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18 março, 2019

Resenha :: Como Se Apaixonar

março 18, 2019 7 Comentários

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Quando se lê apenas o nome desse livro, você pode se perguntar: “Será que é um livro de autoajuda ensinando como se apaixonar por algum doido (ou doida) por aí? Parecido com aqueles de como conquistar um cara em três dias?” Bem, como você deve notar pela sinopse (no final do post), não é. (Breve pausa para agradecimento à Cecelia Ahern por isso.  “Obrigada Cecelia!!!”  Pronto, agradecemos). E antes que alguém pergunte, sim, eu amo esse livro. Na verdade 80% de mim o ama, e os outros 20% tem uma bela paixão platônica por ele.


A vida é uma série de momentos e momentos sempre mudam, assim como pensamentos, negativos ou positivos.

Bom, voltando a história, nada como salvar um estranho de se matar para ter coragem de se comprometer com o desafio quase impossível de fazê-lo amar a vida de novo em duas semanas, né? Hum , talvez tenha, nunca impedi um estranho de se matar para saber como é. Mas a Christine sabe! Já que ela impediu o Adam de pular da ponte e tudo. “Ponte? O cara ia pular de uma ponte?” Sim, ele ia, mas a Chris chegou antes de o mundo perder mais um cara lindo.

Enfim, o cara da ponte (também conhecido como o cara lindo, ou, simplesmente, Adam) nem é o primeiro suicida que ela encontra (Azar? Coincidência?). Antes de conseguir impedir que o Adam pule rumo à morte (ou à água mesmo), ela tenta impedir que um outro suicídio aconteça, mas infelizmente não se pode controlar as ações alheias e Simon (o primeiro suicida) atira na própria cabeça. E isso desperta em Christine a vontade de salvar a própria vida, então ela decide largar o marido para buscar uma vida mais feliz. “Ela larga o marido por que viu alguém atirar em si mesmo? Sério isso?” Em parte sim, mas essa “experiência” meio que abre os olhos dela. Como a própria Cecelia escreveu, às vezes, quando você presencia algo muito real, fica com vontade de se afastar de tudo o que é falso e parar de fingir, fica com vontade de querer ser verdadeiro e honesto com você mesmo... Então a Christine possivelmente pensa: “Por que continuar casada com alguém que não amo, sendo infeliz e fazendo o outro infeliz também? Com alguém que eu nem deveria ter me casado para começo de conversa?”

Infelizmente, as consequências dessa decisão não são nada fáceis já que todos acham que é apenas por causa do trauma e não por seu casamento ser infeliz; e o vingativo (frio, maldoso e amargo) do ex-marido, Barry, resolve tirar tudo que ela tem e infernizar a vida da pobre mulher, quando ela fez quase um favor para ele.

Era quase como se a minha infelicidade não fosse o suficiente. Se ele não me traiu, não me bateu e não foi cruel comigo, ninguém parecia conseguir entender que eu não amá-lo e estar infeliz eram motivos suficientes.

Mas esses problemas não a impediram de certa noite, passeando por uma ponte, encontrar (e salvar) Adam que estava determinado a pular rumo ao desconhecido. Mas como nada na vida é fácil (tirando fazer miojo), o cara da ponte apenas concorda em prolongar sua vida até o dia de seu aniversário e nesse prazo ele permite que Christine tente ajudá-lo a voltar a amar a vida e a resolver os problemas que tem (como se ela já não tivesse os próprios), e se não conseguir, o desejo de morrer dele vai vencer (“uma solução permanente para um problema temporário”).


É um momento, isso é tudo. E momentos passam. Se você aguentar, esse momento vai passar e você não vai querer acabar com a sua vida. (...) Pode parecer que não há opções, mas há... Você pode superar isso. (...) O que quer que esteja acontecendo, você consegue superar.

Quantas pessoas você conhece que colocariam os próprios problemas em segundo plano para tentar salvar a vida de alguém desconhecido até então? Se não conhece, leia esse livro e conheça a Super-Christine, solucionadora de problemas e salvadora de suicidas por acaso (ou talvez nem tão por acaso assim). Para a senhorita conserta-tudo se algo não pode ser consertado pode ser mudado, melhorado, e para isso ela se inspira, e muito, em livros de autoajuda.

E com base nesses livros ela tenta ajudar Adam, que é um dos suicidas mais apaixonantes que eu já tive o prazer de conhecer por meio de um livro. Ele sabe ser gentil e educado, engraçado, romântico... Ah! Romântico!  (Suspiros para esse ser apaixonante!). Adam faça um chocolate para mim também! Em formato de livro! Porque não estou ganhando nem a embalagem de um bombom!


Com cenas que variam da comédia ao drama, em Como se apaixonar conhecemos melhor Christine e Adam (como alguns personagens secundários) que nos mostram que é preciso estar ao lado das pessoas dando apoio sim, mas as deixando viver a própria vida e tomar as próprias decisões; e que nos dão verdadeiras lições de vida, envolvendo depressão, suicídio, superação, generosidade, família, amizade, amor e, principalmente, sobre a arte que é viver e ser apaixonado pela própria vida.

Onde estaríamos sem amanhãs? O que teríamos em vez disso seriam hoje. E, se esse fosse o caso, com você, eu esperaria que hoje fosse o dia mais longo. Eu encheria o hoje de você, fazendo tudo o que sempre amei. Eu riria, falaria, ouviria e aprenderia, eu amaria, amaria, amaria. Faria todos os dias serem hoje e passaria todos com você, e nunca me preocuparia com o amanhã, quando não estaria com você. E, quando aquele temido amanhã chegar para nós, por favor, saiba que eu não quis deixá-lo, ou ser deixada para trás, que cada momento que passei com você foram os melhores momentos da minha vida.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Como Se Apaixonar
Ano: 2015
Páginas: 352
Editora: Novo Conceito
Sinopse:
“Momentos são preciosos; às vezes eles se demoram e, em outras ocasiões, são passageiros, mas, ainda assim, muito pode ser feito durante eles; você pode mudar de ideia, pode salvar uma vida e pode até se apaixonar.”
Depois de não conseguir evitar que um homem acabasse com a própria vida, Christine passa a refletir sobre o quanto é importante ser feliz. Por isso, ela desiste de seu casamento sem amor e aplica as técnicas aprendidas em livros de autoajuda para viver melhor.
Adam não está em um momento muito bom, e a única saída que ele encontra para a solução de seus problemas é acabar com sua vida. Mas, para a sorte de Adam, Christine aparece para transformar sua existência, ou pelo menos tentar ajudá-lo.
Ela tem duas semanas para fazer com que Adam reveja seus conceitos de felicidade. Será que ele vai voltar a se apaixonar pela própria vida?


O Grupo Editorial Novo Conceito oferece sempre os best-sellers mais aguardados e comentados do meio literário. Em anos de sucesso editorial, foram vários os autores e títulos reconhecidos na principais listas do PublishNews e Veja. O selo Novo Conceito foi desenvolvido para reunir essas grandes publicações, além das novidades e lançamentos internacionais que ainda virão.

24 dezembro, 2018

Resenha :: De Repente Esclerosei

dezembro 24, 2018 5 Comentários

Antes de falar sobre o livro, preciso escrever uma carta (é rapidinho, seja paciente! ):

Querido Papai Noel,

Sei que já estamos quase no Natal, mas preciso te pedir um presente. Eu quero um Dimitri da vida real, igualzinho ao do livro De Repente Esclerosei
Eu sei que é um pedido inusitado e que deve ser difícil dar uma pessoa de presente para alguém, principalmente tão em cima da hora, mas você é o Papai Noel! Faça sua magia! Estou sendo uma pessoa boa esse ano (mesmo esse ano não sendo bom para mim). 
Eu sei que não li todos os livros que comprei desde janeiro, e que tentei explodir a cabeça de algumas pessoas com a força da minha mente, mas eu não me droguei, não roubei, não matei, não me prostitui, não coloquei fogo em uma agência dos Correios... E até emprestei um livro! E o senhor sabe que isso é algo muito difícil de acontecer....
Eu até tentei fazer mil tsurus para conseguir esse “presente”, mas você sabe que não passei do primeiro, já que não tenho talento e paciência para essas coisas.
Então, como mísero pedido de uma garota apaixonada por alguém que não existe na realidade, quero apenas um Dimi só para mim. Custa nada me fazer feliz, custa? Cadê o seu coração cheio de bondade e amor? Não despedace meu coração destruindo minhas esperanças. Por favoooooooor, por favorzinho! Me dê um Dimi de presente! 

Obrigada, Papai Noel, você é o cara!

P. S. Caso seja difícil de conseguir, você pode entregar em janeiro, eu não me importo de esperar, já esperei 23 anos, posso esperar mais alguns dias.


Pronto, me perdoe por te fazer esperar, mas era importante . Enfim, hoje cá estou para falar de um livro que me surpreendeu muito e está entre os melhores livros que li em 2018, o livro da Marina Mafra (do blog Resenhando por Marina ), De Repente Esclerosei.

Só que essa não é uma história de superação. Como se supera algo crônico e degenerativo? É a história de como, de repente, eu esclerosei.


Ele é narrado em primeira pessoa pela protagonista Mitali Montez, que durante o decorrer da história descobre que tem Esclerose Múltipla (que não é a mesma esclerose que a Stephen Hawking tinha, a dele era Esclerose Lateral Amiotrófica — ELA — que não é a mesma coisa), que pela definição mais básica e resumida possível “é uma doença neurológica, crônica e autoimune – ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares” (fonte), obviamente engloba sintomas e características próprias, mas não vou me aventurar a falar disso porque não sou médica e nem tenho esclerose, mas agora que estamos mais situados, vamos em frente.

Como viver sem saber quando será a última vez que fecharemos os nossos olhos?

A Mit tem uma vida bem normal, é jovem, tem sua independência, trabalha na cafeteria de uma livraria (algo que gosta), tem e protege a sua amiga melhor amiga, Aurora, e apesar de algumas mágoas antigas, tudo está aparentemente bem com ela, até os primeiros sintomas de alguma doença aparecerem. Mas como uma humana como nós, que sempre achamos que sempre podemos empurrar as coisas com a barriga e temos certo receio de procurar ajuda médica, após os sintomas “sumirem”, ela acha que não é nada e segue a vida.

O tempo passa depressa quando tememos o futuro e nos guia diretamente para o alvo dos nossos pesadelos.

Tempos depois, ainda com a mesma vida de antes, na linda livraria do fofo do Sr. Braga, onde trabalha na cafeteria, ela conhece o novo gerente, o Dimitri (amor meu ) Mifti, e, em termos do Hotel Transilvânia, rola o tchan, praticamente um amor a primeira vista (super entendo a paixão “te vi e já te quis” da Mit), coisa que acontece com almas gêmeas. E esse romance traz a maior parte das cenas amorzinhos e fofas do livro.


Mas nem tudo na vida são flores, nela tem os espinhos, folhas secas e as ervas daninhas também. Os sintomas antigos voltam, ainda piores, e já não dá mais para fugir. E não apenas os sintomas dão as caras, mas o pai da Mit, com quem ela não tem uma relação muito invejável, aparece também, de forma meio misteriosa, trazendo o passado dela junto, e cabe a ela decidir como lidar com ele e com tudo o que acontece em sua vida, inclusive com a descoberta do motivo de seus sintomas, a Esclerose Múltipla.

Somos resistentes à dor, mas precisamos admitir que a danada ensina como ninguém.

Qual vai ser a reação da Mit em relação a presença do pai? Como ela lidará com os sintomas, o tratamento e tudo o que envolve a EM? O seu romance com o Dimi vai sobreviver apesar de tudo? Ou ele vai descobrir que o amor da vida dele se chama Daniela (sonho )? Só lendo para você descobrir.

— Todos temos uma história triste pra contar, Mit. (...) Cada um tem a sua porção de lutas, só que isso não define quem somos. Há uma vida além dos problemas e ela depende de você para acontecer.

Preciso dizer que De Repente Esclerosei foi uma grata surpresa, eu vi sobre o lançamento dele no instagram do blog literário da Marina, @resenhandopormarina, e fiquei bem curiosa depois de ler a sinopse e ver a capa (linda) do livro e resolvi o ler quando a autora fez uma leitura conjunta dele, mas o que era para ser lido aos poucos, foi lido em algumas horas, porque quando a leitura flui devia ser considerado um crime dar uma pausa. E, sério, serzinho, pense em um livro que flui! E quando você percebe já está nos últimos capítulos.

A Marina, apesar de ser uma autora de primeira viagem, te prende e te faz mergulhar na história, é quase como uma areia movediça, mas que em vez de quase te matar, te inspira a viver a cada capítulo.


O livro nos envolve, nos fazendo rir, chorar e aprender sem ter exageros (sem milhares de dramas que, em vez de nos emocionar, nos irritam), nos fisga pela história, pela narração, pelos personagens, pelos diálogos, pelo que ensina... Nos conquista com as referências, tanto as sutis quanto as não tão sutis assim.  E nos conecta com a protagonista. Queremos ser amigos dela. Queremos fazer tsurus. Queremos tomar cappuccino. Queremos ganhar um dálmata (mas isso eu sempre quis mesmo). Queremos roubar/sequestrar o namorado dela. E no final queremos abraçar os personagens e a autora.

O quanto de vergonha alguém pode passar e ainda continuar vivendo?

E em se tratando de personagens, é quase impossível não querer entrar no livro e sair abraçando eles.

A Mit é tão gente como a gente, ela tem medos, dúvidas, defeitos, mágoas... mas aprende, perdoa, luta, cai e levanta, segue em frente, vive! É uma personagem real, não utópica. A gente sente que poderia encontrar uma Mit em algum lugar perto da nossa casa, sabe?

E o que dizer do Dimi? Serzinho mais apaixonante, amorzinho, companheiro, amável, adorável, sequestrável... Dá vontade de entrar no livro para roubar ele, amarrar e nunca mais soltar. Pena que ele não se pode encontrar perto de casa, ele é muito bom para ser de verdade. É muito amor para poucos potinhos.

Havia algo a mais nele. Como a lembrança de um sonho, que eu esqueci e recordei no instante em que o vi. Como um presente que recebi após desejar por muito tempo. Se me perguntassem como seria um homem perfeito, eu o descreveria.

Sobre os outros personagens vou deixar para você tirar as suas próprias conclusões, mas posso dizer que eles também são bem humanos, erram, precisam de perdão, evoluem, ensinam...

Deveríamos viver todos os dias como únicos, sem preguiça para não gerar arrependimentos.

Uma das coisas que mais gostei em DRE foi como a autora conseguiu nos passar as sensações, reações, medos, receios, emoções e sentimentos que ter EM pode causar, até porque a Marina tem Esclerose Múltipla, então com as experiências dela, que ela passou para o livro, toda a questão da doença ficou bem abordada e crível, sem fazer tudo isso parecer um relatório médico, pois ela trouxe a parte humana que lida com a doença e conseguiu escrever um livro não apenas sobre alguém com esclerose, mas sobre a vida. É uma visão de alguém que vive na realidade e não só na teoria.

Dizer que eu te amo poderia ofender o meu sentimento, já que parece tão pouco para a dimensão do que sinto.

E algo meio inacreditável para mim, é que nesse livro eu gostei do amor à primeira vista, o que é raro, porque normalmente fico meio com um pé atrás com aqueles amores que parecem leite em pó e miojo, instantâneos, sabe? Mas até eu me apaixonei à primeira “leitura” pelo Dimi, então ponto para a Marina.

— Então, para o meu próprio bem, aprendi a me desligar do que me faz mal.
— Parece um pouco de egoísmo?
— Não permitir que as pessoas nos machuquem? (...)
— Tem mais a ver com amor próprio, Mit.

Sobre a edição, preciso dizer que amei mais que coxinha a capa desse livro de tão linda que é; a diagramação do e-book está perfeita, e não lembro de ver nem um erro de português. E sobre a edição física, ela é a coisa mais linda! Em capa dura, com fitinha e tudo, com fonte ótima para quem for meio ceguinha como eu ler e páginas amareladas. E nem preciso falar da diagramação da versão física também, né? Perfeita! Os tsurus, a aquarela... Tudo tão, mas tão lindo. Com certeza um dos livros mais lindos da minha estante. E eu já falei que ele é em capa dura? 

— Nunca parou para pensar no quanto possa existir além do que vemos ao olhar para o céu?

O que mais dizer sobre De Repente Esclerosei? Difícil resumir tudo em uma resenha (e olha que eu já escrevi muito ). Ele me fez emocionou e me conquistou na medida certa. Tem doença? Sim. Tem drama? Sim. Chorei lendo ele? Sim. Mas eu terminei ele sorrindo e grata por ter o lido.

Ele passa bem e lindamente a mensagem de que a sua vida continua mesmo se você descobrir que tem uma doença. Que a doença não é você, é só algo que faz parte do seu crescimento. Que você é mais que um diagnóstico. Que temos que viver cada dia como se fosse único. E isso não vale apenas para quem tem esclerose, mas para todo e qualquer ser humano ou extraterrestre.


Para simplificar, se eu fosse resumir o que senti lendo o livro em uma palavra, ela seria "gratidão" (Obrigada, Marina! ).

Algumas pessoas têm o dom de tornar o mundo melhor, não por conseguir mudar o que está ruim, mas apenas por existirem.

E você, serzinho, quer saber mais sobre Esclerose Múltipla de um jeito “leve”? Leia DRE. Já sabe o que é EM? Leia DRE também. Quer um livro que te ensine lições que você levará para a vida inteira? Leia DRE. Quer ler um livro que envolva família, amigos, perdão, recomeço, aprendizado e tudo mais? Leia DRE. Está em dúvida sobre qual vai ser a sua próxima leitura? Não tem mais dúvida nenhuma, leia DRE. Na verdade, o que você está fazendo aqui ainda? Faça um favor a si mesmo e vá comprar o e-book ou o livro físico, leia DRE, e se torne um esclerosado você também .

Hoje eu consigo entender que não existe situação que não possa ser contornada quando temos o presente de viver. Viva, se não por você, por quem não possa mais escolher.



Nota :: 


Informações Técnicas do livro

De Repente Esclerosei
Um faz de conta de verdade
Ano: 2018
Páginas: 269
Editora: Independente
Mitali Montez possui um arquivo pessoal de mágoas. Protege e ama incondicionalmente Aurora, sua melhor amiga e única família. É surpreendida pelo destino ao conhecer Dimitri Mifti, um moço com habilidades para derreter o seu coração gelado. O retorno misterioso do pai muda a perspectiva do seu passado, mas é através da adaptação com o diagnóstico de Esclerose Múltipla que ela percebe a necessidade do perdão para encontrar a paz que não sabia que precisava.

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31 outubro, 2018

Resenha :: A Intrusa

outubro 31, 2018 5 Comentários

Não sei você, mas quando eu estava no ensino médio, ao estudar literatura, a minha professora pedia para que lêssemos, a cada dois ou três meses (ou até menos), livros clássicos nacionais (ou até portugueses) do período literário que estivéssemos estudando no bimestre. E por isso conheci obras clássicas de diversos autores nacionais, como Machado de Assis, José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Aluísio Azevedo, Raul Pompeia, Álvares de Azevedo, Gonçalves Dias, Eça de Queirós... entre muitos outros.

Mas entre tantos livros e autores, foram pouquíssimas autoras. Se a minha memória não estiver me enganando, as únicas autoras nacionais que li algo, quando estudava literatura no ensino médio, foram Rachel de Queiroz, Cecília Meirelles e Clarice Lispector. E todas elas nasceram já no século XX. E as autoras do século XIX? Cadê? Pode não parecer, pensando só em autores “famosos”, mas elas existiam e mereciam mais destaque e não serem esquecidas. Uma das autoras nascidas no século XIX é a Julia Lopes de Almeida, autora do livro da resenha de hoje.
A romancista (contista, cronista e teatróloga) Julia Lopes de Almeida nasceu em 1862, no Rio de Janeiro, e desde muito nova tomou gosto pela escrita, porém, por causa das possibilidades limitadas da época, resolveu escrever escondido, mas o segredo não durou muito, e contrariando as expectativas, foi incentivada pelo pai que a inseriu no meio literário, começando a escrever em revistas e jornais, contando até com resenha de livro (só eu que acho que ela poderia ser uma bela blogueira?). Tempos depois disso, publicou contos, crônicas, peças de teatro e romances, ainda no século XIX e também no XX.

No final do século XIX, em 1897, a Julia, junto com o seu marido, Filinto de Almeida (com quem havia se casado aos 25 anos), fez parte das discussões iniciais que deram origem a Academia Brasileira de Letras. Sim! Ela fez parte do grupo que fundou a ABL! E, devido à sua contribuição e ao seu “peso literário” na época, o seu nome até constava na lista feita por Lúcio de Mendonça em “O Estado de S. Paulo”, seis meses antes da fundação da Academia, em que contava com os quarenta nomes que pareciam merecer serem reconhecidos como fundadores da ABL. Maaaaaas, mesmo sendo conhecida como a maior escritora do seu tempo, foi excluída simplesmente por ser mulher, com a sua “vaga” ficando para o seu marido, Filinpo.

E assim seu nome foi apagado da história de algo tão marcante, junto com outras escritoras importantes, pois só admitiram mulheres, em 1977, quando a Rachel de Queiroz foi eleita para uma cadeira. É meio triste e decepcionante, né?! Alguém ser “excluído” de algo em que colaborou desde o princípio, simplesmente por causa do sexo.

Júlia é uma autora magnífica. Não é nenhum favor resgatá-la. Ela é um caso absurdo de escritora que não está no cânone literário por puro machismo. Ela é muito superior à grande maioria dos autores de sua época. Os únicos que se equipararam naquele momento são Aluísio Azevedo e Lima Barreto. (Escritor Luiz Ruffato)

Bom, agora temos que parar de falar dessa autora fascinante (vou deixar algumas dicas de artigos e publicações sobre ela no final da resenha, porque sim), e vamos, finalmente, à resenha de um de seus romances, A Intrusa, publicado em 2016 pela Pedrazul.


As asas do tempo têm forte envergadura; não cansam de voar, mas levam às vezes consigo penas que se não mudam, embora fiquem disfarçadas entre outras que vão nascendo...

Narrado em terceira pessoa, A Intrusa se passa no fim do século XIX, no Rio de Janeiro, em plena Belle Époque. Nele conhecemos o advogado Argemiro, que é viúvo há nove anos, e está querendo melhorar a ordem na sua casa, ou melhor dizendo, diminuir a desordem, e conseguir que a visita de sua filha de onze anos, Glória, que vive com os avós (por quem é mimada), seja possível, e pensando nessas questões decide contratar uma governanta, para colocar ordem na casa e educar e cuidar da sua filha.

Com a ajuda do seu amigo, Padre Assunção, escreve um anúncio em um jornal, mas só uma candidata se apresenta à vaga, a Alice Galba, que na “entrevista” aparece toda coberta e parece não ter boa aparência, mas nada disso é um problema, já que uma condição estranha do Argemiro para contratar a governanta é a de que ele nunca deve vê-la, pois no leito de morte, a sua esposa o fez prometer que nunca se casaria novamente, então prefere evitar a “tentação”.


A Alice aceita e melhora a vida dele 200%. Sua casa se tornou impecável, limpa, com tudo em ordem, com flores, perfumada... A sua filha Glória? Cada dia mais educada e bondosa. E ele realmente nunca vê a sua governanta, apenas sente a sua presença, e se encanta por ela cada vez mais.

E o que me delicia é sentir a alma dessa criatura, que aqui tenho debaixo do meu teto, sem que nunca os meus olhos a vejam nem de relance... Ela se esconde, ao mesmo tempo em que se espalha pela casa toda. É a mulher-violeta, positivamente, não há outra comparação!

Mas quase ninguém acredita que ele nunca a vê, pensam até que ela é sua amante! A sua sogra, uma baronesa, principalmente, no auge de seu ciúme, fica tão convicta que o Argemiro está quase quebrando a promessa que fez a sua filha, que começa a considerar a Alice uma grande inimiga, fazendo de tudo para tentar tirar a governanta da vida de seu genro e de sua neta.

Sujeita-se a exercer um lugar suspeito, aceitando todas as condições que lhe impõem e revela uma sensibilidade rara em todos os atos em que podemos a apreciar... Será ela na verdade a mulher perigosa, não pelo que calcula e inventa, mas pelo que merece?

Enquanto isso, a curiosidade e a admiração de Argemiro pela sua governanta aumenta cada dia mais, e aos pouquinhos um novo sentimento vai de desenvolvendo bem sutilmente. Conseguirá a sogra ciumenta o que tanto deseja? No que resultará esse novo sentimento e a admiração de Argemiro?


É extraordinário. Desde que esta mulher entrou em minha casa eu sou outro homem, muito mais tranquilo e muito mais feliz. Nunca a vejo, mas a sinto; sua alma de moça enche estas salas vazias de juventude e de alegria.

Se você ler esse livro esperando um “romance” que acontece do jeito que estamos acostumados, vai cair do cavalo, porque ele é bem sutil. A autora descreveu muito bem a sociedade em que viveu, com pequenas críticas ao mostrar como agiam algumas pessoas daquela época através de seus personagens.

— Glória casará bem, com um homem que a ame e a respeite. Não faltava mais nada! Minha neta mal casada! Pobre... desprezada... precisando trabalhar para viver... que coisa horrível! 
— O que é horrível, mamãe, não é trabalhar; é não saber trabalhar!

Personagens esses que eu achei bem construídos, com qualidades, defeitos e mistérios. Mistérios que envolvem principalmente a Alice, porque não sabemos praticamente nada dela, só que os outros personagens vão descobrindo. O Argemiro não é do tipo de mocinho que a ficamos suspirando, mas é admirável.

Outros personagens que merecem destaque são a sogra do Argemiro, a baronesa, e o Padre Assunção. A baronesa é do tipo de personagem que pegamos ranço, porque que mulherzinha irritante! Ela é doente de tão apegada à memória da filha, que mesmo morta, ela age como se estivesse presente. O Padre Assunção acho que foi o personagem mais bem construído do livro, também com seus defeitos, qualidades e mistérios.

[...] Ela para mim não é uma mulher, mas uma alma. Não a vejo, não lhe toco, a sua imagem material é para mim tão indiferente como um pedaço de pau ou uma pedra. Para mim, basta-me a sua representação, neste aroma, peculiar dela e que paira sutilmente por toda a minha casa; nesta ordem, que me facilita a vida, e no gosto com que ela embeleza tudo em que toca e em que pousa a vista. É uma educada. Parece-me que ela deve ter estudado à sombra de castanheiros ingleses, entre campos de tulipas e jacintos tão diversa ela me parece ser das outras mulheres.

A escrita da Julia Lopes é muito boa, mas como é um clássico não dá para dizer que flui facilmente como um romance da atualidade, mas a leitura fluiu bem para mim.


O único ponto que não foi totalmente positivo, na minha opinião, foi o final, achei ele meio “corrido”, com a resolução de muitas coisas em pouco tempo e com algumas coisas que eu terminei de ler querendo saber mais. Mas nada que tire o brilho da obra em si.

Como é um clássico nacional, o e-book A Intrusa pode ser adquirido gratuitamente no Domínio Público e na Biblioteca Nacional, mas eu sinceramente indico que a leitura seja feita pela edição da Pedrazul, porque eles adaptaram algumas palavras (sem prejudicar o livro), tornando a leitura mais fácil e prazerosa. Além disso, realmente acho que se todo clássico nacional tivesse capas e edições assim, muitas pessoas parariam de ler clássicos “obrigadas”.


A Intrusa é um livro que veio mostrar a força de uma autora que sofreu certo preconceito no seu tempo e também mostrar que o amor surge das mais inesperadas formas, que nem sempre precisamos de mil palavras ou conhecer a aparência para alguém nos fazer bem, às vezes apenas sentir a presença e zelo é o suficiente.

Nunca a vi, mas a conheço, adivinhei-a; abstraí da personalidade. Ela é o meu conforto; a minha segurança, a minha felicidade.


Nota ::  4,5


Informações Técnicas do livro

A Intrusa
Ano: 2016
Páginas: 232
Editora: Pedrazul
Sinopse:
Um clássico nacional à moda europeia! A história de uma jovem governanta chamada Alice Galba.
Julia Lopes nos transporta para o fim do século XIX. O Rio de Janeiro vivia o auge da cultura cosmopolita, a Belle Époque, marcada por profundas transformações culturais que se traduziam em novos modos de pensar e de viver o cotidiano. Em meio à aristocracia carioca, um rico advogado – viúvo, mas ainda jovem e atraente – era perseguido por mães casamenteiras que desejavam ter um genro abastado e influente. Porém, ele se esquivava resoluto, pois prometera à esposa, no leito de morte, manter sua viuvez. O casamento com a filha de um barão resultou em um fruto: uma garotinha mimada e sem modos, criada pelos avós maternos, cuja avó baronesa fazia-lhe todas as vontades. Infeliz pela má educação da menina, ludibriado por um escravo que usava as suas roupas, fumava os seus charutos, bebia fartamente da adega e ainda inflacionava as contas da casa, ele decide contratar uma governanta. Desconsiderando todas as críticas feitas pelos amigos e pela sogra ciumenta, ele pede ajuda ao padre Assunção, seu amigo de infância, e publica um anúncio num jornal à procura de uma governanta. Atendendo ao anúncio, aparece Alice Galba, que aceita a estranha condição: que o patrão jamais a visse. Quando ele entrava pelo portão, ela se escondia. Dela ele apenas sentia o perfume e sua boa influência no lar e na educação da filha. Suas roupas agora estavam impecáveis, a mesa sempre bem posta e arranjada com esmero, a comida saborosa, os móveis reformados, de forma que começou a desejar ardentemente voltar para sua (agora agradável) moradia. Vez ou outra encontrava um livro aberto, esquecido sobre uma poltrona e, com o passar dos meses, passou a notar a doce presença da alma da moça pelos cômodos do casarão. Alma cujo rosto ele já ansiava ver!

Editora Pedrazul atualmente é a editora que mais se dedica à tradução e à publicação de obras mundialmente consagradas, algumas ainda desconhecidas no mercado editorial brasileiro, como os autores que influenciaram o estilo da mais famosa escritora inglesa de todos os tempos, Jane Austen. Também atua no segmento romance histórico e de época escritos por autores contemporâneos.