28 dezembro, 2017

# @Danii # Editora Seguinte

Resenha :: Uma Canção de Ninar (This Lullaby)



“Esta canção de ninar
Tem poucas palavras
Apenas alguns acordes
Neste quarto vazio
Mas você pode ouvir e ouvir
Aonde quer que vá
Vou te decepcionar
Mas esta canção vai continuar a tocar...”

Decepcionou mesmo. Acho que o nome desse livro é Uma Canção de Ninar porque é feito para a gente dormir. Sabe aquele tipo de livro que é tão bom que você não consegue parar de ler até acabar? Aquele tipo que te faz deixar de dormir e ficar como um zumbi depois? Então, pelo menos para mim, esse livro não é desse tipo. Não que ele seja ruim, apenas não é tão bom quanto imaginei que seria. Ah! As malditas expectativas! Difícil se livrar delas, né? 

Uma Canção de Ninar é o segundo livro da Sarah Dessen publicado pela Editora Seguinte aqui no Brasil (outros livros dessa autora foram publicados aqui na nossa terra tupiniquim por outras editoras, como a Editora iD e a Farol Literário, cujo nome combina com o blog), e é o quinto livro dela que leio, então posso afirmar que de todos os que li, esse é o que menos gostei até hoje. Talvez isso se deva ao fato de que estou ficando velha (cada vez mais próxima da aposentadoria) e que nem todo Jovem Adulto me conquiste nessa altura da vida; então se você amou essa obra da Sra. Dessen me perdoe por não conseguir concordar contigo. 


“Qual seria a sensação, me perguntei, de amar alguém tanto assim? A ponto de não conseguir se controlar quando a pessoa chegava perto, como se pudesse simplesmente se livrar de qualquer coisa que a estivesse segurando e se jogar sobre o outro com força suficiente para tomar conta dos dois?”

O livro é narrado em primeira pessoa pela protagonista Remy, que é uma garota com mania de controle, meio sarcástica e que não acredita no amor por causa de todos os casamentos frustrados da mãe, que é uma autora de livros e vai se casar pela quinta vez; e por nunca ter conhecido o pai, um músico que deixou para ela uma canção que compôs após o nascimento da filha, “Canção de ninar” (o nome do livro vem dessa canção, obviamente, e cujo trecho abriu alas para essa resenha), que se tornou um grande sucesso... Ela tem muitos namorados (um por vez, ela não namora vários ao mesmo tempo, ok?), mas não deixa ninguém se aproximar, e quando parecem que vão atravessar essa barreira, ela termina com eles, simples assim, sem remorso nenhum. 


“Sim, era um saco ser dispensado. Mas não era melhor quando alguém era sincero? Quando admitia que seus sentimentos pela outra pessoa nunca seriam fortes o bastante para justificar o tempo dos dois? Era um favor a ele, na verdade. Eu ia deixá-lo disponível para algo melhor. Eu era praticamente uma santa, pensando bem.”

Não consegui gostar muito dessa guria, eu tentei, mas eu achei ela meio seca por causa do seu ceticismo. A Remy melhorou no decorrer do livro, mas na maior parte dele ela não passou empatia, entende? Imagine um livro sendo narrado por uma personagem que você não gosta muito. Imaginou? Então, isso acaba tornando a narrativa mais arrastada, melhorando um pouco quando o Dexter estava em cena. E quem é o Dexter? É o cara que faz a Remy repensar as suas convicções sobre o amor.

O Dexter é um fofo, o oposto da Remy, ele é desorganizado e não é descrente com relação ao amor, e é bastante persistente também, do tipo “de água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, sabe? Ah! Ele também é músico, faz parte de uma banda que ama escrever músicas sobre batatas. Você leu certo, é sobre batatas mesmo, na verdade a banda tem uma “ópera da batata”, sem brincadeira. 

“Eu a vi na seção de vegetais, sábado passado, no fim da tarde. Não fazia nem sete dias que ela tinha ido embora sem alarde... Antes ela amava minha picanha, minhas tendências carnívoras tinham admiração, mas agora era uma princesa vegana, que subsistia de feijão. Ela abriu mão do queijo e do bacon, abandonou a comilança, e quando eu não quis fazer o mesmo devolveu a aliança. Eu estava perto da alface romana, sentindo a angústia no peito... Ter de volta a bela vegana seria uma vitória, um grande feito. Ela se virou e foi para o caixa, quinze itens e pronto. Eu sabia que era minha última chance, então disse meio tonto… Não me venha com abóbora barata, pois eu sempre quis sua doce batata... Amassada, cremosa, em pedaços, em cubos ou frita com sal, do jeito que você fizer, amor, com certeza vai ficar legal.”

Preciso falar o quanto ri toda vez que algum trecho de uma música sobre batatas aparecia? O que são essas letras, cara? Estou rindo agora enquanto escrevo essa resenha só de pensar nelas. Na verdade, não só as músicas, mas os guris da banda trazem certa leveza para o livro. O Dexter traz não apenas leveza, mas traz vida para o livro. Deu para notar que ele me conquistou, né? E por mais que tenha me conquistado, senti que ele podia ser melhor abordado, porque muitas vezes parecia que ele era só doidinho, mas ele não é apenas isso, ele tem potencial e é um amorzinho . 

“Sabe, quando dá certo, o amor é realmente incrível. Não é superestimado. Há um motivo para existirem tantas músicas sobre ele.”

Por mais que eu ame o Dexter, no livro o romance não é tãoooo presente, o que é não surpreende já que a Sarah Dessen é conhecida por abordar temas familiares em suas obras, e nesse livro não foi diferente, abordando a relação da Remy com a mãe e com o irmão, por exemplo. Mas acho que faltou um aprofundamento em algumas coisas, certos temas foram tratados de um modo raso, superficialmente (opinião minha, se você discordar parabéns, porque você não se decepcionou como eu). E terminei o livro querendo saber mais sobre diversos personagens, o que talvez ocorreu, porque como a narração é feita pela Remy, que é uma guria cética e prática, não cabia tanto aprofundamento na “voz narrativa” dela . 

“Afastar as pessoas e negar o amor não te torna mais forte. Na verdade, te deixa mais fraca. Porque você está agindo por medo.”

Enfim, por mais que eu não morra de amores por Uma Canção de Ninar, ele não é um livro ruim, só que para ser bom precisava de algo a mais e isso ele não teve. É um livro sobre incertezas e sobre se arriscar, então se quiser tentar a sorte e lê-lo, o risco pode valer a pena ou não, como no meu caso. Até! 

 “Tudo, no final, tinha a ver com o momento certo. Um segundo, um minuto, uma hora podem fazer toda a diferença. Tanta coisa dependendo só daquilo, pequenos instantes que juntos construíam uma vida. Assim como palavras construíam uma história... Uma palavra podia mudar o mundo.” 


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Uma Canção de Ninar
Ano: 2016
Páginas: 352
Editora: Seguinte
 
Sinopse (Skoob):
Remy não acredita no amor. Sempre que um cara com quem está saindo se aproxima demais, ela se afasta, antes que fique sério ou ela se machuque. Tanta desilusão não é para menos: ela cresceu assistindo os fracassos dos relacionamentos de sua mãe, que já vai para o quinto casamento. Então como Dexter consegue fazer a garota quebrar esse padrão, se envolvendo pra valer? Ele é tudo que ela odeia: impulsivo, desajeitado e, o pior de tudo, membro de uma banda, como o pai de Remy — que abandonou a família antes do nascimento da filha, deixando para trás apenas uma música de sucesso sobre ela. Remy queria apenas viver um último namoro de verão antes de partir para a faculdade, mas parece estar começando a entender aquele sentimento irracional de que falam as canções de amor.

3 comentários:

  1. Oi, tudo bem?
    Eu só li o livro "Os Bons Segredos" da Sarah Dessen e após encerrar a leitura fiquei louca para ler os outros livros dela, mas tenho lido alguns comentários mencionando que a leitura do "Canção de Ninar" não é fluida o que me desanimou bastante. Talvez se a narrativa fosse alternada entre Remy e Dexter a leitura seria mais agradável.
    No livro "Os bons segredos" eu também fiquei desejando saber um pouco mais sobre alguns personagens, que alguns diálogos fossem mais profundos e não mencionados apenas, mas ainda assim gostei bastante da leitura, então ainda existe esperança e quem sabe eu não me decepcione com "Canção de Ninar". Em um momento mais oportuno e quando as minhas expectativas estiverem um pouco mais baixa, provavelmente irei lê-lo. Adorei a resenha!
    Beijos
    Um Rascunho a Mais

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  2. Oi, Um rascunho a Mais. Bem-vindo ao Clube do Farol! :D
    Também já li "Os Bons Segredos" e acho ele melhor do que "Uma Canção de Ninar", mas pode ser questão de gosto, e talvez você não se decepcione como eu, se diminuir as expectativas. Então quando puder o leia sim, e compartilhe com a gente o que achou.
    E se a narração fosse alternada entre a Remy e o Dexter seria melhor mesmo, eu realmente gostei dele, rs.
    Se quer uma dica, tente ler "Just Listen" ou "O que aconteceu com o Adeus" da Sarah Dessen, eu os amei na época que li, já faz alguns anos, mas são os melhores dela que li até hoje, talvez você goste também.
    Obrigada. Volte sempre ao Clube. Bjobjo :)

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  3. Oi Dani, é realmente chato quando nos acostumamos a gostar dos livros de uma autora e lemos um que não nos atrai,, mas de qualquer forma gostei muito da tua resenha e vi que algumas coisas salva a história.. bjs

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