31 agosto, 2024

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Resenha :: A Volta ao mundo em 80 vinhos (Around the World in Eighty Wines)

 


Olá, pessoas, dois fatores me fizeram olhar duas vezes para esse livro, de um modo especial: a analogia com o clássico de Verne e a questão do vinho. Não sou alguém que viva as voltas com uma taça, mas sinceramente não tenho como fugir da curiosidade que cerca esse universo.

O livro é escrito em primeira pessoa no formato de um diário de viagem, não sendo datado, porém sendo marcado por cada local visitado durante a viagem. Contudo, diferente de uma primeira impressão esse livro é sim escrito em primeira pessoa, porém o autor conversa com quem lê durante toda a história, deixando a leitura com uma dinâmica diferente e inclusiva, fazendo assim com que você experimente um pouco mais “a viagem”.

“Os vinhos parecem melhorar a cada ano, mas os estereótipos levam tempo para ceder.”

As alusões ao clássico de Verne são desde o primeiro momento não apenas explicado, mas também rememorado durante o livro, contudo espere também muitas referências literárias como: “Horizonte Perdido”, outros livros de vinho e algumas auto indicações de outras publicações do próprio autor, feitas de forma inteligente e que rendeu algumas risadas.

O roteiro é conhecido, porém as surpresas ficam capítulo a capítulo mais evidentes, especialmente por não ser um livro direcionados a especialistas, e sim a quem ama um bom vinho e quer saber mais como comprar, como saber qual vinho não escolher e como até aproveitar uma boa “pechincha” desde os que compõe “vinhos de mesa” até os mais sofisticados e ideais para comemorações.

“O Colomé Autêntico Malbec é propositalmente produzido num estilo antigo — nada de carvalho, muito tempo de imersão — que ao mesmo tempo homenageia o passado e abre novas perspectivas de mercado.”

Ainda com esse espírito, desmitifica os nomes, explica o que num primeiro momento parece apenas pomposo e elitista, e torna em uma deliciosa viagem pela história tanto local quanto mundial, que abarca não apenas a questão social quanto também da terra. O vinho como fica marcado ao longo do livro, pode seguir uma mesma receita que nunca será igual a depender da terra e do clima, da região e do povo. E como, a tenacidade e o amor pela vinicultura fazem de locais inóspitos para produção, grandes e surpreendentes surpresas em forma de sabor.

“A garrafa de vinho moderna surgiu no fim do século 17, quando os fabricantes de vidro britânicos encontraram uma maneira de produzir garrafas mais resistentes — fortes o bastante, na verdade, para envasar vinhos espumantes com segurança, assim resolvendo o problema do Champanhe, que é fermentado na garrafa e até então enfrentava a inconveniente tendência dos cascos a explodir espontaneamente devido à pressão interna”

Diferente de outras bebidas, que após abertas, sofrem apenas variação de sabor em função da temperatura, os vinhos podem desde melhorarem quanto a ficarem totalmente intragáveis ao contato com o oxigênio, e isso é um dos “elitismos” quebrados durante essa leitura, porque o autor explica sem demonstrar essa intenção questões como “decantar”, transporte e garrafa. E até mesmo porque os “sangue-de-boi” vendidos em galões são importantes para cadeia produtiva do vinho.

“Sim, o problema é que as mudanças climáticas não se resumem à questão do aquecimento global, significando também uma intensificação da instabilidade do tempo em termos locais. Pense globalmente, mas previna-se localmente: poderia ser um bom lema para encarar o futuro.”

Me agradou muito ele não ter ficado preso nos grandes centros e já consagrados nomes tanto de produção como de rotulo, como o olhar para os novos locais produtores e algumas curiosidades que aconteceram ligadas a essa jornada, como a história por de trás do Red Bull. Sim, eu fiquei muito surpresa por esse energético ter alguma ligação com a história das uvas. Que ligação é essa, você vai precisar ler para descobrir.

A história conta com uma divisão em 4 partes e conta ao final de cada delas e ao fim do livro, uma lista de vinhos, deixando quem lê livre para aproveitar a história sem a necessidade de se preocupar em anotar essas indicações, porém sem tirar o prazer de destacar as mesmas durante a leitura, caso queira. Ainda comentando sobre as indicações, fica claro que a experiencia do vinho é quase como olhar uma foto que não apenas a qualidade do vinho conta no fator prazer de beber, como também a memória afetiva ligada ao momento em que aquela garrafa foi aberta, o que inclui além da ocasião a companhia e outros fatores que fazem ainda mais marcante a lembrança do sabor.

“Salton Intenso Espumante Brut, Serra Gaúcha, Brasil”

Ficou para mim, a analogia com “não se entra duas vezes no mesmo rio” ao vinho de uma forma que não se bebe duas vezes a mesma safra, mesmo a vinícola, a uva e o modo de preparo sendo o mesmo, cada lavoura é única e finalmente entendi por que uma família produtora pode deixar um vinho fechado por tantos anos sem comércio, quase como alguém que alguém planta para outro colher, sim uma herança que nem sempre caberá a quem produz aproveitar. Sei que fiquei muito mais rica não apenas de informações, mas também de curiosidades saciadas e respondidas como também pelo conhecimento de locais que dificilmente eu “viajaria” através da leitura pensando em sua produção de vinhos e espumantes.

Eu li de forma fracionada cada parte do livro, como quem aprecia sem pressa e para reter mais informações, aproveitar as descobertas e respostas recebidas e claro, pensando em como usaria esse conhecimento na próxima ida a adega adquirir um vinho ou espumante. Amei as notas que agregam valor e conhecimento ao livro, além claro de explicar algumas passagens alheias a nossa realidade. Sei que esse livro além de um momento prazeroso ao virar das páginas a também vai estar comigo, até mesmo nas leituras de outras histórias que se passam em “Villas” ou “vinhedos” e claro, na leitura do clássico de Verne. Leia e divirta-se!




Informações Técnicas do livro


A Volta ao mundo em 80 vinhos Vivendo Experiências Inesquecíveis e Conhecendo Grandes Vinhos, País Por País

Mike Veseth

Título Original: Around the World in Eighty Wines

Tradução:  Clóvis Marques

Ano: 2024

Páginas: 224

Editora: Valentina

Sinopse:

Inspirado no clássico romance de Júlio Verne, Mike Veseth nos leva à sua volta ao mundo em 80 vinhos. A jornada começa em Londres e continua pela França e pela Itália, para, em seguida, seguir por Síria, Geórgia e Líbano. Em seguida, África do Norte até a Argélia, Espanha e Portugal. Desembarcamos na Ilha da Madeira e depois na África do Sul, onde fazemos um desvio para saborear os vinhos do Quênia. Nossa rota continua com visitas a Bali, à Tailândia e à Índia e um prolongamento rumo ao Norte da China para visitar Xangri-lá. Partimos, então, para a Austrália, com uma passagem pela Tasmânia, pela Nova Zelândia, pelo Chile e pela Argentina. Embarcamos no Trem do Vinho do Napa Valley, na Califórnia, e passeamos pelos Estados Unidos, terminando novamente em Londres. Por que exatamente esses lugares? Quais são os oitenta vinhos e o que eles nos revelam? E que surpresa nos aguarda ao final dessa inebriante viagem? Será que teremos uma reviravolta para garantir um final feliz para todos os amantes do vinho? Venha conosco numa jornada de descobertas capaz de inspirar, informar e divertir qualquer um que goste de viagens, aventuras e, claro, vinhos. Muitos vinhos!




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Esse é, na verdade, o lema de todo grande editor. E a pinscher dessa editora encarna esse lema como ninguém.


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