Olá, pessoas. Eu tenho uma história muito forte com Um de Nós Está Mentindo. Ele era o livro que minha colega Fabi estava lendo, quando infelizmente nos deixou. Por isso, quando soube desse lançamento, senti ser o momento de conhecer essa autora, que está presente em minhas lembranças por esse fato.
A história de Nada a Declarar é contada em primeira pessoa por Brynn e Tripp Talbot, em capítulos que vão se alternando e nos mostrando a visão de cada um dos acontecimentos. Outro fator interessante é que sabemos não apenas o que os personagens falam, mas também os seus pensamentos, o que revela muito mais sobre cada um e o que vai acontecendo.
A trama é algo super moderno e, ao mesmo tempo, uma releitura de outros tempos. Programas criminais que investigam crimes reais que não tiveram os casos concluídos ou foram a julgamento. Mas é preciso manter em mente que estamos falando de um Y.A., portanto os personagens são jovens que ainda estão na escola. O que acrescenta, além do drama dos acontecimentos criminais, uma boa dose de drama adolescente, bullying e disputa de popularidade.
Permanecerei naquela floresta atrás da Saint Ambrose pelo resto da eternidade, tomando uma decisão que eu era novo demais para tomar, e o pior de tudo é que não sei se escolheria diferente hoje.
A escrita da Karen M. McManus é muito fluida e mesmo no começo da história, onde ela é mais descritiva, não chega a ser cansativo ou desinteressante, porque por estarmos envolvidos no mistério da história, vamos notando que além da apresentação dos personagens, a autora está nos entregando pistas do que pode ter realmente acontecido e de quem possa vir a ser culpado ou inocente. Outro ponto que achei muito interessante é que ela vai descrevendo as reações psicológicas do corpo, algo que o FBI utiliza em suas investigações, mas que ela mostra como notamos isso de forma intuitiva. Ao notar pequenos movimentos que alguém faz sempre que está mentido, mudanças no tom da voz ou mesmo de cor nas faces.
O desenvolvimento da investigação depende muito dos “adultos responsáveis”, mas de forma muito interessante só acontece devido aos personagens principais e suas limitações, sem esquecer, claro, a forma como o certo e errado é mais elástica na juventude. Eu curti ler um thriller sem a parte gráfica dos crimes ou das cenas, deixou a trama mais leve, apesar da temática, e mostra bem como segredos e mentiras criam um emaranhado de problemas que pode pouco a pouco destruir o psicológico de quem os carrega consigo, questões como abandono afetivo são muito bem colocadas em toda a história.
Ela se recupera com um sorriso irônico.
– Melhor você ficar sóbrio antes, OK? Aí conversamos sobre isso.
Durante a trama a autora coloca vários personagens com semelhanças físicas como opostos, mostrando como uma mesma criança ou ambiente não conseguem deixar duas pessoas emocional e psicologicamente iguais, destacando o quanto cada um é único. Ela também traz uma representatividade de gênero, mas não de raça, o que mostra que ela não usa uma “cota” para escrever, mas faz um recorte da população do lugar onde a história acontece, tanto demográfica quando economicamente.
Os personagens seguem o clichê de toda escola no mundo, e parece que especialmente nas americanas, e claro a separação entre populares e não populares que ganha um tom ainda mais distinto ao envolver a questão financeira de cada estudante nessa divisão de “classes” entre os alunos. Afinal, Saint Ambrose é um colégio particular com vários alunos bolsistas e apesar de seu lema, “juntos somos mais fortes”, fica bem claro que nem todos querem estar realmente juntos dos que não consideram seus “pares”.
Tenho que admitir que algumas falas dos personagens me pareceram estranhas para a idade dos mesmos, afinal que adolescente que não é atleta se preocupa com as endorfinas? Mas esse estranhamento não aconteceu por muitas vezes e confesso que me perguntei se serial algo cultural e por isso o estranhamento. Gostei de ter feito essa reflexão, por isso não tomei como negativo na história.
– Não tenho mais nada a declarar. Não preciso nem olhar para as mãos dele para saber que é mentira.
Para os românticos, aviso que um romance vai surgindo ao longo da trama e confesso que deu um toque certo ao conjunto da história, que navega entre as redes sociais e o mundo real, além, claro, do jornalismo investigativo para televisão e internet e a questão policial. Porém, algumas pontas foram fechadas muito rápido e outras apenas tem uma insinuação do que pode ter acontecido “depois” e, à medida que mais e mais pessoas eram retiradas ou acrescentadas na trama de suspeitos, o livro ficou praticamente impossível de largar. Cada teoria criada era uma teria errada ou completamente diferente da real que ia se apresentando.
Eu curti muito várias questões à medida que foram resolvidas, mas o final em aberto, em relação a quem tinha culpa pelo crime, me deixou um pouco insatisfeita, porém curiosa se estaríamos com uma possível continuação. Estou mega ansiosa para ler sobre outros pontos de vista dessa história e conversar sobre. Então não deixe de ler e conversar comigo com todos os spoilers possíveis e novas teorias sobre o que realmente aconteceu. Boa leitura e divirta-se.
Informações Técnicas do livro
Karen M. McManus
Tradução: Glenda D’Oliveira
Ano: 2022
Páginas: 416
Editora: Galera Record
Sinopse:
Faz quatro anos que um assassinato saiu impune, agora Brynn pretende solucioná-lo, ainda que seu ex-melhor amigo seja peça central no caso. Mais um livro de Karen M. McManus, rainha do thriller juvenil e autora do best-seller Um de nós está mentindo.
Brynn deixou a escola Saint Ambrose logo após o chocante assassinato de seu professor favorito, o sr. Larkin, há quatro anos. O crime atraiu a atenção de todos, principalmente pelo fato de o corpo ter sido encontrado por três estudantes. O caso jamais foi solucionado, mas Brynn está voltando à cidade determinada a investigar o que realmente aconteceu – ainda mais se isso lhe garantir a carreira de jornalista com que tanto sonhou.
Depois de conseguir um estágio em um programa de true crime, Brynn precisará, se quiser trazer a verdade à tona, seguir as pistas e pontas soltas deixadas pelos jovens que estiveram presentes na cena do crime, inclusive seu ex-melhor amigo Tripp Talbot. Tarefa ainda mas difícil quando os dois começam a se reaproximar – e um novo sentimento a surgir. O depoimento dos alunos foi bastante convincente, e ninguém questionou a palavra de três crianças, mesmo que o dinheiro roubado do sr. Larkin tenha sido encontrado no armário de uma delas, e a arma do crime contivesse as impressões digitais de outra.
Em Nada a declarar, Brynn vai descobrir que escavar o passado pode revelar segredos que talvez ficassem melhor enterrados e esquecidos. Karen M. McManus mais uma vez entrega um mistério repleto de reviravoltas, romance e impossível de largar.
“A autora best-seller do New York Times, Karen M. McManus, continua seu domínio como a rainha do thriller YA com Nada a declarar. – PopSugar
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