Resenha :: Enquanto Eu Respirar
Carolina Finco
fevereiro 22, 2020
2 Comentários
Olá,
pessoal! Até hoje, eu não entendo o que me levou a querer este livro. Confesso
que o título e a sinopse me chamaram muito a atenção, mas ao começar a lê-lo e
desde o início começar a chorar, me questionei: o que deu em mim para querer ler um livro tão fora da minha zona de
conforto literária?? Respondo que ainda não sei, mas foi a melhor escolha
que fiz.
Esta história não é sobre câncer, nem sobre um lista de desejos, muito menos sobre um perfil do Instagram. É sobre viver, sobre sobrevivência, sobre dançar com o tempo. É sobre amizade, sobre não ter medo de sentir, sobre querer o milagre da boa morte e sobre querer chegar ao final com a certeza de que foi uma experiência extraordinária.
Eu
estou com uma saúde muito boa, faço acompanhamento médico periódico, e busco
viver a vida sendo feliz, não conquistei tudo o que sonhei, mas já conquistei
muitas coisas que não imaginava e por isso sou muito grata a Deus, eu sou uma
pessoa que tem fé. Apesar disso, vivi e convivo com o câncer de muito perto,
perdi uma das pessoas que mais amava, a minha vó em um período de 4 meses do
início de sua descoberta, mas não foi o câncer que me abalou, foi o descaso
médico em investigar os sintomas que ela vinha sentindo até que não havia mais
nada a ser feito. Mas Deus foi maravilhoso, ela só foi sentir dor realmente na
véspera de seu falecimento e morreu no dia que teve que ir para o hospital.
Deus realizou o seu desejo, viveu até o último momento em casa ao lado da
família.
Os
relatos da autora sobre a conduta médica foi um dos pontos que mais me chamaram
a atenção. A cura ainda não existe, mas a compaixão, independente se a pessoa
vai conseguir a cura ou não, deve ser dada, o respeito ao paciente, afinal, ele
pode estar morrendo, mas só Deus sabe quando isso realmente irá acontecer.
Tenho uma amiga que está em tratamento paliativo há muitos anos e sua maior
alegria é que ela provou aos médicos que quem determinará o dia de sua morte
será Deus e não eles, lhe deram seis meses de vida e ela já vai para mais de 10
anos vivendo e realizando os seus sonhos.
E nessa de viver nosso último dia todo dia, percebemos o quanto tudo tem um sabor especial. Acreditem, entender que a vida acaba é a ferramenta de empoderamento e autoconhecimento mais incrível de todas (e ninguém precisa de câncer pra isso). Não há tempo a perder. Não há sentimento a ser desperdiçado. Viver é prioridade.
A
autora, Ana Michelle, ou AnaMi como gosta de ser chamada,
escreveu este livro cumprindo um desejo de sua amiga-irmã que juntamente com
ela criou o blog PaliAtivas. É um
relato da sua vida, mas principalmente da grande amizade que surgiu após as
duas terem descoberto que o câncer havia retornado, que o tratamento seria
paliativo, ou seja, em algum momento elas estariam morrendo. Mas a forma que
elas escolheram viver enquanto a morte não chega é que o faz toda a diferença e
é justamente isto que este livro nos ensina, a viver da melhor forma e não
sobreviver nos matando, mesmo quando não temos nada.
É um
livro para te emocionar e te ensinar a viver positivamente, mesmo quando você
se abate. Os relatos dos acontecimentos na vida das duas são especiais. Eu
particularmente amei saber que ela aprendeu o que é ter amor próprio, a
reconhecer o amor recebido da família, mesmo quando não era da forma desejada,
e a valorizar este amor. Chorei com a carta escrita para a mãe, bem como em
vários outros momentos. Confesso ter lido uma parte, ter dado um tempo e depois
ter retornado a leitura de tanto que mexeu comigo. Mas que narrativa
maravilhosa, a leitura fluiu super bem e, se não fosse o fato de querer ficar
sem chorar um pouco, em dois dias eu teria lido o livro todo.
Hoje eu
acompanho a AnaMi no Instagram e continuo a me emocionar com
suas postagens. É de uma grandeza e força surpreendente colocar a sua vida e
seu coração no papel como você fez. Saiba que você e a Renata ficaram
eternizadas através das palavras deste livro. Obrigada por compartilhar conosco
suas tristezas e alegrias, suas derrotas e conquistas e por nos inspirar a
sempre buscar viver enquanto estamos respirando.
Super
indico esta leitura e não se preocupe com o choro, pois chorar faz bem quando é
por bons motivos e este livro é maravilhoso. Ele está com uma capa linda, uma
diagramação maravilhosa, como disse a narrativa está super gostosa e o conteúdo
é uma história real espetacular. Nota 5/5 com um coração sem sombra de dúvida.
A
vontade que tive foi de destacar o livro quase todo, mas encerro com o seguinte
destaque:
Quem é você quando ninguém está olhando? Lide com isso. Busque ser o que diz ser quando a luz está acesa.
Boa
leitura,
Carolina
Finco
Nota ::
Informações Técnicas do livro
Enquanto
eu respirar
Ana
Michelle Soares
Ano: 2019
Páginas: 240
Sinopse:
DANÇANDO COM O TEMPO
E COM TODAS AS POSSIBILIDADES DE ESTAR VIVA ATÉ O ÚLTIMO SUSPIRO.
ANA MICHELLE
SOARES, ou AnaMi, como gosta de ser chamada, é criadora do perfil @paliativas
no Instagram, onde compartilha sua rotina como protagonista do próprio
tratamento, desmistificando o conceito de “cuidados paliativos” e transformando
a finitude na mais importante ferramenta de autoconhecimento que existe.
“Quando se jogar dentro desta narrativa,
você verá a AnaMi sorrindo. E você vai respirar fundo e não hesitará em se
jogar para dentro da própria vida.” — DRA. ANA CLAUDIA QUINTANA ARANTES, autora de A morte é um dia que vale a pena viver
“Esta não é uma história sobre o câncer. É sobre viver, sobre vivência,
sobre dançar com o tempo.
É sobre amizade, sobre não ter medo de
sentir, sobre querer o milagre da boa morte e sobre querer chegar ao final com
a certeza de que a jornada foi uma experiência extraordinária.”
Aos 32 anos, não foi fácil para a
jornalista Ana Michelle Soares receber o diagnóstico de que seu câncer de
mama tinha voltado e atingira outros órgãos. Não havia mais possibilidade de
cura. O tratamento seria focado em controlar a doença
e seus sintomas – e em lhe proporcionar a melhor vida até o fim.
Num relato visceral, marcado pelo humor
ácido e por toda a coragem e urgência de quem não tem tempo a perder, AnaMi
conta como o contato com a morte transformou para sempre sua maneira de
enxergar as coisas.
Em busca da cura da alma, encontrou uma
grande companheira de jornada – a Renata, que enfrentava algo muito parecido –
e, nesse processo, descobriu a si mesma. Dessa parceria nasceu a conta
@paliativas no Instagram, para provar que tratamento paliativo não é sobre
morrer: é sobre viver.
É sobre ir à luta e viver apesar da doença.
Inundar-se de gratidão a cada momento. Ressignificar a existência. Pois, para quem gosta de viver, nunca
será tempo suficiente.
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