesmo Angel, com o seu refinamento e sua bondade, consegue entender e aceitar o drama de Tess, deixando-a à mercê das injustiças de sua época e da dominação masculina. 

 

Amava-a por quem ela era; sua alma, seu coração, sua substância - não por sua habilidade na ordenha, sua vontade de aprender, e certamente não por sua simples e formal profissão de fé. Sua existência ao ar livre, pouco sofisticada, não requeria verniz algum de convencionalidade para torná-la palatável a ele.

 

Sendo impossível, a essa altura da trama, quem estar lendo não torcer por uma felicidade genuína para Tess, enquanto acompanha a difícil luta para a mulher tentar sobreviver em um mundo dominado por forças que se opõem e convergem em ditar os caminhos da vida de uma pessoa, desde seu nascimento até sua morte e, de certo modo, até depois dessa. A constante luta de Tess para evitar um destino que parece ter sido traçado ao conhecer Alec, a dificuldade na busca por trabalhos sazonais e como o pagamento é inferior ao masculino em um trabalho igual ou ainda mais pesado, que se vê diante uma nova provação com o retorno de Alec a sua vida, da maneira mais improvável.



Eu, particularmente, fiquei pensando que o ponto alto desse romance é a inevitabilidade do destino, e como as vãs tentativas de mudar o que foi escrito são, além de inúteis, catastróficas para quem atenta contra o que deveria ser. Tess durante todo o tempo luta para manter o mínimo de dignidade e tem suas tentativas frustradas por algo maior que ela. 

  

Preciso dizer que o texto de Hard é lindamente escrito, de certa forma poético, e que a edição da Pedrazul Editora faz todo um diferencial positivo para a leitura dessa obra. Com notas de rodapé, contendo informações fundamentais a leitura, explicações usadas a época que foram escritos e referências históricas. Digo serem fundamentais, porque essas notas trazem a luz, além de fatos históricos comentados, marcações de textos e referências bíblicas e mitológicas que o autor usa para evidenciar momentos marcantes da história, cores associadas a objetos e personagens.  

  

Espero que você leia essa obra em breve e venha conversar comigo, desculpando desde já minha limitação em descrever esse clássico, mas que todo texto que fiz foi com o desejo sincero de partilhar uma leitura que, sem dúvida, me acrescentou e muito com leitora. Até o próximo livro!! Boa leitura e divirta-se!




Informações Técnicas do livro

Tess dos D'Urbervilles 

Thomas Hardy 

Tradução: Luana Musmanno 

Ano: 2016 

Páginas: 340 

Editora: Pedrazul 

Sinopse:

Em meio às rápidas mudanças econômicas e sociais que sacudiram o século XIX, a Inglaterra rural representa a distância entre tradição e modernidade. Após ser informado de um possível parentesco com os aristocratas D’Urbervilles, o camponês John Durbeyfield envia sua filha, a jovem Tess, para trabalhar com a nobre família. Dividida entre sua posição social e suas aspirações, Tess descobrirá que o mundo pode ser terrivelmente hostil, especialmente para uma donzela. 

 

Um comentário:

  1. Elis, amei sua resenha. Conseguiu transmitir a essência do livro. Tive a impressão na leitura que o autor tentou retratar a difícil realidade da mulher e mostrar o quanto os homens são machistas, pois Alec e Angel, mesmo sendo de naturezas totalmente diferentes, mostraram claramente esta faceta.
    Abraços,
    Gisela
    Ler para Divertir

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