Às vezes, só o mal pode se opor a um mal ainda maior...
Olá, faroleiros! A resenha de
hoje é de um livro de fantasia distópica muito interessante. Quem me conhece
aqui sabe que esse é o meu segundo gênero preferido, depois do romance.
Em um mundo deixado à própria
sorte, seres das mais variadas espécies vivem em suas vilas, com costumes e
tradições próprias. Minotauros, homens-insetos, nekwanes, gigantes, elfos,
orcs, leonídeos, e até humanos, entre outros tantos ocupam a vasta extensão de
Aldaman. Todos foram abandonados pelos deuses, que após ver tanta ganância,
luxúria e egoísmo dos povos resolveram larga-los à própria mercê.
Pelo menos era isso que
acreditavam até fatos estranhos começarem a acontecer. Em uma vila de
minotauros, o bruxo Gundrum, um ser diferente, sem pelos, de cor alaranjada e
sem chifres, descobre que após a volta de um soldado da vigília, seu povo fora
infestado por vermes e seus corpos possuídos. Sem entender o que de fato
acontecia, ele juntamente com Morween, uma meio-orc e meio elfo, e Makk, seu
javali de estimação, partem em busca de explicações.
Poderia ser uma ideia ruim, mas naquele momento não tínhamos nenhuma outra. Além disso, eu e Morween estávamos unidos pelo terror de que se abatera sobre o único lar que conhecíamos, mesmo que não fosse o melhor lugar do mundo.
Nessa peregrinação sinistra
temos a oportunidade de conhecer a geografia de Aldaman, as vilas que também
foram afetados pelos estranhos seres e compreender o que de fato assolou aquele
mundo. Nosso protagonista tem a ajuda de outros seres que também partilham da
mesma busca, a fim de destruir as forças que desejam dominar os povos.
Pensem pelo lado bom, pessoal. Se vencermos, haverá histórias em nossa homenagem. Se perdermos, também, mas elas serão bem mais tristes.
Nessa jornada eles se juntam a
Tuhin, um idaji (um amaldiçoado que se
transforma em hiena), Katta, a gigante, Hoak, o homem-inseto, Tombrood, a
gosma amórfica, e Okimo, o gorila xamã. E esse grupo inesperado é a melhor
chance do seu mundo. Bem, nem sempre as respostas são exatamente as que
procuram e nem toda jornada é eficiente. Uma coisa é certa em toda essa teia de
dúvidas e incertezas: o mal pode ser maior do que eles acreditam e ele pode
habitar lugares inusitados. Nem todos são totalmente bons e alguns carregam
desejos profundos que sequer imaginam. Gundrum será colocado à prova e tentado
por demônios. No final, quando você só tem uma escolha e ela parece certa, o
mal que pode proporcionar se torna um mero detalhe.
Os deuses que existiam seguiam regras, eram previsíveis. Vocês podiam operar nas entrelinhas dos contratos, mas e agora? O ser que rasteja e seus irmãos não hesitarão em eliminar vocês para evitar concorrência. Eles não compreendem qualquer conceito de moralidade, são só animais famintos, animais muito inteligentes e famintos.
Já deixo bem claro que não há
romances aqui. Isso se trata de fantasia pura! A leitura dessa obra foi uma
viagem em um mundo inusitado e cheio de personagens peculiares. A trama é muito
bem elaborada e nós nos envolvemos nas descobertas do nosso protagonista. Confesso
que no início da jornada, a gente fica um pouco confuso com tantos nomes
estranhos de personagens e lugares, mas quando nos conectamos aos
acontecimentos, e os mistérios começam a ser revelados; como quem é de fato o
mal que quer dominar os povos, esse incômodo inicial dá lugar a uma curiosidade
e empatia pela história e a solução do problema.
A única coisa que realmente me
surpreendeu, sem dar spoiler é o destino de determinados personagens. No meu
ponto de vista, Piaza Merighi sacrifica um de seus personagens mais cativantes
na reta final. Isso me desapontou e deixou dúvidas no ar do porquê ele o fez.
No demais, podemos contar com
uma ótima fantasia, um mundo distópico incrível e personagens fortes e bem
estruturados. Super recomendo a leitura para quem curte o gênero e adora
mergulhar em jornadas misteriosas!
Nota ::
Informações Técnicas do livro
Piaza Merighi
Ano: 2019
Páginas: 288
Editora: Talentosda Literatura Brasileira
Sinopse:
Aldaman é um continente que foi
abandonado pelos deuses, uma terra selvagem deixada à própria sorte, onde
humanos e raças bestiais convivem em desequilíbrio. Gundrum, um de seus
habitantes, é um minotauro franzino e deformado que ocupa o posto de bruxo de
sua aldeia, lidando com rituais e feitiços para proteger seu povo, mas sendo
desprezado pela natureza maligna das forças que ele manipula. Quando um arauto
de aberrações além da compreensão decide iniciar uma cruzada fanática por todo
o continente, afetando a sua aldeia, Gundrum deve se unir a improváveis aliados
e colocar seu conhecimento e sua força à prova para descobrir o que está por
trás dos sinistros cultos propagados pelo estranho clérigo.
_____Sobre o Autor_____
Piaza Merighi
Advogado,
morador de Porciúncula, no interior do RJ (pode não parecer, mas apesar do nome
é uma cidade real), nerd assumido, leitor inveterado e agora escritor. (Fonte)
*Exemplar cedido pelo autor
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