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31 outubro, 2017

Resenha :: Fábrica de Vespas (The Wasp Factory)

outubro 31, 2017 2 Comentários

Em “Fábrica de Vespas”, acompanhamos a vida de Frank, um adolescente de 16 anos, que mora em uma ilha na Escócia com seu pai e seu irmão Eric, e possui um único amigo: Jamie.

Desde o início da narrativa, feita pelo próprio Frank, vemos que o garoto é um tanto quanto excêntrico, cheio de rituais para lá de bizarros, crenças estranhas e que, como se não bastasse isso tudo, confessa já ter matado. Ele garante que essas mortes foram apenas uma fase de sua vida e, posteriormente, seus atos de violência passam a ser apenas contra os animais.

“Uma morte é sempre excitante, sempre faz com que você perceba quão vivo e vulnerável está, mas quão sortudo é. Mas a morte de alguém próximo também dá uma boa desculpa para que você fique um pouco doido por um tempo, e faça coisas que de outro modo seriam indesculpáveis.”

Eric, o irmão de Frank, está em um hospital psiquiátrico, mas logo no início da narrativa consegue escapar e por vezes faz ligações a Frank, que trazem uma pitada extra de insanidade ao livro. O adolescente tenta esconder de seu pai que Eric está chegando a todo custo, e mantém sua rotina de esquisitices.

A família de Frank é totalmente desestruturada, a mãe o abandonou após seu nascimento, o pai é obcecado com as medidas e volumes das coisas, além de manter uma parte da casa (que ele usa como escritório) trancada, e para coroar esse misto de excentricidades Frank nunca foi registrado e jamais frequentou a escola.

Frank descreve as mortes com bastante frieza, conta em detalhes como e quando as executou, além de suas motivações, ele tem certo orgulho de cada um de seus atos. Em um dos capítulos, Frank irá descrever a tal “Fábrica de Vespas” que dá título ao livro. O capítulo que aborda mais sobre a vida de Eric e os motivos que podem tê-lo ajudado nessa caminhada para a insanidade, foi bem perturbador, e conseguiu me deixar um tanto quanto enojada (Obrigada Iain Banks, isso é algo difícil de ocorrer!).

“Nossas vidas são símbolos. Tudo que fazemos é parte de um padrão que, pelo menos em partem decidimos. O forte cria o seu próprio padrão e influencia o de outras pessoas, o fraco tem seus caminhos traçados por alguém.”

O final do livro foi totalmente inesperado, realmente inacreditável, admito ainda estar pensando nele apesar de já ter finalizado a leitura há alguns dias. Não irei me alongar demais nas explicações aqui, afinal, não quero acabar com a leitura de ninguém, apenas deixá-los curiosos.

O livro foi publicado pela primeira vez em 2016 pela editora Darkside Books, com uma capa bem intrigante assim como o conteúdo, a diagramação está muito bem feita, o tamanho da fonte é confortável para leitura prolongada e as páginas são amareladas, dando um conforto extra, além da fita em cetim amarela para marcar as páginas. Não posso deixar de citar aqui que a editora deveria ter feito uma revisão melhor do texto, uma vez que existem alguns erros.

Apesar de uma ter narrativa um pouco arrastada em determinados pontos e uma narrativa nem pouco confiável (afinal, estamos falando de uma pessoa mentalmente desequilibrada), “Fábrica de Vespas” merece ser lido para que cada leitor tire suas próprias conclusões.

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

Fábrica de Vespas
Ano: 2016
Páginas: 240
Editora: DarkSide Books
 
Sinopse (Skoob):
Frank – um garoto de 16 anos bastante incomum – vive com seu pai em um vilarejo afastado, em uma ilha escocesa. A vida deles, para dizer o mínimo, não é nada convencional. A mãe de Frank os abandonou anos atrás; Eric, seu irmão mais velho, está confinado em um hospital psiquiátrico; e seu pai é um excêntrico sem tamanho. Para aliviar suas angústias e frustrações, Frank começa a praticar estranhos atos de violência, criando bizarros rituais diários onde encontra algum alívio e consolo. Suas únicas tentativas de contato com o mundo exterior são Jamie, seu amigo anão, com quem bebe no pub local, e os animais que persegue ao redor da ilha.
Abandonado à própria sorte para observar a natureza e inventar sua própria teologia – a maneira do Robinson Crusoé de Daniel Defoe –, Frank desconhece a escola e o serviço social, já que seu pai acredita na educação “natural”, recomendada pelo filósofo do século XVIII Jean-Jacques Rousseau e apresentada em seu romance Emílio, ou Da Educação (1762), que sugere que as crianças devem crescer entre as belezas da natureza, permitindo que elas se deleitem com a flora e a fauna. A natureza humana seria boa a princípio, mas corrompida pela civilização. Quando descobre que Eric fugiu do hospital, Frank tem que preparar o terreno para o inevitável retorno de seu irmão – um acontecimento que implode os mistérios do passado e vai mudar a vida de Frank por completo.