05 janeiro, 2024

# @efinco # Editora Parceira

Resenha - Livrai-Nos do Mal (Speak of the Devil)



Já leram um livro por causa do título? Antes de qualquer informação sobre a obra, o título ficava às voltas do meu pensamento e isso me deixava com cada vez mais vontade de ler. A promessa de ser um livro que trata de temas do universo da mulher só me fez ter certeza de que iria ler. E vou contar o porquê foi uma ótima decisão.


O livro começa com a virada de ano, data bem próxima ao que vivemos e isso me deixou ainda mais instigada com a proximidade dos eventos a realidade. E quanto mais os eventos do livro vão se desenrolando, a linha entre o que é ficção e o que é realidade vai ficando mais tênue deixando a leitura cada vez melhor.


Eu não nomeei as mulheres durante a resenha, porque sou contra a exposição das vítimas. Somente o criminoso dessa história terá seu nome nessa resenha. Espero que você leia e conheça a cada uma das mulheres que ele fez mal e as acolha com suas histórias de dor e tentarem viver com as marcas do relacionamento tóxico que viveram.


Não sei se concordo com a palavra vingança aplicada ao livro, para mim todo o tempo a proposta de justiça na mais fiel concepção da palavra. Outra surpresa foi a forma de a autora colocar a discussão do que é ser mulher? Ela aborda de forma sutil, porém muito assertivas temas como o que faz uma mulher ser mulher ou se ter ou não a capacidade de gerar um bebê te torna mais mulher do que uma mulher que seja estéril, dentre todas as outras perguntas que se ramificam. Confesso que lembrei da célebre frase:  "ninguém nasce mulher, torna-se mulher". Ou seja, espere muita representatividade nesse livro.


Tomado o partido dele mesmo quando não tinha certeza se deveria, deixado que ele se safasse com coisas pelas quais deveria tê-lo confrontado, e foi então que percebeu que era fácil perdoá-lo por prejudicar os outros, porque ela o amava mais que a eles. Ele fora, por muito tempo, a pessoa mais importante da sua vida, até as crianças chegarem. Colocava Jamie acima de Tom, às vezes. Mais vezes do que deveria ter colocado.


Porém, esse livro em essência é sobre Jamie Spellman, um homem que controlou todas as narrativas ― até um segundo antes do fim. Como um homem narcisista (no sentido médico do termo) age sobre suas vítimas e como ele simplesmente continua a agir da mesma forma a cada nova conquista, porque não é sobre amor, é sobre poder e dominação. A autora mostra de forma muito clara as formas de abuso psicológico e de relacionamento abusivo que uma pessoa manipuladora e extremamente carismática impõe. E como a cultura do estupro e de invalidação da vítima, inclusive por outras mulheres, criam uma cadeia de dor e um ciclo de abuso e opressão.


— A gente chama isso de gaslighting. Ele queria fazer você duvidar da sua percepção das coisas para que tivesse de confiar no que ele dizia ser a verdade. 

— Não sabia que tinha esse nome.

— É muito cruel.


Não é um livro fácil de ser lido, porque cada personagem mostra suas cicatrizes, vulnerabilidade e a primeira reação de muitas pessoas será de menosprezar a verdade descritas ou até desacreditar a história, porque a negação é sempre a primeira reação que a sociedade ensina diante a denúncia de que nem todos os romances têm finais felizes e que nem todos os príncipes não são o pior tipo de vilão disfarçado. A analogia religiosa para mim é muito pertinente, porque todos esperam o mal com rabo e chifre e se esquecem que primariamente era um anjo de luz “belo e encantador” e que usa essa aparência para conquistar, cativar e envolver até a sua verdadeira face ser revelada e na maioria das vezes ser tarde demais para a vítima fugir. Tal qual a mosca presa na teia de aranha.


Outro destaque vai para a nomenclatura das principais formas de tortura psicológica que claramente mostra a quem lê que não é algo que ela “inventou” e sim algo estudado pela psiquiatria e nisso existe a representatividade e creio que validação por parte de alguém que esteja vivendo o mesmo e não tenha até a leitura se dado conta. A questão da maternidade é trabalhada em várias formas e todas elas muito verdadeiras, desde que não pode ter filhos, a quem não quer ser mãe e até aquela que sonha desesperadamente com isso.  Aqui eu adoraria escrever mais, porém evitemos spoilers.


Quando ela chorava, o que era frequente, Jamie alternava entre consolá-la e insultá-la, e, quando Josie tentava dizer que era culpa dos hormônios, que seu corpo estava mudando e era normal que ficasse tão emotiva, ele apenas zombava dela.


Vi algumas pessoas reclamando do final e sinceramente entendo os que não gostam desse tipo de fim em uma história, porém os leitores de thriller já estão bem acostumados a essa falta de “e viveram felizes”, afinal o Jaime já começa o livro com sua punição imposta e você se sente cada vez mais “vingada” com isso enquanto lê.


Eu não favoritei por outro motivo, o começo demora um pouco a te prender realmente e senti uma falta de liga no grupo, acabou um pouco polarizado demais. Isso deixou a história ruim? De forma alguma. Espero que muito mais mulheres leiam e conversem comigo, porque essa história tem muito a ser comentado e discutido. Boa leitura e divirta-se!




Informações Técnicas do livro

Livrai-nos do Mal

Rose Wilding

Título Original: Speak of the Devil

Tradução: Anna Carla Castro

Ano: 2023

Páginas: 350

Editora: Record

Sinopse:

Sete mulheres queriam justiça. Uma delas teve sua vingança. Livrai-nos do mal é o eletrizante livro de estreia de Rose Wilding, um thriller de vingança feminista viciante sobre amor, lealdade e manipulação.   

   

Sete mulheres estão reunidas em um quarto de hotel;no centro do cômodo, a cabeça de um homem. Todas tinham motivos para desejar o fim de Jamie Spellman. Todas juram que não o mataram, mas nenhuma delas acredita nisso. A questão é que, para se protegerem, elas precisam descobrir quem foi. 

A ex, que afoga na bebida seu segredo mais sombrio enquanto a mulher que ama se distancia cada vez mais? 

A esposa, vivendo seu casamento de conto de fadas numa casa no meio de um bosque tão denso que um grito morre antes de chegar aos ouvidos de alguém? 

A viúva, rezando por um passado no qual não sabe mais se pode confiar? 

A adolescente, cujo crush “perfeito” a aprisionou num futuro nebuloso? 

A figura materna, dividida pelo embate natureza versus criação e oprimida pelo peso da própria culpa? 

A amiga, forçada a sempre tomar partido, até sentir o gosto amargo de tomar o partido errado? 

Ou a jornalista, que as reuniu – mas subestimou até onde uma mulher é capaz de ir para continuar acreditando na história que lhe foi contada? 

Conforme a investigação avança, as conexões entre elas convergem, seus segredos são expostos, enquanto alternamos nossas suspeitas, devorando as páginas do livro até deparar com a revelação surpreendente das verdadeiras circunstâncias da morte de Jamie Spellman, um homem que controlou todas as narrativas – até um segundo antes do fim. 

Um thriller de vingança feminista viciante que fala de amor, de lealdade e de manipulação, Livrai-nos do mal explora os papéis para os quais as mulheres são escaladas na vida de homens tóxicos… e o que pode acontecer quando se recusam a continuar caladas.


“Várias mulheres furiosas e um homem abominável. Este livro vai prender você do início ao fim.” – Readers Review




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