24 junho, 2024

# @Milly # Clássico

Resenha :: Duna (Dune)



Decidi fazer uma releitura do primeiro livro de Duna, pretendo continuar com os outros livros e mergulhar de vez nessas areias. Antes de passar para a continuação, lhe ofereço o copo de água da ficção científica, um dos maiores clássicos do gênero e com certeza vale toda a sua aclamação.


Ele conhecerá teus caminhos como se neles houvesse nascido.


Inicia-se contando sobre a família Atreides, que recebe ordens do Império de assumir o controle do planeta Arrakis, planeta deserto, conhecido como Duna, onde a água é preciosa e sua cultura gira em torno desse fato. A grande exploração de Duna é pelas suas Especiarias do deserto, o que traz mais riqueza e poder para quem tem o controle político de Arrakis. Mas nesse lugar também é terra dos Fremen, um povo nativo do deserto culturalmente complexo em sua política e religião.


Sentia a lâmina fria da faca cristalina sob seu corpete, e pensava na longa cadeia de intrigas e maquinações Bene Gesserit, que forjara outro elo aqui nesse lugar. Graças a essas maquinações ela sobrevivera a uma crise mortal.


É complicado descrever uma história que começa bem antes dos seus acontecimentos, a visão presciente de alguns personagens que enxergam os caminhos futuros, o controle genético, político e religioso, tramados pelas mulheres Bene Gesserit, que foram realizados no passado e que influenciam escolhas no presente e para o futuro. E uma das grandes consequências é a existência de Paul Atreides, um jovem de 15 anos, filho do Duque Leto e sua concubina, a Bene Gesserit Lady Jessica, que treinou o filho da mesma forma que foi treinada para ser uma Bene Gesserit, mesmo que fosse um conhecimento exclusivo para mulheres.


Eles me chamarão... Muad’Dib, “Aquele que aponta o caminho.” Sim, é desse modo que eles me conhecerão.


Paul Atreides é um dos personagens mais complexos da literatura, cada passo que ele dá, antes e depois de chegar em Duna, foram moldados muito antes de seu nascimento, acompanhamos ele virar um símbolo religioso por consequências do passado, ele se transformar conforme sua visão presciente se fortalece em Duna, e com o convívio entre os Fremen e sua construção religiosa, há uma luta dentro dele para não seguir o caminho que leve ao jihad, a guerra santa. O livro parece não estar nos contando a jornada de um herói, mas de alguém mais perigoso que isso, as consequências de uma manipulação que mistura política e religião.


Quando a política e a religião viajam no mesmo carro, os ocupantes acreditam que nada pode ficar em seu caminho. Seu movimento se torna um avanço de cabeça, cada vez mais rápido, mais rápido. Eles colocam de lado todo pensamento quanto aos obstáculos, e se esquecem de que um precipício não se revela para um homem em corrida cega, a não ser quando já é tarde demais.


Não acredito que exista um personagem nesse livro que não tenha sua complexidade. Lady Jessica e Alia Atreides, mãe e irmã de Paul, são exemplos disso, apesar do estranhamento ao imaginar essa segunda e das decisões questionáveis de Lady Jéssica, elas tem sua própria importância e poder sobre os acontecimentos desse universo e eu gosto bastante delas, assim como Chani, uma garota Fremen companheira de Paul, é uma personagem que gostei bastante, apesar da passagem do tempo impedir que conheça mais sobre ela, mas provavelmente se destacará na continuação.


Ele era um guerreiro e um místico, ogro e santo, a raposa e o inocente, cavalheiresco e implacável, menos que um deus, mais que um homem. Não há medida para as razões do Muad’Dib pelos padrões normais.


Confesso que estou com um pouco de medo da continuação, não são heróis e não existe um lado certo que deve vencer, o próprio livro entrega um pouco dos acontecimentos futuros para que não vejamos os personagens dessa forma. Escolhas políticas enviesadas por uma cegueira religiosa, o nascimento de uma figura perigosa, e uma mudança de poder que tem tudo para ser catastrófica. Enfim, um livro magnífico, filosófico e brilhante. Valeu a pena a leitura, a releitura e sei que a continuação também vai valer.




Informações Técnicas do livro

Duna

Frank Herbert

Título Original: Dune

Tradução: Maria do Carmo Zanini

Ano: 2017

Páginas: 680

Editora: Aleph

Sinopse:

“Duna é o melhor dos grandes romances de ficção científica, e o que mais se manteve relevante." - Neil Gaiman


“Não conheço nada que se compare a este livro, a não ser O Senhor dos Anéis.”- Arthur C. Clarke


Uma estonteante mistura de aventura e misticismo, ecologia e política, este romance ganhador dos prêmios Hugo e Nebula deu início a uma das mais épicas histórias de toda a ficção científica. Duna é um triunfo da imaginação, que influenciará a literatura para sempre. Esta edição inédita, com introdução de Neil Gaiman, apresenta ao leitor o universo fantástico criado por Herbert.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário!! Bem-vindo(a) ao Clube do Farol!