Resenha :: Desejo e Ambição
André Gama
novembro 12, 2020
2 Comentários
Não era uma pessoa de posses. Era uma sobrevivente apenas. Minhas únicas riquezas eram minha perspicácia e minha beleza. E esta última que me colocou nessa rota de fuga.
Eu devia ter escutado Kira. Mas o perigo não foi o Sr. Dubrov, não o demônio-pai, que o inferno o receba. Uma semana após o enterro, e depois da festa de ascensão de Russell a líder da Bratva, eu cometi o erro de sentir fome na madrugada.
Começava a deixar o medo dominar meus pensamentos e minar minha força de viver. Qualquer barulho que ouvia automaticamente achava que eram os homens de Russell vindo me pegar.
Foi Pavel que construiu o meu “plano de fuga”. Confesso que no início eu duvidei totalmente. Parecia algo tão absurdo que eu só conseguia rir. Pav explicou que homens americanos procuravam na Internet por noivas russas, e que muitos bancavam passagem e queriam casar rápido.
Connor parecia carregar um fardo, a boca comprimida em meu pescoço, indicando uma enorme represa de sentimentos e de emoções.
— Me explica o que está acontecendo? – Pedi em seu ouvido. Ele estremeceu. – Por favor. Me sinto no vazio com tanto mistério.
— Não tem mistério. Quis tanto você. Quis tanto te trazer…
— Eu estou aqui!
Quando voltei a me olhar no espelho, captei o sorriso de Ryan, atrás de mim. Virei-me rápido demais e perdi o equilíbrio. Ele me segurou.
— Não fui totalmente honesto com você, Svetlana.
Fechei os olhos. Estava sendo covarde, mas não queria olhar para aquele sorriso novamente. Se antes me senti nua perto dele, ainda que estivesse vestida, naquele momento a vergonha me dominou.
— Eu só acho que você está para fazer a maior besteira da sua vida.
— Você não tem o direito de se meter no que eu devo ou não fazer, Ryan. Eu sou adulta e não sei nem por que estamos conversando sobre isso. Aquela cena no almoço, o que foi aquilo? Por que você tenta me ferrar sempre que possível?!
— Te ferrar?
— É, isso mesmo, ME ferrar. Desde que eu cheguei, é só o que você tem feito. Me seduz, me atiça, parece que quer me testar o tempo todo. É ridículo.
“Você pensou que estava livre da Bratva?” Meu corpo se encharcou de suor. Um calafrio eriçou os pelos da pele. De repente, era como se Russell me espreitasse da esquina, de trás do poste, atrás da porta.
Confiar. A palavra ia e vinha em minha mente, despertando minha consciência. Como eu podia confiar? Por que eu devia?