15 junho, 2024

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Resenha :: Sete Dias em Junho (Seven Days in June)



Oi, pessoa! Vim falar de um livro que furou a fila das leituras, simplesmente por ter o nome junho no título e, bem, estamos no mês de junho. Como de leitor e de louco todo mundo que lê tem um pouco, estou eu aqui falando sobre um livro de 7 dias em junho em pleno junho. Por favor, lidem com isso sem julgamentos.


Preciso avisar que esse livro é como estar assistindo dois trens indo em direções opostas. Enquanto no começo tudo são flores e despedidas de quem parte e acenos de quem fica, o clima descontraído esconde completa e absurdamente o que nos aguarda, e agradeço demais a autora por isso. Porque, depois de menos de 50 páginas, tudo começa a acontecer em uma velocidade vertiginosa, mas que parece ser em câmera lenta, então enquanto você pisca e vai lendo e virando páginas tudo simplesmente acontece de forma tão nítida, que é impossível não estar no mesmo ambiente que os personagens e simplesmente viver tudo que está acontecendo com eles.


Todo autor buscava inspiração em algum lugar, e a inspiração dela, por acaso, era uma pessoa de verdade. Era a verdade, e a verdade dela, e ela não tinha nada a esconder.


Shane é uma força da natureza, enquanto Eva parece ainda precisar lidar com as consequências de sua homônima no paraíso. É quase impossível, como mulher, não ler repassando cada personagem vampiro na mente e, ainda sim, ter aquela pontinha de querer ler sobre os personagens de Eva também (duvido que alguém aqui possa me julgar). Porém não tem como não entender o charme de uma pessoa como Shane, absurdamente linda e com um passado trágico, extremamente inteligente, porém com uma insegurança que o faz calcular cada passo como a beira de um precipício.


Eu não julgo, ele dizia. Mas logo seus olhos começaram a se demorar sobre a pele torturada dela, turvados pela preocupação. Ambos tinham suas compulsões distorcidas, cantos diferentes do mesmo inferno.


A autora apresenta as dificuldades de ser mulher, mãe solteira e negra de uma forma absurdamente perfeita, porque não é feita de forma panfletária e sim verdadeira. As coisas são assim e como sociedade precisamos lutar para que deixem de ser. Shane mostra o outro lado da moeda, de quem por ser homem, mesmo que negro, tem todas as vantagens em sua profissão, mas isso apenas esconde a jornada até ali e ele faz questão de não deixar que isso seja romantizado ou esquecido. 


Porque essa é uma história basicamente de amor, encontros e reencontros e como alguém pode se reconhecer na solidão do outro. Apesar dos temas fortes e até engatilháveis, a autora foca em mostrar como tudo isso afeta quem cada um se tornou e como tenta desesperadamente ficar à tona, porque sabem que é uma questão muito complicada não se afogar nos problemas e conflitos que ainda carregam. Conflitos esses demonstrados em momentos que a narrativa se volta para o que aconteceu no passado e o que está acontecendo no momento.


— Olha, esse, entre aspas, clima sociopolítico atual sempre foi meu clima. Eu tenho enfrentado Trumps e Pences e Lindsey Grahams desde sempre. O primeiro foi o guarda com quem fiquei preso sozinho em uma cela aos oito anos. Sem leis, sem câmeras, sem piedade. O que aconteceu naquela hora me tornou o tipo de pessoa que não se sente obrigada a ensinar racismo aos brancos. — Ele deu de ombros. — Não cabe a mim explicar isso, Rich. O fardo é de vocês e vocês precisam lidar com isso. Boa sorte.


Como uma pessoa, mesmo com a carga que “está no DNA” ou “no sangue” como dizem, carrega e a própria criação em um ambiente tóxico pode decidir que não irá manter o ciclo tóxico e sim construir uma relação diferente. E Eva faz isso, ela se reinventou como pessoa e hoje vive uma relação com sua filha, Audre, totalmente diferente da que ela viveu quando tinha essa mesma idade. E sua filha, mesmo tendo apenas 12 anos, mostra que quem é apoio emocional precisa desesperadamente de ser apoiada também, dentre outras questões importantes que a interação mãe e filha trazem para a trama. Outro ponto é como mesmo um casal que não está mais junto pode ter uma relação que permite um crescimento saudável da filha desse relacionamento. 


Você não é homem e isso não importa, porque você escreve com os sentidos aguçados e nota aquilo que ninguém nota, e sua intuição criativa é tão poderosa que você consegue embalar qualquer narrativa. Você vê. E você escreve.


Sei que em alguns momentos toda a questão de marcas, que parecem ser referências culturais importantes no país da autora, para mim só deixaram uma sensação de falta de necessidade delas, e a conversa do meio social dos ricos e famosos um tanto rarefeita, porém as partes pontuadas explicam o contexto e deixam a leitura muito rica, por trazer a problemática com leveza. O que, para mim, tirou um pouco do brilho do livro foram, sem dúvida, os capítulos finais, depois de tudo, parece um tanto corrido e quase decepcionante, por criar um clima de expectativa e no fim essa expectativa não ser alcançada. Isso quer dizer que o final é ruim? Não, definitivamente não é isso.


Vale o aviso para quem não curte uma pegada mais hot, que o livro tem sim cenas adultas e pessoas com gatilhos podem sentir desconforto para algumas questões abordadas como depressão, automutilação, alcoolismo. Porque, mesmo não tendo cenas tão gráficas, cada pessoa sabe como são suas fragilidades. Por fim ficam meus votos de boa leitura e que você se divirta!




Informações Técnicas do livro

Sete Dias em Junho

Tia Williams

Título Original: Seven Days in June

Tradução: Carolina Candido

Ano: 2024

Páginas: 350

Editora: Verus 

Sinopse:

Sete dias para se apaixonar, quinze anos para esquecer e sete dias para recuperar tudo de novo… Sete dias em junho é mais um romance arrebatador Tia Williams, autora de A escolha perfeita.


Eva Mercy é mãe solo, escritora best-seller de livros eróticos e se sente muito pressionada por todos os lados. Shane Hall é um romancista recluso, enigmático e premiado que, para surpresa geral, aparece em Nova York.

Quando Shane e Eva se encontram em um evento literário de forma inesperada, faíscas surgem, mexendo não apenas com os traumas enterrados dos dois, mas também com as opiniões dos literatos negros. O que ninguém sabe é que quinze anos antes, os adolescentes Eva e Shane passaram uma semana louca e tórrida, completamente apaixonados. Eles podem fingir que não se conhecem, mas não podem negar a química que existe — nem o fato de que seus livros foram escritos um para o outro ao longo dos anos.

Nos sete dias seguintes, em meio a um verão quente no Brooklyn, Eva e Shane se reconectam, mas Eva não consegue confiar no homem que um dia partira seu coração e o quer fora da cidade para que a vida dela possa voltar ao normal. Antes que Shane desapareça, Eva precisa de algumas respostas…

Com suas observações aguçadas da vida criativa nos Estados Unidos, bem como as alegrias e complicações de ser mãe e filha, Sete dias em junho é uma história hilária, romântica e sexy sobre como dois escritores podem ter uma segunda chance no amor.


“Sete dias em junho me fez rir e chorar com os personagens enquanto o coração deles era partido e curado. Eu simplesmente adorei.”  — Jodi Picoult, autora de Um milhão de pequenas coisas


“Um romance extremamente gratificante. Arrebatador e vivo.” — Kirkus Reviews


“A história de amor bem elaborada encantaria os leitores por si só, mas Williams também explora a maternidade, a feminilidade e a linha tênue entre romance e dor de cabeça.”  — Booklist


“Uma história de amor moderna e perfeita para começar bem o verão”. — Reese Whiterspoon




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