Olá, pessoas, quando você pega um livro baseado em dois casos reais parece deixar ainda mais realista e assustador os fatos que vão sendo contados durante a trama. E, agora, venho contar o que achei dessa versão do que aconteceu escrita por Haas.
Anna conta sua história enquanto narra alternando entre o passado e o presente, sua própria história e o pesadelo que está vivendo, quando se vê menor de idade em um país estrangeiro sendo acusada e julgada pelo assassinato de sua melhor amiga. E, para seu total desespero, ela percebe que ninguém além dela mesma acredita em sua inocência, afinal como ela seria uma narradora confiável?
Começamos o último ano do ensino médio feito reis, como se nada jamais pudesse nos separar. Estamos errados.
Esse livro é uma ótima porta de entrada no mundo dos thrillers e um YA muito, muito bom, com toda a trama envolvendo os dramas da juventude, a ânsia de viver tudo e, ao mesmo tempo, as paixões, aceitação e os requintes de crueldade do crime. Mesmo que ainda não seja uma trama original, a dinâmica de como tudo ocorre é criativa e a falta de linearidade da narrativa ajuda a esconder a verdade nas entrelinhas e nas passagens do tempo entre antes e agora.
O texto flui de uma forma muito dinâmica, graças à escrita e também aos capítulos curtos. Confesso que achei que um pouco mais do perfil psicológico de quem cometeu o crime elevaria o patamar da história, ainda sim, achei muito honesto. Senti falta de um pouco mais da descrição de Aruba, porque a história se concentra mais em descrever o antes, como era a vida das personagens antes da fatídica viagem, mas também deixa a impressão de que toda viagem passou como um borrão e, entre festas e baladas, não deu para olhar a beleza a sua volta, até que o crime deixou toda beleza fora de plano.
Se eu tivesse dito não, tudo teria terminado ali. Elise teria voltado a perambular silenciosamente com seu grupinho perfeito de amigas, e eu a almoçar sozinha na biblioteca, atormentada pela Lindsay até o último dia de aula. Nossos mundos provavelmente jamais se cruzariam de novo; continuaríamos apenas passando uma pela outra nos corredores e seguindo em direções opostas, cada uma cursando sua própria faculdade, conquistando o primeiro emprego, escolhendo o vestido de casamento e ninando seus bebês, seguros e sorridentes em nosso colo.
Acho que os diálogos com vocabulário do dia a dia e pequenas piadas internas, momentos que são marcados por serem sem importância, mas que marcam a dinâmica entre amigos e pessoas da vida real, o que deixa ainda mais crível os acontecimentos e ajudando a imaginar a dinâmica dos fatos que culminaram no desfecho fatal. O fato de a polícia não usar um linguajar caricaturado dos filmes e frisar todo o tempo “ser um crime fora dos Estados Unidos” é muito positivo para a leitura, que de outra forma teria ficado tediosa.
Contudo, a trama, mesmo tendo diversos personagens, vai girar em torno de Anna, Elise e Tate, sendo que Anna continua entre dois mundos e o que ela faz parte claramente não é o seu e a presença dos outros amigos reforça essa compreensão todo tempo, porque ela mesma não consegue deixar de olhar para a vida deles como quem olha por cima do muro do vizinho. O que te faz pensar todo tempo como em uma partida de Ping Pong, inocente, culpada, inocente, culpada… o que junto aos outros componentes te mantém na leitura até que consiga, finalmente, ter respostas e talvez encontrar a verdade, ou pelo menos o que realmente aconteceu.
Minha voz falha. Posso ver os lábios dele se movendo, a explosão de pânico e confusão por toda a sala, mas tudo é abafado pelo rugido do sangue em meus ouvidos enquanto Dekker me conduz em direção à porta. Só consigo captar rápidos vislumbres do cenário à minha volta. A expressão do meu pai, apavorado e impotente.
O circo midiático em torno de uma tragédia, a polícia que tenta se equilibrar entre encontrar quem cometeu o crime e atender a opinião pública e, claro, do júri. O que deixa muito fácil de acompanhar e talvez com menos dificuldade de compreender a dinâmica dos fatos, sério, mesmo descobrindo quem cometeu o crime, ainda sim não deixa de ser chocante, as revelações e reviravoltas que constroem a trama e aquela clara noção que cada escolha, cada atitude pavimenta a trilha do que será o nosso futuro. Boa leitura e divirta-se!
Informações Técnicas do livro
Morre aqui
Abigail Haas
Título Original: Dangerous Girls
Tradução: Bruna Hartstein
Ano: 2023
Páginas: 288
Editora: Valentina
Sinopse:
Spring Break. Aruba. Oito adolescentes. Praia, sol e drinques. Muuuitos drinques.
Essas deveriam ser as melhores férias da vida de Anna Chevalier. Perfeitas. Sem pais, sem leis.
Mas, então, sua melhor amiga é encontrada brutalmente assassinada.
À medida que a polícia local investiga o violento crime, as suspeitas e as provas apontam inesperadamente para uma única pessoa: a própria Anna.
Agora, presa em um país estrangeiro, a garota precisa lutar por sua liberdade e provar sua inocência a qualquer custo. Contudo, enquanto espera pelo veredito, Anna se dá conta de que todos não apenas acreditam que ela seja culpada, como também... perigosa.
Perigosa e perversa.
E, quando a verdade finalmente vem à tona, o choque é maior do que qualquer um poderia imaginar!
Para os fãs de Gillian Flynn, Holly Jackson e do best-seller Um de nós está mentindo – com um desfecho no melhor estilo M. Night Shyamalan –, chega finalmente ao Brasil o thriller que encantou a crítica e o público YA ao redor do mundo. Um page-turner intrigante, inspirado nos casos reais de assassinato de Amanda Knox e Natalee Holloway.
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