Olá, pessoa. Venho falar sobre minha leitura de um tipo diferente de texto, até mesmo de livro. Nele mais que um convite a ler, impera o convite ao sentir.
Desde a abertura, a autora nos convida a deixar de lado as convenções atuais e talvez a nos lembrar, ou quem sabe imaginar, como é ver os sentimentos em palavras. Não digitadas, mas marcadas pelo peso da mão e das emoções no papel, aquelas escritas de próprio punho que impregna o papel de tudo que quem escreveu sentiu — com mais ou menos — intensidade em cada traço, cada letra e também nos espaços.
Sentir é algo que não apenas as palavras serão responsáveis nesse livro, porque a disposição delas no papel diz muito, seja no preencher da página com texto ou a ausência dele, sempre dará um peso diferente ao conteúdo. E nesse livro um pouco mais.
"Às vezes, a última linha
não é tão encantadora quanto
a primeira."
Talvez
— B
Porque "dentro" do silêncio do espaço em branco encontramos o que não é dito, apenas sentido ou sua ausência. E assim o que eram palavras transbordam sem pintar as páginas, mas tocam de igual forma quem está lendo.
Essa é uma leitura muito agradável para as pausas, os momentos de se encontrar durante o dia atribulado, ou antes de deitar, para ler sem pressa, sem vontade de acabar. Que pede uma bebida quente para acompanhar e talvez um pratinho com algum doce, para lembrar que mesmo as lágrimas têm sua dose de doçura além do sal.
"Seus olhos eram a corda,
seu beijo, o nó.
E a árvore na qual me enforco,
cresceu de momentos que já viraram pó."
A árvore do enforcamento
— K
Os poemas se alternam entre as autoras, assinadas ao final pela letra inicial de seus nomes. Em outros momentos a alternância acaba e recomeça, deixando a narrativa como uma canção, onde a emoção dita a intensidade e a autora a cadência.
O sentir é ditado pela empatia, pelo convite a lembrar quando você se sentiu como no texto ou pensar se fosse você. Então, algumas vezes, surge o riso, o levantar do olhar ou ler e pausar para respirar. Porque, mais do que nas palavras, toda a história está nas entrelinhas e cada pessoa que lê completa com sua própria história esse livro, por aceitar o convite para ler e sentir essas cartas.
"Se você soubesse o quanto é forte, jamais duvidaria das batidas do seu coração."
Se você soubesse
— B
No primeiro poema temos um epitáfio, que nos prepara para os textos de saudade, ansiedade, ausência. Que precede o convite a reflexão, do deixar ir, recomeçar, de que não é preciso ser dois para ser feliz, que sim, é possível se bastar, ser inteira. E, assim, conseguir observar as armadilhas por trás das mentiras, das meias verdades, das ilusões. Que algumas dessas emoções deram origem a canções que tocam em nossa mente enquanto lemos e nos fazem lembrar quando aquela canção era como se escrita para nós! E algumas vezes em forma de conselhos, para si mesma, para quem lê. Para não esquecer o aprendizado, para alertar, para evitar que aconteça ou simplesmente se repita.
"(...) descobri que mais paz vem da dor de desapegar do que da facilidade de manter o apego."
Poder
— K
De página em página, me senti lendo um diário, sem datas. Com as entradas ditadas pelas emoções. E as páginas com imagens dão um toque de lembranças guardadas, preservadas como cartões, cartas, sentimentos de outros que nos tocaram, até notarmos serem escritos de nós para nós mesmas.
A edição está linda, ricamente ilustrada, com uma diagramação que torna a leitura ainda mais imersiva e também, porque não, emotiva, com páginas amarelas e fonte confortável para leitura, o livro físico revela a quem lê mais que palavras, uma rica experiência.
Informações Técnicas do livro
Brittainy Cherry e Kandi Steiner
Ano: 2022
Páginas: 96
Editora: Record
Sinopse:
As autoras Brittainy C. Cherry e Kandi Steiner, vozes potentes e tocantes da literatura, se reúnem pela primeira vez em Uma carta de amor escrita por mulheres sensíveis: uma comovente compilação de poesia e prosa que conquistará o coração dos leitores.
Há quanto tempo você não recebe um bilhetinho romântico? Você se lembra da última carta de amor que escreveu? Ou até mesmo da última vez que viu a letra de alguém em um pedaço de papel e se emocionou ao segurá-lo? Brittainy C. Cherry e Kandi Steiner convidam os leitores a deixar de lado os emojis dos aplicativos de mensagens instantâneas para voltar algumas décadas no tempo.
Escrito ao longo de dois anos, Uma carta de amor escrita por mulheres sensíveis é um relato íntimo e honesto dos sentimentos dessas duas grandes autoras. Brittainy C. Cherry e Kandi Steiner abrem seu coração e falam de amor, perdas, esperança e valores, em uma jornada de descoberta e cura. Tudo isso reunido nessa compilação de poesia moderna e contemporânea que promete fortes emoções.
“Nós somos as mulheres que sentem tudo. E esta é nossa carta de amor. Para você, para eles e para elas, para nós, para o mundo, para ninguém. Seja o dia mais luminoso e ensolarado, quando tudo é perfeito, ou a noite de chuva mais lúgubre e sombria, quando a vida parece insuportável – nós passamos por tudo, sobrevivemos e sentimos cada segundo feliz ou doloroso.” – Brittainy & Kandi
Quem gostou de Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente e Outros jeitos de usar a boca vai adorar Uma carta de amor escrita por mulheres sensíveis.
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