Olá, vim dividir um pouco sobre minha leitura desse livro. Diferente do que muitos podem pensar, esse livro não é continuação do anterior — A Pequena Livraria dos Sonhos — e nem a história ligada ao outro. Mas vale muito ler o outro.
Aqui vemos a personagem Polly, em um momento de imenso desespero, onde todos os sonhos e projetos feitos com tanto cuidado e dedicação terminam e ela vê que viveu em um relacionamento extremamente tóxico durante esses anos.
Para contornar isso e a incrível falta de dinheiro, ela decide que viver com o que pode e fora do ambiente que ela conhece será a melhor forma de tentar se curar antes de tentar retomar sua vida. Convenhamos, o que ela consegue encontrar para viver com os recursos que dispõe fica em um balneário tranquilo, em um apartamento de dois andares, com uma loja abandonada no térreo e um apartamento pequeno no andar superior em Waterford — Cornualha, na Inglaterra.
Assim, vemos a autora não abordando somente o assunto do relacionamento e sim focando na coragem que é preciso para continuar lutando, quando tudo está contra você, deixar para trás o estilo de vida competitivo e de aparências, para encarar a vida de um modo mais leve, conhecendo de verdade as pessoas ao seu redor e fazendo tanto parte do dia a dia delas, quanto elas do seu dia. Porém, uma pessoa que está acostumada a agir, não consegue se manter parada esperando o tempo passar, e vê em algo, que sempre amou e que aprimorou ao longo dos anos, como uma maneira produtiva de manter os pensamentos longe dos problemas.
Polly se dedica a seu passatempo favorito: fazer pão. Enquanto amassa, estica e esmurra a massa, extravasa todas as emoções e prepara formadas cada vez mais gostosas. E nesse momento, ela começa a perceber o prazer de fazer as coisas com as próprias mãos e, com um toque de farinha e fermento, começa a fabricar e compartilhar com as pessoas que trabalham próximas a ela, e assim ganha um passaporte seguro para começar a fazer parte da comunidade, oferecendo uma refeição e recebendo em troca elogios e, claro, aceitação.
Toda noite fazia grandes levas de pão com combinações diferentes: pão branco para os rapazes, que não se aventuravam muito; umas sementes de papoula aqui e acolá; pão com mel e passas, que, torrado com um pouco de manteiga local, ficava divino.
Claro que nem tudo é fácil nesse processo, e mesmo levar seus pães para estranhos requer uma dose extra de coragem de encarar o desconhecido. Amei que a autora mostra que podemos realmente ser realizados fazendo do que amamos uma fonte de renda e alegria, que nós fazemos do lugar onde estamos o nosso lar e que abrir o coração para amizade e uma nova realidade requer além de coragem, uma incrível determinação em ser feliz.
Nesse livro o crescimento da personagem é mais evidente que no anterior, o fato dela não apenas se reconstruir em autoestima e aceitação faz com que nós realmente torçamos pela personagem e esperemos que ela encontre em sua padaria o seu final feliz. Outra coisa que amei nesse livro foi que, ao contrário do anterior que focou mais na profissão da personagem principal, o trabalho dos personagens secundários ganha destaque e também dão mais profundidade à trama.
Bebericou o café, respirando a brisa do mar e observando as ondas, tentando casar a respiração com o vaivém delas, inspira e expira. Em pouco tempo, estava em um sono profundo, a noite mais calma que teve em meses.
Amei o papagaio-do-mar, a escolha do nome e todas as pequenas aventuras que o bichinho adiciona a história, inclusive servindo de porta para trazer à vida de Polly um certo apicultor que vive no local, mas ainda é um estrangeiro misterioso. O que mais uma vez destaca a vontade de Pol em crescer, já pensando em uma nova receita de pão que leve mel, não se acomodando nas receitas que sabe e que fazem sucesso, sempre pensando em aprender mais, fazer melhor, testar fazer diferente. Mas o ponto alto é que quando ela vê em sua frente tudo que ela sonhava em ter quando chegou naquela ilhota, suas mudanças são tão fortes e construídas a cada dia, que ela entende que não é mais a pessoa que ela era quando saiu do relacionamento anterior, que agora tem a capacidade de saber o que quer e lutar para que seus desejos aconteçam.
Quando você planta seu coração em um cantinho, esse lugar sempre te acompanha.
E assim, com uma trama leve, divertida e com a dose certa de tragédias, temos uma história envolvente e cativante que tem em sua personagem principal uma mulher encantadora da qual foi delicioso (eu passei muita vontade de comer uns pãezinhos também) acompanhar sua trajetória. Outra coisa foi ela ter arrematado o destino de cada personagem secundário, deixando o final redondinho. E, para mim, ficou a lição de que às vezes é preciso muito mais coragem para desistir e começar de novo.
A edição está realmente linda, com um extra no final maravilhoso para quem acompanhou a história e um incentivo e tanto para quem leu, se aventurar. Diagramação e fonte confortáveis para leitura, uma excelente tradução sem erros de ortografia e digitação que eu tenha notado. Folhas amarelas e uma linda capa. Espero que você leia e se encante com essa história. Boa leitura e divirta-se!
Informações Técnicas do livro
A Padaria dos Finais Felizes
Jenny Colgan
Título Original: Little Beach Street Bakery
Tradução: Thaís Paiva e Stephanie Fernandes
Ano: 2019
Páginas: 336
Editora: Arqueiro
Sinopse:
A padaria dos finais felizes é a emocionante e bem-humorada história de uma mulher que aprende que tanto a felicidade quanto um delicioso pão quentinho podem ser encontrados em qualquer lugar.
Um balneário tranquilo, uma loja abandonada, um apartamento pequeno. É isso que espera Polly Waterford quando ela chega à Cornualha, na Inglaterra, fugindo de um relacionamento tóxico.
Para manter os pensamentos longe dos problemas, Polly se dedica a seu passatempo favorito: fazer pão. Enquanto amassa, estica e esmurra a massa, extravasa todas as emoções e prepara fornadas cada vez mais gostosas.
Assim, o hobby se transforma em paixão e logo ela começa a operar sua magia usando frutos secos, sementes, chocolate e o mel local, cortesia de um lindo e charmoso apicultor.
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