Olá, pessoas, dois fatores me fizeram
olhar duas vezes para esse livro, de um modo especial: a analogia com o
clássico de Verne e a questão do vinho. Não sou alguém que viva as voltas com
uma taça, mas sinceramente não tenho como fugir da curiosidade que cerca esse
universo.
O livro é escrito em primeira
pessoa no formato de um diário de viagem, não sendo datado, porém sendo marcado
por cada local visitado durante a viagem. Contudo, diferente de uma primeira impressão
esse livro é sim escrito em primeira pessoa, porém o autor conversa com quem lê
durante toda a história, deixando a leitura com uma dinâmica diferente e
inclusiva, fazendo assim com que você experimente um pouco mais “a viagem”.
“Os vinhos parecem melhorar a cada ano, mas os estereótipos levam tempo para ceder.”
As alusões ao clássico de Verne
são desde o primeiro momento não apenas explicado, mas também rememorado
durante o livro, contudo espere também muitas referências literárias como: “Horizonte
Perdido”, outros livros de vinho e algumas auto indicações de outras publicações
do próprio autor, feitas de forma inteligente e que rendeu algumas risadas.
O roteiro é conhecido, porém as
surpresas ficam capítulo a capítulo mais evidentes, especialmente por não ser
um livro direcionados a especialistas, e sim a quem ama um bom vinho e quer
saber mais como comprar, como saber qual vinho não escolher e como até
aproveitar uma boa “pechincha” desde os que compõe “vinhos de mesa” até os mais
sofisticados e ideais para comemorações.
“O Colomé Autêntico Malbec é propositalmente produzido num estilo antigo — nada de carvalho, muito tempo de imersão — que ao mesmo tempo homenageia o passado e abre novas perspectivas de mercado.”
Ainda com esse espírito, desmitifica
os nomes, explica o que num primeiro momento parece apenas pomposo e elitista,
e torna em uma deliciosa viagem pela história tanto local quanto mundial, que abarca
não apenas a questão social quanto também da terra. O vinho como fica marcado
ao longo do livro, pode seguir uma mesma receita que nunca será igual a depender
da terra e do clima, da região e do povo. E como, a tenacidade e o amor pela vinicultura
fazem de locais inóspitos para produção, grandes e surpreendentes surpresas em
forma de sabor.
“A garrafa de vinho moderna surgiu no fim do século 17, quando os fabricantes de vidro britânicos encontraram uma maneira de produzir garrafas mais resistentes — fortes o bastante, na verdade, para envasar vinhos espumantes com segurança, assim resolvendo o problema do Champanhe, que é fermentado na garrafa e até então enfrentava a inconveniente tendência dos cascos a explodir espontaneamente devido à pressão interna”
Diferente de outras bebidas, que
após abertas, sofrem apenas variação de sabor em função da temperatura, os
vinhos podem desde melhorarem quanto a ficarem totalmente intragáveis ao contato
com o oxigênio, e isso é um dos “elitismos” quebrados durante essa leitura,
porque o autor explica sem demonstrar essa intenção questões como “decantar”, transporte
e garrafa. E até mesmo porque os “sangue-de-boi” vendidos em galões são importantes
para cadeia produtiva do vinho.
“Sim, o problema é que as mudanças climáticas não se resumem à questão do aquecimento global, significando também uma intensificação da instabilidade do tempo em termos locais. Pense globalmente, mas previna-se localmente: poderia ser um bom lema para encarar o futuro.”
Me agradou muito ele não ter
ficado preso nos grandes centros e já consagrados nomes tanto de produção como de
rotulo, como o olhar para os novos locais produtores e algumas curiosidades que
aconteceram ligadas a essa jornada, como a história por de trás do Red Bull.
Sim, eu fiquei muito surpresa por esse energético ter alguma ligação com a história
das uvas. Que ligação é essa, você vai precisar ler para descobrir.
A história conta com uma divisão
em 4 partes e conta ao final de cada delas e ao fim do livro, uma lista de
vinhos, deixando quem lê livre para aproveitar a história sem a necessidade de
se preocupar em anotar essas indicações, porém sem tirar o prazer de destacar as
mesmas durante a leitura, caso queira. Ainda comentando sobre as indicações,
fica claro que a experiencia do vinho é quase como olhar uma foto que não
apenas a qualidade do vinho conta no fator prazer de beber, como também a
memória afetiva ligada ao momento em que aquela garrafa foi aberta, o que
inclui além da ocasião a companhia e outros fatores que fazem ainda mais
marcante a lembrança do sabor.
“Salton Intenso Espumante Brut, Serra Gaúcha, Brasil”
Ficou para mim, a analogia com “não
se entra duas vezes no mesmo rio” ao vinho de uma forma que não se bebe duas
vezes a mesma safra, mesmo a vinícola, a uva e o modo de preparo sendo o mesmo,
cada lavoura é única e finalmente entendi por que uma família produtora pode
deixar um vinho fechado por tantos anos sem comércio, quase como alguém que
alguém planta para outro colher, sim uma herança que nem sempre caberá a quem
produz aproveitar. Sei que fiquei muito mais rica não apenas de informações,
mas também de curiosidades saciadas e respondidas como também pelo conhecimento
de locais que dificilmente eu “viajaria” através da leitura pensando em sua
produção de vinhos e espumantes.
Eu li de forma fracionada cada
parte do livro, como quem aprecia sem pressa e para reter mais informações, aproveitar
as descobertas e respostas recebidas e claro, pensando em como usaria esse
conhecimento na próxima ida a adega adquirir um vinho ou espumante. Amei as
notas que agregam valor e conhecimento ao livro, além claro de explicar algumas
passagens alheias a nossa realidade. Sei que esse livro além de um momento
prazeroso ao virar das páginas a também vai estar comigo, até mesmo nas
leituras de outras histórias que se passam em “Villas” ou “vinhedos” e claro, na
leitura do clássico de Verne. Leia e divirta-se!
Informações Técnicas do livro
A Volta ao mundo em 80 vinhos Vivendo Experiências Inesquecíveis e Conhecendo Grandes Vinhos, País Por País
Mike Veseth
Título Original: Around the World in Eighty Wines
Tradução: Clóvis Marques
Ano: 2024
Páginas: 224
Editora: Valentina
Sinopse:
Inspirado no clássico romance de Júlio Verne, Mike Veseth nos leva à sua volta ao mundo em 80 vinhos. A jornada começa em Londres e continua pela França e pela Itália, para, em seguida, seguir por Síria, Geórgia e Líbano. Em seguida, África do Norte até a Argélia, Espanha e Portugal. Desembarcamos na Ilha da Madeira e depois na África do Sul, onde fazemos um desvio para saborear os vinhos do Quênia. Nossa rota continua com visitas a Bali, à Tailândia e à Índia e um prolongamento rumo ao Norte da China para visitar Xangri-lá. Partimos, então, para a Austrália, com uma passagem pela Tasmânia, pela Nova Zelândia, pelo Chile e pela Argentina. Embarcamos no Trem do Vinho do Napa Valley, na Califórnia, e passeamos pelos Estados Unidos, terminando novamente em Londres. Por que exatamente esses lugares? Quais são os oitenta vinhos e o que eles nos revelam? E que surpresa nos aguarda ao final dessa inebriante viagem? Será que teremos uma reviravolta para garantir um final feliz para todos os amantes do vinho? Venha conosco numa jornada de descobertas capaz de inspirar, informar e divertir qualquer um que goste de viagens, aventuras e, claro, vinhos. Muitos vinhos!
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