Olá, vim trazer um pouco sobre minha leitura dessa obra consagrada do autor Stephen King. Confesso que minha vontade de ler não foi despertada pela nova versão cinematográfica dessa história, e sim por causa da música dos Ramones (Pet Sematary), inspirada nesse livro.
Vamos a história. Esse livro é único e desde já adianto um aaaaaaaahhhhhh… Foi daquelas leituras que a gente fica feliz de não ter outro livro, mas triste porque acabou.
A ideia, além de inovadora, é bastante original, especialmente quando se trata de um assunto tão debatido e revisitado como a morte. A história é de uma exatidão impressionante e, honestamente, gostei bastante da maneira como as coisas foram se resolvendo, mesmo não desejando que fossem exatamente assim... rs.
Às vezes as pessoas fazem coisas simplesmente porque lhe parecem certas. Isto é, parecem certas ao coração. Mas se fazem as coisas e depois ficam achando que não agiram direito, se enchem de perguntas, e ficam cheias de dúvidas que provocam indigestão, mas não no estômago e sim na cabeça, e pensam que cometeram um erro.
Cemitério aborda a questão do término da vida e a maneira como encaramos a morte. A narrativa se inicia com a chegada do jovem médico de Chicago, Louis Creed, que acredita ter descoberto sua vocação naquela pequena localidade do Maine. A moradia adequada, o emprego na universidade, a alegria da esposa e dos filhos lhe asseguram que fez a escolha correta. Desde o começo, somos envolvidos pela família e logo descobrimos que o quintal daquela casa guarda mais do que alguns segredos, pois também nos identificamos com o idoso casal de vizinhos que reside do outro lado da "istrada". Aqui outro elogio, deve ser feito aos diálogos, existe tanta verdade neles, que você pode quase ouvir a conversa acontecendo enquanto lê, sendo detalhista quanto ao vocabulário apropriado a cada personagem com clara distinção a idade e local de origem dos mesmos.
— Talvez eu tenha feito isso porque acho que as crianças precisam aprender que às vezes a morte é melhor.
Durante um dos primeiros passeios familiares pela região, descobrem um "simitério" no bosque perto de sua residência. Nesse local, várias gerações de crianças sepultaram seus animais de estimação. Há um cemitério além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte. Uma terra maligna que atrai indivíduos com promessas sedutoras e onde forças misteriosas conseguem concretizar o que sempre se considerou inalcançável. Portanto, o escritor constrói um texto extremamente agradável para leitura, que te motiva a cada minuto a prosseguir lendo, seja na narrativa cotidiana ou no mistério sobrenatural. Nada é de mais ou de menos, mantendo o equilíbrio ideal para uma narrativa cativante ao longo de toda a leitura.
A história é contada em primeira pessoa, através da voz de Louis Creed, que narra os acontecimentos em tempo real. Além disso, há um narrador onisciente em terceira pessoa, que narra acontecimentos de uma história que já ocorreu e está sendo contada agora. Isso pode causar pequenos spoilers de eventos futuros, mas isso não é suficiente para prepará-lo para as surpresas que estão por vir. Outro aspecto interessante é a linguagem do livro, que destaca as variações de linguagem e sotaque entre diversos locais e até culturas, perfeitamente ajustada tanto ao enredo quanto ao gênero literário.
Você arranjou a coisa, ela é sua, e mais cedo ou mais tarde acaba voltando às suas mãos, Louis Creed pensou.
Com um personagem principal médico, King desenvolve uma trama intrigante sobre a lógica da morte para um médico e a completa ausência dela para um pai ou esposo. Essa dualidade guia a trama de uma maneira que brinca com os limites entre razão e emoção. Ao transitar por esse espaço cinzento, fica evidente porque King é um dos maiores pensadores contemporâneos. Sem grandes "buus", somos conduzidos a viver o dia a dia com a família Creed, deixando de lado o mal que pode estar fora ou até mesmo dentro do lar.
A combinação de cenas cotidianas com eventos que poderiam ter sido descritos como sobrenaturais, como pequenos sustos, sensações e premonições, cria um ambiente favorável para que você aguarde o que está por vir, mesmo sem saber quando e como isso irá ocorrer. Assim como na vida real, a morte é um destino conhecido por todos, mas o momento exato em que ela ocorre é um enigma que não é desvendado até que ocorra. E talvez a narrativa seja de terror, pois há um aspecto perturbador nela que realmente assusta a mente humana, pois está muito próxima. Portanto, convido-o a ler este livro, que é verdadeiramente extraordinário e merece ser considerado um clássico. Boa leitura e divirta-se!
Informações Técnicas do livro
O Cemitério
Stephen King
Título Original: Pet Sematary
Tradução: Mário Molina
Ano: 2013
Páginas: 424
Editora: Suma
Sinopse:
Nesse clássico do gênero terror, os mortos podem até voltar... mas não voltam iguais. Um dos mais aclamados de Stephen King, O cemitério é o livro que inspirou os filmes Cemitério Maldito (1989 e 2019) e Cemitério Maldito: A Origem, da Paramount+.
Às vezes, a morte é melhor.
Esse é o conselho que chega aos ouvidos de Louis Creed, um jovem médico que se muda para uma pequena cidade do Maine. Com sua nova casa, seu trabalho na universidade e sua família feliz, Louis acredita que finalmente encontrou seu lugar, e a finitude da vida é a última coisa a passar pela sua cabeça. Até que, caminhando pelo bosque da vizinhança, ele encontra um terreno onde gerações de crianças enterraram seus animais de estimação. Para além desses pequenos túmulos, há outro cemitério. Um que acabará se tornando irresistível, com suas forças sedutoras, capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível.
Uma premissa assustadora, uma narrativa tensa e um toque de drama e reflexão -- essa é a mistura que fez de O cemitério um dos maiores clássicos do gênero. Ao mesmo tempo em que constrói uma narrativa aterrorizante, Stephen King levanta questões sobre a vida, a morte, o luto, o sobrenatural e os limites da intervenção humana. Em busca dessas respostas, o leitor é levado por uma trama impossível de largar, e quando descobre a verdade, percebe que ela é pior que a própria morte -- e infinitamente mais poderosa.
"Outros livros podem até ser assustadores, mas O cemitério é terror de verdade." — The Guardian
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